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3.6 Comparações de Modelos Tarifários dos Países Analisados

3.6.2 Modelos de Tarifação Adotados

No Quadro 3.8 pode-se observar que todos os países analisados adotaram o modelo de tarifa marginal de curto (CMCP) ou de longo prazo (CMLP). Porém, conforme descrito no Capítulo II (Análise de Metodologias Tarifárias), no que se refere à parcela complementar, foram adotadas metodologias diferentes, conforme será apresentado no item 3.6.4.

3.6.3 Mecanismo de Remuneração

O esquema predominante para remunerar a rede de transmissão consiste em calcular uma remuneração específica para os ativos e para os custos de operação, manutenção e administração (Quadro 3.8). No referente à retribuição pelos investimentos realizados, a solução mais comum adotada foi a de aplicar um custo chamado de Valor Novo de Reposição ou de Substituição (VNR) dos ativos (equivalente ao custo de investimento, no Brasil). De modo a retribuir os custos de administração, operação e manutenção, a solução adotada em quase todos os casos analisados é a de remunerar através de um valor padrão, obtido a partir das estimativas de custos que teria uma empresa eficiente.

Quadro 3.8 Método base de tarifação, custos e remuneração ao transmissor

ARGENTINA BOLÍVIA BRASIL CHILE PERU

Modelo adotado CMCP Metodologia Nodal

próximo ao CMLP CMCP

Mecanismo de Remuneração

No caso da TRANSENER: remuneração por REET,

RCT (ou COMA) e RC. Custos anuais correspondentes a um SEA. CAT = CAI+COMA Remuneração ao investimento feito através do CAAE e CAOM.

CAAE=RBSE+RBNI

No STT, instalações existentes são remuneradas pelo AVI e

COMA. VATT=VI+COMA Custos anuais correspondentes a um SEA. CTT= AVNR+COEM Mecanismo de Arrecadação Custos variáveis: RVT=RVTE+RVTP Custos fixos: i) Encargo Complementar: CC=REET+RCT-RVT

ii) Encargo por conexão. Consideram-se áreas de influência/estampilha

CT=RT+Pdg

Tarifa Locacional Remuneração pelo uso da transmissão através da tarifa TUST =TUSTRB +TUSTFR. TUST = Tarifa Locacional+Parcela de Ajuste Receita Tarifária e Receita por Pedágio do tipo selo. VATT=RT+Pdg O pedágio é cobrado segundo a área de influência (80% é pago pelos geradores e 20% pelas cargas) e estampilha

CAT=RT+Pdg

Legenda:

CMCP : Custo Marginal de Curto Prazo CMLP : Custo Marginal de Longo Prazo

REET : Remuneração por Energia Elétrica Transportada RCT : Remuneração por Capacidade de Transporte

RC : Remuneração por Conexão SEA : Sistema Economicamente Adaptado

AVNR : Anualidade do Valor Novo de Reposição COEM : Custo de Operação e Manutenção RAPi : Receita Anual Permitida i

RBSE : Receita do Sistema Existente BNI : Receita das Novas Instalações

RPC : Receita das Instalações de Conexão

PA : Parcela de Ajuste

CAAE : Custo Anual de Ativos Elétricos

CAOM : Custo de Administração Operação e Manutenção STT : Sistema Troncal de Transmissão

VI : Anualidade do Valor Novo de Investimento

RVT : Remuneração Variável Total por Energia Elétrica Transportada

TUST : Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão TUSTRB : Tarifa aplicável a todos os usuários do SIN

TUSTFR : Tarifa aplicável à concessionária o permissionária de distribuição que utiliza transformadores de potência com

3.6.4 Mecanismo de Arrecadação

O esquema de arrecadação predominante na rede de transmissão dos países analisados está composto de dois encargos. O primeiro encargo, que corresponde às perdas marginais, custos de manutenção e/ou recuperação de investimentos, é chamado, dependendo do país, de Receita Tarifaria (Bolívia, Perú, Chile), Arrecadação Variável de Transmissão (Argentina) ou Tarifa Locacional (Brasil). Este encargo resulta da diferença entre as energias de entrada e saída da linha valorizadas ao preço de seus respectivos nós (entradas e saídas), é dizer, este encargo deve-se basicamente às perdas marginais da rede que são as que produzem a diferença de preços nos extremos da linha.

O segundo encargo, chamado de Encargo Complementar ou Pedágio, tem o objetivo de complementar os custos incorridos, permitindo a recuperação dos investimentos e custos de operação e manutenção pela empresa de transmissão, permitindo assim viabilizar a empresa. Existem distintos critérios para calcular este cargo complementar conforme mencionado no Capítulo II deste trabalho. Através desta pesquisa foi verificado que os métodos utilizados para o cálculo do encargo complementar foram as de Área de Influência (Argentina e Chile) e do tipo Selo (Bolívia, Brasil e Peru).

Alguns países estabeleceram porcentagens fixas de pagamentos do pedágio entre geradores e consumidores. No caso da Bolívia, esta participação é de 25% para os geradores, distribuída de forma proporcional á energia injetada, e 75% para as cargas (demanda). No caso do Peru as geradoras pagam o 100% do pedágio.

No Brasil, o RAP (Receita Anual Permitida) é dividido em parcelas iguais entre geradores (50%) e consumidores (50%) para depois se aplicar a metodologia Nodal, com ajuste do valor baseado nos custos incrementais utilizando uma componente do tipo selo.

No caso de Chile, cujo sistema de transmissão está dividido em três sistemas (Sistema Troncal, Sistema de Subtransmissão e Sistema Adicional) a solução adotada para se aplicar o encargo complementar (adicional) é um pouco mais complexa, já que os geradores pagam em função da injeção de energia, enquanto que os consumidores em função da energia retirada. No caso do sistema de transmissão troncal, é estabelecida uma Área de Influência Comum (AIC), que totaliza aproximadamente 75% da injeção de energia e 75% da demanda e na qual os geradores devem cobrir 80% dos custos e os consumidores o restante 20%, rateados em função das injeções e retiradas esperadas.

Na Argentina, este encargo complementar é arrecadado em proporção à participação dos distintos agentes do mercado e segundo o grau de uso das instalações. Quanto aos encargos pelo uso da rede de transmissão a serem pagos pelas transações internacionais, a solução adotada foi a de tratar as exportações de forma similar a cargas conectadas ao sistema, enquanto que as importações de forma similar a geradores conectados ao sistema.