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A utilização da FQ no ensino de Ciências

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2.4 A Estratégia FlexQuest

2.4.1 A utilização da FQ no ensino de Ciências

Desde a sua proposição enquanto estratégia de ensino, alguns estudos fo- ram realizados tendo em vista avaliar a contribuição para o processo de ensino e aprendizagem em ciências. Estes estudos apontam o potencial da FQ principal-

mente, enquanto um recurso que: dinamiza a aula, considera a realidade na qual o aluno está inserido, e oportuniza a sua participação.

A estratégia FlexQuest mostrou-se ser uma ferramenta muito inte- ressante para níveis avançados do conhecimento, pois os alunos perceberam uma estreita ligação entre o mundo real com os con- teúdos abordado. [...] favorecendo a contextualização, possibili- tando uma aprendizagem flexível, dinâmica e atrativa (ALEIXO, LEÃO, NERI DE SOUZA: 2008, p.131).

A relação entre os conteúdos e a realidade dos alunos apontada pelos au- tores supracitados converge para uma prática de ensino de ciências dentro dos parâmetros discutidos anteriormente acerca do ensino de ciências e da necessá- ria contextualização das atividades tendo em vista a valorização da relação CTS.

A partir dos resultados de alguns estudos realizados sobre a FQ (Aleixo et al, 2008; Santos, 2012; Vasconcelos e Leão, 2012; Veras e Leão, 2007;), é possí- vel afirmar que esta estratégia de ensino é potencialmente interessante para o ensino de Ciências Naturais, já que, partilha de características demandadas pelo ensino de ciências na atualidade; ou seja, mobiliza os alunos a participarem do processo, promove a contextualização do conteúdo, instiga a reflexão e a resolu- ção de situações problemas e rompe com a visão simplista de reprodução do conteúdo colocando o professor como orientador do processo de construção do conhecimento por parte do aluno.

Neste sentido é uma estratégia pertinente para trabalhar um conteúdo complexo como a puberdade, pois possibilita a motivação dos alunos e o acesso a diferentes situações que podem ser perspectivadas no intuito de trabalhar as múltiplas facetas ou os diferentes aspectos vinculados ao desenvolvimento fisio- lógico, situando os sujeitos num contexto, e permitindo que estes utilizem o co- nhecimento em diferentes situações da realidade.

Para melhor situar os estudos sobre o potencial da FQ enquanto estratégia de ensino de ciências, o quadro abaixo apresenta alguns trabalhos de investiga- ção desenvolvidos no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ci- ências e Matemática da UFRPE, com uma pequena síntese dos resultados:

Quadro 2 – A utilização da FQ no ensino de ciências. AUTORES/ ANO TIPO DE TRABALHO LINHA DE INVESTI- GAÇÃO RESULTADOS Veras 2006 Dissertação de Mestrado Aprendizagem dos alunos sobre Sistema Urinário com a Web- Quest modificada “Lixo para fora”.

A FQ apresenta-se enquanto alternativa facilitadora de uma aprendizagem flexível, cons- truída pelo aprendiz a partir da exploração multidimensional do conhecimento.

Aleixo 2008 Dissertação de Mestrado

Aprendizagem dos alunos sobre a subs- tância química atra- vés da FQ “Remédio Amargo”.

Os alunos exploraram o con- teúdo de forma verdadeira- mente ativa, questionando, sugerindo, formulando hipóte- ses e principalmente recons- truindo seu próprio conheci- mento. A FQ estimula apren- dizagem colaborativa e cons- trução do conhecimento de forma flexível. Vasconcelos 2011 Dissertação de Mestrado Aprendizagem dos alunos sobre Radioa- tividade;

Satisfaz o estudo sobre a Ra- dioatividade no âmbito de su- as aplicações e como um re- curso estimulador para um aprofundamento da temática. Santos 2012 Dissertação de Mestrado Possibilidades de aplicação de ensino por competências conforme indicação de documentos ofici- ais;

Possibilita o trabalho interdis- ciplinar, com uma abordagem que respeita a complexidade conceitual evitando a simplifi- cação e o reducionismo, as- sim como a simples memori- zação. Fornece o desenvolvi- mento de competências e ha- bilidades necessárias a for-

mação do indivíduo critico e ativo capaz de mobilizar seus conhecimentos para solucio- nar novos problemas.

Quadro 2: Síntese de pesquisas realizadas no âmbito do PPGEM da UFRPE sobre a FQ no ensino de ciências.

Os estudos apresentados no quadro 2 sinalizam positivamente para a FQ enquanto atividade de ensino de caráter construtivista. Sendo assim, é importante refletir também acerca das características que perpassam a FQ e como estas cor- roboram para a efetivação do ensino de ciências demandado pela sociedade atu- al.

Assim, vislumbrando uma compreensão mais profunda acerca da FQ en- quanto estratégia de ensino de ciências, e tomando como referência os estudos sobre a referida estratégia, bem como, a literatura sobre o ensino de ciências, referenciada neste trabalho, é que apontaremos a seguir algumas interrelações entre as características da FQ e as características do ensino de ciências aponta- dos por Carvalho e Gil-Pérez (2011) ao refletir sobre os saberes necessários ao professor de ciências e apontar as características que deve ter uma atividade pa- ra que possa gerar uma aprendizagem efetiva.

Tabela 2 – Relação entre as características do ensino de ciências e as partes da FQ.

CARACTERÍSTICAS APONTADAS POR CARVALHO E GIL-PÉREZ

COORRELAÇÃO COM AS PARTES DA FLEXQUEST

Proporcionar uma concepção e um interesse preliminar pela tarefa;

INTRODUÇÃO: contextualiza um caso real, suscitando a curiosidade do aluno; Tratamento da problemática proposta

a partir da construção de hipóteses e confrontação com diferentes situa-

ções;

RECURSOS e PROCESSOS: disposição dos casos e mini-casos e estabelecimen-

Elaboração de estratégia de resolução (realização de experiências ou análi-

ses dos dados obtidos);

TAREFA: desafio deixado pelo professor a ser realizado a partir do acesso aos

casos e mini-casos; Favorecer as atividades de síntese, a

elaboração de produtos e a concepção de novos problemas;

AVALIAÇÃO E CONCLUSÃO: o profes- sor analisa o produto solicitado e da indi-

cação de aprofundamento para os alu- nos.

Tabela 2: Correlação entre características demandadas pelo ensino de ciências na perspec- tiva da relação CTS e a FQ.

A tabela 2 não pretende esgotar as possibilidades da FQ nem forçar apro- ximações com outras estratégias ou teorias. Trata-se de uma tentativa de apro- fundamento do potencial da referida estratégia a luz das especificidades das ativi- dades demandadas para o ensino de ciências na sociedade atual.

Diante da percepção de que a estratégia FQ promove a aquisição de sabe- res diretamente vinculados às atuais demandas no ensino de ciências, é preciso então olhar para o professor enquanto ator importante neste processo, buscando esclarecer os saberes mobilizados por este na construção de estratégia e no de- senvolvimento das atividades de ensino. Esta percepção é de relevância conside- rável para a indicação de saberes e ou conhecimentos necessários aos professo- res no trabalho com a FQ.

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