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Uma breve resenha sobre o surgimento das TIC em Portugal - as iniciativas nacionais: os programas e os projetos.

Nas últimas duas décadas muito se fez em Portugal com o objetivo de difundir e enraizar as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).

Referimo-nos a um conjunto de projetos, iniciativas e programas, aplicados pelos diferentes governos desde meados da década de 80. Recorrendo a uma pesquisa Vieira (2005) denominada “Educação e Sociedade da Informação: numa perspetiva crítica sobre as TIC num contexto escolar” salientamos algumas das principais iniciativas relativas à introdução das TIC em Portugal:

- A primeira grande iniciativa nacional de introdução das TIC nas escolas foi o Projeto Minerva – Meios Informáticos no Ensino: Racionalização, Valorização, Atualização –, que vigorou no período compreendido entre os anos de 1986 e 1994. (Despacho n.º 206/ME/85 de 31 de Outubro)

- Do Minerva emanaram duas iniciativas: os projetos IVA e FORJA. O Projeto IVA (Informática para a Vida Ativa), que vigorou durante os anos letivos de 1990/91 e 1991/92, foi concebido para os jovens do 12º ano que receberam formação ministrada de carácter técnico. Para isso foram criados laboratórios de informática. Foram envolvidas 28 escolas, 300 professores e 6000 alunos. O projeto FORJA (Fornecimento de Equipamentos, Suportes Lógicos e Ações de Formação de Professores) foi executado durante o ano de 1993. (O balanço final do Projeto Minerva permitiu constatar que houve uma grande mobilização dos professores e dos alunos envolvidos numa parceria única e com dimensão nacional.

- O Ministério da Educação, após um intervalo de dois anos iniciado com o términus do Minerva, criou o Programa EDUTIC (Educação para as Tecnologias da Informação e Comunicação), em 1995. Este programa foi transformado posteriormente no Programa Nónio Século XXI. Este programa, iniciado em 1996, foi coordenado pelo Departamento de Análise, Prospetiva e Planeamento, do Ministério da Educação, passando posteriormente para GIASE - Gabinete de Informação e Avaliação do Sistema Educativo. (Despacho Nº 232/ME/96, de 4 de Outubro de 1996)

- O Programa Ciência Viva, criado em 1996, tinha como função o apoio a ações dirigidas para a promoção da educação científica e tecnológica, junto dos jovens e na população escolar dos ensinos básico e secundário. (Despacho I Nº 6/MCT/96, de 01.07.96 e Programa Operacional Ciência, Tecnologia, Inovação 2000-2006, disponível em http://www.qca.pt/po/download/pocti.pdf.)

- Em 1997 foi lançado o “Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal” no âmbito da Iniciativa Nacional para a Sociedade da Informação12, com um capítulo dedicado à “Escola Informada” que apontava o conjunto de medidas previstas para o desenvolvimento da sociedade da informação nas escolas. (Lançado em 1997 pela Missão para a Sociedade da Informação, o Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal, significou o ponto de partida mais determinante, tendo sido uma referência para o desenvolvimento de políticas nesta área.)

- No âmbito do Programa Internet na escola, em dois anos cerca de 1600 escolas dos 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e Secundário, algumas do 1º Ciclo, bem como outras instituições, estavam ligadas à rede. No caso particular das escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico o apetrechamento e a ligação à Internet iniciaram-se em parceria com as autarquias. Em finais de 2001 estavam conectadas à Internet todas as 8 404 escolas públicas do 1º Ciclo do Ensino Básico e 1795 escolas do 2º 3ºCiclos e Ensino Secundário, o que colocava Portugal na linha da frente em termos de número de escolas ligadas à Internet no panorama europeu.

- Após a Cimeira Extraordinária de Lisboa, é lançada a Iniciativa Internet, em agosto de 2000. Procurou ser o primeiro plano de ação integrado para a Sociedade da Informação em Portugal e assumiu-se como um instrumento complementar do eEurope 2002. Neste âmbito é criado também em 2000 é criado o POSI - Programa Operacional para a Sociedade da Informação. Este pretendeu ser o principal instrumento financeiro do desenvolvimento da sociedade da informação em Portugal.

- Em 2002 foi assinado um protocolo entre o Ministério da Ciência e da Tecnologia (que incluía a FCCN para a coordenação e o apoio técnico e a uARTE para o apoio educativo) e as Escolas Superiores de Educação e Universidades, no qual as diferentes instituições do ensino superior ficavam com a tarefa de apoiar o uso e a dinamização da utilização educativa da Internet nas escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico. (Programa Internet@EB1, “Acompanhamento do Uso Educativo da Internet nas Escolas do 1º ciclo do Ensino Básico – execução do ano letivo de 2003/2004”, FCCN, disponível em http://www.acompanhamento-eb1.rcts.pt.)

- Em 2002, o XV Governo Constitucional criou a UMIC - Unidade de Missão para a Inovação e Conhecimento, uma estrutura de apoio ao desenvolvimento da política governamental para a sociedade da informação, inovação e governo eletrónico. Este governo criou a disciplina de TIC, recusando manifestamente a visão que defende a transversalidade da utilização das TIC, tornando-as um fim em si mesmo. Por isso, parece-nos que o atual enfoque sobre a Educação e as TIC é o retorno ao princípio da “alfabetização informática”

- A introdução do computador Magalhães no 1º Ciclo do Ensino Básico (CEB) teve início no ano letivo 2008/09, no território português, ao abrigo do programa e.escolinha, no quadro do PTE (Plano Tecnológico da Educação), definido pelo XVII Governo Constitucional. Ao contrário de muitas outras políticas e iniciativas que têm sido

desenvolvidas nas últimas décadas, com o objetivo de promover as tecnologias de informação e comunicação (TIC) na educação, esta medida não se circunscreve ao espaço escolar. Uma das particularidades do programa de distribuição de computadores portáteis no 1º CEB é, precisamente, a de amplificar a sua intervenção, abarcando simultaneamente os contextos escolar e familiar, ao pretender promover o uso do computador e da Internet tanto na escola como em casa.

O que parece estar em causa é o uso precoce das TIC, assim como o alargamento da base social da sua utilização, não só na escola, mas também noutros contextos, nomeadamente na família, na medida em que, a promoção do acesso a estes recursos no contexto familiar poderá reforçar as aprendizagens escolares e reduzir as desigualdades de oportunidades no uso das TIC.