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2. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS

2.1 OS PEQUENOS AGRICULTORES FAMILIARES

2.1.3 A racionalidade das Instituições

Os anos que precediam o novo milênio são caracterizados por uma crescente consciência ecológica e sobre os inúmeros riscos, incertezas e indeterminações que são recorrentes do mundo natural e social que habitamos e no interior dos quais es- tão presentes as Instituições que através de normas, leis, técnicas e outras formas

de intervenção sobre os seres humanos, pretendem planejar, organizar, controlar e executar ações de preservação, conservação e uso sustentável dos recursos natu- rais e também como gestar esses recursos para atender as necessidades e desejos humanos, no sentido de conter ou barrar os impactos das ações humanas, irracio- nais ou desumanas, sobre o ambiente natural. Mas, como se relacionam as incerte- zas com as diversas formas de sustento das populações rurais e urbanas mais ca- rentes? Esse questionamento paira de forma incisiva, como a “espada de dêmocles” sobre as cabeças dos gestores institucionais quer sejam públicos ou privados. Ape- sar de que muitos desses riscos são generalizados, o panorama reflete inevitável- mente a má distribuição entre o poder e os atores produtivos, deixando mais vulne- ráveis as formas de sustento da população.

Em geral as Instituições são entendidas como uma espécie de Unidade Auto- rizativa (em termos de prover as pessoas de formas através das quais podem nego- ciar passo a passo o seu futuro) ou como Unidade Restritiva (no sentido de propor- cionar regras para todas as ações futuras). A maioria das correntes teóricas sobre as Instituições como “fábrica de regras, regulações e convenções” que impõem restri- ções ao comportamento humano a fim de facilitar as ações coletivas (North, 1990), tendem a ver com o caráter das Instituições apenas em termos funcionalistas e/ou simplesmente unidades administrativas.

Outro enfoque vê as Instituições em termos mais processuais e dinâmicos, (CLEANER, 2000), como sendo o produto de práticas políticas e sociais; como luga- res aonde a produção, a autoridade e a obrigação são questionadas e negociadas (Berry, 1989) e são frutos das interações entre o conhecimento e o poder. Antes mesmo que apenas produtoras de meras regras e regulamentos, as Instituições são vistas como reguladoras de pessoas ou grupos que definem como devemos nos comportar e o que devemos fazer, para sermos politicamente, ambientalmente, eco- nomicamente e socialmente justos.

3 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO

Integrando a mesorregião do Sudeste do Paraense, com municípios espalha- dos por sete microrregiões – Tucuruí, Paragominas, São Félix do Xingu, Parauape- bas, Marabá, Redenção e Conceição do Araguaia -, segundo a divisão administrati- va do Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (IBGE), a mesorregião é conside- rada a mais rica do Estado do Pará em termos de jazidas minerais, sendo conside- rada a área de maior reserva mineral do planeta.

Quando o Homem branco começou a povoar as terras do Sudeste do Estado do Pará já no final do século XIX. Segundo registros históricos, em 1895 o Governo do Pará assinou um contrato de financiamento agrícola e assentamento com o fa- zendeiro Carlos Gomes Leitão. Esse contrato, no entanto, foi rompido pelo Governo, no mesmo ano. No ano seguinte, em busca de terras para criação de gado, dezenas de pessoas amigas de Carlos Leitão, chegaram ao local. A descoberta de árvores de caucho, de onde se extrai a borracha, só fez aumentar o fluxo de pessoas para a re- gião. Pecuaristas de Goiás também instalaram seus rebanhos nos imensos campos naturais de Barreira, dos Gradaús, dos Arraiais e do Pau D’Arco.

O povoado de Conceição do Araguaia, um dos primeiros povoados a surgir nas margens do Rio Araguaia, foi fundado em 30 de maio de 1897, por Frei Gil de Vilanova, um religioso francês que veio ao Brasil catequizar índios. A partir daí, outras comunidades fo- ram surgindo ao longo dos rios Araguaia e Tocantins, como Alcobaça (atualmente cidade de Tucuruí), Arumateua, Itaboca, Água de Saúde, Burgo Agrícola do Itacaiúnas, Pontal (ho- je Marabá), Landy, São João do Araguaia, Santa Izabel, Martírios, Itaipava, Lago Vermelho (atual Itupiranga) e Areião (cidade de Jacundá).

São João do Araguaia, o primeiro município da região, foi criado em 1908 com terras que antes pertenciam ao município de Baião. Um ano depois, já com á- rea desmembrada de São João, Conceição do Araguaia tornou-se município, já em 1913 foi criado o município de Marabá que acabou anexando as terras de São João.

Os ciclos econômicos foram se sucedendo na região. Do caucho passou-se ao extrativismo da castanha-do-brasil. Após o primeiro trabalho geológico da área, em 1920, as riquezas minerais existentes começaram a vir à tona. A primeira avalia- ção desse fabuloso potencial mineral existente foi feito na década de 60, culminando com a descoberta do depósito de manganês do Igarapé Sereno, localizado próximo à cidade de Marabá.

Na década de 70, tem início na região sudeste e sul do Estado do Pará uma nova etapa do processo de desenvolvimento com a abertura de importantes rodovi- as, que trouxeram para a região os sonhos de riquezas de milhares de migrantes, principalmente nordestinos e sulistas; grandes projetos agropecuários – com incenti- vos fiscais da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM ) e fi- nanciados através do Proterra e Polamazônia, e inúmeros problemas sociais até ho- je não solucionados.

As jazidas de ferro, ouro, manganês, níquel, cobre, bauxita, cassiterita e ou- tros minérios da Serra dos Carajás, que formam a maior Província Mineral da Terra, começaram a ser explorada na década de 80, através do Projeto Ferro-Carajás, que faz parte do Programa Grande Carajás (PGC), implantado pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), agora somente VALE, na área hoje pertencente ao município de Parauapebas. Além da exploração mineral o PGC inclui empreendimentos nos seto- res agropecuários, siderúrgicos, pesqueiro e madeireiro.

Entre os feitos que contribuíram para tornar a década de 80 um marco para a região estão à construção da Usina Hidroelétrica de Tucuruí, a primeira totalmente nacional, que gera energia elétrica para vários Estados do Norte e Nordeste, e a descoberta de ouro de Serra Pelada, que se transformou num verdadeiro “Eldorado” para milhões de homens e mulheres, que dia e noite, viam brotar da terra esse rico minério. Esse garimpo foi ponto de partida para a criação de várias cidades na regi- ão, algumas transformadas, anos depois, em municípios, como Curionópolis, Parau- apebas e Eldorado do Carajás.

Mapa 2 - Mesorregião do Sudeste Paraense

Fonte: Laboratório de Georeferenciamento da Embrapa Amazônia Oriental, 2008.

Mapa 3 - Microrregião de Paragominas, PA