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A Turma e a organização do trabalho pedagógico

No documento A compreensão na aprendizagem (páginas 85-89)

PARTE II Prática de Ensino Supervisionada no 1.º Ciclo do Ensino Básico

VIII.2. A Turma e a organização do trabalho pedagógico

A turma de estágio com a qual estagiei pertencia ao 4.º ano de escolaridade e era constituída por 23 alunos, 13 do sexo feminino e 10 do sexo masculino. Nenhum destes alunos tinha sido retido em anos anteriores. Nesta turma existiam 3 alunos com N.E.E. (Necessidades Educativas Especiais) e 3 alunos com P.A.P.I (Plano de Apoio Pedagógico Individualizado). Ainda três alunos encontravam-se em reestruturação familiar, facto que influenciou negativamente o seu desempenho escolar. Também três alunos estavam abrangidos pelo Dec. Lei 3/2008 de 7 de janeiro, beneficiando dois destes de 30 minutos semanais de terapia da fala. A grande maioria dos alunos já frequentava esta escola desde o 1.º ano de escolaridade e foram sempre da mesma turma, o que lhes permitiu à vontade uns com os outros e uma grande interação entre si.

As famílias de origem dos alunos da turma apresentavam maioritariamente um nível económico e sociocultural médio/alto. Os pais, na sua maioria, possuíam uma licenciatura e trabalhavam como técnicos superiores e técnicos profissionais. A média das idades dos pais situava-se entre os 35 e os 40 anos.

Dentro da turma existiam níveis e ritmos de aprendizagem claramente diferentes. Em resultado das observações feitas, e em conversa com a professora titular, pude inferir que as crianças estavam globalmente preparadas para trabalhar os conteúdos correspondentes ao respetivo ano de escolaridade. Contudo, alguns alunos necessitavam de um trabalho prévio de revisão/consolidação de alguns conteúdos indispensáveis à aprendizagem de novos conteúdos.

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Esta turma revelou a existência de problemas ao nível das atitudes, valores e comportamentos, os quais perturbaram claramente o normal funcionamento das atividades. Relativamente ao comportamento alguns alunos, por vezes, apresentaram dificuldades em se adaptar aos contextos e às regras definidas, evidenciando características egocêntricas. Na turma havia um ou mais líderes em cada grupo que manifestavam frequentemente interações desapropriadas. O número de alunos da turma, a sua heterogeneidade de ritmos de aprendizagem dificultavam o acompanhamento individualizado, de forma a promover o respeito pelo ritmo dos pares, o cumprimento de regras de trabalho, o interesse no desempenho em algumas tarefas e consequentemente o bom funcionamento da turma.

A família dos alunos, na sua maioria, esta demostrava interesse e colaboração ativa no processo de aprendizagem das suas crianças.

A sala de aula, situada no 1.º andar da escola, era o espaço principal onde decorria a ação educativa, apresentando as dimensões adequadas para o desenvolvimento das atividades dos alunos. Na perspetiva de Arends (1995) “A forma da sala de aula deve adequar-se às suas funções, sendo que diferentes formações são utilizadas para diferentes funções” (p. 94). Assim, nos primeiros períodos do ano letivo, na sala de aula, as mesas estavam organizadas em U, ficando apenas três mesas no centro. No terceiro período, houve alteração, para que os alunos se habituassem a uma situação futura de exame, e assim, as mesas foram organizadas em 3 filas de 4 mesas cada. As crianças conhecendo o seu lugar e a organização da sala possibilitavam que a comunicação e o comportamento fossem os mais adequados. Como refere Sanches (2001) “A organização da sala tem a ver com o clima que se quer criar e o clima da aula é um dos fatores mais importantes no desencadeamento das aprendizagens” (p. 19).

A diversidade de níveis e ritmos de aprendizagens e o comportamento desadequado de alguns alunos caraterizaram genericamente esta turma e definiram e estruturaram o espaço e a ação pedagógica a desenvolver pela professora titular da turma:

59 a) Expor na sala cartazes, mapas, trabalhos realizados pelos alunos, etc… de forma a que os alunos mais desatentos ou desfasados na aprendizagem, pudessem ter de forma permanente auxiliares à sua aprendizagem durante a realização das atividades. Esses materiais eram renovados à medida que os conteúdos eram trabalhados.

b) O horário da turma contemplava um tempo semanal para todas as áreas disciplinares, contemplando desta forma diferentes interesses disciplinares e temáticos dos alunos. Relativamente à gestão do tempo, a professora não era muito rígida, ou seja, se estivessem a realizar uma tarefa e não a terminassem no horário estipulado, poderiam acabar de seguida, dadas as diferenças de ritmo e de nível de aprendizagem na turma. No entanto, a professora exigia na maioria das vezes que os trabalhos fossem realizados de forma individual (uma forma de envolver cada um dos alunos na sua aprendizagem e de melhorar o comportamento dos mesmos em sala de aula). Por vezes, também era utilizado o trabalho a pares, mas raramente o trabalho em grupos com mais elementos.

c) A criação de regras e o seu cumprimento escrupuloso constituíram-se aspetos determinantes para o bom funcionamento da turma. Assim, no seu dia-a-dia, as crianças seguiam regras que tinham sido estipuladas no início do ano e que por norma eram cumpridas.

As rotinas diárias constituíram formas importantes de melhorar o funcionamento e o comportamento dos alunos em sala de aula. Os alunos tinham como uma rotina, à medida que chegavam à sala de aula, sentarem-se no seu lugar e dois alunos estavam encarregues de distribuir os materiais, como os dossiers, os livros etc. Outra rotina era todas as terças-feiras, a turma tinha a oportunidade de ir à biblioteca escolar requisitar um livro para poder levar para casa.

A avaliação das aprendizagens dos alunos era fundamentalmente formativa e era realizada através da observação direta e da análise individualizada dos registos dos alunos (caderno diário). Haviam também, durante o ano, seis fichas e avaliação sumativa dos alunos.

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CAPÍTULO VIII

Fundamentação Orientadora das Práticas Pedagógicas em 1.º CEB e

Experiencias-Chave

Neste capítulo será descrita a fundamentação orientadora das práticas pedagógicas realizadas no 1.º CEB, tendo em consideração o contexto educativo onde estas decorreram e as opções escolhidas, que considero terem sido as mais adequadas à situação apresentada. Posteriormente, serão ainda descritos e refletidos alguns momentos da prática que foram significativos para mim enquanto futura professora do 1.º CEB, designados por experiências-chave.

No documento A compreensão na aprendizagem (páginas 85-89)