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A Política Nacional de Educação Ambiental

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CAPÍTULO 2 A CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO

2.3 Institucionalização, Legislação e Políticas Públicas para a Educação Ambiental

2.3.1 A Política Nacional de Educação Ambiental

Nesse breve histórico, em âmbito federal, merece ênfase o processo de implementação das Políticas Públicas de Educação Ambiental em nosso País. A EA foi incorporada através da Política Nacional do Meio Ambiente, em 1981, quando se reconheceu a necessidade de inserir a dimensão ambiental em todos os níveis de ensino e, de modo mais completo, através da Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA, aprovada pela Lei nº 9.795, de 27/04/1999. Regulamentada em 2002, essa lei declarou que “a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não- formal” (LEVINSON, 2002)

Como dito no tópico 2.1 coube a tal lei concretizar as determinações constitucionais sobre a EA. E esse é o ápice do processo de formalização da EA em nosso País. Baseada em recomendações existentes nos diversos documentos, tratados e conferências, nacionais e internacionais, referida lei passou a determinar a forma de concretização do estatuído na CF em relação à Educação Ambiental. Estabeleceu as responsabilidades de cada ator social (Poder Público, instituições de ensino, sociedade etc.), definiu o que é Educação Ambiental, quais são os seus princípios, objetivos etc.

Mais ainda. Além das políticas públicas, ratificou a EA como direito fundamental social, baseada no estabelecido na Constituição Federal (inciso VI, do parágrafo primeiro, do art. 225 da CF/88), como diz Costa (s/d, p. 02), ou seja:

“forneceu à sociedade um instrumento de cobrança para a promoção da Educação Ambiental, afinal, esta política legalizou a obrigatoriedade de trabalhar o tema ambiental ... situa a Educação Ambiental como um direito ou interesse transindividual ou de terceira geração, oponível ao Estado e que por isso mesmo pode e deve, conforme o caso, ser amparado por todos os meios jurídicos disponíveis às coletividades e aos indivíduos”

Alguns pontos importantes da Lei n° 9.795 de 1995 merecem destaque. Logo em seu artigo 1º, há a definição de Educação Ambiental, inspirado na Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental (Tbilisi, 1977) apud Brasil (1999):

“Entendem-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do Meio Ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua Sustentabilidade”.

Novamente interessante, neste ponto, a observação do membro do Ministério Público paulista ao se referir à importância da EA, a partir de seu conceito, Costa (s/d, p. 02):

“a utilidade prática que tem a Educação Ambiental para formação da cidadania ambiental na busca da efetividade normativa social ou eficácia concreta das normas e princípios da sustentabilidade inspiram toda a legislação e doutrina da defesa ambiental que compõem a Constituição Federal de 1988 e de toda a legislação que visa a proteção ambiental”.

Seguindo, a Lei n° 9.795 de 1995, em seu artigo 2°, trata da transversalidade. Ponto importante da EA, como ratifica o artigo 10 da mesma lei, significa que a EA deve estar presente de forma articulada em todos os níveis e modalidades do processo educativo, isto é, deve ser desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente. O espírito da lei é que o mesmo conteúdo em EA pode e deve ser explorado, ao mesmo tempo, aos discentes em quaisquer que sejam as disciplinas: História, Geografia, Português, por exemplo.

Os princípios, também inspirados em Tbilisi (1977) como consta no item 2.2.6, estão no artigo 4°. São eles, (BRASIL, 1999):

São princípios básicos da Educação Ambiental:

I – o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;

II – a concepção do Meio Ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural sob o enfoque da Sustentabilidade;

III – o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da Inter, Multi e Transdisciplinaridade;

IV – a vinculação entre a Ética, a Educação, o Trabalho e as Práticas Sociais;

V – a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI – a permanente avaliação crítica do processo educativo;

VII – a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;

VIII – o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural”.

Por fim, como diz Milaré (2011, p. 636), “os objetivos fundamentais da Educação Ambiental (e de sua política) são listados e definidos no artigo 5° da Lei 9.795 de 1999 e revelam o descortino do legislador em vista da dinâmica da sociedade brasileira”. São eles:

São objetivos fundamentais da Educação Ambiental:

I- o desenvolvimento de uma compreensão integrada do Meio Ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;

III – o estímulo e fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social.

IV- o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do Meio Ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;

V- o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e Sustentabilidade;

VI- o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; VII- o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.

Todos esses mandamentos legais visam, em última análise, a proteção do meio ambiente, através do desenvolvimento de práticas que levem a um pensamento crítico e inovador. Transversalidade, enfoque humanista, holístico, participativo, democrático, pluralismo de ideias, fortalecimento da cidadania etc., são diretivas para a aplicação da Educação Ambiental em nosso País. E sua concretização, mais que palavras, deve, de fato, revestir-se em políticas públicas efetivas e permanentes por todos os agentes sociais incumbidos de tal missão.

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