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CAPÍTULO 2 – A QUESTÃO AGRÁRIA E SUAS PECULIARIDADES NO BRASIL

2.3 A questão agrária no Brasil e as influências do pensamento clássico

2.3.1 A tônica do pensamento agrário brasileiro

Os pensadores da economia política ao introduzirem o termo questão agrária influenciaram os estudos que fomentaram debates sobre a expansão capitalista na agricultura, particularizando os determinantes sócio-históricos na realidade de diversos países. No caso do Brasil, o incipiente desenvolvimento capitalista, conforme Martins(1995), provocou uma interpretação da questão nas abordagens teóricas agrária sob duas faces combinadas: expropriação (separação do trabalhador dos meios de produção) e exploração (sujeitar as regras e leis do capital).

Os estudiosos brasileiros apoiaram-se em abordagens teóricas referendadas nas particularidades de outros países. Nessa direção, consideramos as influências do pensamento clássico Europeu, denominado Paradigma da Questão Agrária, o qual interferiu na base teórica e prática da organização das lutas pela terra no Brasil. A compreensão crítica da questão agrária passou, ora a marginalizar o camponês; ora a executar políticas modernizantes/desenvolvimentistas. Contudo, as referências dos estudos agrários tendenciaram a partir dos anos 1990 aos dias atuais, a defender a recriação camponesa travestido de agricultor familiar, alimentado pelo paradigma do capitalismo agrário sob os fundamentos da tese de Ricardo Abramovay (1992).

Em seus estudos, Abramovay(1992) propõe uma ruptura com as reflexões da teoria marxista e de seus seguidores Lênin (1984) e Kautsky (1980), apresentando uma análise do desenvolvimento da agricultura nos países capitalistas centrais. Afirmou que tais economias atingiram estágios determinados de participação expressiva que acabou consolidando a agricultura familiar, contrariando portanto, o paradigma da questão agrária quanto ao predomínio do trabalho assalariado e o fim do campesinato.

A partir das reflexões da tese escrita por Abramovay, tornou-se possível traçar ricas e polêmicas discussões que ao longo dos anos 1990 vieram a colocar a agricultura familiar como fundamental à consolidação do desenvolvimento do capitalismo no campo. O apontamento teórico da referida tese têm largamente influenciado as leituras sobre o

problema agrário à luz do paradigma do capitalismo agrário, o qual considera a questão agrária como um problema insolúvel no capitalismo, daí, propõe como solução a integração dos camponeses ao mercado e ao capital. A partir daí, entende-se que integrado ao mercado e ao conjunto de políticas desenvolvidas pelo Estado, o problema agrário seria superado.

Na atual conjuntura brasileira, os debates e políticas governamentais e não governamentais têm largamente se apoiado no Paradigma do Capitalismo Agrário, o qual, inclusive tem dado sustentação às políticas públicas na direção do agronegócio. Entendem seus seguidores que o agronegócio é o caminho promissor capaz de fortalecer a ressistência do pequeno produtor, agora travestido de agricultor familiar, em meio à lógica imperante do capital.

Na dinâmica da atual conjuntura, o "conceito" de agricultura familiar, conforme Fernandes (2001), alicerça-se por forte cunho político, sendo divulgado e orientado principalmente através do NEAD (Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural) no Governo Fernando Henrique Cardoso. Vale observar que este núcleo é integrante do Ministério do Desenvolvimento Agrário, e suas pesquisas têm orientado as políticas públicas na direção do desenvolvimento agrário tendo como base estruturante o fortalecimento e consolidação da agricultura familiar e segurança alimentar.

Nessa direção, Fernandes, afirma que os projetos do governo foram criados a partir de uma forte influência da visão da agricultura familiar (2001, p.34-35). Acerca da construção da persona, agricultor familiar, entende, Bombordi,

creio que estão postos pelo menos dois perigos quando da "aplicação" desta visão teórica nas políticas públicas no tocante à questão agrária: o primeiro é imputar uma camisa de força (empresarial) nos camponeses que já estão estabelecidos, o segundo é o refreamento da reforma agrária por não conceberem a continuidade do campesinato, a despeito da atuação de milhares de famílias sem-terra no campo (2003,p 30).

Sob ótica neoliberal tem-se implantado um projeto para o Novo Rural Brasileiro, rumo a uma reforma agrária à brasileira, o eixo é o incentivo à prática da “agricultur familiar”. Essa direção tem provocado posicionamentos críticos daqueles que insistem em afirmar que são figuras diferenciadas camponês e agricultor familiar. Assim, observa Almeida

é fundamentalmente isso que distingue a família camponesa do empresário capitalista, pois, enquanto o capitalista investe nos setores mais lucrativos visando ao máximo de retorno possível, a família

camponesa cessa imediatamente o sobretrabalho ao alcançar o equilíbrio trabalho-consumo, já que seu objetivo é reproduzir-se como unidade de produção econômica camponesa (2006, p. 74).

Acerca da persona do camponês, Wanderley (1996), compreende que o campesinato em suas raízes históricas se constituiu “uma das formas sociais de agricultura familiar, uma vez que ela se funda sobre a relação acima indicada entre propriedade, trabalho e família”(p. 03). Nessa concepção o desenvolvimento capitalista não poderia comportar outras classes além da burguesia e do proletariado, sendo portanto, a descampenização uma conseqüência necessária e inevitável a expansão das forças do capital, que,

ao procurar compreender o cálculo camponês, Chayanov alicerça suas discussões na teoria do balanço trabalho-consumo, apreendendo a racionalidade camponesa de modo a diferenciá-la do comportamento capitalista. Nessa direção, propôs a convivência e permanência camponesa à lógica capitalista de reprodução e homogeneização das relações sociais rumo à acumulação” (ALMEIDA, 2006, p. 69-71).

Daí, engendraram as discussões a respeito das teorias do campesinato fundamentadas nos clássicos destacados acima, eclodindo no paradigma discursão desintegração ou permanência do campesinato diante do processo de reprodução do sistema capitalista. Contudo, contraditoriamente o sistema capitalista (re)cria formas de trabalho não- capitalista, a qual visualiza diferentes maneiras de produção do trabalho agrícola desenvolvido pelo camponês como por exemplo a parceria, o arrendamento, os meeiros, dentre outras, o qual entende Oliveira (1991) que essa relação contraditória gerado pelo sistema capitalista,

entender o desenvolvimento desigual do modo capitalista de produção na formação social capitalista, significa entender que ele supõe sua reprodução ampliada, ou seja, que ela só será possível se articulada com relações sociais não-capitalista. E o campo tem sido um dos lugares privilegiados da reprodução dessas relações de produção não- capitalista (OLIVEIRA, 19991, p. 11).

Tomando como base em seus estudos esses elementos, Chayanov defende a tese de que, a sobrevivência do campesinato é resultante dos objetivos não-capitalista do camponês como forma de negar à relação de produção existente no modelo de produção agrário capitalista, pois a finalidade do camponês é a reprodução da família e para isto, é fundamental a propriedade da terra como garantia de sua existência. No entanto, Chayanov (1980) “(...) esclarece que a família camponesa visa unicamente à maneira mais fácil de

satisfazer sua necessidade em consonância com o gasto da força de trabalho” (Apud, ALMEIDA, 2006, p. ).

Assim, evidenciam-se a diferenciação entre camponês e produtor agrícola capitalista, pois ambos possuem objetivos e anseios distintos. Assim, torna-se importante o significado da propriedade da terra, do seu modo de vida, como meio de produção e reprodução da família e lócus de lutas e resistência em torno da conquista do seu espaço em meio ao desenvolvimento do capitalismo agrário.

Na dualidade do discurso que impera na academia e nos movimentos sociais, a análise que direciona a compreensão desse trabalho, entende que nosso País transitou da “democracia dos oligarcas” à “democracia do grande capital”, com transparente dissociação entre desenvolvimento capitalista e regime político democrático. Esse processo manteve e aprofundou laços de dependência em relação ao exterior e ocorreu sem uma desagregação radical da herança colonial na conformação da estrutura agrária brasileira. Dessa herança permanecem tanto a subordinação da produção agrícola aos interesses exportadores, quanto aos componentes não-capitalistas nas relações de produção e formas de propriedade, que não são redimencionadas e incorporadas à expansão capitalista.

Gradualmente com a modernização capitalista se tecnifica a grande propriedade territorial que assume a face racional de empresa capitalista, e passa a conviver com as vantagens da apropriação de renda fundiária acompanhada da concentração da propriedade territorial e de uma ampla expropriação de trabalhadores. Cresce a massa de assalariados rurais e urbanos, necessária à expansão do mercado interno, e às exigências de ampliação da produção e da produtividade. Esse mesmo desenvolvimento incorpora e recria a pequena produção mercantil simples – parceiros, pequenos arrendatários, posseiros – submetendo-os ao jugo do capital (comercial, industrial, financeiro) e à renda fundiária. Assalariados agrícolas e camponeses experimentam uma permanente privação dos direitos sociais, trabalhistas e políticos ( OLIVEIRA,2010).

Podemos verificar que, ao contrário do que supunha a tradição marxista -leninista, o Brasil experimentou um processo de modernização capitalista, sem por isso ser obrigado a realizar uma “revolução democrático-burguesa” ou de libertação nacional segundo o modelo jacobino. O latifúndio pré-capitalista e a dependência face ao imperialismo não se revelaram como obstáculos insuperáveis ao completo desenvolvimento capitalista do País. Por um lado, gradualmente e “pelo alto”, a grande propriedade transformou-se em empresa capitalista agrária e, de outro, com a internacionalização do mercado, a participação do capital estrangeiro contribuiu para reforçar a conversão do Brasil em país moderno com alta taxa de

urbanização e complexa estrutura social.

Na incursão da nossa história, observa-se que a burguesia brasileira tem suas raízes profundamente imbricadas às bases do poder oligárquico e à sua renovação diante da expansão dos interesses comerciais, financeiros e industriais. Essa expansão determinou uma diferenciação e reintegração do poder – qualificado impropriamente de “crise do poder oligárquico” – que anuncia o início da era da modernidade no País (FERNANDES,2001,p.30).

A velha oligarquia agrária recompõe-se, moderniza-se economicamente, refaz alianças para se manter no bloco do poder, influenciando decisivamente as bases conservadoras da dominação burguesa no Brasil. Esse veículo marca o “horizonte” cultural da burguesia”, que se socializa polarizada por um forte conservadorismo sociocultural e político, traduzido no mandonismo oligárquico. A ele se aliam as representações ideais da burguesia, segundo o modelo francês, como símbolo da modernidade, e princípios da livre concorrência.

A revolução burguesa no País nasce articulada com o selo do mundo rural, sendo a classe dos proprietários de terra um de seus protagonistas. Como já observamos, foi a agricultura que viabilizou historicamente a acumulação de capital de âmbito comercial e da indústria. Aos fazendeiros, juntaram-se os imigrantes que vinham cobrir as necessidades de suprimentos de mão-de-obra no campo e na cidade.

A burguesia no seu horizonte cultural e no seu circuíto político adapta-se à industrialização intensiva na consolidação da economia brasileira como uma economia de regulação monopolista. Esse quadro acaba por agravar o desenvolvimento desigual interno intensificando a dominação externa.

A esse panorama soma-se a tradição cultural e política conservadora de defesa do progresso dentro da ordem, prevenindo e antecipando-se às ameaças revolucionárias na história brasileira. Segundo Fernandes (1975), para fazer frente à crise do poder burguês, essa classe realiza uma recomposição de suas frações internas, preservando a aliança com o grande proprietário territorial e uma sólida união com o grande capital internacional, tendo no Estado o eixo da recomposição ao poder burguês, apartado do conjunto da nação.

Esse posicionamento é ratificado por outros estudos, reafirmando que, no país, a questão agrária é decisiva para a compreensão das formas históricas assumidas pelo Estado ante a permanente presença dos interesses vinculados à propriedade territorial na composição política do poder, interferindo nas grandes transformações operadas na vida da nação (CAMARGO,1983;IANNI,1984b). Vale também lembrar que, as lutas sociais no campo

passam pela “propriedade fundiária”. Salientamos que, o papel da propriedade territorial não significa subestimar a interferência do grande capital nos negócios do Estado, uma vez que o interesse do capital e da renda da terra tendem aqui a se fundir numa única e mesma figura, metamorfoseando o proprietário de terras em capitalista e vice-versa.

As composições do bloco de poder, ao longo da história política republicana, contaram com alianças que, ao excluírem os trabalhadores rurais – inclusive dos pactos populistas -, tornaram possível a manutenção da velha oligarquia fundiária nas alianças do poder. Ao mesmo tempo, a burguesia industrial era beneficiada com o aumento da população sobrante, rebaixando os salários urbanos (COUTINHO,1984). Os interesses atinentes à propriedade fundiária foram preservados, sem impedir a modernização capitalista, dando forma à modernidade arcaica no Brasil (SCHWARZ,1981). As elites dominantes brasileiras envolvidas nas atividades comerciais agroexportadoras identificam-se no mercado internacional com a lógica internacional do lucro, bem como, com as ideias de liberdade e igualdade que pressupõem.

Na modernização conservadora articula-se o progresso no marco da ordem e atribui um termo lento às “transformações operadas, de modo que o novo surge como um desdobramento do velho” (MARTINS,1994,p.30). Ela permite explicar a incorporação e/ou criação de relações sociais agrárias ou atrasadas nos setores de ponta na economia, que adquirirem forças nos anos recentes, com a personagem, a escravidão por dívida, à clandestinidade nas relações de trabalho e sua precarização mediante a regressão dos direitos sociais e trabalhistas.

A constante dessa trajetória tem sido a permanente exclusão dos trabalhadores urbanos e rurais das decisões do Estado e do bloco do poder, sujeitos à repressão centralizadora do Estado e ao arbítrio do poder privado dos chefes políticos locais e regionais. A contrapartida da força, do arbítrio, da anulação da cidadania dos trabalhadores tem sido o caráter explosivo das lutas sociais, assim como a presença da violência no cotidiano das classes subalternas (MELLO FRANCO,1976). O amadurecimento político dos trabalhadores rurais é resultante de um longo e intermitente processo de lutas, expressas nos quilombos, nas greves do colonato, no cangaço, nos movimentos messiânicos, nas ligas camponesas, no sindicalismo rural25, nas lutas, greves dos assalariados permanentes e temporários, e na luta pela terra dos posseiros, parceiros e arrendatários. Essas lutas se unem

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Sindicalismo que caracteriza o período que vai de 1978 aos anos de 1990 manifesta-se pelo teor combativo de suas estratégias sindicais, sobretudo daqueles de enfoque conflitual entre capital e trabalho. Este sindicalismo tem origem corporativista, assistencialista, peleguismo, mesmo tendo as bases sindicais SILVA, Tarcísio Augusto Alves. O Sindicalismo Rural e os caminhos para a autogestão: uma superação do assistencialismo?.

à história do movimento operário urbano e do sindicalismo brasileiro, remontando aos princípios da industrialização.

Com ela verifica-se a aliança do grande capital financeiro, nacional e internacional, com o Estado-Nação que passa a conviver com os interesses oligárquicos e patrimoniais, que também se expressam nas políticas e diretrizes governamentais, imprimindo um ritmo lento à modernização capitalista da sociedade.

Traduzindo a análise a partir da questão agrária no Brasil, a propriedade da terra, sua distribuição e fundamentação, têm no desenvolvimento do capitalismo moderno relações desiguais e contraditórias de caráter rentista que se formou no país e continua colocando entre suas contradições principais, as formas de apropriação privada da terra. Isso significa que no Brasil, a concentração da propriedade privada da terra atua como processo de concentração de riqueza, portanto, de capital (OLIVEIRA,2010). Em suas análises sobre o desenvolvimento do capitalismo no Brasil, José de Souza Martins afirma que,

a propriedade da terra é o centro histórico de um sistema político persistente. Associada ao capital moderno deu a esse sistema político uma força renovada, que bloqueia tanto a constituição da verdadeira sociedade civil, quanto a cidadania de seus membros [...]. No Brasil, o atraso é um instrumento de poder [...]. Ao contrário do que ocorria com o modelo clássico da relação entre terra e capital, em que a terra (e a renda territorial, isto é, preço da terra) é reconhecida como entrave à circulação do capital. No modelo brasileiro o empecilho à reprodução capitalista do capital na agricultura não foi removido por uma reforma agrária, mas pelos incentivos fiscais. O empresário pagava pela terra, mesmo quando terra sem documentação lícita e, portanto, produto de grilagem, isto é, de formas ilícitas de aquisição. Em compensação, recebia gratuitamente, sob a forma de incentivos fiscal, o capital, o capital de que necessitava para tornar produtiva. O modelo brasileiro inverteu o modelo clássico (1994, p.13-19).

Assim, nos defrontamos com um processo em que “o capitalista transformou-se em proprietário da terra [...] agora estamos diante de um modelo antidemocrático de desenvolvimento capitalista, apoiado num pacto capitalista que tem suas raízes gestadas no período da ditadura militar” (MARTINS,1994,p.15).

Nas particularidades da questão agrária brasileira consequentemente sobressai o processo contraditório, desigual e combinado do desenvolvimento capitalista de produção do país. Ao mesmo tempo que se desenvolvem e avançam as relações de natureza especificamente capitalista, amplia-se o trabalho assalariado, contraditoriamente reproduzem relações do campesinato, a peonagem e suas diferentes formas de “escravidão pela dívida”

etc, todas necessárias à sua lógica de desenvolvimento. Daí mostrar-se fundamental o debate sobre a questão da propriedade privada da terra no desenvolvimento do capitalismo no Brasil. E como explica Martins,

quando o capitalismo se apropria da terra, ele o faz com o intuito de lucro, direto ou indireto. Ou a terra serve para explorar o trabalho de quem não tem terra; ou a terra ser vendida por alto preço a quem dela precisar para trabalhar e não a tem. Por isso, nem sempre a apropriação da terra pelo capital se deve à vontade do capitalista de se dedicar à agricultura. O monopólio de classe sobre a terra assegura ao capitalista o direito de cobrar da sociedade inteira um tributo pelo uso da terra. É a chamada renda fundiária ou renda da terra. A renda não existe apenas quando a terra é alugada; ela existe também quando a terra é vendida. Alugar ou vender significa cobrar uma renda para que a terra seja utilizada. [...]. A terra é completamente diferente dos outros meios de produção. [...] O mesmo não acontece com a terra. Já os economistas clássicos dos séculos VXIII e XIX diziam que a propriedade capitalista da terra é uma irracionalidade porque a terra não é produto do trabalho e, por isso mesmo, não pode ser produto do capital. A terra é um bem natural (1980,p.60-61).

Sob o capitalismo verifica-se que a terra quando transformada em mercadoria tem efeitos diferentes das demais mercadorias. A diferença se encontra na terra, não como fruto do trabalho humano, mercadoria que não circula, em seu lugar circula o seu representante, o título de propriedade. É pois, esta relação entre propriedade privada capitalista da terra e da renda fundiária que permite o enriquecimento do seu proprietário (MARTINS,1994).

As discussões travadas no interior da questão agrária e do campesinato no Estado capitalista, ao longo das décadas, trouxeram recortes característicos de concepções e dos modelos de reforma agrária adotados na América Latina e nela o Brasil. As configurações que assumimos trazem características delineadas nos contextos sócio-historicamente determinados, com particularidades ao enfrentamento à questão agrária na realidade do Brasil.

CAPITULO 3 - QUESTÃO AGRÁRIA E REFORMA AGRÁRIA NO COMPASSO DA