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A pluralidade de grupos sociais e as dimensões da cidadania social e

CAPÍTULO I AS ORIGENS HISTÓRICAS DOS NOVOS SUJEITOS

1.3. O Multiculturalismo e os Novos Sujeitos Coletivos Plurais

1.3.3. A pluralidade de grupos sociais e as dimensões da cidadania social e

Na sociedade brasileira, convive uma pluralidade de grupos com características específicas, que participam ou tentam sua inclusão nas diversas categorias de cidadanias existentes, procurando desenvolver uma ação responsável, enquanto sujeitos e membros de grupos diferentes e em conflitos. Esses grupos particulares que reivindicam os seus direitos de cidadania e que buscam ampliar o espaço de participação possuem interesses específicos e formas culturais que os identificam e os diferenciam em relação aos outros grupos existentes. Defende, Boff, uma cultura de libertação neste contexto amplo de grupos e movimentos sociais, que constroem suas identidades com base em elementos simbólicos, em caracteres específicos e características diferenciadas.

O exercício da cidadania ocorre no contexto do processo histórico-social de luta contra a sujeição a um sistema capitalista que conduz as pessoas a se identificarem com o universo simbólico dominante social e culturalmente, de modo que estas internalizam os objetos de consumo e poder, como expressando o próprio desejo, praticando atos e atitudes de "livre" cooperação ativa no conjunto das relações sociais e dos objetivos estratégicos e interesses ideológicos impostos pela sociedade. Em contraposição a esta realidade, emergiram os Novos Sujeitos Coletivos no cenário social contemporâneo como novos modos de resistência e alternativa. Estes novos atores sociais procuram romper com a lógica perversa do capital e com essas novas formas de sujeição e exploração. É através da eclosão dos múltiplos movimentos sociais que, inicialmente, possuíam expressivos e fortes núcleos identitários em suas diversas categorias sociais que se

transformam em paradigma e referente para articular e mobilizar suas ações práticas e alternativas. O projeto alternativo é proposto pelos novos sujeitos que assumiram o seu papel histórico, para criar e decidir sobre o próprio destino, moldando o caráter do ser e do povo brasileiro, que é capaz de exercer a sua cidadania dentro do processo político-social e cultural. Conceitua Boff, a cidadania nos seguintes termos:

Entendemos por cidadania o processo histórico-social que capacita a massa humana a forjar condições de consciência, de organização e de elaboração de um projeto e de práticas no sentido de deixar de ser massa e de passar a ser povo, como sujeito histórico plasmador de seu próprio destino. O grande desafio histórico é, certamente, este: como fazer das massas anônimas, deserdadas e manipuláveis um povo brasileiro de cidadãos conscientes e organizados. É o propósito da cidadania como processo político-social e cultural84.

As diversas identidades dentro da realidade brasileira procuram na esfera da cidadania social e emancipatória assegurarem um controle simbólico de constituição do seu ser individual e social, no campo privilegiado da luta de interesses e nas dimensões de uma cidadania plena: 1) econômico-produtiva; 2) político-participativa; 3) popular; 4) con-cidadania e 5) terrenal85.

A cidadania plena ao nível da dimensão político-participativa implica em uma atitude de responsabilidade individual e social pela luta em favor do próprio projeto de autonomia e participação social. O agente de transformação da sociedade deve ser o maior interessado pelo processo de cidadania, tendo a motivação necessária e vivendo uma prática inserida num contexto social, cultural e econômico, integra-se no ethos social em sua prática cotidiana e contando com o apoio comunitário, público e estatal. O sujeito é o ser ativo e responsável pela construção de seu projeto político e pela formação de sua autoconsciência crítica e pela constituição de sua identidade. O novo sujeito social constrói as suas possibilidades de ser a sua auto-identidade criadora, escolhendo suas tarefas, valores e projetos que revelam a dimensão de sua autonomia. Cada ser que pertence a um determinado grupo minoritário se torna um ator do projeto de emancipação pessoal e coletiva, assumindo, efetivamente, a condição de um sujeito histórico. Neste contexto, em que se produz a luta social, cultural, econômica e política dos novos atores sociais, são

84

BOFF, Leonardo. Op. cit., p.51.

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criados novos símbolos no imaginário social, entre os quais se destaca a própria dignidade do ser humano. Esta dignidade deve ser concedida de forma igualitária a todas as pessoas. Essas, independente do grupo ou da classe social a que pertencem, possuem igual dignidade, desde o seu nascimento. A dignidade de fato se constitui no elemento essencial na constituição das identidades nas sociedades contemporâneas. Os regimes se consolidam democraticamente a partir do momento que constroem as condições e criam as estruturas básicas, através das quais é possível a formação identitária e com ela emerge todo o processo social e comunitário que encontra suas bases de legitimação.

Na história, as lutas que foram empreendidas contra a escravidão prestaram uma contribuição significativa para mostrar este outro lado em que a dignidade foi transformada em instrumento e simbolismo que serviu aos interesses da burguesia, no processo desencadeado de legitimação dos mecanismos e estratégias de afirmação dos poderes estabelecidos. O negro por viver uma situação em que sua liberdade era extremamente limitada, com restrições tais que afetavam a sua identidade e sua dignidade, enquanto pessoa e ser humano, apresentava uma imagem depreciativa de si mesmo, que estava ligada a uma simples mercadoria. Naquele tempo a mercadoria era uma espécie de direito natural, de forma que o negro não passava de um objeto ou uma parte constitutiva da dignidade do cidadão burguês. O escravo não era considerado pessoa, e assumia a condição de uma mercadoria, que entrava como elemento constitutivo e afiançador da dignidade do proprietário. Os movimentos abolicionistas descortinam as vestes desta realidade que era ocultada, desconstruindo essa lógica perversa e ideológica, que fazia parte do estatuto e de um direito próprio do proprietário, sempre branco, que forma uma identidade específica e conquista a dignidade do cidadão burguês. O negro, enquanto mercadoria, era considerado por sua natureza, um ser inferior comparado às outras mercadorias que se encontravam num determinado patamar do ponto de vista valorativo. Neste contexto, social, cultural e político, o simbolismo da dignidade do ser humano passa por um processo de desconstrução e ampliação de horizontes, em que os Novos Sujeitos Coletivos, através das lutas sociais abolicionistas, criam novas identidades e práticas ao assumirem suas tarefas na condição de sujeitos livres, iniciando assim, o processo de inclusão social, que ainda não esgotou suas possibilidades e continua inconcluso nos tempos atuais.

1.3.3.3.1. Os Novos Sujeitos Coletivos e a questão da

diferença.

A questão primeira e relevante é como a diferença se constitui num dos maiores

problemas a serem resolvidos. Afinal, cada indivíduo é distinto dos outros em todos os

aspectos, como os biológicos, os físicos, as qualidades, a personalidade, etc. Também, os

sujeitos coletivos são diferentes. Questiona-se porque e como uma determinada diferença

emerge e se apercebe como importante e outras não. Na verdade, todos os indivíduos são

diferentes entre si mesmos, em tudo. Torna-se, assim, uma tarefa impossível e não

concebível uma atribuição de valor ou importância a todas as diferenças existentes. Então,

resta perguntar, porque se escolhe determinadas diferenças e não outras? Nos Estados

Unidos da América, defende-se um tratamento preferencial dispensado, oficialmente, aos

negros, índios, mexicanos, etc. Questiona-se, porque considerar estas diferenças e não

outras. A explicação fundamenta-se no fato de que se deve privilegiar todos aqueles setores

e os Novos Sujeitos Coletivos que se encontram mais discriminados. De fato, esta

justificativa manifesta sua lógica, mesmo na hipótese da seleção dos indivíduos que se

incluem nestes novos atores sociais, não seja tão lógica assim. Progressivamente, o

princípio das discriminações compensatórias se tem ampliado como um fato inquestionável

às mulheres, aos homossexuais e, até, aos enfermos em estados graves. Na questão como

estabelecer quais as diferenças importantes e que devam ser valorizadas e devidamente

consideradas, a resposta tem sido de natureza prática. As diferenças existentes, que são

levadas em conta, são as que se constituem naquelas diferenças que se colocam mais em

evidência por saberem fazer mais barulho e promover as mobilizações necessárias para se

é que na atualidade já é impossível encontrar nesta espécie de labirinto de diferenças que

são "reconhecidas", um critério objetivo e coerente que as determine. As discriminações

que não se legitimam no processo em curso por meio de um critério objetivo, se

transformam em discriminações ofensivas e que estão sujeitas ao questionamento.

Os novos sujeitos sociais podem e devem, a partir de um esforço de dentro, na dimensão educacional e pedagógica, buscar a luz e as saídas para os problemas mais amplos, que vão sendo esculpidos num processo dialógico, dialético e intercultural. É, no século XXI, que o exercício de uma cidadania social, emancipatória e libertadora, construída a partir dos novos sujeitos sociais, que desenvolvem suas potencialidades e se apercebem enquanto excluídos, discriminados e vitimados pelo sistema vigente, que participam do projeto-Brasil alternativo, enfrentando as tragédias e encontrando as possibilidades de êxito e desenvolvimento de toda potencialidade de sua realidade concreta. De fato, todos a partir de uma consciência esclarecida, percebem a necessidade de mudanças. O sujeito que assumirá esta responsabilidade de construção de uma nova modernidade ética deve, num processo democrático participativo, aprender e agir com fundamento na realidade concreta. Esta modernidade ética, que se constitui numa tarefa de todos os cidadãos e sujeitos de uma história e um destino comum, deve ser construída numa dimensão permeada pelos valores éticos das diversas comunidades ou da sociedade brasileira como um todo e através de fundamentos sólidos que respeitem o outro e o ser humano em todos os aspectos de sua vida material, cultural e espiritual. A escolha dos critérios e objetivos sociais em favor da melhoria da sociedade brasileira, dentro dessa perspectiva alternativa de um Projeto-Brasil, expressam a possibilidade de mudança da realidade e do mundo, numa perspectiva que leve em conta o ser humano, o outro diferente, o sujeito da ação, criando novos valores e estruturas sociais nos diversos processos de vivência individual e comunitária. Esta atitude crítica presta-se à tarefa de questionar a racionalidade econômica e as opções técnicas que são impostas pelo modelo econômico neo-liberal e globalizado.

Esta postura crítica, de ação dos sujeitos que mudam as condições de vida na sociedade, alterando o curso dos acontecimentos e realizando as transformações necessárias, implica numa ruptura radical das estruturas de injustiça social, em favor dos

direitos dos menos favorecidos, dos oprimidos, subvertendo a ordem e a hierarquia estabelecida no mundo técnico da globalização econômica e que define uma lógica perversa a serviço do capital e da racionalidade econômica.

O cidadão, enquanto sujeito que escolhe viver uma vida digna, de respeito ao próximo e ao outro que é diferente, que possui sua cultura e sua escala de valores, olha o mundo de uma forma mais especial e humana, defendendo os princípios da tolerância, da boa vida, compreendendo, escutando e dialogando com diferentes pessoas e atores sociais, posicionando-se contra o simples individualismo e contra toda prática egoística e auto- suficiente.

A sociedade civil brasileira no contexto da modernidade, enquanto um processo inacabado, constitui-se em um conceito central para se compreender o desenvolvimento dos direitos humanos e da cidadania social, diferenciada e emancipatória dos Novos Sujeitos Coletivos.

O Estado e a sociedade situam-se em pólos extremos e contrapostos em relação de conflito. A sociedade política emerge como a entidade jurídico-politico detentora do monopólio do poder e da dominação racional-legal, exercendo o controle da violência física instituída e organizada em torno de aparatos de força e coercitibilidade em nível social e jurídico.

Por outro lado, a sociedade civil assume o papel de ator social e sujeito da história dos valores democráticos, especialmente, em momentos de ruptura com os regimes autoritários e durante os processos de transição para a democracia.

Os direitos dos Novos Sujeitos Coletivos constituem-se em um processo de conquista histórica, trazidos pela Modernidade.

Realmente, a Modernidade, ainda, aparece no Brasil como um projeto político-cultural que está em andamento e sujeito às mudanças porque passa o sistema capitalista contemporâneo. Há muito, ainda, o que fazer em prol do reconhecimento dos direitos humanos e da cidadania dos Novos Sujeitos Coletivos que assumem a tarefa de operacionalizar a dignidade humana de todos os seres na condição de cidadãos no sentido mais pleno do conceito.

No cotidiano, abrem-se novos horizontes de conquista histórica dos direitos humanos das mulheres, dos negros, dos indígenas, em cujo processo em construção

e inacabado, colocam-se as alternativas de escolhas conscientes e voluntárias, de questionamento dos impasses político-cultural e jurídico das questões fundamentais e das estruturas de organização da sociedade patriarcal.

Na pesquisa, situa-se esta história de conquista dos direitos dos novos atores sociais como algo bastante recente, que não apenas é marcada pela luta da sobrevivência, mas, também, pela significação cultural em favor das conquistas históricas da modernidade.

De fato, o sistema patriarcal enfrenta uma crise geral e paradigmática, apontando-se a possibilidade do surgimento de um outro sistema valorativo e referencial de cultura libertadora, que caminha no sentido da construção de um "sistema

patrimatriarcal compartilhado"86.

Assim, compreende-se a tarefa de construção de um novo projeto societário global e da modernidade que enfrenta os seus déficits civilizatórios, no qual participam todos os sujeitos coletivos, os homens e as mulheres, os brancos e os negros, os indígenas e os povos multiculturais, enfim, os pobres e os ricos, independente da classe social, categoria étnico-cultural e de gênero, etc.

Defende-se um novo conceito de cultura libertadora, nas múltiplas dimensões, de construção, de resgate e de reconhecimento dos novos direitos e da humanidade em todas as formas de expressão de vida, comportamento e organização.

Todos devem participar deste processo de construção de uma nova sociedade civil, pluralista e democrática.

As instituições básicas da sociedade e do Estado, e o poder legislativo são questionados em seus fundamentos em face das novas e múltiplas demandas sociais no sentido da afirmação, reconhecimento e normatização dos direitos humanos, sociais, difusos e coletivos.

Aparecem no cenário da sociedade civil e política e no contexto do Estado brasileiro, os novos sujeitos emergentes e coletivos, entre os quais destacam-se os negros, as mulheres e os indígenas, que assumem a condição de vitimados do sistema

86SANTOS, Sidney Francisco Reis dos. Mulher: Sujeito ou Objeto de sua própria história? Um olhar

capitalista dominante e de todas as formas de exploração, dominação, discriminação e exclusão.

O Estado e seus aparelhos de prevenção e repressão, torna esta situação visível, quando não consegue resolver as demandas apresentadas e que demonstram, inequivocamente, a ineficácia dos instrumentos jurídicos e que se revelam no contexto da crise do direito na sociedade brasileira como um todo.

A mentalidade dogmática dos operadores do direito e juristas ao considerar a questão da aplicabilidade e observância efetiva dos direitos humanos e sociais, como uma forma de disfunção, ou distorção das "funções judiciais"87, que em suas posições conservadoras, nada mais representam do que ameaça da "certeza jurídica"88 e um desvio perverso da segurança do processo89.

O Poder Judiciário, muitas vezes, não aplica a lei justificando que, assim, procede em decorrência de fins sociais relevantes, ou chega a tomar decisões que não são eficazes e, quando muito, podem ser consideradas tolerantes.

Em muitos casos, não decide para não agravar os conflitos existentes. Toda esta situação releva a crise de eficácia do Judiciário, que deve ser compreendida no contexto da crise global do paradigma da legalidade estatal monista.

A violência em todas as suas formas de manifestações nas instituições e aparelhos do Estado, que violam os direitos humanos, demonstram uma realidade cotidiana, em que se pode destacar a violência doméstica contra a mulher. Esta violação dos direitos humanos dos Novos Sujeitos Coletivos, não apenas se constitui em agressão à cidadania, como, sobretudo, solapa os fundamentos da própria idéia de Estado de Direito democrático.

De fato, os direitos humanos e sociais consolidados pela Constituição Federal do Brasil de 1988 (CF/88), que, regularmente, são desrespeitados, mostram uma face do Brasil onde impera a impunidade e, também, constitui-se como expressão da crise do modelo paradigmático da legalidade positiva e dogmática dominante, como servem de

87Ibid., p. 154.

88Cf .SANTOS, Sidney Francisco Reis dos. Op.cit., p.154. 89Cf. SANTOS, Sidney Francisco Reis dos. Op. cit., p.154.

indicadores sócio-políticos e jurídicos de ineficiência instrumental dos órgãos e Poderes Judiciários, no tocante às atividades de aplicação das normas e de fiscalização do próprio Estado de direito em sua totalidade.

A lógica formal dos juristas está enraizada numa cultura jurídica monista liberal-burguesa, de matriz e concepção filosófica kelseniana. No ordenamento jurídico estatal, a "igualdade formal", em face da lei, considera todos os sujeitos de direitos que compõem a sociedade civil, como vivendo as mesmas condições e oportunidades de defesa de seus direitos constitucionais, enquanto cidadãos iguais e livres.

Na realidade, constata-se uma desigualdade real das condições sócio- econômicas diante da legalidade e da igualdade formal.

De fato, trata-se, evidentemente, de um discurso prescritivo e não informativo, porque os Novos Sujeitos Coletivos e os cidadãos em geral não são tratados pelo Poder Judiciário como seres humanos iguais, e na operacionalização dos princípios gerais do direito, não se observam os critérios que estabelecem os limites normativos e as exigências dos comportamentos sociais requeridos, que deveriam somente estar balizados e voltados para os verdadeiros interesses comuns da coletividade, e que, enfim, nada mais representam do que impedimentos da manifestação e da vivência concreta da própria liberdade jurídica.

Esta contradição entre o discurso ideológico da legalidade formal, que não se aplica, efetivamente, na prática social e cultural real, pode ser facilmente observado, com a questão da justiça social, que está estampado no art. 3º do inciso I a IV da CF/88, conforme transcrição abaixo:

Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I- construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II- garantir o desenvolvimento nacional;

III- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

e regionais;

IV- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

O Estado brasileiro ao nível formal está de acordo com os ideais de justiça defendidos pela sociedade civil. No entanto, no plano da aplicação prática e efetiva,

não há garantia de que os direitos humanos e sociais sejam operacionalizados, porque existe uma dependência da interpretação do direito, que poderá ser dogmática e se desviar da regra da norma constitucional. Estes direitos humanos e sociais, na realidade concreta e cotidiana, podem ser sutilmente negados, porque observa-se a não existência de leis complementares que promovam a regulamentação destes direitos e suas prerrogativas estabelecidas na CF/88.

Ao nível discursivo e ideológico, os direitos dos Novos Sujeitos Coletivos são defendidos e sustentados pelos intelectuais e pelas classes dominantes que produzem uma cultura jurídica monista e liberal burguesas.

As demandas sociais na prática não são atendidas e não são aplicadas, efetivamente, pelo direito estatal. Os conflitos de natureza inter-grupal, comunitário e classista, não são resolvidos no contexto de uma realidade que somente busca a manutenção do poder e da integridade social.

A Justiça brasileira não enfrenta como deve e com eficácia as questões que envolvem a violação sistemática dos direitos humanos. Há uma contradição visível entre as demandas sociais realizadas pela sociedade civil e a capacidade de resposta do Poder Judiciário e dos Tribunais. Observa-se, com efeito, a ineficácia do judiciário no concernente à aplicação das normas de caráter social.

A crise do Poder Judiciário revela a sua falta de capacidade para interpretar as leis de acordo com o modo de ver constitucional em direção da aplicação da

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