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A teoria do fenômeno dos transportes e das manifestações

físicas em geral encontra-se resumida, de forma notável, na seguin- te dissertação de um Espírito, cujas comunicações possuem todas um cunho incontestável de profundidade e de lógica. Encontrar-se-ão muitas delas, na sequência desta obra. Ele se fez conhecer pelo nome de , discípulo de São Paulo, e como Espírito protetor do mé- dium que lhe serviu de intérprete:

“Para obter fenômenos desta ordem, é preciso, necessaria-

mente, ter consigo médiuns que chamarei de , isto é, dota-

de penetrabilidade; porque o sistema nervoso desses médiuns, facil-

As naturezas impressionáveis, as pessoas cujos nervos vibram

- gibilidade e de transportes. De fato, o sistema nervoso deles, qua- se inteiramente desprovido do envoltório refratário que isola este sistema na maioria dos outros encarnados, torna-os próprios para o desenvolvimento destes diversos fenômenos. Consequentemente, com uma pessoa desta natureza e cujas outras faculdades não sejam

hostis à mediunidade, obter-se-ão mais facilmente os fenômenos de tangibilidade, as batidas nas paredes e nos móveis, os movimentos e até a suspensão no espaço da matéria inerte mais pesa- da. Com mais forte razão, obter-se-ão estes resultados se, em vez de um médium, se dispuser de vários, igualmente bem dotados.

Mas, da produção desses fenômenos até a obtenção dos de transportes, há todo um mundo, pois, neste caso, não apenas o traba-

- neamente, para a produção do mesmo fenômeno. Acontece até que, ao contrário, a presença de certas pessoas antipáticas ao Espírito que opera entrava, radicalmente, sua operação. A esses motivos que, como o vedes, não carecem de importância, acrescentai que os trans- portes necessitam sempre de uma concentração maior e, ao mesmo com médiuns mais bem dotados, com aqueles, numa palavra, cujo

aparelho oferecer melhores condições.

- cessivamente raros. Não preciso demonstrar-vos por que eles são e serão menos frequentes que os outros fatos de tangibilidade; pelo que eu digo, vós mesmos o deduzireis. Aliás, esses fenômenos são de uma natureza tal, que nem todos os médiuns são capacitados para produzi-los, nem tampouco todos os próprios Espíritos. De fato, é

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misturar-se, unir-se, combinar-se com o do Espírito que queira fazer um transporte. Esta fusão deve ser tal, que a força resultante se torne, por assim dizer, ; assim como uma corrente elétrica, agindo sobre

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eletrome- , , não foram cunhadas por nós. Aqueles que nos criticaram por termos criado as palavras , , , que não tinham termos análogos, poderão fazê-lo, também, aos Espíritos.

por que esta fusão, perguntaríeis? é que, para a produção desses fenômenos, é necessário que as propriedades essenciais do Espírito motor sejam aumentadas com algumas das do mediunizado; é que o - nicos, e o apanágio do encarnado e dele, por conseguinte, o Espírito operador é obrigado a impregnar-se. Só então, ele pode, por meio de certas propriedades do vosso meio ambiente, desconhe- cidas para vós, isolar, tornar invisíveis e fazer com que se movam alguns objetos materiais e os próprios encarnados.

Por enquanto, não me é permitido desvendar-vos estas leis

- nos ser-vos-á revelada e vereis surgir e produzir-se uma variedade nova de médiuns, que entrarão num estado cataléptico particular, desde que sejam mediunizados.

de transportes; daí, podeis concluir, muito logicamente, que os fe- e, com tanto mais razão, poucos são os Espíritos que se prestam a material, o que representa para eles um aborrecimento e uma fadiga. Por outro lado, acontece ainda o seguinte: é que, muitas vezes, ape- sar de sua energia e de sua vontade, o estado do próprio médium lhes opõe uma barreira intransponível.

é evidente, portanto, e vosso raciocínio o aprova, estou certo disso, que os fatos tangíveis, de pancadas, de movimentos e de sus- pensão, são fenômenos simples, que se operam pela concentração e pela vontade e o trabalho dos médiuns aptos para isso, quando au-

tangibilidade, de uma combinação inteiramente particular, para iso- lar e tornar invisíveis o objeto ou os objetos a serem utilizados no transporte.

- locomoção e a tatilidade da matéria inerte; acreditais nisso, como tam- bém acreditais nos fenômenos da eletricidade e do magnetismo, com os quais os fatos medianímicos estão plenos de analogia e dos quais são, por assim dizer, a consagração e o desenvolvimento. Quanto aos incrédulos e aos sábios, piores que os incrédulos, não tenho de con- vencê-los e não me ocupo com eles; eles serão, um dia, convencidos pela força da evidência, pois será necessário que se curvem diante do testemunho unânime dos fatos espíritas, como foram forçados a fazê-lo diante de tantos outros fatos que, inicialmente, haviam rejeitado.

Resumindo: se os fatos de tangibilidade são frequentes, os de transportes são muito raros, porque as condições para se produzirem são muito difíceis; consequentemente, nenhum médium pode dizer: a tal hora, em tal momento, obterei um fato de transporte, pois, fre- tarefa. Devo acrescentar que esses fenômenos são duplamente difí- energicamente refratários, que paralisam os esforços do Espírito e, com mais forte razão, a ação do médium. Tende, ao contrário, como certo que esses fenômenos se produzem, quase sempre, em particu- lar, espontaneamente, na maioria das vezes à revelia dos médiuns, prevenidos. Daí, deveis concluir que há motivo legítimo de suspei- ção, todas as vezes que um médium se gaba de obtê-los à vontade, ou, por assim dizer, de dar ordens aos Espíritos como a empregados seus, o que é simplesmente absurdo. Tende ainda como regra geral que os fenômenos espíritas não se produzem, absolutamente, para dar espetáculos e divertir os curiosos. Se alguns Espíritos se prestam a essa espécie de coisa, só pode ser para os fenômenos simples e, não, para aqueles que, como os transportes e outros semelhantes,

Lembrai-vos, espíritas, de que, se é absurdo rejeitar, siste- prudente aceitá-los todos às cegas. Quando um fenômeno de tan- gibilidade, de aparição, de visibilidade, ou de transporte ocorre, es- pontaneamente e de maneira instantânea, aceitai-o. Porém, nunca seria demasiado repeti-lo: nada aceiteis cegamente; que cada fato acreditai-o, o Espiritismo, tão rico em fenômenos sublimes e gran- diosos, nada tem a ganhar com essas pequenas manifestações que hábeis prestidigitadores podem imitar.

Sei muito bem o que ides dizer-me; é que esses fenômenos não tivésseis tido outros meios de convicção, não teríeis, hoje, a cen- tésima parte dos espíritas que tendes. Falai ao coração; é assim que algumas pessoas, agir através dos fatos materiais, apresentai-os, pelo menos, em circunstâncias tais que eles não possam dar motivo a nenhuma falsa interpretação e, principalmente, não saiais das condi- ções normais desses fatos, pois os fatos apresentados em más condições oferecem argumentos aos incrédulos, em vez de convencê-los.”

Erasto.