Introdução ao cálculo dIferencIal
Estamos prontos para enunciar a Regra da Cadeia.
5. enuncIado da reGra da cadeIa 5.1 regra da cadeia
Sejam f e g funções deriváveis, cuja composta y = f
(
g( )
x)
está definida.Sua derivada se expressa em termos das
derivadas de f e g como .
Traduzindo em palavras, informalmente, a derivada da composta de duas funções é a derivada da função (ou comando, ação) externa vezes a derivada da função interna.
5.2 notação e linguagem
Em notação devida a Leibniz, escrevemos y = f
( )
u e( )
xg
u = e , com calculada em u = g
( )
x .Essa foi a linguagem que utilizamos nos três exemplos que introduziram esta aula. Embora a Regra da Cadeia tenha sido enunciada utilizando outra notação, os exemplos nesta aula sinalizam a preferência pela notação de Leibniz.
6.
utIlIZando a reGra da cadeIaProcure resolver os exemplos seguintes pela Regra da Cadeia, antes de estudar a solução proposta! Um dos obstáculos para utilizarmos a regra parece ser o de expressar adequadamente a função que queremos derivar como composta de outras duas. Por isso, inicie sempre analisando como escrever a função a ser derivada em dois comandos ou funções, que você já sabe derivar pelas regras de derivação estabelecidas.
6.1 exemplo
para calcular o valor y dessa função num ponto xespecífico, utili- zando uma calculadora.
Você concorda que o comando seria “digitar a tecla seno” (do valor resultante de
(
x2 +1)
para um ponto específico)?Então, escreva:3 y =senu, onde u =x2 +1.
A resposta final deve ser expressa em termos de x; e então
6.2 exemplo
Encontre a derivada de , em seu domínio.
Solução
Primeiro, lembre-se que . Depois, simule o
cálculo do valor da função em um ponto, utilizando uma calculadora, e escreva:
4 1
u
y = , com4 u =
(
5x3+ex)
.Agora, derive a função, utilizando a regra:
Expressando a resposta em termos de x e usando propriedade de potên- cias, escrevemos:
6.3 exemplo
Determinar y′, para y=
(
2 −x 1)
5 senx, x∈[ ]
0,π . SoluçãoVeja que aqui temos que utilizar a regra do produto e a Regra da Cadeia:
(
2 1)
)(
2 1)
.( ) ( − 5 ′ + − 5 ′ = ′ x senx x senx y . Então: aula 9Introdução ao cálculo dIferencIal
b)y= senx =
(
senx)
12 se escreve como y =u12, com u =senx.Assim, pela regra do produto, a resposta é:
Após aplicarmos a Regra da Cadeia, bem como outras regras de deri- vação, é importante simplificarmos as expressões obtidas. Vamos fazer esse treino desde já, embora sua importância fique mais clara nas próximas aulas.
6.4 exemplo
Calcular a derivada de . Solução
Podemos resolver este exemplo pela regra do quociente, mas, aqui, vamos reescrever a função como e considerar y =u−1,
onde .
Da Regra da Cadeia, escrevemos:
Veja como fica o resultado da derivada, se o reescrevemos utilizando as identidades trigonométricas:
Observe que deduzimos a regra de derivação da função y cot= x, uma
vez que .
6.5 exemplo
Determine a inclinação da tangente à curva do gráfico de y =e
( )
2 x+ 2 , no ponto x=0.onde u=2 x+ 2.
Calculando a derivada no ponto x=0, temos:
( )
0 =2×0× 2+0′ e
y = 0.
Lembre-se que isso significa que a tangente ao gráfico da função no ponto
( )
0 e, 2 é horizontal!6.6 exemplo
Mostre que o coeficiente angular da tangente ao gráfico de é sempre positivo, para todo ponto xem seu domínio. Solução
O coeficiente angular da tangente corresponde, em cada ponto, ao valor da derivada da função. A derivada da função pode
ser obtida pela Regra da Cadeia, escrevendo 3
3 1 = − = u u y , onde . Assim,
Veja que numerador e denominador dessa função são positivos: a função
x e
y = é sempre positiva, e a expressão no denominador, sendo uma potência par, será sempre positiva. Segue que o quociente de funções que representa é sempre positivo.
6.7 exemplo
Um balão esférico está sendo inflado; nesse caso, seu raio r é função do tempo t.
Solução
A Regra da Cadeia nos dá condições de escrever a taxa de variação de seu volume, se conhecermos a taxa de variação de seu raio r. Veja como isso é feito:
3 3 4 r
V = π , e r =r
( )
t .Introdução ao cálculo dIferencIal
6.8 exemplo
Calcular a derivada de .
Solução
Essa função apresenta uma dificuldade adicional, que pode ser facil- mente contornada.
Simulando calcular a função num ponto, utilizando uma calculadora, o último comando será elevar ao quadrado. Ou seja, y =u2, onde
.
Se analisarmos atentamente essa última expressão u
( )
x , vemos que ela, por sua vez, é a composta de outras duas funções: u = tant, onde t 5= x.
Para prosseguirmos aplicando a Regra da Cadeia para derivar , vamos deixar indicada a derivada de :
Feito isso, vamos nos ocupar com o cálculo de que será realizado identificando u tan= t, onde t 5= x, e aplicando novamente a mesma Regra da Cadeia:
Substituindo na expressão final e escrevendo em termos de x, obtemos:
6.9 exemplo
Vamos retomar o exemplo anterior, buscando uma síntese de seu desen- volvimento.
A função se decompõe nos seguintes comandos:
obtendo .
Isso sugere uma generalização da Regra da Cadeia, que, por mais incrível que pareça, é mesmo possível! Veja a seguir.
Sejam, por exemplo, y =u
( )
t , t =s( )
v , v =m( )
x , todas deriváveis emum intervalo I. Então, . Cancele nume-
rador e denominador intermediários em , e veja
que você obtém exatamente .
Na verdade, o que fizemos para induzir a expressão do exemplo anterior a partir da Regra da Cadeia é uma estratégia recorrente na construção do conhecimento matemático:
• nós temos estabelecida a Regra da Cadeia para a composição de duas funções, f g.
• se nos propusermos a derivar a composta de três funções h
g
f , reescrevemos a expressão como a seguir: f gh =f
(
gh)
.Nessa reescrita, f gh=f H, onde H =gh. Visto assim, fazemos recair a composição de três funções em duas expressões que envolvem a composição de duas funções, para as quais a regra conhe- cida se aplica.
7. eXercÍcIoS
1. Encontrar , pela Regra da Cadeia:
2. Encontrar a equação da reta tangente à curva do gráfico da função, no ponto indicado:
a)y= x2 −sen
(
3x−1)
, no ponto P =(
0 sen, 1)
Introdução ao cálculo dIferencIal
3. Encontre os pontos no gráfico de f
( )
x =2senx−sen2x nos quais a reta tangente é horizontal.4. Calcular a derivada de y= x+ x .
8. referÊncIaS
FINNEY, R.; WEIR, M.; GIORDANO, F. Cálculo: George B. Thomas. São Paulo: Addison Wesley.
HUGHES-HALLETT, D. et al. Cálculo e aplicações. Tradução de E. F. Gomide. São Paulo: Edgard Blücher.
PINTO, M.; ARAÚJO, J.; FERREIRA, C. Cálculo I. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. (Educação a Distância)
SIMMONS, G. Cálculo com geometria analítica. São Paulo: McGraw Hill, 1987.
SWOKOVSKI, E. W. Cálculo com geometria analítica. São Paulo: McGraw Hill, 1991. v. 1.
AULA
1 Até este momento, as
funções que estudamos são descritas por expressões
10
diferenciais e derivadas
de funções implícitas
ObjETIVOS
Apresentar a noção de diferencial e trabalhar a ideia de linearização de fun- ções . Definir funções implícitas e derivação implícita . Usar a noção de diferen- cial para linearizar funções implícitas .
1. Introdução
Nesta aula vamos desenvolver duas noções importantes: a de lineari- zação de funções e a de derivada de funções cuja lei explícita não é conhecida.
Para a primeira ideia, retomamos o fato de que, se uma função y = f
( )
x admite derivada em um ponto x = x0, a reta tangente ao gráfico naquele ponto quase coincide com o gráfico da função, localmente. Vamos interpretar essa representação em termos das expressões algébricas de( )
x fy = e da reta tangente.
Quanto à segunda ideia, vamos passar a trabalhar com relações entre variáveis (que representam funções) expressas implicitamente,1 isto é, escondidas, em uma equação na formaF
( )
x, =y 0. Vamos aprender a derivar funções sem conhecer a expressão explícita da relação entre suas variáveis. Retomando a primeira ideia desta aula, vamos também discutir a importância desse procedimento e a razão pela qual derivar possibilita linearizar a função.2. dIferencIaIS
Introdução ao cálculo dIferencIal
4 Ainda na Figura 2,
observe, na representação do comprimento
calculado, o “erro” que
Figura 1 - Gráfico de y = f
( )
x e reta tangente ao gráfico em um ponto AO exemplo a seguir é um caso específico do procedimento sugerido por essa observação.
2.1 exemplo: estimativas para a raiz quadrada
Podemos estimar valores para a raiz quadrada de um número próximo ao ponto x=1, determinando a equação de sua reta tangente nesse ponto e utilizando-a para calculá-los,2 ao invés de utilizarmos a expressão
x
y = .
A equação da reta tangente3 a y = f
( )
x = x em( )
11, é(
1)
2 1 1= − − x y ; ou seja,(
1)
2 1 1+ − = x y .Observe o aspecto visual dos gráficos de y = x e de
(
1)
2 1 1+ − = x y , na Figura 2.Ele sugere que o valor da raiz quadrada de um número real próximo de
1 =
x , por exemplo, de , pode ser estimado substituindo a equação
da função y = x por
(
1)
2 1 1+ − = x y . Ou seja, escrevendo(
1)
2 1 1+ − ≈ x x .Figura 2 - Gráfico de y = xe reta tangente ao gráfico no ponto
( )
11,2.2 estimativas para valores de y = f
( )
xImitando a estratégia desenvolvida em 2.1, mas agora para uma função qualquer y = f
( )
x que admite derivada f ′( )
x0 , escrevemos:( ) ( )
x f x0 f( )(
x0 x x0)
f ≈ + ′ −
e utilizamos a expressão linear para calcular valores de y = f
( )
x próximos de x =x0.Explore na Figura 3 o que estamos propondo fazer.