• Nenhum resultado encontrado

3.1 AS ESCOLHAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS

3.1.4 O IF Baiano campus Santa Inês

3.1.4.3 A práxis da alternância no IF Baiano campus Santa Inês

Retoma-se aqui a ênfase na práxis desenvolvida pelo campus Santa Inês. Observa-se a proposta da instituição à luz da legislação vigente que, para a materialização da PA Integrativa, explicita a demanda existente de uma dialética necessária entre os tempos formativos.

No citado campus, o Proeja é ofertado no formato semipresencial, não seriado, sendo assumida a PA Integrativa Real ou Copulativa, também conhecida como Alternância Formativa (QUEIROZ, 2004). O Parecer CNE/CEB nº 1, de 1º de fevereiro de 2006, orienta e esclarece acerca da forma como esta se dá, sendo:

Com a penetração efetiva de meios de vida sócio-profissional e escolar em uma unidade de tempos formativos. Nesse caso, a alternância supõe estreita conexão entre os dois momentos de atividades em todos os níveis – individuais, relacionais, didáticos e institucionais. Não há primazia de um componente sobre o outro. A ligação permanente entre eles é dinâmica e se efetua em um movimento contínuo de ir e retornar. Embora seja a forma mais complexa da alternância, seu dinamismo permite constante evolução. Em alguns centros, a integração se faz entre um sistema educativo em que o aluno alterna períodos de aprendizagem na família, em seu próprio meio, com períodos na escola, estando esses tempos interligados por meio de instrumentos pedagógicos específicos, pela associação, de forma harmoniosa, entre família e comunidade e uma ação pedagógica que visa à formação integral com profissionalização (BRASIL, 2006).

O campus propõe uma alternância que compreende intervalos de 05 (cinco) dias, ou seja, os estudantes permanecem na instituição escolar em semanas alternadas, sendo este um movimento cíclico. Cada período observará o trabalho com a turma a partir de um tema gerador,14 que guiará o desenvolvimento de todas as atividades e conteúdos a serem

14 Tema gerador ˗ Freire traz esta possibilidade na década de 1950 e enriquece a proposta a partir de sua prática.

O tema gerador deve ser considerado como o ponto em que as áreas do saber se inter-relacionam (interdisciplinarmente) com vistas à uma leitura crítica da realidade. Tal proposta traz em seu bojo o pressuposto de um estudo da realidade da qual irá aflorar uma rede de relações entre situações significativas que englobarão as dimensões individual, social e histórica, além de uma rede de relações que conduzirão a discussões acerca da interpretação/representação da realidade. “O temagerador não se encontra nos homens isolados da realidade, nem tampouco na realidade separada dos homens. Só pode ser compreendido nas

desenvolvidos. Tem-se aqui o objetivo de assegurar o contato entre os educadores e as comunidades, com o intento de asseverar uma práxis alicerçada na realidade. Uma práxis que demanda a captação e análise da realidade, uma organização cuidadosa, a partir do vivido, um currículo que tenha no diálogo o seu ponto de apoio. Há que se reconhecer que a proposta do

campus pauta-se em metodologias e atividades pedagógicas variadas (IF BAIANO-SI, 2012).

Para o TC, são propostas atividades que abarcam um conjunto de ações a serem realizadas pelos alternantes junto às comunidades, sob orientação e acompanhamento dos docentes. Tem-se nesse momento a socialização de conhecimentos e a realização de registros por parte dos educandos. Para o TE, o documento contempla a oferta de atividades nos três turnos, incluindo aulas, atividades práticas, palestras, visitas técnicas, serões de estudo, atividades culturais, entre outras.

A partir do que reza a legislação vigente e a propositura do campus, é possível observar que são enfrentadas dificuldades estruturais para a materialização da PA Integrativa Real, principalmente no que se refere ao acompanhamento do TC e a integração entre disciplinas da EP e da formação geral. Tal condição será melhor esclarecida a partir dos dados recolhidos em entrevistas com participantes desta pesquisa. A legislação não deixa dúvidas quanto à necessidade de integração entre os tempos formativos. Uma integração que leve ao rompimento da dicotomia teoria/abstrato-concreto.

Observa-se tal desafio por parte do campus para que seja alcançada a Alternância Integrativa proposta no sentido de que esta presume uma forte e estruturada conexão entre os tempos escola e comunidade. Tal conexão toma forma por meio de atividades que alcançam os diferentes níveis que perpassam o processo formativo: individual, coletivo, relacional, didático e institucional. Para que haja a materialização da PA Integrativa, tendo-se por perspectiva a formação integral, não basta uma aproximação dos tempos ou mesmo entre a instituição e o trabalho.

Não cabe tirar o mérito da experiência, pois ocorre na alternância um caminho para que os educandos conheçam melhor a realidade na qual vivem/atuam, identificando os condicionantes e as contradições que a constituem, tendo por expectativa a possibilidade de intervenção para transformação.

relações homem-mundo” (FREIRE, 2005, p. 56). A partir de um tema gerador, o que se intenta analisar/pesquisar são os homens e sua visão de mundo. Então, o tema gerador pode ser compreendido como um objeto de estudo que encerra o fazer e o pensar, o agir e o refletir, a teoria e a prática. Fonte: FREIRE, P.

A perspectiva da integração compõe o planejamento das ações/atividades a serem realizadas de forma integrada, constituindo-se em um processo que se tenta exercitar o diálogo entre instituição e comunidades envolvidas. Os jovens e adultos matriculados têm a oportunidade de alternar seus afazeres com as atividades escolares, sem perder o foco no alcance do objetivo maior, qual seja a qualificação profissional desses indivíduos para possibilitar e potencializar sua intervenção no espaço de origem (IFBAIANO-SI, 2013).

O campus preocupa-se com a oferta de uma prática educativa dirigida ao homem e à mulher do campo e essa prática pressupõe um processo que considere a formação de cidadãos/sujeitos participativos, críticos15 e capazes de colaborar para a transformação da realidade em que se encontram inseridos.