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Fase 4: Transformação Nesta fase, a prestação de serviços públicos e as operações do próprio Estado são redefinidas Os serviços disponibilizados são cada vez mais integrados,

4 Análise e discussão dos resultados

4.4 A promoção da cidadania

Para a presente pesquisa, foram considerados os direitos de cidadania definidos por Vaz (2003): direito à informação de interesse particular (D1), direito aos serviços públicos (D2), direito ao próprio tempo (D3), direito ao controle social do governo (D4) e direito à participação política (D5).

É importante ressaltar que a atribuição dos direitos de cidadania realizados nesta pesquisa, trata-se na verdade da indicação das possibilidades de promoção dos direitos de cidadania, não sendo realizada por esta pesquisa a avaliação dos efetivos impactos desta promoção. Isto envolveria certamente outras variáveis como, por exemplo, a exclusão digital.

Apesar da categorização dos direitos de cidadania, percebeu-se na coleta de dados que estes, muitas vezes, estão intrínsecos uns aos outros e, mesmo que não haja esta relação de dependência entre um ou outro direito, é possível que um serviço atenda a mais de um direito de cidadania.

Desta forma, no levantamento de cada serviço on-line foram identificados os direitos de cidadania que este serviço promove, sendo-lhe atribuído um direito de cidadania cuja promoção era a mais representativa e outros direitos de cidadania promovidos pelo serviço.

Os resultados de direitos de cidadania com maior representatividade para cada serviço foram os seguintes:

• O direito à informação de interesse particular (D1) prevaleceu sobre os demais, sendo considerado o de maior representatividade para 138 (cento e trinta e oito) serviços. Este resultado coaduna com a principal característica dos serviços do portal pesquisado, que conforme visto anteriormente foi o de “um bom serviço de informação (S1)”;

• O direito aos serviços públicos (D2), direito ao próprio tempo (D3) e direito ao controle social do governo (D4), obtiveram maior representatividade para 82

(oitenta e dois), 88 (oitenta e oito) e 89 (oitenta e nove) serviços do portal, respectivamente; e

• Não foi identificado no portal e websites das agências de governo, serviços cujo foco principal promovesse mais fortemente o direito à participação política (D5). Em relação à interdependência entre as categorias dos direitos de cidadania, ressalta-se que nesta pesquisa, invariavelmente, atrelado ao direito aos serviços públicos (D2), sempre constou o direito ao próprio tempo (D3). A promoção do direito ao próprio tempo (D3) constou também, de forma secundária na avaliação do pesquisador, em vários outros serviços cujos direitos de cidadania promovidos eram variados.

Isto corrobora os achados da pesquisa de Vaz (2003), em que o direito ao próprio tempo (D3) foi o mais visivelmente promovido. A razão apresentada pelo autor para este fato é que o direito à informação (D1) e o direito aos serviços públicos (D2) têm muitas vezes objetos intangíveis, enquanto que o direito ao próprio tempo (D3) é percebido pelo cidadão em sua vida privada.

Em relação ao direito ao controle social (D4), constatou-se um número considerado de iniciativas para a promoção deste direito, principalmente por parte das agências de governo que têm na sua própria concepção este objetivo, como é o caso do TCE e MPEAM.

Ainda sobre o controle social, a publicação de informações sobre ações do governo por parte de suas agências, analogamente ao que foi observado por Vaz (2003) em seu estudo, trata-se bem mais de divulgação institucional do que efetiva prestação de contas.

Já a inexistência de serviços que promovam a participação política (D5) corrobora os achados das pesquisas de Akutsu (2005) e Pinho (2008), nas quais as iniciativas em serviços que promovam este direito também foram nulas, ou praticamente nulas.

5 Conclusões

Apesar de inicialmente concebido em uma visão macro e sendo projetado para atender praticamente a plenitude das áreas do Governo do Estado do Amazonas, o portal governamental sofreu, em sua manutenção e desenvolvimento, com a falta de uma entidade que o administrasse.

Além da falta deste ente administrativo, a falta de uma política, legislação que determinassem a sua finalidade, orçamento específico e planejamento estratégico para a sua manutenção e desenvolvimento relegaram-no a um plano menor. Mesmo após a assunção da Agência de Comunicação do Estado como gestora do portal, as funcionalidades do portal permanecem com grandes restrições, continuando a sua ênfase na divulgação das ações do governo por meio de notícias.

Uma das ressalvas a ser feita em relação aos serviços disponibilizados pelo portal do Governo do Estado do Amazonas diz respeito à dificuldade de acessá-los. O portal governamental não se comporta como um verdadeiro canal único de acesso ao seu conteúdo disponibilizado pelos diversos websites das agências do governo do Estado do Amazonas. A ausência de links para aos serviços e a predominância de seu uso para apenas a divulgação institucional do governo acabam por subutilizá-lo, tendo em vista que o público interessado apenas em ver notícias do Estado é bastante restrito.

De maneira parecida, a transparência – entendida aqui como publicização das contas públicas – sofre do mesmo problema dos serviços públicos on-line: a visibilidade, sendo um contra-senso à sua própria existência.

Do presente estudo, conclui-se que oferta de serviços públicos on-line no portal do governo do Estado do Amazonas é significativa, tendo em vista principalmente a abrangência

das diversas áreas atendidas em razão da presença na Internet de websites de quase todas as agências de governo do Estado do Amazonas.

Entretanto, a predominância dos serviços on-line disponibilizados no portal é de serviços enquadrados na categoria de “um bom serviço de informação (S2)”, o que denota uma baixa qualidade dos serviços ofertados, tendo em vista que este é apenas o nível dois, de uma escala de sete níveis de serviços elaborada por Costa (2004).

Os dois únicos serviços classificados como “serviços integrados com outros órgãos do governo (S6)”, e que integram processos entre o DETRAN e a SEFAZ, sugerem que um alto nível de funcionalidades em portais de governo dependerá diretamente do nível de investimento em sistemas e integração de serviços entre entes governamentais.

Em relação a publicização das contas públicas, percebeu-se o cumprimento integral da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), relativos a disponibilização e atualização dos demonstrativos previstos na legislação; uma grande dificuldade para encontrar os itens relacionados na Lei de Contas Públicas, não havendo inclusive a publicação obrigatória dos demonstrativos do Governo do Estado no site das Contas Públicas do TCU; e nenhuma iniciativa para atender às novas exigências de transparência previstas na Lei Complementar 131/2009. Foi observado ainda que os demonstrativos são publicados apenas para atender à legislação, deixando de constar informações adicionais que facilitassem o entendimento por parte do cidadão comum.

Coadunando com a predominância da presença “bons serviços de informação (S1)” no portal, o direito de cidadania que mais tende a ser promovido é o “direito à informação de interesse particular (D1)”.

O “direito ao próprio tempo (D3)” é bastante percebido pelo cidadão por impactar de forma mais tangível em sua vida privada.

Em relação à promoção do “direito à participação do cidadão na gestão pública (D5)” não foram identificados serviços disponíveis no portal pesquisado, levando a crer que funcionalidades que permitam ao cidadão tomar ciência e participar dos rumos da gestão pública, ainda estão distantes da realidade regional.

5.1 Contribuições

Esta dissertação contribuiu de forma teórica e prática para os campos da administração pública, abordando questões referentes ao uso de portais de governo para o fornecimento de serviços e informações públicas on-line e informações sobre a prestação de contas dos órgãos públicos.

Esta contribuição foi realizada através de informações sobre como o portal de governo está sendo usado pelo Governo do Estado do Amazonas e como é possível implementar ações simples que melhorem a oferta de serviços públicos on-line.