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3.1 AS ESCOLHAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS

3.1.3 Movimentos no percurso do trabalho de campo

“Caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar”, já dizia Antonio Machado, poeta espanhol em versos que integram a poesia intitulada Cantares. E para lembrar Almir Sater na música Tocando em Frente, bom é dizer que “estrada eu sou” em momentos como esse de construção de conhecimento. Nenhum início poderia ser melhor para apresentar o movimento feito durante o desenvolvimento da pesquisa que, sem dúvida, resulta de uma caminhada que levou a distantes e diferentes realidades.

As distâncias percorridas para a realização da recolha de dados junto aos participantes da pesquisa no campus Santa Inês também lembram, de forma literal, o quão longa foi essa caminhada. Um movimento que envolveu diferentes formas de deslocamento, o reforço do companheirismo e da colaboração entre pesquisadores, o reencontro com amigos e a construção de novas amizades. Para se chegar ao campus foi necessária uma viagem aérea até Salvador e, uma vez lá, o aluguel de um carro para que se fizesse o percurso até o município de Santa Inês. Pode-se chegar ao citado município a partir de Salvador, por duas rodovias: a BR 101, passando pelo Vale do Jiquiriçá, logo após o município de Santo Antônio de Jesus, e a BR 116, após passar pelo km 100, no município de Brejões. Fez-se opção pela BR 101. Tal percurso foi realizado por três vezes. Assim, foram realizadas 3 visitas ao campus Santa Inês, localizado à BR 420 (Rodovia Santa Inês - Ubaíra), Zona Rural, Santa Inês/Bahia - CEP: 45320-000. No primeiro momento, em uma visita que durou dois dias, foram apresentados à Direção Geral do campus o projeto e os documentos referentes à solicitação da entrada da pesquisa. A recepção da pesquisa e da pesquisadora pela instituição é digna de nota, assim como a atenção prestada pelos participantes da pesquisa e o envolvimento dos mesmos.

Nesse período, fez-se também o reconhecimento dos espaços físicos que compõem o campus e realizou-se uma primeira visita à sala de aulas do Proeja. Visitou-se ainda as proximidades do município, com o objetivo de conhecer um pouco do relevo e das condições climáticas da região que circunda o campus.

Durante a segunda visita, que teve uma duração de três dias, foram realizadas entrevistas com docentes, um dos gestores do curso e uma Técnica Administrativa em Educação (TAE). Além disso, também foi aplicado o questionário junto aos estudantes do Proeja, que se manifestaram favoráveis à participação na pesquisa, bem como explicitaram sua opinião quanto à importância da realização da mesma. Estes se mostraram bastante receptivos e abertos em todos os momentos. Buscou-se também informações inerentes aos tempos/espaços formação: Tempo Escola (TE) e Tempo Comunidade (TC). Neste segundo momento foram recolhidas informações referentes aos estudantes e ao corpo docente da instituição junto à Secretaria Escolar e ao Setor Pedagógico. Realizou-se ainda uma entrevista gravada com uma estudante.

Na terceira visita, que durou uma semana, foi possível conhecer os setores (Unidades Educativas de Produção - UEPs) da instituição utilizados pelos estudantes do Proeja. Em cada espaço, o responsável pela organização e manutenção esclarecia a forma como ocorrem suas atividades. Teve-se ainda a significativa oportunidade de se observar a realização das atividades durante um Dia de Campo, referente ao TC. Interessante dizer que, durante o deslocamento de ônibus entre o campus e a comunidade onde se realizou o Dia de Campo, distante cerca de 50 quilômetros, foi possível um contato muito rico com os estudantes. Esse terceiro contato foi enriquecido com a realização de uma Roda de Conversa, não prevista, que possibilitou um diálogo aberto entre pesquisadora e estudantes, e proporcionou uma escuta mais direta das expectativas destes no que concerne ao curso por eles realizado. Foi um momento ímpar que permitiu conhecer um pouco do curso a partir do olhar daqueles que, de fato, podem dizer se alcançaram o que se propuseram buscar, o que será explicitado nas análises. Os estudantes mostraram-se abertos ao diálogo e esforçavam-se para esclarecer ao máximo seu interesse pela formação ofertada a partir da PA.

As visitas ao campus Santa Inês e a aplicação dos instrumentos de recolha de dados foram agendadas junto à gestão da instituição e à Coordenação do curso. Tal cuidado foi relevante para a viabilização do deslocamento da pesquisadora assim como para a organização da instituição de ensino.

Neste campus, participaram da pesquisa 20 estudantes, 7 docentes, além de 4 representantes da gestão do campus/do curso. Algumas das disciplinas ofertadas ao Proeja pelos docentes entrevistados encontram-se vinculadas à EP, outras à área de Ciências Humanas e uma delas à área de Ciências da Natureza.

No que se refere ao campus Castanhal, participaram por meio de entrevistas (ANEXOS F, G e H), uma TAE, o Coordenador do curso e uma docente. Os contatos ocorreram via Internet (e- mail) dada a dificuldade de deslocamento em virtude da distância a ser percorrida pela pesquisadora. Várias mensagens foram trocadas entre a pesquisadora e a TAE que, com muita atenção e rapidez, esclareceu as dúvidas que surgiram no decorrer da pesquisa. Novas informações sobrevieram desses contatos.

Para a captação de dados no citado campus, como se fez no que se refere ao curso ofertado pelo campus Santa Inês, foi observado também o Plano do Curso Técnico (PCT) em Agropecuária Integrado com o Ensino Médio Modalidade de Educação de Jovens e Adultos com Alternância Pedagógica e Enfoque Agroecológico. Foram ainda observados dados referentes às comunidades atendidas pelo Curso.

A aplicação dos instrumentos de recolha nos dois campi ocorreu após a análise dos Projetos Pedagógicos dos cursos estudados, bem como dos documentos que indicam a sua aprovação. As entrevistas foram organizadas de forma a conter questões abertas com o intuito de alcançar o máximo possível de informações. Estas foram realizadas individualmente, no caso do

campus Santa Inês, conforme a disponibilidade dos participantes.

Na organização dos instrumentos utilizou-se a entrevista como uma técnica de recolha de dados não documentados acerca de determinados assuntos. Com o questionário buscou-se a diversidade de sentimentos, crenças e opiniões acerca de diferentes aspectos voltados para o curso analisado.

As entrevistas com os participantes do campus Santa Inês (ANEXOS B, C, D e E) aconteceram em diferentes locais: na sala dos professores, na sala de aula, na coordenação do Proeja, na sala em que a TAE desenvolve suas atividades e na sala da Direção Geral. Os docentes que participaram desta pesquisa foram entrevistados quando seus horários de aulas permitiam, de forma que suas atividades não sofreram prejuízo. A pesquisadora permaneceu nos espaços da instituição aguardando pelos momentos marcados para a realização dos contatos, sendo estes sempre autorizados pelo Coordenador do curso.

O questionário (ANEXO I), realizado junto ao grupo de estudantes deste campus, foi organizado com questões abertas e fechadas em virtude da variabilidade e importância das informações, considerando-se a disponibilidade de tempo dos participantes cuja adesão foi voluntária. No momento da aplicação do questionário, os estudantes preferiram que os questionamentos fossem lidos e que dúvidas fossem esclarecidas antes de responderem e assim foi feito.

Os instrumentos utilizados permitiram a recolha dos dados acerca da organização e estruturação dos cursos pesquisados, a experiência e formação dos docentes participantes que atuam/atuaram no curso e as expectativas dos educandos do campus Santa Inês quanto à formação ofertada.

Realizou-se ainda a análise dos documentos disponibilizados pelas instituições, quais sejam: PPCs, Editais de Seleção, Relatórios e questionários. Para uma melhor organização deste trabalho, os participantes da pesquisa foram identificados com nomes fictícios.

Importa dizer que foi utilizado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO A) para que os participantes autorizassem a utilização dos dados levantados para fins científicos. Os dados recolhidos foram analisados qualitativamente e, logo após, interpretados.