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5.3 Testes de R´ adio Digital no Brasil

5.3.1 A Primeira Rodada de Testes

Doze emissoras foram autorizadas a testar o IBOC e apenas duas institui¸c˜oes foram au- torizadas a testar o sistema europeu DRM: a Radiobras e a Faculdade de Tecnologia da Universidade de Bras´ılia. Para o IBOC, as autorizadas foram Sistema Globo de R´adio, Bandeirantes, Jovem Pan, RBS e Eldorado para S˜ao Paulo, Rio de Janeiro, Bras´ılia, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba.

Esses testes foram aprovados em 12 de setembro de 2005. Nem todas as emisso- ras disponibilizaram relat´orios sobre essa bateria de testes, de modo que a an´alise fica dificultada.

Dentre as que divulgaram resultados, est´a o Sistema Globo de R´adio, que atrav´es da R´adio CBN FM realizou os testes na cidade de S˜ao Paulo. A CBN n˜ao conseguiu efetuar testes relativos ao impacto do sinal na recep¸c˜ao do sinal anal´ogico do mesmo canal e em canais adjacentes pela inexistˆencia de canais adjacentes sendo utilizados naquela ´epoca, j´a que em S˜ao Paulo, a emissora mais pr´oxima a testar o r´adio digital se encontra no canal 96,9 FM e a CBN est´a em 90,5 FM.

H´a tamb´em a dificuldade de se testar por conta das r´adios ”piratas”. Esse problema ocorre, por exemplo, com r´adios n˜ao legalizadas que se encontram na faixa do 90,7, com o sinal inserido na banda de guarda que seria utilizada pela CBN. Vale lembrar que s˜ao nas

laterais do sinal anal´ogico da emissora analisada onde est˜ao os sinais digitais. Portanto, se uma r´adio pirata ´e modulada ao lado do sinal da CBN, essa r´adio pirata cobre o sinal digital. Com isso, se comprova que o sinal digital ´e amplamente prejudicado na rela¸c˜ao com as emissoras piratas, assim como acontece no sinal anal´ogico.

Apesar da metodologia empregada pelo Minist´erio na elabora¸c˜ao dos testes, muitos fatores n˜ao foram reproduzidos por todas as emissoras, como por exemplo, as empresas usavam alturas diferentes de antenas para os testes. Tal fato impossibilitou a compara¸c˜ao direta entre os modelos de r´adio que foram escolhidos.

A avalia¸c˜ao da compatibilidade do padr˜ao testado com a ´area de cobertura da pr´e-existente da emissora foi considerada positiva, e a CBN realizou os testes utilizando uma antena simples, de ganho reduzido e um transmissor operando em 10% da potˆencia total do aparelho. Nessas configura¸c˜oes, foi poss´ıvel obter uma cobertura semelhante `a da emissora no sinal anal´ogico com estabilidade.

Com essa redu¸c˜ao na potˆencia, ´e poss´ıvel visualizar uma economia imensa de ener- gia el´etrica utilizada para a transmiss˜ao do sinal. No caso da CBN, o transmissor utilizado normalmente para a transmiss˜ao anal´ogica tem uma potˆencia de 35 mil watts, que na- turalmente consome muita energia el´etrica, enquanto para a transmiss˜ao digital poderia utilizar um de 300 watts, que consome menos energia que uma geladeira comum enquanto consegue manter a mesma cobertura. Al´em disso, conforme dito por Roberto Cidade, por utilizar uma antena simples, para transmitir o sinal digital n˜ao seria mais necess´ario uma antena gigantesca no meio da Avenida Paulista, como ´e utilizado pela CBN S˜ao Paulo. Claro que para essa mudan¸ca se converter em economia de verdade, o sinal anal´ogico deveria ser encerrado, para que os equipamentos anal´ogicos possam ser desligados e a economia ser considerada.

J´a em rela¸c˜ao a qualidade, o respons´avel pelos testes da CBN afirma que o sinal era isento de ru´ıdos, mesmo quando havia alguma liga¸c˜ao telefˆonica sendo utilizada na transmiss˜ao.

Por´em, a adapta¸c˜ao dos equipamentos utilizados no anal´ogico pode ser invi´avel de- vido ao custo. No caso CBN, os custos para fazer a adapta¸c˜ao dos equipamentos existentes ´e quase o valor de um aparelho novo, como por exemplo um transmissor transistorizado, cuja compatibiliza¸c˜ao com os equipamentos digitais custaria o equivalente a um aparelho zerado e preparado para receber esses equipamentos.

42 Em rela¸c˜ao aos aparelhos receptores, a CBN utilizou aparelhos do tipo automotivo, todos da marca HD Radio e tiveram que ser importados porque, naturalmente, n˜ao ´e um tipo de equipamento facilmente encontrado em territ´orio brasileiro. Esse foi escolhido porque ´e o tipo de receptor que oferece mais modelos e porque ´e o que se acredita que ser´a mais vendido para o p´ublico em geral.

O Sistema Globo de R´adio comprou 30 receptores para a CBN S˜ao Paulo, ao custo de aproximadamente US$ 700, onde alguns foram instalados e outros guardados. Alguns aparelhos receptores foram montados como mini-system, com gabinetes para ficarem fixos na sede da emissora, outros nos carros dos respons´aveis pelos testes, um no transmissor da Vila Prudente, zona leste de S˜ao Paulo e outro do transmissor da Avenida Paulista.

Essa situa¸c˜ao de impossibilidade de compara¸c˜ao foi explicada pelo ent˜ao respons´a- vel do Minist´erio pelos testes, o engenheiro Fl´avio Ferreira Lima: “A an´alise comparativa entre dois sistemas digitais por meio de uma campanha de medi¸c˜ao em um ambiente real s´o ´e poss´ıvel quando se submetem ambos os sistemas `as mesmas condi¸c˜oes simultanea- mente, sejam elas de ambientes, equipamentos de transmiss˜ao e recep¸c˜ao, etc. Por´em, esse procedimento se torna extremamente oneroso e, em algumas situa¸c˜oes, imposs´ıvel, devido `as particularidades dos equipamentos de transmiss˜ao e recep¸c˜ao de cada sistema” Ap´os a apresenta¸c˜ao dos dados nos relat´orios, os detentores dos padr˜oes HDRadio e DRM, respectivamente a Ibiquity e o Cons´orcio DRM, foram chamados para sanar d´uvidas e quest˜oes que surgiram.

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