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4. O Setor Elétrico no Brasil e no Ceará

4.1 A tarifação da Energia

Durante os anos de 1970 a 1990 em todo país se pagava o mesmo valor para o kW, sendo estabelecida uma tarifa única nacional para a energia. Sendo assim, em virtude das disparidades regionais com os prejuízos de uma concessionária em um estado compensadas com o lucro em outra de outro, além da ocorrência de inadimplência entre geradoras e distribuidoras, deu-se início a um círculo vicioso onde o consumidor era penalizado, pois todo este custo era pago pelo mesmo.

A partir da abertura do setor à iniciativa privada, viu-se a necessidade de adequar as tarifas às realidades estaduais, cabendo aos estados estabelecer sua ou suas tarifas individuais, pois que poderiam ser mais de uma tarifa dentro do território dos próprios estados, a depender da variação das características regionais. Isso ocorreu partir da publicação da lei 8.631/93, que dispôs sobre o nível de fixação de tarifas para o setor de energia elétrica e dava outras providencias. O intuito era de se garantir o equilíbrio financeiro do setor. Os valores das tarifas teriam que absorver o seguinte binômio: garantir a prestação do serviço com qualidade, como também gerar retorno econômico para as empresas prestadoras, objetivando cobrir os custos e possibilidades de investimentos.

De modo geral, a conta de luz é composta por: custo da geração da energia, o transporte da energia até o consumidor (transmissão + distribuição) e os encargos e tributos incidentes. Os valores percentuais individuais sobre o total da conta de energia, em média:

Tabela 6 - Distribuição percentual dos

Custos Grupo Percentual Encargos 5,02% Tributos 36,31% Geração 27,79% Transporte 2,77% Distribuição 25,63% Financeiros 2,48% 100,00%

Fonte: (Senado Federal, 2009).

Com relação ao valor de venda da energia gerada para as distribuidoras, o mesmo é determinado através de leilões públicos após/depois do advento da lei 10.848/2004. Antes disso os preços na compra eram estipulados livremente, seguindo apenas um valor limite fixado pela ANEEL. Com os leilões, estes valores são autodetermináveis para garantir a livre

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concorrência e a transparência.

O valor do transporte é composto apenas pelo custo efetivo, que é regulado pela própria ANEEL, pois não há interesse da mesma de haver concorrência neste caso, haja visto que não há benefícios econômicos, sendo assim um monopólio.

Os encargos e tributos são determinados por leis dos respectivos entes federativos, sejam eles a união, os estados ou os municípios. Alguns deles incidem sobre a distribuição, já outros sobre a geração e a transmissão.

Cabe-se ressaltar que mesmo que não haja consumo no mês há ainda o mínimo da fatura cobrado, que tem como cerne a disponibilidade e manutenção da sua estrutura de unidade consumidora, é o chamado custo de disponibilidade.

4.1.1 Como se define o valor da Conta de Energia

As concessionárias possuem um contrato de concessão junto a União, neste contrato estão previstas três formas de alteração: revisão tarifária, reajuste tarifário periódico e revisão tarifária extraordinária. O motivo de sua aplicação é permitir que a tarifa de energia absorva os seguintes requisitos: seja justa aos consumidores, seja definida de tal forma que cubra os custos do serviço com nível de qualidade estabelecido pela ANEEL, que sejam remunerados os investimentos prudentes, seja estimulado o aumento da eficiência dos serviços e seja garantido o atendimento abrangente do mercado. Veja em que consiste cada forma:

1. Reajuste tarifário – é feito anualmente na data de aniversário do contrato. Serve para atualizar financeiramente o mesmo e restabelecer o poder de compra da concessionária. Neste são verificados os novos valores dos custos dos encargos, transmissão e de compra. Os outros custos são corrigidos pelo Índice Geral de Preços do mercado (IGPM) da Fundação Getúlio Vargas e são subtraídas parcelas de ganhos de produtividade da concessionária a partir do aumento de consumo e numero de consumidores.

2. Revisão tarifária periódica – é feita em média de 4 em 4 anos e leva em consideração todos os custos da concessionária, como, por exemplo, os de depreciação de equipamentos. Levando em conta então além dos custos operacionais, os investimentos prudentes e custo de

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eficiência.

3. Revisão tarifária extraordinária – pode ocorrer a qualquer tempo e serve para reparar casos extraordinários de desequilíbrio, como, por exemplo, eventos imprevisíveis que afetam o equilíbrio econômico na prestação dos serviços.

A ANEEL não pode se privar de corrigir as tarifas nas datas previstas, todavia ela tem o condão de fiscalizar as distribuidoras para garantir os cumprimentos das obrigações legais e contratuais de acordo com o estipulado. As ações de fiscalização são periódicas e eventuais, e levam em consideração dois itens: o aspecto econômico financeiro e a qualidade do serviço prestado. O consumidor também pode contribuir com esta fiscalização ao apresentar sugestões durante consultas públicas e registrar reclamações diretas via telefone. Além disso, ele também pode participar das audiências para definição dos reajustes tarifários apresentando críticas e sugestões. As audiências têm datas previamente divulgadas nos diversos meios de comunicação.

A fiscalização consiste em verificar principalmente a continuidade e a conformidade dos serviços. A continuidade diz respeito à frequência com que ocorrem interrupções no fornecimento de energia tomando como parâmetro metas preestabelecidas. Ainda é verificada a duração de tempo de cada interrupção de energia, pois depois de ultrapassada a quantidade tolerável as concessionárias estão passiveis de autuação por parte da ANEEL. A conformidade se refere aos níveis de tensão em que a energia é transferida ao consumidor. Caso haja pico ou queda de energia poderá prejudicar o uso adequado dos aparelhos domésticos, o que também é passiveis de penalidades para as concessionárias.

A ANEEL também verifica a conformidade dos custos apresentados pelas concessionárias, se estes estão em conforme com a realidade do mercado e se são realmente necessários. Há determinados critérios preestabelecidos pela agencia reguladora para isso. Um detalhe é que a inadimplência e as perdas técnicas (por conta de falhas no transporte e geração) e gerais (como furto) são repassadas as tarifas, encarecendo-as.

A ANEEL é fiscalizada pela Controladoria geral da União (CGU), pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelas comissões temáticas do Congresso Nacional, além de ser chamada esporadicamente pelo Ministério Público e Poder Judiciário para prestar

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informações e esclarecimentos.

4.2 Os Encargos e Tributos

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