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Eu adotarei neste trabalho uma abordagem onde os aspectos positivos do uso da tecnologia no desenvolvimento do projeto arquitetônico serão explorados mais profundamente, e onde o uso das ferramentas facilitadoras da visualização do “pensar” do Arquiteto possam ser usadas para tornar o projeto mais claro aos gerentes e executores de obras. E como diz Pedro Arantes:

“O fato é que estamos diante de um novo momento na abstração do projeto de arquitetura e do trabalho de construir. Mais uma vez ela é uma abstração contraditória, com avanço e regressão simultâneos.” (ARANTES, 2010, p.116)

Simplificando a Complexidade

Entendo que a primeira coisa que o Arquiteto precisa fazer ao iniciar sua “relação” com o mundo dos softwares de projeto é entender que o software não lhe domina, que quem comanda as ações e vontades e quem determina o que o programa produzirá é o Arquiteto.

A grande maioria dos programas de projeto vêm pré configurados com vários parâmetros, normalmente no padrão de normas americanas ou europeias, isso depende do fabricante do software, e com muitas rotinas que podem ser perfeitamente ajustadas pelo usuário para atender às suas necessidades projetuais e às normas brasileiras de representação e de construção. É preciso ter a noção de que o programa é uma ferramenta e que quem usa a ferramenta é o Arquiteto, e não o inverso.

Tendo isso bem claro o uso do computador para desenhar o projeto não será

limitante nem alienante, muito pelo contrário, será um facilitador e um simplificador: na forja quem molda o ferro é o ferreiro, não o martelo.

BIM – Modelagem da Informação da Construção

Como já dito antes, CAD significa “Computer Aided Design”, ou Desenho Auxiliado pelo Computador. Isso porque é exatamente o que ele é, uma ferramenta que ajuda Arquitetos e Engenheiros a criarem desenhos, uma prancheta eletrônica. Porém, recentemente introduziu-se um conceito novo, uma geração seguinte ao CAD: trata-se do BIM. Mas o que é BIM?

BIM significa “Building Information Modeling”, outro termo em inglês dentro da profissão do Arquiteto. Em nosso idioma ele quer dizer Modelagem de Informação da Construção. Na década de 1970 foi inicialmente chamada de Building Description System (BDS) – Sistema de Descrição da Informação. Em

2002, quando a Autodesk Figura 7: BIM e construção

publicou um artigo intitulado “Building Information Modeling”, e vários desenvolvedores de software e fornecedores se envolveram no campo, o termo foi padronizado para significar o nome comum da representação digital do processo de construção.

Importante entender que a

diferença básica entre o BIM e o CAD, é que no primeiro o mais importante não é a representação gráfica, mas sim as informações. Muito embora os softwares BIM forneçam as ferramentas de desenho, eles agregam muito mais que isso, nestes sistemas tudo é calculado: geometria, dimensões espaciais, propriedades dos componentes (inclusive materiais, marcas, modelos ou fabricantes), custos e tudo mais que se deseja programar para ser feito.

Figura 8: Ciclo de vida do projeto – BIM

https://www.gmarquiteturaengenharia.com/single-post/2018/03/10/BIM-E-AS-POLITICAS-P%C3%9ABLICAS-DO-BRASIL

O BIM prevê que quando o arquiteto modela o edifício virtualmente utilizando-se de ferramentas computacionais - tais como

Scia Engineer, Allplan, Revit, Bentley Architecture, Archicad, entre outras - toda a informação necessária à representação (dos desenhos técnicos - 2D), à expressão gráfica (3D), à análise construtiva (6D), à quantificação de trabalho (5D), aos tempos de mão de obra (desde a fase inicial do projeto até à conclusão da obra – 4D) e ao processo desconstrutivo (fim do ciclo de vida útil), encontra-se no modelo. Ou seja, ao desenhar uma parede é possível especificar não apenas seus parâmetros geométricos como espessura, comprimento e altura, mas também detalhes do material que a compõem, propriedades térmicas e acústicas, custos de material e da construção, entre outros, permitindo ao utilizador a introdução de parâmetros a seu critério.

A premissa básica é que conseguimos modelar virtualmente a realidade da obra e com isso prever desde o quantitativo total de materiais, tempo de execução, conflitos, sistema estrutural e definições arquitetônicas de forma e relações com o entorno, de maneira coordenada com as diversas áreas da Arquitetura e Engenharias. Todo o sistema é chamado de paramétrico, pois no momento que uma alteração é realizada, o software BIM automaticamente atualiza o projeto todo em tempo real.

Uma das ferramentas mais interessantes é o “clash detection” – detecção de conflitos – que

é realizada automaticamente pelo sistema BIM, ou seja, uma imensidão de problemas antes somente detectados na obra ou em exaustivas revisões manuais agora

podem ser realizadas a um clique, provendo uma confiabilidade aos projetos arquitetônicos nunca antes alcançado.

Figura 9: Detecção de conflito de sistemas BIM

Um outro conceito importante para quem adota o trabalho em BIM é o de “Level of Development” - LOD, ou simplesmente, nível de desenvolvimento. Como já citei anteriormente, o maior perigo no trabalho em plataformas de projeto digital é perder-se nas inúmeras possibilidades de detalhamento e visualizações. O Arquiteto pode perder o foco do desenvolvimento do projeto nas suas diversas fases e escalas, e para que isso seja evitado ele precisa entender que informações efetivamente precisam em cada fase do projeto Arquitetônico. Ora, isso não difere do proces- so tradicional de projetar, onde à medida que avançamos no aprofundamento do projeto as escalas vão aumentando, assim como o nível de detalhamento.

Vou aqui apresentar esquematicamente como isso é padronizado nas plataformas BIM, através do quadro abaixo, onde ficam claras as fases dos processos de gestão, projeto arquitetônico e da modelagem, comparativamente ao que corresponderia cada Nível de Detalhamento (ND = LOD):

Figura 10: Padronização do nível de detalhamento (LOD) em BIM e correspondência às fases do projeto arquitetônico e gestão de investimentos

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