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2 COMPROMISSO COM A TEORIA A EXPERIÊNCIA

5.8 A REALIDADE DA FORMAÇÃO E DA UNIVERSIDADE/ESCOLA

Na escola de ouvintes-

Inscrevi-me em Magistério Particular para Ouvintes em Santa Vitória do Palmar, perto da cidade de Chuí, interessei-me em ser professora para crianças surdas.

Porém lá as pessoas me olhavam, espantadas e me negavam, mandavam eu me inscrever no Ensino Médio, me chamaram de “deficiente”.

Frustrada, a minha mãe tentou convencê-los em vão. Então, fomos no CRE de Rio Grande e o pessoal de lá disse hesitante: Vamos ver se pode.

Enquanto esperava a resposta. Sofria, pensava na não permissão e na resposta positiva de lá. Decepcionei-me muito com a hesitação.

Angustiada esperando a resposta, lutei para convencê-los telefonando, mas estavam em recesso (férias) durante uma semana.

Enquanto isso, também inscrevi-me no Ensino Médio, começava a freqüentar, esperando ansiosa a resposta de lá.

- Por quê? perguntei a minha mãe, dizendo que pensei que eu como surda, para eles, os outros (ouvintes) eu era como uma retardada, uma deficiente mental,... . (E2)

Na escola de ouvintes com inclusão dos surdos-

O poder/saber desta Universidade Particular era exclusivamente religiosamente católico, ele desenvolvia normalmente, satisfatório, aprendi, mas não tinha o poder/saber do “outro” paralelo, como o dos surdos. Como fui influenciada para lecionar o curso, foram as minhas colegas surdas que fizeram esse curso, me incentivaram a licenciar este, a mudar meu trabalho forçado (do hospital) a conseguir “diploma” e poder ficar dentro da comunidade da mesmidade, trabalhando e comunicando simultaneamente a língua própria, tranqüila em qualquer escola de surdos. (E4)

Tem muitos novos alunos surdos que desconheciam a realidade positiva do curso da Pedagogia. Tem muitos que evadiam, trancavam o curso para ir a outro curso ou emprego que eles queriam e sonhavam.

O já surgimento do curso de Letras/Libras faz se, aqui na universidade, esvaziando ou diminuindo os interesses dos surdos nos cursos ouvicêntricos.

Acho que no amanhã, já teremos muitos professores surdos mestres e doutores, os projetos do curso já traçados, a criar no espaço e tempo próprios como o surgimento do curso reverberado para surdos: LETRAS / LIBRAS ministrado por Ronice Quadros...

Depois da inclusão de sempre do surdo nos cursos universitários ouvicêntricos, descobri que na Universidade Estadual em Florianópolis – SC, tem o curso cujo nome é “Pedagogia para Surdos” com alunos surdos vindos dos interiores de SC, no começo, pensei que esse curso seria a volta e a reverberação, mas no fim foi um equivoco, obscuro, projetado por pessoas ouvintes, outro lado era na UFSC recém criado o curso de LETRAS/LIBRAS será?

Tem muitos professores surdos formados pela pedagogia/magistério, agora todos vão para a LETRAS / LIBRAS? será o fim para a pedagogia dos surdos? Como viver essa pedagogia? (E5)

Em Tupanciretã, comecei a me inscrever no curso de Magistério para Ouvintes (como queria ser professora), mas o chefe me proibia, senti o mesmo que havia sentido em Santa Vitória do Palmar.

Mas explicava-me: pode, pode, mas ela dizia: não pode. Ficava cansada, de novo senti-me mal, chorei, quase abandonei os estudos, mas veio a professora especial conhecida minha que saiba pouco comunicar-se em LS, defendia a minha causa, lutou para eu me

inscrever, essa professora foi a CRE de Cruz Alta exigir o meu direito e lá esperamos a confirmação do processo. Ela me disse que iria trabalhar como interprete, e eu como incluída.

Enquanto isso eu me inscrevi no Ensino Médio, estudei, ao mesmo tempo esperei pela resposta. A coordenadora pedagógica desta escola me chamou para fazer a prova de admissão para o curso de magistério público, eu assustada, fiquei nervosa, ela me explicou como fazer a rapidez conforme a hora limitada estabelecida com 10 pontos de cada disciplina (Matemática, Português.).

Fiquei nervosa fazendo a prova com o cronômetro em 7 minutos usada pela professora, consegui terminar no último minuto, passaram-se outras provas em outras disciplinas, faz como geometria (psicotécnica com decoração de desenhos geométricos,...).

Passei, e finalmente ser inscrita em curso Magistério.

Aliviada e muito nervosa, mas feliz. As professoras fizeram com as mãos com vibrações , difere a de bater palmas das mãos para as pessoas que ouvem, emocionei-me.

Mudei para este curso em Tupanciretã, sentei, e pensei como em Santa Maria não tinha o Ensino Médio e Magistério? E ficava triste. (E2)

Sei que recebi a formação ouvicêntrica, não houve volta e reverberação neste curso. (E6)

Na escola de surdos-

Todas as realidades das pedagogias existentes em todo o Brasil, foram construídas pelos poderes e saberes ouvicêntricos.

Eles, os ouvintes, incluíam alguns instrutores ou professores surdos, pensavam, que se colocassem uma das especificidades da cultura surda como a inclusão de LIBRAS apenas numa das disciplinas, seria completa a pedagogia para surdos, é um erro, um engano, uma ilusão. Falta a construção do currículo pelos surdos: com a Literatura Surda, Poesia Surda, Escrita de Sinais (Sign - Writting), entre outros.

Mas no Brasil não existe esse sonho da pedagogia surda. (E1)

[ . . .] na Escola dos Surdos, as novidades, a convivência diferente, o bom estudo, o conhecimento ampliado metaforicamente. O contato da identidade lingüística e cultural que tive pela primeira vez na Escola dos Surdos, a comunicação de LS, tranqüila e feliz, precisava muito trocar as idéias de significados/conceitos para aliviar “a mente”, sempre combinávamos para passear na ASSM, nos contatos culturais em outros lugares, etc., sempre ligado a ASSM da Escola dos Surdos. (E2)

Na escola de surdos com inclusão dos ouvintes-

A valorização da Pedagogia surda seria com referência à filosofia da vida surda, não a pedagogia comum, a comunicação oralizada com “palavras vocalizadas, de escritas usadas pelos ouvintes”.

Faltava aqui a didática adequada com comunicação visualizada e sinalizada.

Apenas recebiam didaticamente ouvicêntrica, se sentiam como “nada” com lacunas vazias dentro do curso.

Não tem a pedagogia completa no Brasil nada, por política ouvicêntrica, que tenta diminuir nosso poder para a inclusão, a política do MEC não conhece bem a cultura surda nem a pedagogia surda. (E3)

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