• Nenhum resultado encontrado

6.1 RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS: O PERFIL E A FORMAÇÃO

6.1.2 A segunda parte do questionário: A opinião do profissional

A questão seguinte inquiriu se a formação, seja na graduação ou pós-graduação conseguiu preparar para a docência. No câmpus A, 88,9% dos Engenheiros Civis

participantes responderam sim; e 11,1% não. Estes últimos justificaram com nenhuma ou deixaram o campo em branco. Entre os que responderam sim, as justificativas variaram em afirmações, como mestrado na área específica (Geotecnia), graduação e experiência profissional, devido às experiências, e a graduação em engenharia é básica e comum a todos os profissionais, ou simplesmente deixaram o campo em branco. Inferimos que estes profissionais sentem-se preparados para a docência.

No câmpus B, 62,5% responderam que sim; e 37,5% que não. Entre as justificativas dos que responderam sim, estão afirmações como todas contribuíram (lato sensu e graduação); especialização na área que leciona, sinto-me bem informado (lato sensu e graduação); na graduação e ampliação dos conhecimentos no Mestrado e segunda graduação. Este respondente também é licenciado. Entre os Engenheiros Civis que responderam não estão não houve preparo para a função docente, e que a formação de engenheiro não prepara para a docência ou não houve oferta de práticas pedagógicas.

É interessante salientar, entretanto, que na questão seguinte, que inquiriu se existem dificuldades na atuação como professor, no Câmpus A, 33,3% destes engenheiros afirmaram ter dificuldades na atuação como professores. Então, mesmo parte dos que se consideram preparados reconhecem dificuldades. As justificativas variam entre falta de interesse dos alunos, em lidar com perfis e personalidades diferentes em sala de aula, e com relação a técnicas mais dinâmicas e menos expositivas.

No Câmpus B, 77,2% dos engenheiros responderam ter dificuldades na atuação como professores. Mais uma vez, mesmo aqueles que se consideraram preparados reconheceram dificuldades. As justificativas foram distribuir os assuntos na grade horária; saber lidar com as necessidades dos alunos; nas questões didáticas; critérios e análises das avaliações; falta de conhecimentos didáticos; e, inclusive, alunos mal preparados. Estes achados convergem com aqueles das pesquisas de Silva, M. P. (2013) e Stivanin (2013).

Quanto às respostas ao serem questionados sobre o que poderia auxiliar na atuação como professor, os Engenheiros Civis do Câmpus A 77,8% citaram Cursos de “pedagogia”/metodologias; encontros com professores mais experientes que atuem na mesma área, citando as disciplinas; disponibilização de cursos voltados para a área de atuação; estabelecer critérios avaliativos dos professores como forma de melhorar as atividades em sala de aula; e o respeito da instituição; 22,2% deixaram o campo em branco.

Os resultados do Câmpus B para a mesma questão, 11,1% dos professores deixou a questão em branco. O mesmo percentual informou que a experiência e grade curricular dos cursos podem auxiliar. Entretanto, 77,8% que mencionaram poderia haver: maiores recursos, como Datashow em todas as salas; incentivos da instituição na formação dos professores; especialização latu e stricto sensu na área de pedagogia e educação; práticas pedagógicas; melhor preparo na área; e, ainda, alunos mais bem preparados.

Analisando as respostas, percebemos que a falta de estrutura mencionada aponta para a questão econômica, já mencionada anteriormente. Quanto à pós-graduação na área, ela é oferecida em um dos campi, e há incentivos da IES, com bolsas que proporcionam percentual de descontos para os colaboradores.

A questão seguinte inquiriu se os respondentes frequentam os cursos de formação continuada oferecidos pela instituição. No câmpus A, todos os participantes responderam que sim, e quanto à frequência nestes cursos, 77,2% optaram pelo campo semestralmente; e 22,8% por ocasionalmente.

No câmpus B, para a mesma pergunta, 88,9% dos participantes responderam sim; e 11,1%, não. Estes últimos marcaram a opção não se aplica, com referência à frequência. Entre os que responderam sim, 87,5% responderam semestralmente; e 12,5%, ocasionalmente. Percebe-se que há engajamento dos professores na busca por melhorias através da formação continuada oferecida pela universidade que, conforme já mencionamos, merece ser pesquisada mais profundamente. O engajamento no câmpus A é ainda maior que no câmpus B.

A questão seguinte inquiriu se os cursos que o participante frequentou auxiliaram, de alguma forma, no desempenho docente. No câmpus A, 12,5% dos respondentes deixaram a questão em branco. Entre as respostas dos 87,5% que a preencheram foram citados a viabilização de estudos através de questões do ENADE, dinâmicas e discussões sobre a função de professor, o aprendizado de novas práticas e metodologias de ensino, ampliação das áreas de conhecimento e de novas ‘ferramentas’ de aprendizagem, e até mesmo foi mencionado um curso oferecido pela IES.

No Câmpus B, 28,5% deixaram a questão em branco; 14,3% informaram que não; e entre as respostas dos 52,7% estão o aumento do discernimento na aplicação do conteúdo em sala de aula; novas estratégias de ensino; segurança conhecendo a

experiência dos colegas; agregar conhecimentos de diversas áreas; revisão de práticas docentes; e, ainda, sensibilizar para ser menos exigente.

Os resultados mostram que, mesmo indiretamente, a maioria dos participantes reconhece o auxílio da formação continuada que, como já afirmamos, configura-se em uma estratégia adotada pelas IES para melhorar as práticas docentes e, de certa forma, compensar a ausência de formação pedagógica inicial. Outros autores chegaram à mesma conclusão em suas pesquisas, conforme vimos ao longo da fundamentação teórica deste trabalho (MIRANDA; CASA NOVA; CORNACCHIONE JUNIOR, 2012; AIRES, 2015; SOARES, 2013; SILVA, S. M. M., 2014; SILVA, S. 2014; MOURA, 2014; SANTANA, 2013).

A questão seguinte perguntou quais cursos de formação continuada poderiam aprimorar a atuação docente dos participantes. No câmpus A, 11,1% deixaram a questão em branco. Os 89,9% que responderam mencionaram que deveriam ser cursos focados em novas tecnologias, incluindo como aplicar estudos de caso de sucesso e insucesso; na área de atuação; dinâmicas em sala de aula; práticas didáticas; gestão docente; metodologias ativas; e cursos focados especificamente à pedagogia na engenharia.

No câmpus B, 44,44% deixaram a questão em branco; 11,11% mencionaram que o modelo precisa ser repensado, justificando a descontinuidade e a fragmentação dos cursos frequentados. As sugestões de 44,44% incluíram: experiências de outros professores; metodologias de ensino; área pedagógica; prática e métodos pedagógicos; e que auxiliasse a se preparar melhor para as aulas.

Estes achados, em nossa leitura, corroboram as questões anteriores, reconhecendo a necessidade de formação continuada, indicando um reconhecimento inconsciente da falta de formação pedagógica, como pontuaram autores estudados, como a necessidade de políticas globais nas universidades (ATRIB ZANCHET; FELDKERCHER, 2016; SILVA, M. P. 2013), e a complexidade da função, que se configura na incompletude, na medida em que novos aspectos surgem (SILVA, 2016).

A última pergunta do questionário inquiriu como o Engenheiro Civil que atua nos campos de pesquisa se vê, inquirindo qual é a resposta, quando perguntado qual é a sua profissão, e por quê. No câmpus A, 12,5% responderam engenheiro e professor; os 87,5% restantes responderam Engenheiro civil, e a as justificativas variaram entre ser a formação inicial; ser a profissão principal; por atuar com uma carga horária maior; ou apenas sou engenheiro civil e é a minha formação.

No câmpus B as respostas apresentaram maior diversidade: 11,11% deixou a questão em branco; 22,22% responderam Engenheiro civil, justificando que não deixam de ser engenheiros quando são professores, ou que é “a minha formação”; 11,11% respondeu que depende do ambiente; 33,33% responderam apenas professor, com a justificativa que foi a profissão que escolheram, ou que é o campo de atuação, ou que não atuam no mercado de trabalho; e 33,33% responderam engenheiro e professor, por identificação com a área acadêmica; ou porque são funções complementares. O gráfico da página seguinte ilustra os percentuais.

Gráfico 29 – Qual é a sua profissão? (câmpus B)

Fonte: Autora (2018).

Percebem-se, portanto, entrevistados que parecem conseguir conciliar ambas as funções quando pensam sobre sua profissão, mas estão em proporções distintas nos dois campi. Há a parcela significativa dos que se percebem apenas como engenheiros (22,22%), maior em ambos os campi, e o quantitativo que marca a escolha pela docência. Estes achados mostram que o perfil dos professores de um curso pode ser bem diverso, mesmo em se tratando de uma universidade, em dois campi com pouco menos de 150km de distância um do outro.