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Câmara Sol

A experiência de participação dos conselheiros dos CACS nas demais Câmaras revelou um diferencial na participação política de conselheiros, aumentando a capacidade político argumentativa.

As capacidades argumentativas, de expressão e de entendimento da coisa pública, reveladas pelos conselheiros desta Câmara, demonstraram relação com a experiência que possuem de outros colegiados. É importante frisar que essa experiência é fruto, principalmente, da dinâmica vivenciada por esse colegiado de participar simultaneamente de outras câmaras e pleno, debatendo questões relacionadas a todo sistema municipal de ensino (Infantil, Fundamental e Médio), subsidiando, assim, as ações pró-controle social. Desse modo, esse colegiado revela ser um espaço educativo de participação política, dando condições de debate e

enfrentamento nas relações gestão e Câmara e no entendimento do uso e da alocação dos recursos educacionais, conforme retrata a fala do conselheiro.

“Ai de nós como sociedade civil se não tivesse um representante como (S1) e a professora da UFPE, que mesmo no CME traz conhecimento para nós da câmara, com sua experiência e seu conhecimento. Se não fosse essas duas fontes o segmento de pai, aluno seria muito fraco para discutir com a gestão do município. Nós seríamos engolidos, seríamos induzidos por falta de conhecimento” (S2).

O conselheiro retrata a importância da aprendizagem que o pleno do CME favorece, a relação com os diversos representantes em que o conhecimento é socializado e oferece uma formação significativa aos conselheiros.

Todos os conselheiros têm experiência de participação em outros colegiados, alguns se destacam mais quanto ao nível de conhecimento das questões do financiamento e do orçamento público, na forma como direcionam as ações. Outros expressam suas concepções, debatem e questionam.

Os conselheiros do segmento estudante apresentam experiências relacionadas a sua representação. Um participa ativamente da União Metropolitana dos Estudantes secundaristas (UMES), entidade ligada à União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), entidade que representa os alunos dos Ensinos Fundamental, Médio, Técnico, Profissionalizante e Pré- Vestibular do Brasil, reunindo, em torno de si, todos os grêmios das escolas públicas e particulares, além das entidades estaduais e municipais secundaristas. O outro participa da União dos Grêmios das Escolas Municipais (UGEM) e da Associação de Hip-Hop. O segmento dos diretores tem experiência do Conselho Escolar e de presidência na Associação Nordestina de Arte Educadores, os dos pais participam do Conselho Escolar, sendo um delegado do OP, representante de comunidade e tesoureiro do Sindicato dos Gráficos e o outro conselheiro do Conselho Distrital de Saúde.

O representante de professor faz parte do SINPERE, e um dos representantes do governo já participou do CNTE. O representante do segmento de técnico administrativo de escola pública

faz parte de seu sindicato e foi membro do Conselho da Mulher e do Conselho da Previdência, enquanto a representante da ONG é atuante no Movimento de Educação Infantil, Fórum de Educação Infantil, Campanha do Direito à Educação e do Centro Luiz Freire.

“Eu já havia participado muito da discussão do FUNDEF na Campanha do Direito à Educação, então fui estudando coisas sobre financiamento educacional e FUNDEB, a gente participou de uma mobilização durante a construção e o processo legislativo da lei. A gente, antes disso, trabalhou e trabalha muito a questão custo aluno/qualidade, então fui participando de debates e o próprio trabalho com a UNCME, com os conselhos municipais antes mesmo de ser conselheira, então, eu fui chamada a ser conselheira. Eu já tinha um trabalho nessa área, o financiamento me interessa muito” (S1).

A conselheira, ao tratar da análise da prestação de contas, tangencia os limites vivenciados pelos membros do CACS quanto à formação dos conselheiros especialistas para o trabalho. Mostra que a falta de conhecimento enfrentada por essa Câmara diz respeito a aspectos muito técnicos. Difícil de assegurar uma análise meticulosa, aprofundada porque o conhecimento exigido cabe a um especialista, e o papel do Conselho de Acompanhamento e Controle Social não é esse. Os conselheiros defendem um papel mais político.

Na Câmara Lua, dos sete conselheiros que participam desse colegiado, apenas um tem experiência pregressa de participação como integrante do Conselho de Saúde. Os demais têm experiências recentes. O professor é atuante no Sindicato dos Professores Municipais, a diretora faz parte do Conselho Escolar, e uma conselheira do segmento do governo faz parte do conselho de política da Secretaria de Educação.

“Na própria secretaria de educação, nós temos o conselho político, que discute todas as ações tomadas pela SEDO. Esse conselho é formado pela secretária de educação, secretária executiva, diretores de diretoria e assessoria. Dentro da SEDO, a gente tem esse colegiado e existe outro

ampliado que a secretaria absolve outros cargos da administração. O conselho de política discute as ações. A secretária não decide nada sozinha não. Todas as decisões da secretária passam pelo conselho político. Temos reuniões sistemáticas. E tem também o colegiado ampliado é outro desdobramento que absolve outros cargos da administração” (L7).

Todos os conselheiros do CACS Estrela participam ou participaram de um ou mais colegiado. Os representantes dos pais são o segmento com mais experiência em participação em colegiado, (E3), do CE e Conselho da merenda. A conselheira (E2) é delegada do OP, membro do Conselho de mães de sua comunidade e do Conselho Escolar.

A conselheira (E5) é do Conselho municipal de educação, e a conselheira (E6) já fez parte da Associação de moradores e da Associação dos Universitários. A conselheira (E4) participa do conselho Escolar e da Unidade Executora. Entretanto, essas experiências não foram desencadeantes de ações participativas, uma vez que o Conselho não consegue se reunir. Desse modo, a falta de quorum para a realização das reuniões no CACS Estrela não possibilitou procedermos às observações, o que nos impediu de analisar mais objetivamente se essa experiência implica uma participação mais significativa.

Como podemos observar, a Câmara Sol é composta por conselheiros com uma diversidade de experiências participativas. Participar não é só estar presente, é envolver-se. Se a participação for apenas presencial, sua experiência não será tão significativa, uma vez que dela irá depender o sentido que o conselheiro infere à sua participação.