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3.4 CHILE

3.4.1 A Transformação do Setor Elétrico Chileno

O mercado elétrico Chileno foi o “pioneiro” no mundo na abertura e liberalização de seu setor elétrico. A reestruturação deste setor iniciou-se em 1978 [35]. No ano 1982, foi promulgada a Lei Geral de Serviços Elétricos (DFL No. 1) que regula a industria elétrica. A operação dos centros de despacho econômico de carga foi regulamentada através do DS No. 6 de 1985. Na Quadro 3.5 apresentam-se as principais leis e decretos que fazem parte da normativa legal atualmente em vigência para esse segmento.

Quadro 3.5 Leis, Decretos e principais modificações à regulamentação Chilena

Lei/ Decreto Descrição

D.F.L 1/1982 Lei Geral de Serviços Elétricos

DS 119/1989 Estabelecimento das sanções em matéria de eletricidade e combustíveis. Decreto Supremo 327/1998 Regulamento da Lei Geral de Serviços Elétricos

Decreto Supremo 158/2003 Mudanças ao transporte de eletricidade com novas metodologias para o cálculo de pedágios.

Lei 19613/1999 Novas definições sobre qualidade de serviço e racionamento (Art. 99bis)

Lei 19940/2004 Lei Curta I. Que modificou o DFL-1. Regula o sistema de transporte e tarificação da energia elétrica.

Lei 20018/2005 Lei Curta II. Que regulamenta aspectos relacionados com a geração.

- A Lei Curta I (Lei 19940/2004)

A Lei 19940, conhecida como “Lei Curta I”, foi promulgada com o intuito de aprimorar a legislação referente à remuneração da transmissão, remuneração de serviços complementares, fixação de tarifas de distribuição e solução de divergências. Quanto à transmissão elétrica, esta lei re-desenhou o sistema de transmissão, dividindo-o em três subsistemas: Principal, Subtransmissão

e Adicional, modificando assim o cálculo do pedágio e estabelecendo novas normas para os estudos de expansão e desenvolvimento do sistema principal a serem realizados a cada quatro anos. Esta lei também estabelece que o preço do transporte em sistemas medianos (1.5 MW e 200 MW) seja realizado com base no custo incremental de desenvolvimento, no lugar da média do custo marginal, que era aplicado antes da promulgação desta lei.

- A Lei Curta II (Lei 20018/2005)

A Lei Curta II, que foi um complemento às mudanças feitas pela Lei Curta I, foi promulgada em Maio de 2005. O objetivo desta lei é de outorgar segurança aos investimentos orientados ao fornecimento elétrico de longo prazo. Além disso, esta lei protege aos consumidores frente a eventuais crises energéticas, especialmente do suprimento de gás natural (devido à instabilidade energética acontecida na Argentina, principal fornecedora de gás natural à industria Chilena).

b) Organização Institucional do Setor Elétrico

O mercado elétrico Chileno possui quatro instituições principais: o Comitê de Despacho Econômico de Carga (CDEC), a Comissão Nacional de Energia (CNE), o Ministério de Economia e, a Superintendência de Eletricidade e Combustíveis (SEC). A seguir serão descritas as principais atribuições destas instituições:

- Ministério de Economia, Fomento e Reconstrução. Responsável pelo cumprimento das leis

através da Superintendência de Eletricidade e Combustíveis (SEC), sem prejudicar as atribuições conferidas tanto à Comissão Nacional de Energia (CNE) e ao próprio Ministério de Economia (Art.9, DFL 1/1982). É também responsável de fixar os preços das tarifas propostas pelo CNE (Art. 92, DFL 1/1982).

- Superintendência de Eletricidade e Combustíveis (SEC). Responsável de controlar o

cumprimento das normativas de qualidade e segurança do serviço. É também responsável de apoiar ao Ministério nos trâmites para outorgar as concessões definitivas e outorgar as concessões regionais a serem solicitadas pelas empresas de transmissão.

- Comissão Nacional de Energia (CNE). Órgão de maior hierarquia do poder Executivo é

responsável por propor políticas para o setor, bem como de regulamentar as atividades estabelecidas na lei, por exemplo, a regulamentação das tarifas no segmento de transmissão troncal e de subtransmissão. Define as bases técnicas para estabelecer os critérios de determinação dos pedágios e os preços nestes segmentos.

- A Comissão Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Órgão encarregado de aplicar o

Sistema de Avaliação de Impacto Ambiental (SEIA). A normativa ambiental exige aos projetos de transmissão se submeter ao SEIA. Os projetos propostos não podem operar caso não cumpram de forma satisfatória com os requisitos ambientais.

- Centro de Despacho Econômico de Carga (CDEC). Órgão encarregado da coordenação da

operação de curto prazo. É também responsável de determinar os pagamentos entre empresas, produto das transferências de energia e potência no mercado de curto prazo. O CDEC está formado pelas próprias empresas geradoras e transmissoras que são também as que o financiam. Corresponde ao CDEC, através de sua Direção de Pedágios, a determinação específica do valor dos pedágios de injeção e de retirada que constitui a remuneração dos sistemas de transmissão troncal.

3.4.2 O Sistema de Transmissão

As instalações dos sistemas de transmissão principal e dos sistemas de subtransmissão de cada sistema elétrico estão submetidas a um regime de acesso aberto, podendo ser utilizadas por terceiros sob condições técnicas e econômicas não discriminatórias.

a) Tensões do Sistema. No sistema Chileno as tensões utilizadas no nível de transmissão são: 500 kV,

220 kV, 154 kV, 110 kV e 66 kV.

b) Concessionárias de Transmissão. Na Tabela 3.11 mostram-se as principais concessionárias de

transmissão existentes no SIC e no SING, bem como a porcentagem que representam estas instalações nestes sistemas.

Tabela 3.11 Principais Concessionárias de Transmissão no SIC e no SING (Dez. 2004)

SIC Proprietário km de linha % HQI 7.890,2 53,8% Gener 578,3 3,9% Colbún 806,4 5,5% Pangue 517,4 3,5% Guacolda 202,7 1,4% Ibener 36,0 0,2% Chilquinta 319,3 2,2% Chilectra 456,7 3,1% Transquillota 15,9 0,1% CGE 2.337,6 15,9% Conafe 5,4 0,0% Emelat 228,6 1,6% Emelectric 333,1 2,3% Emelat 228,6 1,6% Min. Valparaíso 164,7 1,1% Hasa 17,7 0,1% HGV 51,4 0,4% P. Alto 10,7 0,1% STS 526,6 3,6% Petropower 1,3 0,0% R. Maipo 26,5 0,2% Puyehue 86,6 0,6% Capullo 55,0 0,4% Total 14.668,1 100,0% SING Proprietário km de linha % AES Gener 604,6 10,1% Edelnor 1047,4 17,6% Electroandina 1036,8 17,4% Norgener 310,0 5,2% Transelec Norte 957,8 16,1% Transemel 74,4 1,2% Collahuasi 437,0 7,3% Chuquicamata 23,9 0,4% Escondida 901,0 15,1% Fundición Alto Norte 4,0 0,1% Minera Cerro Colorado 61,0 1,0% Minera el Tesoro 90,0 1,5% Minera La Cascada 55,0 0,9% Minera Meridian 63,0 1,1% Minera Michilla 72,0 1,2% Quebrada Blanca 18,0 0,3% Zaldivar 208,2 3,5% Total 5964,0 100,0%

Segundo a Lei de Eletricidade, não existe um monopólio legal a favor de uma única empresa de transmissão em alta tensão. Porém, boa parte das instalações de transmissão no SIC (154-220 kV e 500 kV) é administrada pela empresa privada Hidro Quebec-Transelec Chile S.A., a qual também administra parte do Sistema Interconectado do Norte Grande (SING), [36].

(c) Método Base de Tarifação. Tarifação Nodal baseada em custos marginais de curto prazo e com

encargos por conexão.