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2. A ÉTICA NA COMUNICAÇÃO E NA INFORMÁTICA

2.2. Violência vs Agressividade

2.2.4. A Violência na Publicidade

O termo publicidade tem origem do latim publicus, ou seja público e significa tornar público um produto, um facto ou uma ideia9. Para isso, procura difundir e aumentar o sentido da mensagem, ultrapassando a simples dimensão informativa. O seu objetivo principal é convencer o consumidor baseando-se nos aspetos positivos, negligenciando tudo o que é negativo, o que a torna, em alguns casos, publicidade enganosa.

A forma de difusão de publicidade que mais se destaca é, sem dúvida, a que recorre às TIC. Todavia podemos encontrá-la, para além da televisão, rádio e internet, também destacada em periódicos, cartazes e outdoors.

A publicidade é algo que utiliza tudo que se encontra ao seu alcance para atrair o olhar e a atenção dos destinatários.

9Informação extraída da infopédia.

Nos Estados Unidos, em março de 2011, a professora Nora Rifon foi convidada como editora de uma edição especial do Journal of Advertising. Esta centrou-se no tema da violência na publicidade, referindo que a tendência atual de, cada vez mais, haver anúncios violentos é “perturbadora”

“A punch. A kick. A hit in the head with a can of soda. It’s not a Three Stooges film but rather the latest trend in advertising, a trend a Michigan State University professor calls “disturbing.” 10

.

Utilizando as palavras de Sanmartín, et al (1998), este tipo de violência pode ser visto:

(…) como única forma de conseguir un fin. A veces, más cruel todavia, el fin no es sino la diversión; otras, más perverso todavia, el fin no es sino conseguir el bien dentro de una sociedad llena de seres malos; otras, más ensañamiento todavia, la violência no es sino una forma de atrapar a determinado espectador, a veces um niño, potencial comprador de los produtos publicitários en los intermédios del mismo programa.

Nunca devemos subestimar o impacto que os anúncios violentos podem ter sobre as crianças.

(…) the researchers found that children watching a violent ad had more aggressive thoughts than those who did not watch the violent ad,” she said. “That’s one study of one exposure. Multiply the number of violent ads children may see every day over a lifetime and the net result could be inestimable.11

Precisamos de formar/informar as mais novas gerações para uma visão isenta, uma opinião crítica e refletida, para que possam analisar a riqueza de recursos oferecidos por este meio de comunicação, identificando ao mesmo tempo, as suas engenhosas “emboscadas”.

A influência da Publicidade na sociedade, independentemente do objecto da mensagem ser comercial ou social, é um facto comprovado pelo vasto e heterogéneo corpo teórico que se tem vindo a desenvolver um pouco por todo o mundo. Desde a reflexão produzida por autores provenientes da economia, gestão ou marketing, que se preocupam em demonstrar e optimizar a sua aplicação estratégica, às análises fundamentadas na sociologia, psicologia, retórica, semiótica, estética ou mesmo na ética. (Gonçalves, 2003, p.1).

10 Artigo publicado por Tom Oswald em 18/03/2011, intitulado: Violência em publicidade tornando-se uma

tendência "preocupante".

2.3. Dessensibilização

Sabemos à partida que o tempo de convívio em ambiente familiar e a supervisão parental cada vez é menor, pelo que se impõe algumas questões: será que o aumento das atitudes de pró-violência é influenciado pela visualização de conteúdos impróprios nos meios de comunicação? Será que a empatia também poderá ser influenciada nesse processo? Será que nos tornamos dessensibilizados quanto maior forem as suas atitudes pró-violentas e menor for a sua capacidade empática?

Mais do que estabelecer uma relação de causalidade entre a visualização de conteúdos violentos e as ações violentas, questão envolta em alguma polémica, importa promover uma consciência crítica junto de educadores, professores e pais em relação ao consumo de imagens carregadas de violência e à necessidade de construção de uma sociedade democrática.

Vídeos e imagens de uma carga excessiva de violência, multiplicam-se pelos meios de comunicação em geral, mas os que mais nos preocupam, pelo grupo etário em investigação, são os que constam em blocos noticiosos, filmes, internet (pesquisas em sites, blogues e no youtube), desenhos animados e jogos de vídeo.

… jogos violentos pode contribuir para uma dessensibilização emocional, em termos de uma atenuação do desagrado perante a violência real em indivíduos expostos habitualmente a jogos desta natureza. (…) o efeito imediato do uso de jogos violentos no sentimento do controlo, durante a visualização de violência real, constitui um outro processo afetivo revelador de dessensibilização. (Arriaga, et al., 2007, p.143)

Temos consciência que o incremento de imagens violentes decorre tantas vezes de uma simples estratégia comercial, que persegue como única finalidade o lucro. Importa refletir sobre o excesso de conteúdos violentos que pulverizam as múltiplas “telas”, meditar sobre a influência que esses comportamentos, em alguns casos, exerceram sobre as crianças e jovens. Não obstante, também é do conhecimento geral que a dependência das crianças e jovens da internet, dos jogos de vídeo e da televisão poderá influenciar direta ou indiretamente e contribuir para a dessensibilização, bem como a carga humorística implícita à mensagem transmitida.

O humor pode levar a dessensibilização do público para a “seriedade da violência” “Nem todos os espectadores são afetados da mesma forma pela violência”.

Existem diferenças nos efeitos das representações de violência entre crianças e adultos, visto que “a capacidade de entender a diferença entre realidade e fantasia surge gradualmente ao longo do desenvolvimento infantil”. (Wilson et al, 2000, p. 77).

Com a quantidade de informação que, de uma forma ou de outra, nos entra pelas janelas mediáticas que nos fazem chegar o mundo, tanto através da televisão em blocos noticiosos, filmes, séries televisivas, desenhos animados, publicidade e música, como através de pesquisas na internet em sites, youtube, blog´s, chat´s, entre muitas outras plataformas, deparamo-nos com o possível efeito da dessensibilização, pois a capacidade de compreender o estado emocional do outro poderá sofrer influências negativas com a exposição a conteúdos violentos, provocando um efeito de dessensibilização. Mas, por outro lado, poderá também aumentar a ideia que a violência é algo comum e normal na nossa sociedade.

Carvalho (2011) verificou que com a redução da empatia, as pessoas tornam-se menos sensíveis as dores dos outros e com o aumento das atitudes pró-violentas as pessoas tornam-se mais favoráveis a que comportamentos agressivos e violentos sejam normativos e eficazes para a resolução de problemas.

Pela experiência resultante da prática letiva deparamo-nos regularmente com alguns comportamentos violentos, muitas das vezes imitativos de séries e desenhos animados. Apoiando-os na ideia de Wilson et al, (2000, p. 77), as crianças acabam, com frequência por interpretar as mensagens que lhes chegam pela televisão de maneira diferente dos adultos, o que aumenta as hipóteses destas associarem a violência da fantasia e dos desenhos animados como algo real.

O que se tem vindo a verificar, em relação às brincadeiras, tanto nas escolas como em casa, crianças e jovens se deixem conduzir pela linha de pensamento das personagens das séries e desenhos animados, em que a violência é ministrada para a aquisição de bons resultados ou até para impor respeito, o que poderá levar a uma reflexão de atitudes e comportamentos agressivos e/ou violentos perante os outros.