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2.1 Enquadramento teórico

2.1.2 A pedagogia pela linguagem audiovisual

2.1.2.4 A tecnologia e a animação na educação

A animação na era moderna assumiu uma grande variedade de formas e estilos, tendo o seu auge no final da década de 1990 com o advento da animação digital e programas de computador como Adobe's Flash e Photoshop. Grandes e pequenas empresas utilizam animação para anúncios, vídeos explicativos, jogos, programas de televisão e muito mais. A animação assume o poder de cativar o público, podendo contribuir para a aquisição de informação ou a ajudar na sua concentração. Auxilia a explorar ideias para implementá- las na realidade, promovendo uma atitude positiva nos pensamentos criativos dos alunos.

As novas tecnologias trouxeram para a sociedade mudanças na relação com os processos de aprendizagem. As possibilidades propiciadas pelos novos recursos poderão propor formas metodológicas auxiliares na exposição de conteúdos de ensino, ao favorecerem a motivação do aluno. Segundo Filatro (2007): "o papel do aluno, do professor, da avaliação e até a própria definição do que é saber estão sendo repensados à medida que computadores e redes eletrónicas invadem os espaços de aprendizagem tradicionais, ofertando inovações de imagem, som, movimento, hipertextualidade, virtualidade e realidade virtual”. Os avanços tecnológicos alargam a informação. O cidadão vive em prol do seu próprio bem-estar através do bem-estar da cidade. O interesse pelo novo é tomado sob um ângulo universal, é imperativa a consciência e a consideração pelos valores humanos.

Na educação os irreversíveis avanços da tecnologia deverão ser considerados e adaptados ao modo de transmissão desses novos conhecimentos, de modo a acompanhar os fenómenos da globalização. Numa sociedade em plena transformação económica, social, tecnológica, a educação assume o modelo que conduz a transmissão de conteúdos no indivíduo. É na comunicação que o ensino impulsiona o pensamento em ação, que se

aproxima e se preocupa com o próximo, por meio de linguagens que estudam o desenvolvimento social, interligada com a cultura e os valores éticos atribuídos a cada comunidade. Dessa forma a educação deverá intervir no processo de humanização do ser, conduzindo-o de forma responsável, para a integração na globalização e na comunidade contemporânea.

Por vezes a prática de ensino é realizada de forma autoritária, o professor transmite conteúdos, sem incentivar o aluno para a construção do conhecimento e do indivíduo como pessoa. Freire (2005) crê que o espaço ideal de ensino é aquele onde o conhecimento é edificado de forma participativa entre todos: “(…) ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”.

A animação poderá apresentar-se como uma alternativa, como recurso mediador que interliga a realidade dos equipamentos tecnológicos à aprendizagem dos alunos. “(…) ao passo em que a animação vai sendo gerada, os alunos têm a necessidade de se apropriarem dos conteúdos, já que eles serão necessários para fundamentar e dar sentido ao produto final. Logo, neste processo, é nítida a constatação de que de forma natural, haverá uma absorção destes assuntos, o que implicará em uma aprendizagem agradável e eficiente.” (Barbosa et al., 2012)

O aluno passa a ser produtor de conteúdo deixando de ter uma condição passiva na sala de aula. A linguagem dos media, cada vez mais pertencente ao quotidiano dos alunos, leva a escola a aproximar-se deles. Alcoforado e Padilha (2010) acrescentam ser “(…) importante lembrar que vivemos numa sociedade mediática. Utilizar recursos didáticos- tecnológicos na sala de aula não é somente aproximar a realidade do quotidiano do aluno às atividades da escola, mas é, principalmente, educar as crianças e jovens para o uso consciente da média”. Uma interação inteligente e criativa com os novos meios de comunicação poderá desenvolver a autonomia e a competência do estudante e do educador. Segundo Tatiana Vieira (2008), como as tecnologias modificam o ser humano, tanto o aluno como o professor poderão evoluir lado a lado na produção e aquisição de conhecimento e comunicação.

Por privilegiar os aspetos do quotidiano, e pela sua vasta gama de possibilidades de comunicação por diferentes linguagens visuais, auditivas e narrativas, a animação é dentro dos meios de comunicação uma área artística de destaque que deve ter lugar na

sala de aula. Os métodos abordados pelas técnicas de animação promovem formas inovadoras de ensino e aprendizagem. A imagem em movimento (filmes e animações) é uma importante influência para educação, pelo enfoque dos objetivos do ensino da arte a partir de novas possibilidades e de novas abordagens da imagem. Para Fátima Vollu (2006), os elementos das artes visuais, a linguagem da animação e o seu domínio tecnológico são apropriados pelo desenvolvimento da linguagem artística. A produção áudio visual de animação permite ao aluno desenvolver o raciocínio, ligado, também, à sua sensibilidade, às suas emoções. A animação também envolve “a coordenação dos sentidos, combinando comunicações corporais, movimentações, perceções e sensações.” (Vieira, 2008, p. 145) Para José Xavier (2015) “a arte de animar é desprover. Transformar uma linha em algo novo. As imagens orientam, mas o movimento é que diz o que é a imagem. O movimento pode transformar a imagem noutra coisa.”

A eficiência ilustrativa trazida pela animação cativa a atenção do público das várias faixas etárias. O uso das artes como meio de comunicação não desqualifica a função da capacidade didática, mas, segundo Teixeira e Lopes (2008, p. 11), é “(…) urgente exercitar os professores, como também os jovens, nossos estudantes, no seu manuseio. (…) nenhum outro local será, à partida, mais indicado para fazê-lo do que a escola”.

Os projetos em animação desenvolvidos em sala de aula apelam à criatividade e levam o aluno a experienciar, construir e comunicar o seu próprio conhecimento através de ritmos, gestos e movimentos. “O cinema de animação educa, instiga a criatividade, desenvolve a imaginação, fascina. Envolve os sentidos, o olhar, o sentir, o ouvir, mexe com o corpo. É uma ferramenta pedagógica poderosa (…)”. (Penteado, 2011, p. 30)