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A S TENDÊNCIAS NA PROCURA E OFERTA DO C ITY B REAKS

No documento Dissertação Catarina Pratas (páginas 82-89)

CAPITULO III – O TURISMO, O CITY BREAKS E O ESPAÇO

4. A S TENDÊNCIAS NA PROCURA E OFERTA DO C ITY B REAKS

Segundo o relatório publicado pelo Turismo de Portugal (2006, p. 10) , esta forma de fazer turismo representa cerca de 34 milhões de viagens por ano na Europa, o que leva os estudiosos da área a preverem um crescimento mundial anual do City Break entre 12% e 15%. Por outro lado, as estimativas apontavam para que nos 10 anos seguintes o mercado europeu deste tipo de viagens aumente para cerca de 1.000 milhões de viagens.

O mesmo relatório, referindo os dados da pesquisa do European Travel Monitor, refere que o Reino Unido e a Alemanha são os principais mercados emissores deste tipo de viagens, com cerca de 5,5 milhões de viagens e 5 milhões, respetivamente. Contudo, em termos relativos, a Espanha é o mercado com maior taxa de viagens de City Breaks (% sobre o total de viagens ao estrangeiro), com cerca de 50%.(ibiem)

Fonte: European Travel Monitor (2004)

Por outro lado, 89% das viagens de City Breaks na Europa têm como destino cidades do próprio continente, sendo a França (14,86%) e o Reino Unido (11,10%) os principais países de atração, devido às suas capitais. (2006, p. 14)

82 Fonte: European Travel Monitor (2004)

Relativamente aos gastos dos turistas de City Breaks podem ser consideravelmente variados, tendo em conta o destino escolhido, a quantidade e qualidade dos serviços e atividades contratadas, a duração da viagem, entre outros fatores. Tendo em conta a tipologia de turistas deste mercado apresentadas no relatório do Turismo de Portugal (2006, p. 12) , o nível de gasto mínimo diário pode variar entre 60€ (turistas de City Breaks Standard) e 450€ (turistas de City Breaks Upscale). Por outro lado, os gastos dos turistas que realizam viagens temática de City Breaks podem variar dependendo do interesse específico que os motiva para um determinado destino. Os turistas de City Breaks têm características diversificadas em relação à idade, nacionalidade, tipos de família e situação económica. Segundo Zhang e Marcussen (2007, pp. 15-16) a estadia destes turistas é em média entre 4 a 5 dias, contudo eles preferem ficar instalados em hotéis genuínos e gastar muito mais dinheiro do que os turistas de natureza e praia, que em geral ficam em alojamentos mais baratos. Por outro lado, são turistas interessados em atividades de atração cultural. Vêm de países distantes e são atraídos para ver as cidades e experienciar as atividades que lá acontecem. Contudo, também estão interessados nas pessoas, na experiencia de vida de cada dia nas cidades, inclusive em compras. Os turistas repetentes ou domésticos são atraídos pela variedade de atividades, como novos espetáculos de teatro, ópera, festivais de música, exposições e eventos desportivos.

83 Para Azevedo (2010, p. 36),o perfil do consumidor de City Break “tem mais de 25 anos, bom nível socioeconómico e de formação, normalmente informa-se consultando a internet, agências especializadas ou amigos, escolhem hotéis 3 a 5 estrelas e permanecem 2 a 6 dias no local, desfrutando da gastronomia e ambiente local e visitando locais de interesse histórico-cultural, museus e locais de comércio”. No relatório publicado pelo Turismo de Portugal (2006, p. 13), foi apresentada um perfil básico dos consumidores europeus de viagens de City Breaks. Assim, observa-se que:

Quem são? Com mais de 25 anos; Com 20 e 30 anos; Bom nível sócio – económico; Bom nível de Educação.

Através de que meios se informam? Agências de Viagem; Imprensa especializada; Operadores Turísticos; Recomendação de amigos / conhecidos; Internet.

O que compram? Pacotes constituídos por voo e alojamento; Serviços separados de voo e de alojamento.

Onde compram? Agências de Viagens; Internet.

Quando compram? Low cost travel: reservas última hora; High cost travel: 3-6 meses de antecedência.

Que tipo de alojamento compram? Hotéis de 3 a 5 estrelas.

Que tipo de transportes compram? Avião para chegar ao destino; Metro, Bus Turístico; Táxi, autocarro ou elétrico como transfer do aeroporto para o hotel. Quantos dias de estadia compram?2 a 6 dias de estadia.

Que atividades realizam? Desfrutam da gastronomia e do ambiente da cidade; Visitam museus e realizam atividades de shopping; Visitam sítios de interesse histórico e cultural.

No plano de Marketing publicado pela International Tourism Consultants (2007, p. 4) sobre o setor de City Break, este tipo de turismo define-se como viagens curtas com duração igual ou inferior a 3 noites, durante as quais os turistas vivem experiências de cultura, diversão e entretenimento numa determinada cidade e nos seus arredores. A cultura é considerada como a motivação principal para as viagens às cidades, contudo existe um crescente interesse por aspetos imateriais como, por

84 exemplo, a “atmosfera” da cidade, a atitude dos moradores, a moda, as tendências, entre outras coisas.

No mesmo plano de Marketing (2007, p. 4) são considerados dois tipos diferentes de turistas de City Breaks, uns cujo principal interesse está focado na cultura e outros no lazer. Assim, são definidos dois importantes mercados neste setor, o mercado cultural (em que a principal motivação é visitar as atrações culturais do destino turístico) e o de lazer (em que a principal motivação é desfrutar a “atmosfera” da cidade através de uma vasta gama de atividades como, por exemplo, a gastronomia local, a vida noturna, as pessoas locais, etc.).

Quanto ao perfil do consumidor de City Breaks destes dois mercados são caraterizados de maneira diferente:

City Breaks de Cultura: faixa etária principalmente entre os 30 e 55 anos de idade; casais com filhos; elevado nível de educação e económico; procuram pela história, património cultural e arquitetura; têm interesses em literatura, cinema (não comercial), teatro, arte e exposições. As suas principais necessidades e motivações são: aprender, a qualidade de experiências culturais, o valor do dinheiro, a fuga de pressão do quotidiano, a visita a uma variedade de locais de interesse cultural, desfrutar a gastronomia local, e a junção de cultura com lazer. (2007, pp. 9-10) City Breaks de Lazer: faixa etária principalmente entre os 25 e 45 anos de idade; casais e grupos de amigos; nível médio; interessados na atmosfera da cidade e no estilo de vida dos seus habitantes; têm interesses em cinema, vida noturna, música, etc.; utilizadores frequentes da Internet (para pesquisar informação, conversar em chats, escrever em blogs, etc.). Quanto às motivações e necessidades deste grupo são: a quebra da rotina diária, aproveitar o lazer e a diversão, a exigência de experiências memoráveis, o relaxe mental, a atmosfera e o estilo de vida local, o valor do dinheiro, o turismo, o entretenimento, as compras, a gastronomia e os eventos locais. (2007, pp. 9-10)

A tendência para que o turismo de City Breaks continue a crescer é certa, contudo os profissionais devem ter em atenção que os clientes são cada vez mais experientes e viajados, pelo que vão exigir mais e novas formas de vivenciar e

85 experienciar as suas férias nas cidades. Tendo em conta este facto, são apresentadas as principais tendências deste setor (2007, p. 16).

QUADRO 5- TENDÊNCIAS DO SETOR DE CITY BREAKS Novos hábitos

de viajar

- Aumento da tendência na procura de férias mais curtas, mas com maior frequência; - Crescente influência da internet como fonte de informação e ferramenta para a criação de opiniões públicas;

- Tendência para o Dynamic Packaging que permite que os consumidores combinem eletronicamente (normalmente via Internet) produtos e serviços de diferentes fornecedores (companhias aéreas, hotéis, aluguer de carros, etc.), criando just in time um pacote personalizado;

- Reservas de última hora. Novas

motivações

- A crescente demanda por experiências de maior qualidade;

- O interesse crescente para desfrutar o estilo de vida da cidade e a indústria criativa: aspetos intangíveis, como a "atmosfera" são cada vez mais importantes para o consumidor;

Novos produtos / conceitos

- Número crescente de hotéis de design, de arte e boutiques;

- Preservação da qualidade da gastronomia local, através de iniciativas como o Slow Food. Novos

segmentos / mercados

- Facilidade com que se viaja atualmente devido ao surgimento de companhias low cost e a diminuição / desaparecimento de algumas barreiras como, por exemplo, as fronteiras e restrições de vistos;

- Surgimento de novos mercados com potencial (aumento na oferta com a entrada de cidades e capitais da Europa Ocidental e da Europa do Leste);

- Existência de um crescente número de nichos de mercado que procuram destinos onde possam encontrar uma "ligação especial". (ex: Viajantes judeus à procura de cidades com herança judaica; gays que viajam para cidades como Berlim, Love Parade, e para Barcelona, Hotel Axel, etc.);

- A evolução demográfica na Europa irá aumentar a demanda para o turismo da cidade entre os viajantes com mais de 55 anos, pelo que este segmento irá crescer significativamente nos próximos anos;

Novos competidores

- O aumento da concorrência de novos destinos (ex: City Breaks dos europeus nos EUA) e a junção de novos membros à EU.

(Estima-se que os destinos turísticos de cidade que se concentraram principalmente no produto cultural irão sofrer maior concorrência por novos destinos da Europa Central e Oriental).

Fonte: Adaptado THR - Plano de Marketing (2007, p. 16)

Tendo em conta estas novas tendências de viagens de City Breaks, as cidades devem preparar-se estrategicamente para este crescente nicho de mercado. Contudo, para que as cidades se tornem competitivas neste setor de mercado, devem cumprir “alguns requisitos básicos sem os quais não é fácil estar sequer

86 presente no mercado, e de outros que são requisitos chaves, i.e., imprescindíveis, não só para competir como para garantir o seu êxito”. (THR, Asesores en Turismo Hitelería y Recreación, S.A, 2006, p. 21)

No relatório publicado pelo Turismo de Portugal (2006, p. 22) são identificados os fatores básicos para uma cidade estar presente neste mercado: a acessibilidade (“condições que permitem ao turista chegar ao destino de uma forma rápida, confortável e segura”); um conjunto mínimo de atrações turísticas com capacidade para atrair visitantes; uma oferta de alojamento adequada, quantitativa e qualitativamente; boas condições de mobilidade e de transporte internam; e níveis básicos de segurança.

Quanto aos fatores chaves de êxito identificados, considerados como aqueles que estão relacionados “com as condições que o destino oferece ao visitante para que possa realizar as suas atividades preferidas durante uma viagem de City Breaks, de uma forma confortável, gratificante e segura, cumprindo ou superando as suas expetativas” (2006, p. 23), são: o ambiente urbano atrativo e cuidado; o elevado grau de limpeza e higiene; o elevado grau de segurança; a excelente preservação e manutenção do património arquitetónico/monumental; a ampla variedade de atividades culturais; a ampla oferta de entretenimento noturno; a diversidade de opções de compras, com a presença de marcas comerciais de prestígio internacional; a ampla variedade de oferta de alojamento; a variada oferta de restaurantes com cozinha regional e internacional; a flexibilidade e adequação dos horários do comércio e de visitas das atrações turísticas; a ampla cobertura de informação turística em locais estratégicos da cidade; o eficaz serviço de transporte público, especialmente de táxis (ex: pontualidade e frequência transportes); padrões homogéneos de qualidade dos serviços; comercialização de pacotes integrados que dão acesso a diferentes serviços e atrações; e ampla e variada oferta de itinerários temáticos dentro da cidade e zonas envolventes. (ibiem)

No entanto, o bom desempenho individual destes fatores não é suficiente, é muito importante que exista uma eficaz interligação entre as diversas cadeias de valor para que o setor das viagens de City Breaks funcione em pleno. Por exemplo, quando os turistas procuram informações sobre horários de transportes, localização e caraterísticas de determinados museus ou locais históricos, entre outras coisas, os

87 funcionários dos hotéis devem estar preparados para responder o mais assertivamente possível às suas questões.

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No documento Dissertação Catarina Pratas (páginas 82-89)