• Nenhum resultado encontrado

A pesquisa na perspectiva da epistemologia qualitativa

No documento Download/Open (páginas 36-40)

A pesquisa na perspectiva da epistemologia qualitativa, se baseia num processo de construção teórica, um processo vivo onde o pesquisador participa ativamente como sendo o núcleo gerador do pensamento, fazendo assim com que haja uma integração entre pesquisador e pesquisa. Segundo González Rey (2005a) este tipo de pesquisa busca a construção de sistemas de representações através da organização intelectual de um campo, sendo uma teoria dinâmica com sistema aberto, onde o empírico é inseparável do teórico.

A produção teórica da pesquisa se faz pelas reflexões do pesquisador sobre as informações do processo, essa produção é tida pela capacidade produção intelectual permanente do pesquisador. O pesquisador interage com produções e diálogos com os participantes, sendo ele o teórico que em sua organização subjetiva se torna também sujeito da pesquisa. Para Peres (2012), a epistemologia qualitativa de González Rey (2005) pressupõe que o pesquisador entre em contato com essas emoções, valorize as informações construídas sobre elas em diferentes momentos empíricos e interprete como mobilizam o sujeito para a ação e controle, ou não, da expressão criativa de suas necessidades e afetos.

Nesse processo tanto os sujeitos da pesquisa como o pesquisador integram suas experiências, suas dúvidas e suas tensões, em um processo que facilita o emergir dos sentidos subjetivos no curso das conversações. A subjetividade individual e social se integram no desenvolvimento da pesquisa. “O sujeito é uma unidade essencial para os processos de construção na pesquisa qualitativa, pois a singularidade é a única via que estimula os processos de construção teórica

portadores de um valor de generalização perante o estudo da subjetividade. “ González Rey (2005a, p.112).

O sistema subjetivo é aberto, abrangente e irregular, em que reconstruir a subjetividade se dá pela capacidade que o indivíduo tem de ser flexível, versátil e modificar seu modo de vida. O sujeito é histórico e representa sua história pessoal de forma subjetiva e ao mesmo tempo esse sujeito é social porque vive em sociedade, e nesta relação que se dá os novos sentidos e significações no desenvolvimento subjetivo (González Rey, 2005a).

Segundo González Rey (2011) a elaboração de novas epistemologias, capaz de sustentar mudanças profundas no desenvolvimento de formas alternativas de produzir conhecimento na ciências sociais, requer construção de representações teóricas que permitam aos pesquisadores ter acesso a novas zonas de sentido sobre o assunto estudado, impossíveis serem construídos pelas vias tradicionais, sendo assim a epistemologia qualitativa refere-se na forma em que se produz o conhecimento, nos processos que implicam na construção desse conhecimento sendo o pesquisador e participantes da pesquisa sujeitos ativos desse processo. Essa epistemologia cria uma realidade plurideterminada, irregular, interativa e histórica representada pela subjetividade humana.

Para González Rey (2011) a epistemologia qualitativa se baseia em três princípios, são eles:

1- O conhecimento é uma produção construtiva-interpretativa: onde a interpretação acontece com o objetivo de dar sentido as expressões utilizadas pelos participantes da pesquisa. O pesquisador tem o papel de integrar, reconstruir e apresentar em construções interpretativas os indicadores obtidos, sendo a teoria constituída de um dos sentidos do

processo de produção teórica.

2- Caráter interativo do processo de produção do conhecimento: existe um diálogo entre pesquisador e participantes da pesquisa, em que ambos se envolvem emocionalmente através das reflexões sobre as informações da pesquisa.

3- Significação da singularidade como nível legítimo da produção do conhecimento: a singularidade se baseia na história subjetiva do indivíduo, onde cada um possui a sua de modo particular.

A lógica configuracional da produção do conhecimento na pesquisa qualitativa acontece no papel ativo do pesquisador, na relação do pesquisador com a pesquisa, o que o torna centro do processo produtivo. Toda essa lógica se apoia no processo construtivo do pesquisador, nas necessidades experimentadas por ele na sua produção intelectual, onde há uma integração entre o pensamento do pesquisador e os fatos da realidade estudada. Para González Rey (2005a) A lógica configuracional realmente “não é lógica”, é a organização de um processo construtivo-interpretativo que acontece no curso da própria pesquisa e mediante um sem-número de canais que o pesquisador não defini a priori, mas que se articulam com o modelo in situ que acompanha e caracteriza o desenvolvimento da pesquisa.

São os elementos relevantes vistos pelo pesquisador, na sua elaboração, em que ele cria sentidos das situações sem a expectativa sobre o que será que se dá na construção teórica da pesquisa qualitativa. “É precisamente a construção teórica dos processos envolvidos na construção do conhecimento um dos principais objetivos da epistemologia” (González Rey, 2011 p131).

processo de continuidade da produção teórica que integra os aspectos qualitativos das construções teóricas e a realidade estudada. O desenvolvimento do conhecimento passa pelo pensamento como sendo condição da objetividade e pela teoria que é o sistema da ação histórica do pensamento humano, por isso o conhecimento nesta abordagem permite a subjetivação de novas formas do real. O conhecimento do pesquisador não se separa do diálogo entre conhecimento e realidade passando a ser legítima a ideia quando incorporada a produção teórica. “Nenhuma ideia nova é aceita no momento que surge porque está além dos marcos subjetivos dos sujeitos da época ” (González Rey, 2011 p141).

Está pesquisa refere-se a um estudo qualitativo, que se baseia na construção de sistemas de representações, onde o empírico é inseparável do teórico e o pesquisador é participante da mesma.

A teoria existe em dois níveis estreitamente inter- relacionados em si: um nível macro, que organiza as representações de uma certa estabilidade e abrangência e que não se dilui imediatamente no empírico, e um nível local, que, comprometido de forma mais imediata com o empírico, gera suas próprias representações e conceitos, ganhando uma inteligibilidade que lhe permite confrontar-se com o nível macro (González Rey, 2005a p.34).

Para González Rey (2005a) o processo de construção teórica é um processo vivo, onde o pesquisador é o núcleo gerador do pensamento, sendo assim pesquisador e pesquisa caminham juntos. O pesquisador interage com sua organização subjetiva nas produções e diálogos, refletindo sobre as informações dos participantes, havendo um processo de comunicação entre pesquisador e participante da pesquisa. O pesquisador reflete, questiona, posiciona-se, enfim, mantém-se totalmente ativo no curso das conversações.

No documento Download/Open (páginas 36-40)

Documentos relacionados