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A Nova Terceira Idade e a Educação Ambiental

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Capítulo 3 Um olhar possível sobre o envelhecimento

3.2. A Nova Terceira Idade e a Educação Ambiental

Envelhecer e tratar com o fato de estar velho não representa uma situação simples de se lidar. Na vida cotidiana, longe das estatísticas ou dos estudos científicos que comprovam essa afirmação, é comum ouvir ou conhecer histórias de abandono do idoso ou casos de depressão senil.

O aumento da população idosa associado ao aumento da longevidade humana, impele a sociedade a repensar a velhice e encará-la como uma fase da vida, não como uma idade em que a principal idéia é a de que o fim está próximo. Dessa forma, deve fazer parte da educação dos jovens, valores e aspectos associados à velhice, com a finalidade de formar pessoas aptas a envelhecerem de forma saudável e conscientes de suas responsabilidades e potencialidades para com a comunidade na qual estão inseridas. Da mesma maneira, é necessário desenvolver e cultivar entre os mais velhos a idéia de que a velhice pode ser vivida de forma positiva e bem sucedida.

A Organização das Nações Unidas – ONU realizou em Viena, em 1982, a primeira assembléia especificamente para tratar do envelhecimento mundial. Neste primeiro momento, as projeções estatísticas mostravam que a composição etária da população mundial, dentro de 50 anos, seria composta por cerca de 1 bilhão de idosos. Cerca de 3/4 dessa população estariam em países em desenvolvimento como o Brasil. Constatou-se que essa tendência era resultado de fatores associados ao controle de natalidade, redução da mortalidade infantil e pelos avanços da medicina e das condições sanitárias de determinados extratos da população mundial (Huck, 2002, p 15). Neste evento, foi produzida a resolução 46/91, conhecida como Declaração dos Princípios para o Idoso (op. cit.). Cinco princípios foram tratados nessa declaração. O primeiro é a independência e a garantia do acesso aos direitos do idoso. Depois, a participação e a idéia de integrar o velho à sociedade. Em seguida, aparece o princípio do bem-estar e a necessidade da assistência social na terceira idade. O quarto princípio refere-se ao desenvolvimento das potencialidades e o acesso a recursos para tal. Por último o princípio de viver com dignidade, livre, com segurança e justiça. Também foi recomendada a incorporação desses princípios nos programas governamentais (op. cit).

Em 2002, vinte anos depois da primeira reunião, a ONU promoveu a segunda assembléia para discutir um plano internacional de ação para o

envelhecimento mundial. Nessa ocasião, foi preconizada a necessidade de se fazer maiores investimentos em saúde, previdência social e aposentadoria. Concluiu-se, também, que o envelhecimento das populações é uma tendência mundial em todas as nações e não somente nos países em desenvolvimento (Huck, 2002, p. 22). Com base nesses novos estudos, ficou evidente a importância de coordenar os esforços no sentido de promover ações de melhoria da qualidade de vida dos idosos, pois o rápido aumento da longevidade tem gerado uma velhice desamparada, sem a devida assistência por parte dos órgãos governamentais.

Concentrando as atenções na Declaração dos Princípios para o Idoso, no sentido da luta pela cidadania desse indivíduo, o segundo princípio recomenda que os idosos devam permanecer integrados à sociedade participando da elaboração e da implementação de políticas que afetem diretamente seu bem-estar e devam desenvolver maneiras de servir à comunidade e dividir seus conhecimentos com os jovens (Huck, 2002, p. 24). De acordo com esse princípio e considerando a essência das questões associadas ao meio ambiente, torna-se factível pensar na possibilidade da participação do indivíduo da terceira idade tendo como base a questão ambiental. Trata-se de incorporar características próprias das ações de educação ambiental com a possibilidade de manter o idoso inserido no contexto social de forma útil e produtiva.

Reigota assinala que a educação ambiental representa uma maneira de incentivar o cidadão a participar ativamente das discussões para a resolução dos problemas no seu contexto da realidade cotidiana (2004, p. 12). Dessa forma, a ação ambiental torna-se uma possibilidade concreta de aliar positivamente o conhecimento acumulado pelo idoso, sua vontade de manter- se ativo e útil à sociedade com uma causa nobre, importante para sua realidade imediata e urgente para o planeta.

A educação ambiental não está relacionada à transmissão de conteúdos específicos, mas varia em função das características da problemática cotidiana das pessoas. O tempo livre permite que o indivíduo da terceira idade vivencie essa realidade e compartilhe essa problemática. Reigota (2002, p. 82) afirma que uma importante característica da educação ambiental é o processo

dialógico entre as gerações com a discussão de possibilidades de ações conjuntas que garantam a vida saudável para todos, incluindo a responsabilidade para com as futuras gerações. A “Declaração dos Princípios para o Idoso” da ONU recomenda aos homens e mulheres da terceira idade dividirem seus conhecimentos com os mais jovens, compartilharem experiências e contribuirem para a melhoria da comunidade. O campo do meio ambiente e da educação ambiental possibilita a participação política do cidadão na busca da melhoria da qualidade de vida, incluindo todos os fatores associados à justiça social, cidadania e ética nas relações entre os seres humanos e destes com a natureza.

A união da educação ambiental com a terceira idade mostra uma sinergia possível na luta por um futuro viável para os seres humanos e todas as demais formas de vida do planeta, tomando como base para a ação a nova terceira idade, com toda a sua vontade de viver e se engajar em novos projetos, na perspectiva de realizações ainda não alcançadas. Não se torna distante a idéia de concentrar os esforços dessas pessoas no sentido de viabilizar projetos ambientais, valorizando as qualidades dos indivíduos da terceira idade e as características e especificidades dos contextos abordados. Dessa forma, a imagem do idoso, marcada pelos anos vividos deve ser vista como portal de um conhecimento único construído ao longo da vida e de potencial capaz de concretizar feitos importantes para si, para a sociedade e para o planeta.

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