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A relação do Diretório Pombalino com o antilusitanismo indígena

tensão colonialista à tomada de poder em tempos cabanísticos

1.1. A relação do Diretório Pombalino com o antilusitanismo indígena

Desde a política do “Diretório” 17, proposta pelo Marquês de Pombal à Província

do Grão-Pará e Maranhão (1750-1777), ocorreu uma ruptura com o pensamento social da época, passando-se a valorizar os índios e tentando civilizá-los e catequizá-los, de sorte que estes pudessem tornar-se representantes e questionadores de seus direitos nos senados da Câmara.

Tal proposta de lei, implantada como experiência e protótipo nas fímbrias do Estado do Norte, resultou numa mudança de concepção política que até aquele momento viam os “índios” como parte animal da natureza amazônica. De igual modo, meros servos e mão de obra barata, capazes de serem domados e convencidos a um estado de servidão, na qual na maioria das vezes apenas eram tutoreados e cuidados pelos seus senhores e/ou a Igreja.

A política do Diretório põe em xeque as leis da conduta escrava entre particulares e a Igreja Católica. Na medida em que ambos estabeleciam as bandeiras de aprisionamento e as chamadas “guerras justas”, como justificativas ideológicas para a captura e escravização de indígenas destinados ao trabalho escravo.

A nova política pombalina por um lado ameaçava os interesses econômicos de senhores de escravos, fazendeiros e produtores rurais da região, ao passo que ao mesmo tempo, além de ameaçar o poder econômico da Igreja (que era beneficiada pelos “trabalhos voluntários” dos índios), também ameaçava o poder de persuasão ideológica desta sobre seus servos.

Isto implica dizer que a política do Diretório traria uma nova postura de comportamento indígena, que poderia vir a questionar e a fugir das formas de

enquadramento servil e escravo. Formas introduzidas pelas ordens religiosas que atuavam na Amazônia Ocidental, através do doutrinamento cristão.

No entanto, há de se refletir que, se por um lado à política do Diretório Pombalino, colocada em vigor por Francisco Xavier de Mendonça Furtado (então Governador da Província) a partir de 1750, chocou-se diretamente com os interesses dos jesuítas - devido à tentativa de proporcionar maior autonomia desses indígenas em relação às ordens religiosas. Por outro lado, não devemos deixar escapar de nossa análise que tal medida política implantada no governo do Rei D. José I era uma tentativa de civilizar e impor os moldes de comportamento social português aos indígenas, através de uma estruturação política de submissão missionária e posteriormente e/ou ao mesmo tempo submissão indígena.

Dito de outra forma, segundo Harris (2010, p. 106-107) “as estratégias geopolíticas do Império Português, acima de tudo, o Diretório, foram projetadas para reestruturar a economia, para atender às necessidades do Estado, para converter os índios missioneiros em vassalos da Coroa” 18, ou seja, a política do Diretório

configurava-se como uma tentativa de reestruturação econômica, sob a égide da emergência em transformar os índios servos das ordens religiosas em vassalos do Estado Português.

Documentações e escritos historiográficos mostram que o contexto sócio- político na Amazônia no período enfatizava uma combinação de aspectos de um poder absoluto da administração portuguesa e o estado miserável de vida da população indígena, os quais diante de seu cotidiano escravocrata tendiam a se rebelar e travar conflitos contra os portugueses.

Barbara Sommer (2000, p.315) nos apresenta essa dicotomia das ações indígenas, ao afirmar que “habitantes indígenas a reboque do Diretório não eram simplesmente vítimas da opressão portuguesa, mas contendores nos eventos, conflitos e mudanças durante o período colonial19.

18 Citação no original: “the geopolitical strategies of the Portuguese empire, above all, the Directorate

was designed to restructure the economy to meet the needs of the State to convert the missionary Indians into proper vassals of the Crown”.

19 Citação no original: “indigenous inhabitants of the Directorate tows were not simply victims of

Portuguese oppression, but contenders in the events, conflicts, and changes during the colonial period”.

Concomitantemente a isto, podemos citar as práticas do Diretório Pombalino, em tentar civilizar os indígenas de maneira uniforme e homogeneizante através de práticas como: mudanças de vilas, privilégios especiais para alguns grupos indígenas, o acesso de gentios a vilas localizadas em áreas remotas nas florestas etc.

Estas mudanças para tentar criar vilarejos de indígenas não homogêneos compostos por diferentes membros de famílias indígenas, de diferentes status sociais e múltiplas etnicidades, causou um conflito competitivo dentro dos grupos no que tange ao processo de identidade étnica.

Em outras palavras, o processo de homogeneização e alienação cultural, que já vinha em curso através das atividades catequizadoras das ordens religiosas, fortaleceram-se com a continuidade desta política pelo Diretório. Política que tentava agrupar diferentes etnias, em diferentes hierarquias sociais, com o intuito de instituir costumes e cotidiano de vida comum, a uma cultura indigenista tutoreada pelo estilo de vida e cultura portuguesa.

Há de se convir que isto significou uma forte intensificação de rivalidades entre os diferentes grupos indígenas, forçados a conviverem no mesmo espaço. Esta política do Diretório, ao estabelecer fronteiras geográficas entre as vilas e agrupar as múltiplas etnias, não levou em consideração e nem tampouco preocupou-se com os conflitos tribais. Sendo responsáveis por mascarar rivalidades entre muitas tribos indígenas e ainda aumentar sentimentos de revanchismo de umas em relação a outrem.

Tal observância pode não ser encarada como o principal motivo, mas sim um dos motivos pelos quais muitos grupos indígenas, irão se aliar ao governo português (e posteriormente as tropas anticabanas), para combaterem outras tribos indígenas vinculadas às tropas cabanas. Há de se convir que o fator da rivalidade étnica e tribal entre os diferentes grupos indígenas desencadeou muitos conflitos e guerras entre estes, desde o início do Brasil colonial, quando na maioria das vezes, aliavam- se a tropas europeias de diferentes nacionalidades para assim tentarem destruir suas tribos inimigas.

No fim do século XVIII, o então governador da Província Francisco de Souza Coutinho propõe a revisão da política pombalina para os índios do Pará. Em virtude

da má administração do Diretório 20 que apresentou falhas, corrupção, abusos de

poder pelos lusos, [Coutinho] decidiu por abolir o Diretório e iniciar uma política de emancipação dos índios.

No entanto, tal medida serviu para agravar ainda mais o quadro sócio-político na Província do Grão-Pará, como mostra os descritos no artigo da Revista do IHGB:

Um de seus objetivos era unir as pessoas, sem preconceito - que os índios seriam tratados sem diferença para [rainha] os outros vassalos. No entanto, na prática dividiu ainda mais os diferentes e diversos interesses em jogo na região. Nas aldeias indígenas, a emancipação e civilização dos índios ocasionou uma ruptura importante, cujos efeitos acabariam por levar à rebelião da cabanagem 21.

As reformas de Coutinho se chocaram com os muitos interesses político- econômicos da aristocracia luso paraense, que cada vez mais tendiam a substituir a mão de obra indígena - dos quais retiraram seu protetorado - e passava a investir no comércio interprovincial de cativos de origem africana. De igual modo, a medida de Coutinho estremeceu ainda mais o limiar de tribos indígenas com esses “fazendeiros”, já que na prática dava autonomia e liberdade aos indígenas para trabalharem onde quisessem como também negociarem o soldo pelo trabalho, no entanto, não dava condições para realizar tal feito e ainda impunha que se este indígena não conseguisse possuir suas próprias fazendas e propriedades e não fosse casado devia se inscrever em corpos do real serviço e se registrar em corpos de milícias. Tal tese é ratificada pelos escritos de Harris (2010, p. 109-110):

A reforma chave da legislação de 1799 foi remover a coroa de envolvimento na organização do trabalho indígena. Índios estavam agora livres para trabalhar para si próprios, desde que eles estabelecessem suas próprias propriedades rurais e fazendas. Se não o fizessem, e se não fossem casados, eles iriam ser recrutados para um corpo de trabalho real (Corpos do real serviço) que permanentemente empenhava trabalhadores em vários projetos. Todos os índios, bem como mestiços e aqueles sem propriedade e escravos deviam ser registados em unidades de milícia (Corpos de milícias) administradas por distrito 22.

20 Cf. DOMINGUES, 2000.

21 ANÔNIMO. Carta Régia. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, 1857, p. 433-

434.

22 Citação no original: “The Key reform of the 1799 legislation was to remove the Crown from

Partindo de tais pressupostos, e em conformidade com os as pesquisas de Domingues (2000), podemos inferir que, ao término da política do Diretório, as medidas insalubres de desassistência político-econômica ao indígena – falta de representação política, negação de direitos políticos, falta de acesso à terra, consequentemente à negação de cultivo de bens primários para a subsistência etc - durante o governo de Coutinho passaram a alimentar novas versões de sentimento antilusitanista, o qual seria apropriado por diferentes indivíduos de maneiras diferentes e que corroboraria para a eclosão dos movimentos contestatórios e de insurreição ao longo dos primeiros 30 anos do século XIX.

Sentimento que se apresentou de forma muito complexa e conflituosa a partir de 1830 no cenário dos movimentos políticos paraenses, pois ocorreu de brasileiros defenderem a fidelidade e restauração monárquica à Coroa luso-brasileira, ao passo que portugueses passaram a defender o rompimento com o absolutismo e a ideia de emancipação política (teses já vistas anteriormente neste trabalho). Mesmo neste ditame complexo entre incertezas e inquietudes quanto ao sentimento antilusitanismo por parte de índios em relação a Caramurus, podemos afirmar que esta característica peculiar contribuiu sobremaneira para a efervescência das insurreições e agitações populares pelas quais passou a Província do Grão-Pará nas quatro primeiras décadas do século XIX.

1.2. E a “pólvora europeia” chega ao Grão-Pará...

A partir dos ideais da Revolução Francesa Napoleão Bonaparte inicia sua política imperialista de desarticular as monarquias absolutistas europeias, na ânsia de reconfigurar a geografia do Velho Mundo em Estados nações democrático. No entanto, sua ambição vai além disto, e Bonaparte estabelece como meta levar a França a se tornar a grande potência mundial do século XIX, mas para que isto viesse a se efetivar era necessário conseguir neutralizar o crescimento da sua grande rival econômica – a Inglaterra.

as they established their own homesteads and farms. if they did not, or were unmarried, they would be recruited for a royal labor corps (corpos do real servício) that permanently engaged workers on various projects. All indians as well as mestiços and those without property and slaves were to be registered in militia units (corpos de milicias) administered by district.”

Dada as dificuldades em superar a Inglaterra e a resistência dos parceiros econômicos da mesma em continuarem suas trocas comerciais com ela, Napoleão Bonaparte decreta em 1806 o Bloqueio Continental estabelecendo que toda e qualquer Nação que continuasse a manter relações econômicas e diplomáticas com a Inglaterra seria passível de invasão pelas tropas francesas.

Durante certo tempo, D. João consegue negociar com a Inglaterra e com a França ao mesmo tempo, estabelecendo uma política de neutralidade sigilosa, deturpando e difamando uma nação para a outra, mas de forma real negociando com ambas. Todavia, aos meses finais de 1807, Bonaparte autoriza a invasão de Portugal, porém, este não sabia que a monarquia lusa estava negociando com a Inglaterra uma fuga com escolta para o Brasil em caso de invasão a Portugal.

A chegada da Corte Lusa ao Brasil inaugura um processo de modernização e uma abertura econômica que culminaria com a emancipação política da América Portuguesa. No entanto, os custos para manter a Coroa no Rio de Janeiro e todo o seu aparato administrativo tornaram-se onerosos demais para a estrutura da colônia, levando a uma cadeia desenfreada de aumento de impostos as Províncias do Estado do Brasil e as do Estado do Norte.

Ao chegar ao Brasil, uma das primeiras medidas de D. João VI, em resposta à invasão de Napoleão à Portugal, é ordenar que tropas luso-brasileiras invadam a Guiana Francesa como forma de represália às políticas expansionistas e imperialistas de Bonaparte e forma de salvaguardar a possibilidade de Napoleão desembarcar tropas francesas na Guiana para assim invadir o Brasil.

Segundo Harris (2010, p.127-128):

A invasão da Guiana foi precipitada pela partida da Corte Real Portuguesa para o Brasil no final de 1807. O medo de que as tropas de Napoleão desembarcariam na Guiana e entrariam no Brasil por meio de sua fronteira norte forçou o Conselho Ultramarino a entrar em ação. Assim que D. João VI chegou ao Rio de Janeiro, em março 1808, ele declarou guerra à França, abrindo o caminho para uma invasão da Guiana. A declaração do rei observou que "a ruína total de Caiena [a capital da Guiana] seria muito estimada pelos interesses reais. Dessa conquista, a sua Alteza Real pede unicamente a Vossa Excelência [o governador do Pará, José Narciso de Magalhães e Menezes] que conserve e plante no Pará as moscadeiras, que existem na Guiana e Sua Alteza Real nunca foi capaz de obter". Tais foram os despojos de guerra. Por dezembro de 1808 uma força de seiscentos soldados composta por índios, mestiços e escravos libertos tinha sido montada com seus uniformes de coletes preto e shorts, conforme exigido no

plano de Coutinho. As tropas avançaram até a costa pelo mar, acompanhados por uma corveta de guerra britânico (Confiance), sob o comando de James Lucas Yeo. A maioria dos soldados desembarcou no Oiapoque e foram por terra a Caiena, enquanto a Marinha continuou e organizou um bloqueio da capital. O governador local se rendeu após pouca resistência em janeiro 1809. 23

A invasão ou “tomada” de Caiena em Março de 1808, ação pensada por Francisco de Souza Coutinho e executada com a vinda da Família Real para o Rio de Janeiro, deslocou “600 voluntários” do chamado “corpo de Vanguarda”, os quais, com os regimentos de infantaria e artilharia, somaram 991 homens que partiram em março de 1808 em direção à Caiena, que se rendeu em janeiro de 1809. Novos deslocamentos de tropas ocorreram e a insatisfação nas fileiras do exército foi o estopim de revoltas para forçar a volta dos soldados do Pará (NOGUEIRA 2009, p. 174-251).

Muito além de serem apenas insatisfações, muitos desses soldados destacados das tropas do Grão-Pará tiveram contato com as ideias liberais e iluministas que circulavam na Guiana Francesa, advindas do movimento de Revolução em que ainda se respirava na Metrópole. Fato a se discutir também é a condição de “voluntários” em que mais de 600 homens partiram à Guiana, na maioria dos casos, eram homens brancos, pobres e livres, forros e escravos, ou seja, grande parte do contingente das tropas encontravam-se numa condição de subalternidade e latentes desigualdades socioeconômicas em relação à elite lusa e as demais autoridades paraenses que, ao entrarem em contato com os ideais da Revolução Francesa, que circulavam por Caiena, aglutinando-as com suas insatisfações políticas locais no Grão-Pará, passaram a se questionar sobre sua

23 Citação no original: “The invasion of Guyana was precipitated by the departure of the Portuguese

royal court to Brazil at the end of 1807. The fear that Napoleon's troops would land in Guyana and enter Brazil through its northern frontier forced the Overseas Council (Conselho Ultramarino) into action. As soon as Dom Joao VI arrived in Rio de Janeiro in March 1808, he declared war on France, paving the way to an invasion of Guyana. The King's statement observed that "the total ruin of Cayenne [the capital of Guyana] would be greatly esteemed by Royal interests. Of this conquest your Royal Highness only asks your Excellency [the governor of Pará, José Narciso de Magalhães e Menezes] he conserves and plants for Pará the nutmeg tree, which exists in Guyana and his Royal Highness has never been able to procure". Such were the spoils of war. By December 1808 a force of six hundred soldiers composed of Indians, mestiços, and freed slaves had been assembled in their uniforms of black vests and shorts, as required in Coutinho's plan. The troops advanced up the coast by sea, accompanied by a British sloop of war, Confiance, under the command of James Lucas Yeo. Most soldiers landed at Oyapock and went by land to Cayenne while the navy went on and organized a blockade of the capital. The local governor gave up after little defense in January 1809”.

realidade social, sua condição humana e o tratamento dispensado a eles por aqueles que detinham o poder político-econômico na província paraense.

Este medo de associação de ideias liberais e revolucionárias já era temido pelo Presidente da Província Francisco Coutinho, pois muito antes das tropas brasileiras invadirem Caiena, existem registros de circulação de negros do Pará na Guiana Francesa 24 os quais passaram a respirar os ideais iluministas que circulavam pela

colônia francesa, como afirma Reis (2003 p. 315-340):

[...] outro aspecto do "plano" de Coutinho em 1797 era sua preocupação com uma rota de fuga por terra para a Guiana Francesa usada por índios e escravos. As pessoas precisam ser tratadas com mais justiça, a fim de impedi-los de prosseguir estas medidas desesperadas, pensou, escravos não foram em nenhum outro lugar mencionado. A fronteira com a Guiana Francesa no extremo nordeste com a América Portuguesa, e na região do Cabo do Norte tinha sido por muito tempo conhecido como um refúgio para os índios e a localização dos mocambos (também conhecido como quilombos, comunidades de quilombos). Coutinho tinha, de fato, estado preocupado com a possibilidade de uma invasão da Guiana Francesa e da propagação da revolução francesa, além da necessidade de pôr fim ao comércio clandestino ocorrendo ao longo da costa atlântica entre mascates estrangeiros. No entanto, ele nunca foi capaz de perceber esta proposta específica, qual foi deixada para um governador mais tarde.

Diante destas premissas, podemos inferir que grande parte desses soldados ao retornarem ao Pará tornaram-se multiplicadores dos ideais iluministas e passaram a disseminar princípios de liberdade, autonomia econômica, revolução, modificando assim o cenário dos principais acontecimentos que viriam a ocorrer entre as décadas de 20 e 30 do século XIX.

Entretanto, devemos levar em consideração a constituição subjetiva dos indivíduos bem como sua mentalidade para além da coletividade, pois cada indivíduo se apropria de princípios e ideais dos mais diversos e os aplica de acordo com sua realidade e vivências. Há de se refletir que a forma com que os soldados brancos pobres e livres tenham se apropriado dos ideais iluministas foi diferente da forma como se apropriaram os soldados brancos da infantaria e cavalaria, e muito

24 Segundo Acevedo (1998, p. 68) Uma pesquisa histórica realizada na Guiana Francesa aborda esse

problema levantando hipóteses sobre fatos políticos que explicariam a aceleração da fuga nas direções Pará/Caiena ou Caiena/Pará. Para Acevedo Marin, o autor Loncan aponta o ocultamento de fugitivos, por razões políticas, admitido inclusive nos documentos de devolução de escravos assinados pelos governantes de turno.

mais diferente da forma como os soldados negros se apropriaram e internalizaram esses ideais.

O negro na formação da sociedade paraense, sobretudo nas questões socioeconômicas, apresentou-se fortemente no século XIX, muito além das ideias francesas, espelhavam-se nas notícias e ideais da Revolução Haitiana que chegavam a Província paraense, no teor de desenvolver suas resistências e insurreições, para desestabilizar a dicotomia social e a ordem política vigente; promoveram fortemente a política de aquilombamento e passaram a interagir com índios, brancos livres, brancos desertores, dentre outros, tendo como característica comum o “anti-lusitanismo”. (ACEVEDO; CASTRO 1998. ALVES FILHO; SOUZA JUNIOR; BEZERRA NETO 2001. SALLES 2005).

Tal tese de inspiração nos ideais de independência do Haiti, defendido nesta dissertação, encontra auxílio nos estudos de Harris (2010, p. 128):

Na época da invasão, a Guiana estava servindo como uma colônia penal, bem como uma das colônias de escravista de produção de açúcar da