3. RESULTADOS OBTIDOS
3.2 a percepção dos professores sobre as práticas de Educação ambiental
3.2.3 a percepção dos professores da escola (C)
A primeira professora tem 32 anos, graduada em Geografia, com 08 anos de profissão.
Para a professora Educação Ambiental “é o conceito que nos leva a pensar as modificações que o homem provoca no Espaço Geográfico e a pensar como essas modificações podem ser feitas afetando o mínimo, pois não dá para frear o progresso, a EA presa pelo desenvolvimento e ao mesmo tempo pela preservação”. Nota-se claramente uma presença das relações humanas no conceito apresentado pela professora.
Meio Ambiente para a professora “é tudo que rodeia o homem, todo o espaço que está em volta do homem, não só os naturais, mas os culturais também”. Fez a especialização na área ambiental, ao ser questionada sobre se em seu planejamento ela aborda questões ambientais a professora diz que “se preocupa, em todos os conteúdos pretende sempre voltar as questões ambientais”. Na preparação de suas aulas ela utiliza como referências “livro didático, matérias de revistas, internet e vídeos”.
Já sobre avaliação, ela utiliza debates para verificar “se o aluno desenvolveu uma visão crítica sobre os temas abordados”. A professora não participa de projetos na escola nem fora
dela. Contradizendo o que é estabelecido no PPP, que apresenta várias ações e projetos sobre EA e também sobre Meio Ambiente. Os principais recursos utilizados por ela nas aulas sobre questões ambientais são: “saída de campo, data-show, vídeos, charges, tirinhas”.
Ela acha a EA muito importante, “pois a maioria dos alunos não traz esses conhecimentos de casa, e com o conhecimento dentro da escola podem modificar a realidade nas suas casas”. Para a professora “A EA deve ser trabalhada de forma interdisciplinar e não como uma disciplina específica”. Essa percepção da professora condiz com o pensamento de Reigota (2011) sobre o assunto:
A EA correu o risco de se tornar, por decreto, uma disciplina obrigatória no currículo nacional, mas o que os burocratas e oportunistas de plantão não contavam era encontrar a resistência dos profissionais mais conhecidos da área, evitando assim que se transformasse em mais uma banalidade pedagógica, perdendo todo o seu potencial crítico e questionador das nossas relações cotidianas com a natureza, artes, conhecimentos, ciência, instituições, trabalho e com as pessoas que nos cercam (p. 82).
A professora consegue perceber mudanças durante o ano letivo no ambiente escolar.
Como ponto positivo ela destaca “despertar a visão crítica do aluno sobre o tema, conhecendo e ampliando suas competências”; e como ponto negativo: “Vários alunos ainda não conseguiram despertar uma mudança sobre o cotidiano da EA nas escolas”.
Em seguida conversamos com a professora de Ciências. Ela possui 35 anos, formada em Ciências, com 17 anos de profissão. Entende Educação Ambiental como “Interação entre o homem e o planeta Terra”, e Meio Ambiente como “Meio onde ocorre a vida”.
Na sua formação inicial teve conteúdos relacionados: “relacionada sim, matéria não”.
Não cursou formação continuada na área. Sobre seu planejamento a professora diz que aborda vários temas: “Sim, abordo temas! De forma transversal”. Os principais assuntos trabalhados por ela foram: “Camada Ozônio, Desmatamento, Gás Carbônico, falta de água, lixo, tipos de lixo. ”
Usa internet, jornais, notícias da TV e livros didáticos como recursos para contextualizar suas aulas. Utiliza da prova escrita como principal recurso para avaliar as práticas de EA. A professora participa de projetos somente em âmbito escolar, não fora dela.
Gosta de usar vários recursos como projetor “data-show”, filmes e debates em suas aulas.
Acha a EA importante: “Sim, com certeza! ”. Para ela a EA é muito válida nas escolas:
“Mais fácil a transmissão das informações! ”. Ela consegue perceber algumas mudanças em indivíduos na escola, principalmente na “diminuição do uso do papel”. Como ponto positivo a professora colocou a “participação dos alunos” e como pontos negativo a “pouca participação da comunidade”. Novamente, o pouco engajamento da comunidade é destacado como problema.
A terceira professora entrevista é Pedagoga e Professora de Matemática. Ela tem 47 anos, possui graduação em Pedagogia e Matemática, com 19 anos de profissão. A professora entende EA como “a preservação do Meio Ambiente, preservando as nossas nascentes e o solo”. Já Meio Ambiente “são os seres heterótrofos e autótrofos que se interagem entre si e com a natureza (o meio) ”. Um conceito bem isolado do homem, focando nos aspectos físico-naturais.
Adiante, na entrevista sobre a formação inicial em Educação Ambiental, a professora indicou que em sua graduação, não houve qualquer abordagem ou disciplina tratando especificamente do tema EA ou sua prática.
A professora também não possui especialização nem cursou formação continuada na área de EA. Ao tratarmos o tema Planejamento das aulas e sua relação com a EA, a professora disse que “utiliza de palestras, seminários e aulas dialogadas com os alunos para o debate”.
Durante as aulas a mesma também não costuma abordar temas da EA: “A preservação do Meio Ambiente, o que podemos fazer para evitar a poluição e também o Efeito Estufa”.
Por consequência não utiliza referências básicas como internet, documentários, filmes e livros didáticos.
A professora avalia os alunos através de notas específicas com “a exposição de trabalhos e debates, mostrando a realidade”. Questionada sobre projetos de EA e sua participação na escola, a professora respondeu que “não participa de nenhum projeto dentro ou fora da escola”.
Os principais recursos didáticos utilizados por ela são “debates após exibição de filmes e documentários”. Ao abordar o tema Importância da EA, ela indica que “acha muito importante, “pois educando e conscientizando para formar cidadãos conscientes e preparados para usar o meio ambiente de forma correta”.
Conforme Reigota (2014)
Entre os recursos didáticos, podemos incluir o acesso aos meios de comunicação de massa e a tecnologia, (penso aqui na internet). Discutir em sala de aula artigos publicados na imprensa, programas e reportagens de televisão, entrevistas de rádio, documentos e opiniões presentes em blogs e sites é sempre enriquecedor (p.79).
Sobre como deveria ser feita a EA nas escolas, ela aponta que “não deveria ser feita somente nas escolas, mas nas comunidades próximas, mostrando a realidade da nossa região”. A professora percebe mudanças no cotidiano da escola depois das práticas de EA:
“Os alunos não jogam lixo no chão nem na escola e também na rua, evitando o desperdício de água”.
Como ponto positivo da EA em sua escola a professora destaca “a orientação e conscientização dos alunos para o meio ambiente”.
Enquanto, como ponto negativo: “A escola não ter muitos recursos, mas o que tem para oferecer são bem explorados”.
Outra professora entrevistada foi a professora de Matemática. Ela possui 38 anos, com formação em Matemática, com 16 anos de profissão. Ao abordamos seu entendimento do que seria Educação Ambiental e Meio Ambiente, a mesma afirma que EA seria “a consciência com o meio onde se vive” e Meio Ambiente “é tudo que nos cerca”.
Quando questionada se em sua graduação houve alguma abordagem ou disciplina que tratasse das práticas em EA o mesmo disse que “não se recorda”. Já ao tratar do tema especialização ou formação continuada a professora diz que “não fez especialização nem curso de formação continuada”.
Sobre seu planejamento das aulas e a EA, a professor diz que “costuma abordar como tema transversal, e no livro didático atual da EJA do 9º ano, é tema de alguns conteúdos propostos”. Sobre o planejar do professor, Reigota (2014) enfatiza: “As aulas expositivas não são muito recomendadas na EA, mas elas podem ser muito importantes quando bem preparadas e quando deixam espaço para os questionamentos e a participação dos alunos e das alunas, (p. 66) ”.
Os temas mais destacados durante suas aulas são: “Matemática e reciclagem, matemática ajudando o planeta com equações”.
Para preparar suas aulas ela utiliza de referências como: “Livro Didático e Internet”.
Para avaliar as práticas pedagógicas de EA ela costuma “durante as atividades propostas nas salas fazer debates e também por provas escritas”.
Ao ser perguntada sobre os projetos de EA ao qual ela participa a professora indicou que “atualmente nesta escola não participa”.
Quando foi apontado quais seriam os recursos didáticos mais utilizados pela mesma nas aulas, a professora indicou que usa de “debates após a exibição de documentários”.
Já sobre a importância da EA e sua prática pedagógica na formação de cidadãos críticos, a professora diz que “acha importante a sua prática, pois escuta muito dos alunos que vão modificar a forma que cuidam do lixo ou da água”.
Sobre a atuação da EA nas escolas ela aponta que “muitos alunos ainda não se conscientizaram então é muito importante bater na mesma tecla”.
Ela percebe mudanças no cotidiano após as práticas de EA em sua escola: “atualmente não vemos mais alunos jogando lixo no chão por exemplo”.
Sobre os pontos positivos e negativos a professora preferiu não falar sobre o assunto.
Novamente, uma escola que apresenta problemas e contradições na articulação PPP e suas ações na prática em sala de aula. Os professores não participam dos projetos articulados pela escola, isso é um problema, pois apresenta desorganização e falta de coerência na articulação das práticas pedagógicas. Outro ponto a ser destacado é a falta de formação na área, o que também elucida as dificuldades na articulação das propostas previamente estabelecidas na construção dos PPP´s das escolas analisadas.
Para fechar a análise das percepções partimos para o outro lado: a percepção dos alunos sobre as práticas de Educação Ambiental no âmbito da EJA.