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1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL, MEIO AMBIENTE E ENSINO DE ADULTOS: UMA

1.1 Educação Ambiental

1.1.2 História da Educação Ambiental no Brasil

Até o fim da década de 1960 e início dos anos 1970, os setores competentes da Educação no Brasil, não via a possibilidade de ações de apoio a Educação Ambiental, quer pelo desinteresse que o tema despertava entre os políticos, quer pela ausência de uma política educacional definida para o país, como reflexo do próprio momento que atravessava (p. 81).

Momento de governo da Ditadura Militar ao qual perdurou no país no período de 1964-1984, que via com maus olhos esse movimento surgindo no país.

A Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) foi criada em meados dos anos 1970, onde o primeiro secretário foi Paulo Nogueira Neto, ecólogo e professor da USP (Universidade de São Paulo). Segundo Reigota (2014):

A SEMA era responsável pelos projetos de EA, e o Ministério dos Transportes ao qual era submetida em termos de hierarquia, era responsável pela criação da rodovia Transamazônica e como se dizia naquele tempo, “pela integração desta região ao resto do país (p.84).

Mostrando claramente a contradição do momento político-econômico-social ao qual o Brasil vivia.

Reigota (1998), ilustra o intenso debate político-cultural do final dos anos 1970, início da década seguinte, foi de fundamental importância para a formação de muitos profissionais da educação ambiental. Neste contexto o mesmo enfatiza o surgimento do pensamento

ecologista brasileiro contemporâneo. Nesta perspectiva surge a grande militância política educacional e ecológica do país.

Como membros deste grupo podemos citar e destacar a atuação dentre outros: Alberto Ruschi, Aziz Ab´Sáber, Cacilda Lanuza, Frans Krajcberg, Fernando Gabeira, José Lutzenberger e Miguel Abellá. Através do qual a Educação Ambiental, começa a ser realizada timidamente por outras pessoas em escolas, parques, clubes e associações.

Segundo Reigota (2014) a Secretaria de Meio Ambiente de Porto Alegre, realizou o I Encontro de Educação Ambiental que se tem notícia no Brasil, repetindo o evento em 1983.

Em caráter regional o encontro reuniu os poucos praticantes e pesquisadores em Educação Ambiental: Kazue Matshushima, Nicia Wendel de Magalhaes e Marcos Marins, grandes referências na história da educação ambiental brasileira.

Nos anos 1980, consoante Reigota (2014), esses movimentos de crescimento das discussões aconteciam em meio à um país num processo de redemocratização onde para ilustrar enquanto mundo afora se discutiam as consequências da poluição industrial para nosso o meio, o discurso militar era de “o preço necessário a se pagar para o desenvolvimento econômico”. Então os grupos que se encontravam em seminários, colóquios e reuniões eram vistos como “exóticos”, “verdes”, “ecochatos”, “alienados” e outros termos jocosos ao qual eram evidentes o desprezo e a ignorância de vários destes que apontavam.

Conforme Reigota (2014), “com o assassinato de Chico Mendes e pressão internacional sobre o desmatamento da Amazônia ocorre um aumento da EA no Brasil, excessivamente presente na mídia e com poucos fundamentos políticos e pedagógicos” (p.85).

Na década de 1990, teve-se uma grande divulgação da Educação Ambiental ao qual muito se deve a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92). Onde segundo Reigota (1998), “tivemos um aumento considerável de teses de doutorado, dissertações de mestrado, monografias de especialização, livros publicados por editoras de prestígio e textos nas revistas acadêmicas” (p.21).

Nesta mesma década aconteciam os primeiros fóruns e encontros nacionais no país, além de simpósios regionais e locais, mostrando o crescimento do movimento da EA no Brasil. Neste meio tempo em 1990, a educação ambiental para ser bem vista pelos veículos de massa, agências internacionais, onde a ignorância de muitos sobre os anos anteriores e a

hostilidade pregada pelo movimento fazia com que o crescimento permanece e abrangendo novos pesquisadores (Política, Filosofia, Geografia, História, Biologia entre outros).

Em 1991, aconteceu o Encontro Nacional de Políticas e Metodologias para a EA, realizado pelo Ministério da Educação (MEC) e Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República (SEMAM), onde foram demarcados os princípios norteadores para a Educação Ambiental: Formação de opinião, resgate da memória histórica e cultural entre outros.

Foram realizados inúmeros encontros técnicos de EA no Brasil, com os objetivos de definir critérios para apoiar os programas de Educação Ambiental nas regiões geográficas (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país); definir estratégias para a implantação de programas de EA para as regiões, promover o intercâmbio das experiências em âmbito regional. Segundo Dias (2004) participaram dos encontros técnicos das secretarias estaduais de educação, órgãos de meio ambiente e das universidades federais.

De acordo Reigota (2014) o mais problemático foi o surgimento de escolas de educação ambiental e/ou escolas ecológicas dentro das concepções conservacionistas na ecologia, conservadoras na política e equivocada no projeto político-pedagógico. Pois essas estariam a serviço do poder hegemônico e não estaria ligada de forma estável às ideias propostas por uma educação ambiental política de caráter transformadora.

Segundo Reigota (1998), com o declínio do pensamento marxista com o fim da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) da “Teologia da Libertação”, do

“Neopositivismo”, do movimento “New Age”, da banalização de teorias científicas complexas como “Teoria Gaia”, “Física Quântica”, o movimento oficial do

“Desenvolvimento Sustentável”, trazendo consigo uma gama de heranças políticas contrárias a Educação Ambiental apresentava naquele momento. Essa pluralidade demonstrou ao chegar o total desconhecimento dos preceitos e princípios da EA no Brasil e no mundo. “Considero essa fase da educação ambiental como sendo uma típica crise de identidade de adolescente mimada” (Reigota, 1998, p.22).

Após essa “crise” a EA está em busca de uma qualidade do processo e eficiência de sua dimensão para justificar sua ação em meio a sociedade. O trabalho da EA tem de ser coerente, justo e permanente, somente assim trará o lastro para juntar a população o apoio necessário para seu pleno estabelecimento para as discussões dos mais complexos arranjos socioambientais.

Nesta busca por um trabalho cada vez mais de qualidade e eficiência Loureiro (2012) afirma que:

De 1970 até hoje tratam de uma Educação Ambiental foi amplificada através de desdobramentos de novas concepções e tendências: a pedagogia histórico-crítica, inspirada em Marx, Gramsci, Saviani, Chauí e Libâneo; e a Pedagogia libertária, de Paulo Freire, Gadotti e Miguel Arroyo (p.73).

Outros educadores também tiveram suas formulações construídas em um âmbito de diálogo crítico, ainda podemos citar as contribuições de Vygotsky e Piaget amplamente citados e referenciados em inúmeros trabalhos e projetos de educadores ambientais Brasil afora.