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A proposta: Implementação do Planejamento Participativo

DA GESTÃO ESCOLAR

3.1 A proposta: Implementação do Planejamento Participativo

As questões envolvidas no universo da participação no âmbito escolar são ainda recentes e estão relacionadas à questão da mudança do papel do Estado nos rumos da educação, nas suas estruturas organizacionais.

Ao mesmo tempo em que estas mudanças produziram fatores negativos, como o desconcertante caminho da escola para refazer-se como instituição em meio aos novos paradigmas educacionais, no sentido de definir suas políticas educacionais e uma eficiente gestão (VASCONCELOS, 2010).

Os fatores positivos das mudanças relativas à descentralização da escola e a oportunidade de novos espaços democráticos (currículos, programas e paradigmas) nos destinos da educação produziram importantes

perspectivas, como a gestão da escola pautada em um modelo menos burocrático e as possibilidades de uma gradual transformação no modelo de educação e administração na busca de uma escola voltada para classe popular, buscando avaliar as relações de poder, a partir da organização do trabalho escolar no ponto de vista ético e político e na superação do autoritarismo por mecanismos de participação coletiva o cotidiano escolar (PLACCO, 1994).

Na visão de Luck (2009) o maior desafio para a gestão democrática e a participação de todos na gestão são os professores acostumados a práticas educativas fundamentalmente verticais, com relações autoritárias ou paternalistas, de dominação intelectual.

O planejamento participativo se constitui em uma estratégia eficiente para a coordenação pedagógica passar desenvolver ações democráticas que possam substituir as posturas centralizadoras na escola produziram a acomodação dos professores no que concerne à participação nas políticas da escola pública, justamente hoje, que são cobradas à participação nos processos de decisão da escola, envolvendo a comunidade escolar.

As mudanças que a escola poderá obter em nível de tomadas de decisões, dependem diretamente da realização do planejamento participativo para os professores e todos os atores educacionais (orientadores, psicólogos, e pessoal de apoio, APP, sindicatos, moradores, etc.) possam propor soluções à superação dos problemas inerentes à gestão pedagógica (CORNELLY apud DALMAS, 1995).

Nesse contexto, as mudanças que se romperam nas escolas públicas, a partir do incentivo à gestão democrática para buscar a melhoria para a clientela escolar, mesmo com algumas dificuldades, seja pela ausência de uma formação que incorpore os novos conhecimentos do presente que poderiam auxiliar na solução dos problemas como a informação.

Segundo Dalmas (1995, p. 28) “o planejamento participativo na escola não pode reduzir-se a integrar escola-família-comunidade, mas também visar a realização das pessoas e a transformação da comunidade, na qual a escola está inserida”.

Conforme Medel (2008, p. 19):

Não se pode negar o caráter político do planejamento, no sentido de superar as “estruturas de poder” existentes na escola que impedem a participação e a democratização em todos os pontos e superar os paradigmas autoritários para a reformulação de novas ações nas escolas públicas ainda não se encontram preparadas para ter uma autonomia plena e segura porque tem dificuldades de ultrapassar os entraves que são percebidos pela resistência de mudanças frente às situações emergentes e na busca de superação do acentuado corporativismo e da própria dificuldade para analisar e bem administrar os conflitos que devem surgir das relações educativas mais participativas.

O planejamento participativo na escola pública poderá ser uma realidade constituída genericamente e se constitui em uma estratégia de trabalho, que se caracteriza pela necessidade de sincronicidade entre todo os agentes educativos.

Segundo Cornelly (apud DALMAS, 1995, p. 117) “o Planejamento Participativo se constitui num processo político, num contínuo propósito coletivo, numa deliberada e amplamente discutida construção do futuro da comunidade”. Nessa conjuntura na qual participa o maior número possível de membros de todas as categorias que a constituem

Nesse aspecto, como o planejamento participativo poderá contribuir para a melhoria da ação pedagógica da escola e facilitar o trabalho do coordenador pedagógico para se envolver em projetos que demandam conhecimento e organicidade das peças importantes da manutenção da escola e dele depende a sua construção social.

A elaboração do planejamento envolve um processo de intervenção do grupo para planejar com precisão as ações, explicitar os fundamentos pedagógicos e administrativos, utilizar técnicas e métodos, além dos aspectos práticos que envolvem consciência crítica e reflexão na realização do planejamento em relação à realidade dos recursos disponíveis.

De acordo com Medel (2008, p. 34):

Enquanto processo político, este tipo de trabalho exige de seus integrantes um posicionamento individual e social diante da situação-problema a ser estudada e resolvida e das atividades propostas para efetivar sua mudança ou reestruturação. Sob este aspecto, o Planejamento Participativo na Escola, nunca poderá ser uma atividade neutra, mas sim política, contrariando os interesses de classe. Sem estas mudanças políticas a escola pública, tenderá a permanecer sem desenvolver seu papel social e continuará sendo instrumento de poder.

O planejamento participativo deverá partir de um novo paradigma mais transparente e desmistificador das ideologias que se mesclam no cotidiano escolar e de certa forma incorporam uma consciência social.

Como deverá o coordenador pedagógico suplantar tais desafios? O caminho se orienta na participação ativa, na superação do comodismo e na reflexão sobre sua prática pedagógica, bem como de seu papel social para defrontar com sua própria decisão sobre a prática que realiza, para gerar

influências, devendo assumir o compromisso com as práticas educativas e políticas na escola (CONTRERAS, 2002).

O planejamento participativo poderá ser um instrumento importante que o coordenador pedagógico poderá representar uma prática social relevante para fomentar a participação. Essa ação requer juízos profissionais contínuos, quando a ação pedagógica se deparar com as dificuldades impostas para adaptar pessoas e situações nos valores educativos democráticos e libertadores (CORNELLY apud DALMAS, 1995).

Na gestão escolar o esforço para a melhoria da qualidade do ensino, envolve complexidades que poderão ser reduzidas com o planejamento participativo que exige a arregimentação de todos da escola para que todos tenham efetiva participação. Esse processo, processo político deve estar vinculado à decisão da maioria, tomada pela maioria, em benefício da maioria.

Estas ações Implicam muito mais que desenvolvimento de produção, prestação de serviços educacionais dos gestores educacionais, envolve também, a ação política do Planejamento Participativo (VASCONCELOS, 2010).

Na concepção de Vianna (1996, p. 29):

Compreende-se que o Planejamento Participativo passa a ter, em seu bojo, então, um conjunto de instrumentos técnicos a serviço de uma causa política que deve por base a participação co-responsável e consciente dos professores, na co-responsabilidade do processo decisório. A serviço das decisões que sejam prioritárias à melhoria da escola, e buscando atingir seus objetivos de maneira mais rápida, racional e eficaz.

As dificuldades encontradas no cotidiano da escola são as estratégias para engajar a comunidade escolar (professores, diretores, pais de alunos, orientadores e outros) em um constante diálogo e contribuição pessoal dos

envolvidos para que o consenso da maioria encontre a melhor solução. Na medida em que os integrantes buscam soluções para os vários problemas comuns e a sensibilizar-se em relação a eles.

Contreras (2002) analisa que um dos pontos principais a ser discutidos nas decisões de encaminhamento das ações político-pedagógicas diz respeito ao enfoque decisivo do Planejamento Participativo, ou seja, de que ponto partirá a fundamentação filosófica da escola, como proposta educativa e as formas de participação da comunidade e o conhecimento de seu perfil, assim, como a plena consciência do tipo de educandos que a escola recebe, para que sejam efetivadas estratégias reais, conforme a realidade situacional da clientela escolar.

Segundo Cornelly (apud DALMAS, 1995, p. 130) “o planejamento amplamente dialogado e decidido pela maior parte das forças vivas da comunidade é um instrumento muito importante”.

As decisões mais substantivas referentes às ações político-pedagógicas devem ser tomadas pelas pessoas que compõem a comunidade, para que estas possam tomar consciência dos problemas mais prementes da escola e desenvolver sua criatividade e capacidade de tomar iniciativas, na busca de soluções próprias. Politicamente organizados, a comunidade deve acompanhar, fiscalizar e assessorar a execução de tarefas comuns, assim, como identificar possíveis falhas nas ações pedagógicas e no tratamento às dificuldades de aprendizagem do educando (VASCONCELOS, 2010).

Cornelly (apud DALMAS, 1995, p. 98) considera que:

O processo educativo há situações em que não se pode prever, contudo compreende-se que a realização de um planejamento deve expressar em seu sistema de ação uma visão de flexibilidade e de mudança para se adequar à realidade. Enquanto atividade de maiorias populacionais que discutem, decidem, planejam, executam, avaliam, o

Planejamento Participativo fundamenta-se também numa filosofia Política de renovações estruturais que possa comportar um diagnóstico da realidade, como pressuposto essencial para um trabalho produtivo. Este conhecimento da comunidade deverá decorrer do trabalho co-participado de todos ou do maior número possível de pessoas da própria comunidade, não só dos políticos ou técnicos.

Desse modo, os coordenadores pedagógicos no contexto de sua função enfrentam desafios exigem mudanças de mentalidade, no sentido de saber lidar com os outros, respeitar as decisões, saber apontar os erros, dialogar, e expor atitudes que possa construir e melhorar o desempenho do grupo. Não se pode deixar de levar em consideração que um trabalho dessa natureza social amplia consideravelmente a necessidade de preparação para manter relações interpessoais. A manutenção de atitudes relacionais maduras e comprometidas gera o crescimento pessoal dos profissionais (OLIVEIRA, 2008).

O planejamento participativo propõe que o educando seja encarado como sujeito participativo e não como um mero espectador de sua história.

Para garantir o processo, há a força da ação dialógica, canalizando ativamente conflitos de interesses, fazendo predominar, efetivamente o consenso comum.

Com isso, ampliam-se as raízes do trabalho participativo, fortalecendo o foco decisório e garantindo um processo educativo mais eficiente, consciente e permanente. (VIANNA, 1996)

Como instrumento poderá favorecer as atividades multidisciplinares na escola, poderá apresentar soluções definitivas ao trabalho de engajar as comunidades no planejamento das atividades escolares.

CONCLUSÃO

O estudo permitiu evidenciar a importância do trabalho do coordenador pedagógico na gestão escolar, em face das mudanças na educação ocorreram também a necessidade de competências exigidas em função de estabelecer as teias de relações necessárias ao trabalho compartilhado e sincronizado.

Desse modo, o estudo demonstrou que houve o reconhecimento das mudanças na educação, pois essas imporam um refletir sobre o comportamento e a forma de organização do trabalho escolar, nesse contexto inovador, o coordenador pedagógico, como gestor consciência da necessidade de uma dinâmica mais interativa com todos os agentes.

Os profissionais deverão estar preparados a partir da caracterização de um elemento mediador entre o conhecimento e a inteligência pessoal, para a operacionalização do deslocamento do foco das atenções das matérias ou dos conteúdos disciplinares para a mobilização dos mesmos a serviço da construção da cidadania e da pessoalidade.

Reconhecendo-se a complexidade das relações que envolvem os processos educacionais e a consolidação de uma arquitetura de valores éticos que sustentem o processo democrático no ambiente escolar, somente uma gestão escolar integrada poderá fornecer a composição de sincronicidade no processo de ação pedagógica concreta da escola, redirecionar seus objetivos para a formação de um trabalho compartilhado entre todos que atuam na gestão escolar.

A importância maior da elaboração de um planejamento participativo na escola pública está na sua nova forma de integrar todos os atores educativos (professores, diretores, coordenadores, psicólogos, orientadores e outros) e a comunidade externa (pais e amigos da escola), no sentido de congregar esforços para definir metas, pensar, decidir e agir, podendo conduzir a

melhores resultados em face do grande número de falhas, descontinuidade, não credibilidade e baixa qualidade do produto do trabalho executado individualmente ou por grupos não politizados, no setor educacional.

As estratégias para um trabalho compartilhado, integrado e democrático envolve necessariamente novas relações interpessoais desenvolvidas na escola entre os vários atores educativos se constituem em importância fundamental para o encaminhamento dos processos e métodos educativos. Em todo ambiente de trabalho, principalmente na escola as relações interpessoais se constituem em um foco polêmico, considerando-se que envolve aspectos ideológicas e diretrizes de trabalho que devem ser realizadas em conjunto, exigindo dos parceiros uma melhor compreensão da realidade situacional.

O perfil atual de bom coordenador pedagógico representa um profissional flexível, com capacidade de se comunicar bem, de exercer a autonomia no trabalho com boas relações interpessoais e capacidade ouvir e trazer inovações para a gestão escolar.

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ZARIFIAN, Philippe. O modelo de competência nos sistemas educacionais.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO...2

AGRADECIMENTO ...3

DEDICATÓRIA ...4

RESUMO ...5

METODOLOGIA ...6

SUMÁRIO ...7

INTRODUÇÃO...8

CAPÍTULO I - COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: ORIGENS E HISTÓRICO..10

1.1 Origem da Coordenação Pedagógica...10

1.2 Coordenador Pedagógico: A sua Real Necessidade na Escola...13

CAPÍTULO II - O PERFIL ADEQUADO PARA A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA NA FASE DE AUTONOMIA DA GESTÃO ESCOLAR...21

2.1 O Perfil Atual para um Profissional de Coordenação Pedagógica...21

CAPÍTULO III – A PROPOSTA...30

3.1 A Proposta: Implementação do Planejamento Participativo...30

CONCLUSÃO...37

BIBLIOGRAFIA...38

ÍNDICE ...41

ANEXOS...42

ANEXOS

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