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A VALIAÇÃO DA EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS INTERVENCIONADOS

P ORTUZELO DO RIO L IMA (V IANA DO C ASTELO )

4.4.2. A VALIAÇÃO DA EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS INTERVENCIONADOS

Tabela 48 - Classificações obtidas para cada tipo de evolução e para a evolução global dos sistemas intervencionados estudados.

Casos de estudo Classificação por tipo de evolução Classificação total

Ecológica Hidrogeomorfológica Social

Ribeira da Granja

Troço do Viso 67% 33% 75% 57%

Troço da Quinta do Rio 67% 50% 47% 57%

Rio Este

Troço entre a Av. Frei Bartolomeu dos Mártires e Ponte

Pedrinha

33% 33% 67% 40%

Rio Lima

Troço de Cardielos 33% 67% 33% 45%

Troço de Portuzelo 33% 33% 33% 33%

Por análise da tabela 48 conclui-se que os sistemas fluviais relativos aos troços do Viso e da Quinta do Rio da ribeira da Granja apresentaram uma evolução superior a 50% como resposta

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às intervenções preconizadas, sendo que os restantes projetos apresentaram uma evolução inferior a este patamar de referência. Nos projetos relativos às intervenções no troço do Viso da ribeira da Granja e no troço do rio Este, a componente social foi a que apresentou maior evolução, o que não reflete a relevância que esta componente apresenta nos objetivos da Lei da Água.

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5. C

ONCLUSÕES

5.1. C

ONCLUSÕES

Os desenvolvimentos, aos níveis social, demográfico e económico originaram alterações no estilo de vida da sociedade, que desencadearam grandes projetos de regularização fluvial, causadores de impactos nestes ecossistemas, que se traduzem na redução da biodiversidade que lhes é inerente.

A contribuição para a integridade, funcionalidade, estabilidade e valor estético/paisagístico dos cursos de água apresenta-se, atualmente, como de elevada prioridade. A reabilitação de sistemas fluviais surge com este objetivo. Verifica-se, no entanto, que vários projetos de intervenção fluvial incorporam de forma deficiente a multidimensionalidade e a interdisciplinariadade requeridas, levando a soluções desajustadas. Simultaneamente, o acompanhamento das intervenções realizadas nem sempre é realizado com a regularidade e exigência necessárias. Esta dissertação foi realizada com o objetivo de proceder à avaliação de projetos de intervenção fluvial, no que diz respeito (i) à evolução dos sistemas fluviais em resposta às intervenções preconizadas e (ii) à qualidade do processo de planeamento dos projetos de intervenção. Pretendia-se, assim, aferir sobre a eficácia das soluções de reabilitação implementadas e analisar a possível relação entre lacunas identificadas no processo de planeamento e insucessos verificados no cumprimento dos objetivos propostos para os projetos. Para tal, foram selecionados os projetos relativos aos troços (i) do Viso e (ii) da Quinta do Rio da ribeira da Granja, no Porto, ao troço (j) entre a Av. Frei Bartolomeu dos Mártires e Ponte Pedrinha do rio Este, em Braga, e aos troços (k) de Cardielos e (kk) de Portuzelo do rio Lima, em Viana do Castelo.

No que diz respeito à avaliação dos processos de planeamento dos projetos de intervenção, conclui-se que, dos cinco projetos de intervenção analisados, apenas para o projeto relativo ao troço do Viso da ribeira da Granja este processo foi desenvolvido de forma adequada. Na fase de caracterização e diagnóstico, as principais lacunas identificadas estão relacionadas com a incompleta caracterização da bacia hidrográfica. De um modo geral, a caracterização realizada não favorece o cumprimento dos objetivos mais relevantes para os projetos. Na fase de identificação de soluções, verificou-se que em nenhum dos projetos analisados é referida a realização de análises custo/benefício para as soluções propostas. São apenas referidos os benefícios das soluções selecionadas, não sendo realizada uma comparação com outras soluções propostas, para justificação da seleção realizada. Na fase de planeamento das ações de implementação dos projetos de intervenção, a principal lacuna identificada está relacionada com a não referência, nos projetos analisados, a planos de formação dos intervenientes nas ações planeadas. Na fase de planeamento das ações de monitorização, de um modo geral, a

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monitorização de parâmetros relativos às condições hidromorfológicas, de erosão/estabilidade e biológicas do sistema intervencionado, bem como a alterações antrópicas que se possam verificar neste sistema, não é definida. Os parâmetros de monitorização definidos não se encontram de acordo com a relevância de cada objetivo para o projeto de intervenção. Na fase de planeamento das ações de manutenção dos projetos de intervenção, as principais lacunas identificadas estão relacionadas com a não definição, ou definição incompleta, de medidas de manutenção periódica e da frequência de manutenção que se pretende cumprir. Na fase de planeamento das ações de sensibilização e participação pública, as principais lacunas identificadas estão relacionadas com as fases de informação e consulta, especialmente na fase de identificação de soluções.

No que diz respeito à avaliação da evolução dos sistemas fluviais como resposta às intervenções preconizadas, os troços do Viso e da Quinta do Rio da ribeira da Granja apresentaram uma evolução superior a 50%, sendo que os restantes sistemas analisados apresentaram evoluções inferiores a 50%. De um modo geral, as evoluções mais acentuadas foram alcançadas nas componentes com maior relevância para os projetos de intervenção. No entanto, constata-se que, nos projetos relativos às intervenções no troço do Viso da ribeira da Granja e no troço do rio Este, a componente social foi valorizada em relação às componentes biológica e hidrogeomorfológica, o que não reflete a relevância que estas componentes apresentam nos objetivos estabelecidos na Lei da Água.

O incumprimento dos objetivos dos projetos de intervenção fluvial analisados está, de um modo geral, associado a uma caracterização pouco aprofundada dos sistemas a intervencionar e a um planeamento incompleto das fases de monitorização e manutenção.