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A Segurança, Liberdade, e a Justiça Comum

2. DE MAASTRICHT A NICE – O INÍCIO DA INTEGRAÇÃO ECONÔMICA

2.3 A Segurança, Liberdade, e a Justiça Comum

O Tratado afirma que a União Européia se baseia nos princípios de liberdade, democracia, respeito dos direitos humanos e das liberdades fundamentais e do Estado de Direito. Estes princípios são comuns a todos os Estados-membros. Neste sentido, em 1998, o Conselho Europeu reunido em Colônia, acordou que a União Européia deveria rever e aprovar uma Carta de Direitos Fundamentais. Esta Carta virá a “comunitarisar” os princípios gerais expressos na Convenção Européia dos Direitos Humanos58 (CEDH), aprovado em 1950 no quadro do Conselho da Europa. O Artigo 6.2 do Tratado refere o seguinte:

“A União respeitará os direitos fundamentais como se garantiam no Convênio Europeu dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais assinado em Roma a 4 de Novembro de 1950, e tal como resulta das tradições constitucionais comuns aos Estados membros como princípios gerais do Direito Comunitário”.

No que se refere aos direitos sociais, o Acordo Social que estava anexo ao Tratado de Maastricht foi incluído no Tratado de Amsterdã onde, os Estados- membros comprometeram-se a respeitar os direitos sociais incluídos na Carta Comunitária de Direitos Sociais59 aprovada em 1989, conhecida normalmente como

Carta Social.

A União Européia pode doravante, atuar nos âmbitos da saúde e segurança dos trabalhadores, nas condições de trabalho, na integração das pessoas excluídas no mercado de trabalho e na igualdade de tratamento entre homens e mulheres.

58 O Conselho Europeu de Direitos Humanos foi a primeira instituição política européia entre cujos fins essenciais figurava a proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. Em 1950 elaborou-se o convênio Europeu de Direitos Humanos que estabeleceu um sistema de garantia dos DDHH mediante recurso ante um Tribunal. Posteriormente adotaram onze protocolos facultativos que formularam novos direitos e obrigações. Apesar do direito ao meio ambiente não ter estado nunca incorporado à lista de direitos do Convênio Europeu de Direitos Humanos (CEDH), o Conselho Europeu submeteu esta possibilidade a estudo em várias ocasiões desde 1970. Disponível em: < http://europa.eu/scadplus/glossary/eu_human_rights_convention_pt.htm > Acesso em: 07 jun. 2006.

59 Em 9 de Novembro de 1988, a Comissão convidou o Comitê Econômico e Social (CES) a proceder a uma reflexão global sobre o possível conteúdo de uma "Carta Comunitária dos Direitos Sociais Fundamentais". O anteprojeto da Carta Social foi debatido pelo Conselho. Na CIG de Madri (Junho de 1989), os Estados-Membros recordaram que, no âmbito da construção do mercado único europeu, convinha dar aos aspectos sociais a mesma importância que aos aspectos econômicos e políticos. Em 14 de Setembro de 1989, o Parlamento Europeu aprovou sete resoluções relativas à coesão econômica e social, recordando que a dimensão social da Comunidade assenta na aplicação a nível comunitário do conjunto dos direitos sociais fundamentais consagrados no direito comunitário, que possibilitam o recurso ao Tribunal de Justiça e que não podem ser postos em causa. Em 2 de Outubro de 1989, a Comissão tornou público o seu projeto de "Carta Comunitária dos Direitos Sociais Fundamentais". Disponível em: < http://europa.eu/scadplus/glossary/social_charter_pt.htm > Acesso em: 01 jun. 2006..

Previu também duras sanções para os Estados-membros que não cumpram os direitos fundamentais sendo que a União pode adotar medidas contra esses Estados. Conforme previsto nos Artigos 136 e 137, §1º respectivamente:

Artigo 136. “A Comunidade e os Estados-Membros, tendo presentes os direitos sociais fundamentais, tal como os enunciam a Carta Social Européia, (...) e a Carta Comunitária dos Direitos Sociais Fundamentais dos Trabalhadores, (...) terão por objetivos a promoção do emprego, a melhoria das condições de vida e de trabalho, de modo a permitir a sua harmonização, assegurando simultaneamente essa melhoria, uma proteção social adequada, o diálogo entre parceiros sociais, o desenvolvimento dos recursos humanos, tendo em vista um nível de emprego elevado e duradouro, e a luta contra as exclusões”.

§1º. “A fim de realizar os objetivos enunciados no artigo 136º, a Comunidade apoiará e completará a ação dos Estados-Membros nos seguintes domínios: (a) melhoria, principalmente, do ambiente de trabalho, a fim de proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores; (b) condições de trabalho; (c) informação e consulta dos trabalhadores; (d) integração das pessoas excluídas do mercado de trabalho; (e) igualdade entre homens e mulheres quanto às oportunidades no mercado de trabalho e ao tratamento no trabalho”.

O Tratado estabeleceu o princípio da não discriminação e da igualdade de oportunidades como uma das diretrizes básicas da política da União Européia. O Conselho compromete-se ainda a adotar todo o tipo de medidas contra a discriminação por motivos de sexo, de origem racial ou étnica, religião ou convicção, incapacidade, idade, ou orientação sexual. Também reforçou a igualdade entre homens e mulheres. A livre circulação de pessoas e as medidas anteriormente destacadas exigiram a criação de sistemas de informações à escala européia, porém tais sistemas levaram em consideração as garantias de proteção sobre os dados pessoais e sigilos estabelecidos pelas leis da União Européia .

A União comprometeu-se a estabelecer progressivamente um espaço de liberdade, de segurança e de justiça comum, no que se refere a livre circulação de pessoas. O controle das fronteiras externas, direito de asilo, emigração e cooperação judicial em matéria civil passa a fazer parte do “pilar comunitário”. Conforme estabelecido no Artigo 186, sendo:

“Sem prejuízo das disposições respeitantes à saúde pública, segurança pública e ordem pública, a liberdade de circulação dos trabalhadores dos países e territórios nos Estados-Membros e a dos trabalhadores dos Estados-Membros nos países e territórios será regulada mediante convenções a concluir posteriormente, para as quais se exige a unanimidade dos Estados-Membros”.

Neste sentido os Acordos e o Convênio de Schengen60 ficam incluídos no Tratado. A Inglaterra , Irlanda e Dinamarca ficam afastadas voluntariamente, portanto, reservam-se ao direito de exercer controle sobre as pessoas nas suas fronteiras. Um importante avanço foi o fato de quatro grandes países europeus, Espanha, Itália, Alemanha e França acordaram em 28 de Julho de 2000, a eliminação da obrigação de obter uma autorização de residência para os cidadãos da União Européia. A medida se aplica aos habitantes nacionais comunitários, ainda que não haja reciprocidade.

60 O Acordo de Schengen designa o acordo assinado em 14 de Junho de 1985, entre a Alemanha, a Bélgica, França, Luxemburgo e os Países Baixos, com o objetivo de suprimir gradualmente os controles nas fronteiras comuns e instaurar um regime de livre circulação para todos os nacionais dos Estados signatários, dos outros Estados da Comunidade ou de países terceiros. Além disso, o Protocolo anexo ao Tratado de Amsterdã indica que o acervo de Schengen e as demais medidas adotadas pelas instituições no seu âmbito de aplicação devem ser aceites na totalidade por todos os Estados candidatos à adesão. O espaço Schengen alargou-se progressivamente: a Itália assinou os acordos em 1990, a Espanha e Portugal em 1991, a Grécia em 1992, a Áustria em 1995 e a Dinamarca, a Finlândia e a Suécia em 1996. São igualmente partes nesta convenção a Islândia e a Noruega. Disponível em: < http://europa.eu/scadplus/glossary/schengen_agreement_es.htm > Acesso em: 03 jun. 2006.

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