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A relação do ensino das ciências com as tecnologias de informação e

CAPÍTULO 2 - ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1. Práticas educacionais no ensino das ciências

2.1.5. A relação do ensino das ciências com as tecnologias de informação e

A evolução das pessoas é caracterizada por diversas descobertas, invenções e revoluções. Assim, o mundo não para de se transformar, e neste momento encontramo-nos no cume da chamada “revolução da informação”. Neste contexto, as TIC assumem, na escola, um papel preponderante, não podendo ser ignorada esta realidade. Para além do saber académico e científico, hoje em dia, quem não está informado, quase é conotado como analfabeto. As TIC estão nas escolas, toda a comunidade escolar as usa, dentro e fora delas. Basta utilizar o multibanco, ligar a TV por cabo, a internet, e até o telefone fixo ou móvel. Assim, as escolas de forma mais ou menos lenta vão acompanhando a expansão destes sistemas - redes, equipamentos, técnicas e práticas.

“(…) A mudança tecnológica acelerada e a globalização do mercado exigem indivíduos com educação abrangente em diversas áreas que demonstrem flexibilidade, capacidade de comunicação, e uma capacidade de aprender ao longo da vida. Estas competências não se coadunam com um ensino em que as ciências são apresentadas de forma compartimentada, com conteúdos desligados da realidade, sem uma verdadeira dimensão global e integrada” (Orientações curriculares, 2001).

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A então designada nova reforma (em 2001), no ensino básico, deu um passo gigante com a introdução das TIC. Esta integração visou, essencialmente, a promoção da transdisciplinaridade. Surge uma valorização desta integração quase ao nível da importância do estudo da língua materna. Salienta-se ainda o facto de as TIC deverem passar a fazer parte não só das áreas curriculares, como também das áreas não curriculares.

As tecnologias da informação e comunicação (TIC) na escola, respondem a uma necessidade de preparar o indivíduo para uma sociedade em constante devir, através do desenvolvimento da sua capacidade de autoaprendizagem, que lhe permita, ultrapassados os muros da escola, caminhar sozinho, fazendo face aos constantes desafios da vida.

“A utilização do computador e de sistemas interativos por ele suportados, tais como, programas de simulação, bases de dados, vídeo interativo, chat, fóruns de discussão, videoconferência e outros contribuem para que o aluno se torne cada vez mais emancipado do controlo da escola, do professor e das próprias orientações curriculares, podendo tornar-se mais autónomo, promotor e responsável pela sua aprendizagem” (Miranda et al. 2001).

Em anuência com o construtivismo, a aprendizagem é influenciada pelo nosso meio ambiente e pelas situações particulares com que somos confrontados.

Desta forma, os alunos aprendem no sentido de serem capazes de executar uma nova tarefa, ou para serem capazes de realizar, de uma maneira mais eficaz, uma tarefa rotineira. Assim,, as tecnologias deverão ser instrumentos de trabalho dos alunos, enquadradas em ambientes de aprendizagem construtivista, nos quais os alunos se envolvem ativamente no processo de construção do conhecimento (Costa et al., 2012).

Nesta perspetiva e sabendo que uma das principais finalidades das mais recentes Orientações curriculares, é permitir ao aluno desenvolver competências variadas nas diferentes áreas curriculares que lhe permitam uma progressiva organização do conhecimento para lhe dar ferramentas no que se refere às competências que terão de utilizar no seu futuro quotidiano, a área das Ciências Naturais apresenta-se extremamente rica e abrangente no que se refere aos campos do saber, à diversidade de competências e ambientes de aprendizagem.

Assim, em todos os temas organizadores será possível a integração de ferramentas de apoio relacionadas com as TIC. Desta forma, trabalhar assuntos que exigem por

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parte do aluno uma grande capacidade de abstração; em trabalho experimental, através, por exemplo, das simulações e demonstrações; na pesquisa de informação para trabalhos e projetos e na divulgação dos resultados desses mesmos trabalhos ou projetos pela Internet. As orientações curriculares fazem referência obrigatória à integração das TIC no currículo, seja na sala de aula ou seja através de projetos pedagógicos.

Num estudo realizado por Santos (2007) em Portugal, os principais benefícios do uso das TIC no ensino das ciências vão ao encontro das conclusões dos estudos internacionais atrás referidos, de salientar que as TIC:

 podem tornar o ensino das ciências mais motivador;

 permitem dedicar mais tempo à discussão e à análise;

 criam mais oportunidades para implementar situações de comunicação e colaboração;

 desenvolvem a interdisciplinaridade;

 ajudam os alunos a estabelecer ligações entre o seu conhecimento e o mundo real;

 contribuem para o desenvolvimento da literatura científica.

Park et al. (2008) num artigo sobre um estudo que analisa os contributos das TIC na área das ciências, refere que a sua utilização aumenta a compreensão dos alunos, especialmente nos de níveis de ensino mais baixos.

A introdução da tecnologia como suporte dos processos de aprendizagem, é aliciante e pode trazer para o ambiente da sala de aula, a motivação e o interesse.

Só criando ambientes construtivistas e mais adaptados à realidade é que podemos efetivar numa escola moderna, integradora e pluralista.

Segundo Almeida e Valente (2011), as tecnologias possibilitam muito mais do que transmissão de informação. A sua utilização potencia novas práticas pedagógicas que, por sua vez, propiciam um currículo voltado para a autonomia do aluno, na medida em que lhe permite gerar informações significativas para compreender o mundo e atuar na sua reconstrução.

Os mesmos autores referem ainda que a criação de ambientes de aprendizagem interativos através da utilização das TDIC (tecnologias digitais de informação e comunicação) impulsiona novas formas de ensinar, de aprender e interagir com o conhecimento, com o contexto local e global, propicia a capacidade de dialogar, representar o pensamento, buscar, selecionar e recuperar informações, construir conhecimento em colaboração, por meio de redes não lineares.

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Os currículos atuais dão indicadores das potencialidades das tecnologias digitais nas diferentes áreas. Destacando a Internet, os programas de geometria dinâmica, a folha de cálculo, entre outros, para o ensino e a aprendizagem da Matemática; Já na área das Ciências, invoca-se o uso de plataformas e serviços online de apoio à partilha e divulgação de informações. Referindo que permitem aos alunos avaliar o seu desempenho assim como ter a capacidade de aumentar a sua independência e a sua capacidade para tomar decisões mais bem informadas (Costa et al., 2012).

Neste sentido, conforme alude Vieira (2003), o modelo construtivista responde às exigências da sociedade atual, pois facilita ao aluno a possibilidade de o por diante de um problema ou desafio, sendo uma alternativa para o ajudar na construção do seu próprio conhecimento (Vieira, 2003).