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A Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da Educação

3. CONSTRUINDO UMA COMPREENSÃO NACIONAL E REGIONAL DOS

2.1 Ações Formativas Implementadas no Brasil

2.1.3 A Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da Educação

Além dessas iniciativas de formação docente, há outras que serão atendidas pela Rede Nacional de Formação Continuada de Professores de Educação Básica. Criada com o objetivo de melhorar a formação dos professores e dos alunos, a Rede é constituída pelo Ministério da Educação e Cultura - MEC, Sistemas de Ensino (federal, estaduais e municipais) e os Centros de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação (instalados nas Universidades) e tem os seguintes objetivos:

x institucionalizar o atendimento da demanda de formação continuada; x desenvolver uma concepção de sistema em que a autonomia se constitua pela colaboração, e a flexibilidade encontre seus limites na articulação e na interação;

x contribuir para a qualificação da ação docente no sentido de garantir uma aprendizagem efetiva e uma escola de qualidade para todos;

x contribuir com o desenvolvimento da autonomia intelectual e profissional dos docentes;

x desencadear uma dinâmica de interação entre os saberes pedagógicos produzidos pelos centros, no desenvolvimento da formação docente e pelos professores dos sistemas de ensino, em sua prática docente;

x subsidiar a reflexão permanente sobre a prática docente, com o exercício da crítica do sentido e da gênese da cultura, da educação e do conhecimento e subsidiar o aprofundamento da articulação dos componentes curriculares;

x institucionalizar e fortalecer o trabalho coletivo como meio de reflexão teórica e construção da prática pedagógica (MEC/SEB, 2005).

Os diversos programas de formação continuada a serem executados pela Rede serão direcionados a professores, diretores de escola, equipes gestoras e dirigentes em exercício na Educação Básica. Para a implementação da Rede, o MEC definiu princípios e adotou algumas diretrizes norteadoras do processo:

a) a formação continuada é exigência da atividade profissional no mundo atual;

b) a formação continuada deve ter como referência a prática docente e o conhecimento teórico;

c) a formação docente vai além da oferta de cursos de atualização ou treinamento;

d) a formação, para ser continuada, deve integrar-se no dia-a-dia da escola; e) a formação continuada é componente essencial da profissionalização docente (Idem).

Na dinamização da Rede, cabe ao MEC coordenar e dar apoio técnico- financeiro aos centros (selecionados a partir de propostas encaminhadas pelas IES via edital 01/2003 – SEIF/MEC), instalados em 19 universidades e distribuídos em 13 Estados. Compete produzir, entre outros, pesquisas, materiais didático- pedagógicos impressos e multimídia, bem como softwares para a gestão de escolas e sistemas. Aos sistemas estaduais e municipais de ensino, fica a responsabilidade de fazer levantamento das demandas formativas de seus professores, elaborar um programa de formação continuada que atenda às demandas e firmar convênios com centros de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação para a sua realização. (idem)

As ações a serem implementadas pela Rede encontram sustentação legal na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), art. 63 inciso III; art. 67, inciso II na Lei no 9424/96, que criou o FUNDEF, que prevê a aplicação de parte dos recursos em formação de professores; na Resolução no 03/97 do CNE, que, no seu art. 5o, prevê o desenvolvimento profissional dos docentes em exercício; no Plano Nacional de Educação PNE – (Lei no 10.172/2001), que estabelece objetivos e custos para a formação inicial e continuada dos professores e demais servidores da educação.

Os centros que fazem parte da Rede ofereceram, em nível nacional, formação em cinco áreas de conhecimento Alfabetização e Linguagem (UFPE; UFMG; UEPG; UnB e Unicamp); Educação Matemática e Científica (UFPA; UFRJ; UFES; Unesp e Unisinos); Ensino de Ciências Humanas e Sociais (UFAM; UFC e PUC-MG); Artes e Educação Física (UFRN; PUC-SP e UFRGS) e Gestão e Avaliação da Educação (UFBA; UFJF e UFRGS).

A previsão inicial de duração dessa iniciativa é de quatro anos, após esse período a expectativa do MEC é de que as universidades assumam o programa. Nesse período, cada centro receberá recursos da ordem de R$ 500 mil a cada ano, a partir de maio de 2005. A expectativa é formar 400 mil professores num primeiro momento, com um gasto da ordem de R$ 40 milhões até 2007.

O Pró-Licenciatura e o Pró-Letramento tiveram início em 2005. Para estes cursos de formação, qualquer que seja o seu nível, deverão obedecer aos princípios, já citados, estabelecidos pelo Plano Nacional de Educação (PNE). Segundo Campos (2005), o Brasil ainda tem um problema muito grande no que se refere à formação docente: dos 345.341 professores que atuam na Educação Infantil, 66,7% não têm nível superior; dos 811.112 que exercem nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, 62,1% não têm curso superior; dos 823.485 que atuam de 5a a 8a série, 22,7% não possuem nível superior; e, dos 488.376 que atuam no ensino médio, 9,8% não são graduados.

Assim, com o programa Pró-Licenciatura, o MEC pretende, numa iniciativa inédita, pagar cursos superiores para milhares de professores que não têm licenciatura e atuam nas séries finais do ensino fundamental e médio e que não têm a formação adequada e exigida por lei. A previsão orçamentária é de R$ 270 milhões para três anos, que serão investidos na forma de bolsas no valor de R$ 800,00 por ano, para os docentes contemplados num número inicial de 20 mil vagas.

O Pró-Letramento, por sua vez, fará uma atualização dos conteúdos de Português e Matemática para os professores das séries iniciais do ensino fundamental, uma vez que, segundo dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), essas são as disciplinas em que as crianças apresentam os piores desempenhos. Cada curso deste programa terá uma duração de 120 horas distribuídas em dois momentos: um presencial de 84 horas a serem trabalhadas em encontros de quatro horas semanais, para Alfabetização e Linguagem, e oito horas quinzenais para Matemática; o outro momento será com atividades individuais até completar as 120 horas. Os cursos de Alfabetização / Linguagem terão sete fascículos abordando diferentes temáticas, cada um sendo estudado em três encontros de quatro horas semanais; os cursos de matemática, terão nove fascículos, que serão estudados em encontros quinzenais de oito horas, no mesmo dia ou dois encontros de quatro horas em dias seguidos. A previsão é de que, até 2007, sejam investidos em torno de R$ 80 milhões para formar, aproximadamente, 400 mil professores (MELLO e LUZ, 2005).

Há ainda, dentro dos planos do Governo Federal, outros dois programas: o ProInfantil e o Proformação que terá um segundo momento com uma abrangência

maior. O primeiro, Programa de Formação Inicial para Formação de Professores em Exercício na Educação Infantil, (ProInfantil), destina-se à formação inicial de docentes (em nível médio), que atuam na educação infantil, em exercício nas Creches e Pré-escolas das redes públicas (estaduais e municipais) e da rede privada sem fins lucrativos (comunitárias, filantrópicas e / ou confessionais), conveniadas ou não. Este programa terá duração de dois anos e uma carga horária de 3.200 horas e tem os seguintes objetivos: valorizar o magistério; oferecer condições de crescimento profissional e pessoal ao professor; contribuir para a qualidade social da educação das crianças de zero a seis anos; elevar o nível de conhecimento e da prática pedagógica dos docentes; auxiliar Estados e Municípios a cumprir a legislação, habilitando em magistério para a educação infantil os professores no exercício da profissão.

O curso será oferecido na modalidade a distância com encontros presenciais. Está dividido em quatro módulos semestrais de oitocentas horas cada, totalizando 3.200 horas. Os momentos presenciais ocorrerão no início de cada semestre; as atividades individuais e reuniões com tutores aos sábados. Terá, ainda, prática pedagógica supervisionada e serviços de apoio à aprendizagem. A sua matriz curricular assenta-se em seis áreas temáticas que compreendem:

Base Nacional do Ensino Médio:

x Linguagens e Códigos [Língua Portuguesa];

x Identidade, Sociedade e Cultura [Sociologia, Filosofia, Antropologia, História e Geografia];

x Matemática e Lógica;

x Vida e Natureza [Biologia, Física e Química].

Formação Pedagógica:

x Fundamentos da Educação [Fundamentos Sociofilosóficos, Psicológicos e Históricos da Educação e da Educação Infantil];

x Organização do Trabalho pedagógico [Sistema Educacional Brasileiro, Bases Pedagógicas do Trabalho em Educação e Ação Docente na Educação Infantil]

Seu início ocorre em 2005, com a meta de formar sete mil professores nos Estados de Sergipe, Goiás, Rondônia, Minas Gerais e Ceará, com a perspectiva de ser ampliado para todo o país em 2006 (INFORMATIVO MEC, 2005).

De modo semelhante aos outros, este programa é uma parceria do Ministério da Educação, por intermédio da Secretaria de Educação Básica e da Secretaria de Educação a Distância com os Estados e os municípios que manifestarem interesse. As responsabilidades de cada instância são definidas mediante acordo assinado pelas três esferas

No caso do Proformação, já descrito, é uma continuação do programa de formação de professores das séries iniciais (1a a 4ª) do ensino fundamental, das classes de alfabetização e turmas de educação de jovens e adultos. Será dado nas mesmas modalidades, presencial e a distância, com previsão de ser estendido a todo o território nacional.

Houve, ainda, a ampliação dos recursos para a formação / capacitação dos professores que atuam na educação especial na rede regular de ensino em políticas de educação inclusiva. Segundo dados, entre 2003 e 2004, foram formados / capacitados 55 mil professores, com investimento da ordem de R$ 14 milhões. Em 2005, estavão sendo atendidos outros 40 mil docentes, com investimento de R$ 8 milhões, totalizando 95 mil docentes capacitados nos três anos em todo o país (Ely 2005, Apud Melo e Luz 2005).

Ao que parece, finalmente, após múltiplas e diversas tentativas de ensaio e erro, começam a surgir iniciativas que, ao tratar da formação docente, estão levando em conta, de forma mais séria, as questões históricas e culturais que, de fato, podem levar a uma mudança na atitude e nas práticas dos docentes. Esta é a única mudança capaz de gerar uma outra visão e uma outra prática educativa geradora de mudanças que possam, de fato, alterar os rumos históricos da nossa educação e, em conseqüência, da nossa sociedade.

3 A FORMAÇÃO DOCENTE NO CHILE: PRINCIPAIS CENÁRIOS

Em 1980, quando foi aprovada a Lei Geral das Universidades (Decreto de Lei No 3.541 de 13 de dezembro de 1980), a formação docente deixou de ser, no Chile, uma atribuição exclusiva das universidades. A reestruturação das universidades públicas e a emergência de universidades privadas (Decretos com força de Lei No 1 de 1980 e Nos5 e 24 de 1981) configuram, após alguns anos, um novo panorama para a educação superior. Essa reestruturação irá propiciar a expansão e diversificação produzida nesse nível de ensino, além da implementação de programas de melhoria e acompanhamento pedagógico iniciados na década de 1990, com a chegada dos governos democráticos, que irão servir de sustentáculo às reformas do sistema educativo iniciadas em 1996. Estas colocam em evidência a questão da formação docente como um fator fundamental ao bom andamento e sucesso das reformas.

Do ponto de vista normativo, no referente ao nível superior, é a Constituição de 1980 que irá estabelecer os parâmetros para esse nível. Além disso, a educação superior está regulada por diversos decretos de lei, publicados entre 1980 e 1981, que estabelecem uma série de medidas regulatórias, dentre as quais vale a pena citar:

xa exigência da reestruturação das Universidades Públicas, que leva à separação das faculdades de educação tornando-se instituições autônomas; xa autorização para a criação de instituições de educação superior privadas, levando a uma expansão da oferta;

xa possibilidade de oferecer formação docente em instituições de formação profissional.

Além disso, a Lei Orgânica Constitucional de Ensino, de 1990, redefinirá as diretrizes do sistema educativo e irá consolidar o processo iniciado em 1980. E a Lei 19.070 de 1991, Estatuto dos Profissionais da Educação, determina que é atribuição do Centro de Aperfeiçoamento, Experimentação e Investigações Pedagógicas (CPEIP) o reconhecimento de instituições e a avaliação dos cursos ofertados para

os docentes, além de manter registros nacionais de cursos previamente reconhecidos e avaliados para que possa ofertar cursos de especialização.

A Lei 19.410, de 1995, estabelece normas sobre a valorização docente em termos de ascensão, incorporando incentivos e premiações para as equipes de docentes dos estabelecimentos de ensino.

Nesse sentido, para a formação docente, são estabelecidos alguns objetivos dentre os quais podemos citar: apoio à formação docente em universidades estrangeiras; implementação de ações que propiciem a apropriação da reforma curricular pelos docentes; implementação de propostas inovadoras de formação inicial e estímulo a inovações institucionais na formação docente.