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CAPÍTULO III – A Reabilitação e a Educação Social

3.1. A Reabilitação Profissional

O Decreto-Lei n.º 290/2009 de 12 de outubro aprova o regime jurídico de concessão de apoio técnico e financeiro para o desenvolvimento das políticas de emprego e de apoio à qualificação das pessoas com deficiência e incapacidades e o regime de concessão de apoio técnico e financeiro aos centros de reabilitação profissional de gestão participada, às entidades de reabilitação, bem como a credenciação de centros de recursos do Instituto do Emprego e Formação Profissional, I. P., e a criação do Fórum para a Integração Profissional.

A formação e a inserção profissional de públicos menos favorecidos, em geral, e de pessoas com deficiências e incapacidades, em particular, é fundamental para as pessoas, para as suas famílias e para a sociedade em geral, tal como defende a Declaração de Salamanca que refere que a reabilitação “deve implementar-se através da cooperação dos esforços das próprias pessoas com deficiência, suas famílias e comunidades e dos serviços competentes de educação, saúde, formação profissional e ação social.” (Art.º 22, Declaração de Salamanca)

Apesar de todos os esforços que foram desenvolvidos, só a partir da década de 80, se desenvolvem medidas que possibilitam o acesso e a frequência das pessoas com deficiências e incapacidades no mercado de trabalho, nomeadamente, a criação de um sistema de formação profissional especializado, medidas de apoio aos empregadores, ou modelo de emprego pro- tegido, tornou-se necessário repensar o antigo sistema, à luz das mais recentes normas e orien- tações internacionais, entre elas a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência. Ain- da no âmbito da Lei n. 38/2004, de 18 de agosto, e no domínio do direito ao emprego, traba- lho e formação, compete ao Estado adotar medidas específicas para assegurar o direito de

60 acesso ao emprego, ao trabalho, à orientação, formação, habilitação e reabilitação profissio- nais, assim como de adequação das condições de trabalho das pessoas com deficiência.

A legislação que enquadra em concreto os programas de reabilitação profissional é o Decreto -Lei n. 247/89, de 5 de agosto:

Constituem objetivos da presente lei a realização de uma política global, inte- grada e transversal de prevenção, habilitação, reabilitação e participação da pessoa com deficiência, através, nomeadamente, da:

a) Promoção da igualdade de oportunidades, no sentido de que a pessoa com deficiência disponha de condições que permitam a plena participação na socie- dade;

b) Promoção de oportunidades de educação, formação e trabalho ao longo da vida;

c) Promoção do acesso a serviços de apoio;

d) Promoção de uma sociedade para todos através da eliminação de barreiras e da adopção de medidas que visem a plena participação da pessoa com deficiên- cia. (Decreto -Lei n. 247/89, de 5 de gosto, Artigo 3.º)

Nos anos 80 e 90 dá-se uma forte reestruturação do ensino profissional, passando este a incluir uma formação geral e sociocultural. A escolaridade obrigatória aumenta e o insuces- so escolar diminui. No entanto, a exclusão social e profissional mantém-se ou aumenta, visto que passam a ser, cada vez mais, exigidas qualificações e habilitações. Dadas as limitações e incapacidades dos portadores de deficiência, esta situação vem contribuir para a exclusão des- tes indivíduos, pois passa a existir um fosso significativo entre aqueles que detêm o saber e aqueles que executam, gerando, desta forma, mais desemprego e marginalização social (Neves, 2001),

Para Duarte (1999), o deficiente devido ao facto de estar envolvido, num meio super- protegido e devido a uma má interpretação dos Centros de Reabilitação dos seus verdadeiros problemas, leva-os a ter comportamentos menos positivos para a sua integração.

61 um processo que objetiva o incremento da participação social e económica na sociedade de pessoas com deficiência. É um trabalho que se centra na Forma- ção Profissional, implicando a intervenção de um leque variado de técnicos especializados, pois o utente pode usufruir de vários tipos de serviços, com- plementares da oferta principal. (pág. 73)

Esta pluralidade de oferta deve-se ao facto de muitas pessoas portadoras de deficiência possuírem diversificados tipos de carência, podendo contribuir para aumentar o seu grau de incapacidade, embora por vezes esse não seja o problema inicial. Para Cordo (2003), a Reabi- litação permite a muitas pessoas:

adquirir ou recuperar as aptidões práticas necessárias para viver e con- viver na comunidade e ensinar-lhes a maneira de fazer face às suas incapacidades. Inclui assistência no desenvolvimento de aptidões sociais, interesses e atividades de lazer, que dão um sentido de partici- pação e de valor pessoal. (pág. 14)

Na perspetiva de Claudino (1997), a formação profissional assume um duplo papel no mercado de trabalho, na medida em que o primeiro proporciona a diminuição da taxa de desemprego, facilitando a integração dos indivíduos no mercado de trabalho, enquanto o segundo acentua a importância do capital humano no aumento da competitividade.

Em Portugal, perspetivou-se à semelhança de outros países, um sistema flexível de três modalidades de exercício da formação, nomeadamente em centro (formação simulada), em alternância (empresa e centro de formação) e em posto de trabalho com o objetivo de minimi- zar os custos da formação inicial e aumentar a sua eficácia. A formação simulada consiste na ministração de conteúdos e desenvolvimento das competências dos formandos para tarefas que se aproximem do mercado de trabalho; este processo é realizado na totalidade dentro da própria instituição. A formação em alternância, tal como próprio conceito indica, refere-se a uma alternância da formação do formando entre a instituição e a empresa. A formação em posto de trabalho é aquela que é realizada pelo formando na sua totalidade, na empresa. Estes

62 três modelos de formação são distintos e aplicam-se de acordo com as caraterísticas, os inte- resses e as necessidades de cada formando.

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