• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO VI AS DISTINTAS VISÕES ACERCA DO PROCESSO DE READAPTAÇÃO FUNCIONAL

6.6. A visão dos profissionais da equipe de saúde ocupacional

respectivos gestores envolvidos no processo.

Hercília é enfermeira do trabalho e atua há 17 anos na GSST e apresenta sua visão da situação de readaptação funcional no Município. Considera um desafio para esse processo de readaptação funcional a criação de um grupo de apoio que prepare o ambiente para acolher o trabalhador readaptado. Ela percebe que ele é vitimado pelo estigma em seu local de trabalho. Isso ela imagina ser fruto de um não entendimento por parte do colega, daquela situação do outro, pois a dele também é de um trabalho de sofrimento, e ele não está readaptado, tendo talvez algum mecanismo de regulação, “ele é uma pessoa mais fortalecida”. Ela relata, ainda, que o termo laudo, é expressão do estigma sofrido pela pessoa em readaptação funcional, e que, assim, a pessoa não vira um laudo, ela é uma pessoa, não um laudo, e que tem que se acabar com esse nome: “laudo!”. Ela relata isso conforme segue abaixo:

Eu acho que um outro desafio, que esse grupo hoje que vai ser criado de apoio à readaptação funcional [refere-se a um novo esforço institucional], (...) ele precisa preparar aquele ambiente de trabalho para receber essas pessoas em posição diferenciada, ser acolhido. Que uma das coisas que ele também vivencia muito, é a falta de, eu não diria, a gente até fala de preconceito, fala de estigma que ele acaba recebendo, mas eu ainda vou justificar um pouco porque o colega fala que tem estigma, porque o colega não entende isso. Ele não entende que aquela pessoa para ele, porque para ele, porque ele se vê em uma condição também de estar fazendo um trabalho de sofrimento, mas está fazendo, e aí quando ele vê que aquela pessoa não deu conta disso, que ele deve ter um mecanismo de regulação que permite ele conseguir. (...) Aí fala assim, “puxa, olha lá está em uma vida boa”. Estou recebendo laudo, igual o diretor fala, “vem um laudo”. Que laudo, ele é uma pessoa, ele não é um laudo (...) Não tem jeito, é preciso acabar com esse nome, que acaba como um estigma mesmo. Ah eu estou recebendo um laudo, você não está recebendo um laudo, você está recebendo uma pessoa que está com um laudo de readaptação funcional. (Hercília)

6.6. A visão dos profissionais da equipe de saúde ocupacional

A fonoaudióloga Sofia (nome fictício) entende que o êxito do processo de readaptação funcional depende, primeiro, da escolha da função que será exercida pelo sujeito. Segundo ela, isso é primordial, uma vez que pode assegurar ao sujeito que ele continue a contribuir, sentindo-se útil. Ela ainda percebe que o maior entrave no contexto da secretaria de educação é a necessidade de vinculação da lotação desse

professor readaptado à secretaria de educação ou à escola de origem, mesmo ele não tendo uma atribuição bem definida:

Para que ela seja bem sucedida a escolha da função que o profissional vai exercer é que tem que ser bem trabalhado e talvez essa seja a maior dificuldade no contexto, nosso contexto público, do nosso município, particularmente da educação que são os casos que a gente conhece. Talvez até isso, a necessidade de ficar vinculado ao mesmo local de trabalho, a uma mesma área de atuação: então se é de uma secretaria de educação, ele é de uma escola, tem que obrigatoriamente ficar naquela escola, só que, às vezes, sem que haja naquele local uma função, sem que de fato possa favorecer para que ele ou ela, como profissional, com os conhecimentos que tem, ele se sinta útil no desempenho daquelas funções (Sofia).

Ela acredita ainda que o trabalhador, embora esteja afastado de sua atividade habitual, é capaz de exercer alguma função, respeitados os seus limites e seus potenciais. Entretanto, ela afirma que isso raramente acontece, razão pela qual os trabalhadores em readaptação funcional podem vir a não se sentirem úteis em seu trabalho:

No meu entendimento, talvez essa seja a maior dificuldade para que a readaptação de fato seja bem sucedida, no sentido dela dar a sensação para o servidor que aquilo ali momentâneo ou não, como no caso de uma readaptação que é primeiro laudo ou segundo laudo, até chegar em um processo definitivo - que aquilo ali, está sendo necessário para que ele, de fato, não tenha um desgaste, como por exemplo, no caso da voz [seu uso abusivo] na sala de aula, mas que tampouco, ela vá se sentir com a saúde abalada, por não estar se sentindo útil naquela função que está desempenhando.

Sofia comenta ainda que o professor não se reconhece naquela situação de trabalho. Pondera sobre a importância de existir um acompanhamento ao processo de readaptação funcional com uma definição de suas atribuições e que ele possa então se identificar com a atividade desempenhada, o que ao nosso ver favoreceria seu desenvolvimento e sua saúde. Ela, também, afirma haver a necessidade do professor readaptado seguir um tratamento adequado à sua condição.

Entã,o às vezes, o que a gente percebe, é que ele fica um pouco sem lugar. Ele foi readaptado, saiu da função que ele sabia fazer, que ele foi preparado, que ele estudou e que ele escolheu às vezes não necessariamente, mas enfim, era o que ele fazia, De repente ele se vê um pouco sem chão. Eles saem de uma situação onde havia, por exemplo, um desgaste vocal, mas ao mesmo tempo não se identifica com o trabalho que ele está exercendo. E no meu entendimento esse acompanhamento de fato, de onde ou qual função ele vai desempenhar, seria crucial para que de fato, a

readaptação fosse bem sucedida. Além da situação, do problema da saúde em si, é óbvio que o problema que motivou aquela readaptação, ele tem que ser tratado, bem acompanhado. Porque isso também a gente percebe em alguns casos uma condição para insucesso da readaptação. Às vezes, ela se torna até definitiva porque não foi feito um tratamento adequado para aquela condição de saúde. Então tem esses dois aspectos (Sofia).

Outra situação, percebida por Sofia, retrata a dificuldade dos diretores de escola em lidar com os trabalhadores que estão em processo de readaptação funcional. Ela cita um exemplo ilustrando que isso pode gerar uma ociosidade para o readaptado, considerando que por vezes ele fica “sem função” e na sequência, também, “mal visto pelos pares” e “um peso” para os gerentes que não sabem o que fazer. Trata-se, não apenas de uma ociosidade, mas de uma passividade imposta, de uma atividade impedida, nos termos de Clot (2010).

Fica evidenciado o sofrimento daqueles sujeitos que, condenados a um dia-a- dia sem reconhecimento algum, sentem-se um peso para os colegas e diretores. Não é difícil, portanto, entender porque o professor Cláudio chegou a sentir-se “um estorvo”, como nos relatou em várias ocasiões.

No entendimento de Sofia, o gestor precisa saber acolher e encaminhar o professor readaptado. Em muitos casos, o gestor vê o professor readaptado como “um peso” e do mesmo modo o readaptado se sente um peso para os gestores e até seus colegas, “um estorvo” como enfatiza o professor Cláudio. Sofia salienta que às vezes:

Nem o próprio gerente da unidade, no caso os diretores, está preparado nem para isso, ele não sabe o que fazer, mas aí vamos dizer assim, ele [o diretor] já não tem nem vaga na secretaria, mas tem readaptado lá. E ele tem que colocar a pessoa na secretaria, tem que inventar, eu já ouvi essa fala, tem que inventar uma função para ele. Como eu já ouvi uma fala do readaptado, “eu fico lá sem ter o que fazer, parece que eu estou tampando buraco”. Então, até para os dois lados, nessa hora, gera um conflito, isso ajuda para que a figura do readaptado dentro da insituição seja mal vista, porque é como se ele fosse um peso [para o gestor] de certa forma, “eu não sei o que eu vou fazer com ele”, “onde que eu vou colocar” e ao mesmo tempo ainda tem que colocar alguém no lugar dele. Justo porque eu não sei o que eu faço [o gestor] às vezes o gestor não está preparado para lidar com isso. Então até o gestor precisa desse apoio (Sofia).

Sofia percebe ainda que, por não estarmos lá na situação mesma do sujeito readaptado, não temos como avaliar de fato o que gera os comentários que surgem sobre o readaptado quanto a ele estar, realmente, adoecido ou não. Percebe-se que em alguns

casos ele pode estar melhor no que se refere ao diagnóstico da voz. Sobre isso ela nos diz:

Bom, não posso falar por todos, da cabeça do gerente, mas de um modo geral a gente vê uns casos que estão bem claros, há casos que a gente ouve questionamento até de colegas daquele servidor. “Mas a pessoa parece tão bem, por que ela não está em sala de aula, eu me sinto pior.” Mas a gente nunca tem como julgar essa questão desses comentários do que leva, do que motiva, do que é verdade, até porque, até isso, a gente não esta lá, não esta lá no dia a dia então a questão ai nesse caso que a gente vai avaliar de fato a questão do adoecimento de voz. É obvio que agente tenta considerar o contexto do servidor, até a fala do servidor, às vezes o próprio servidor se diz sem condição de voltar em sala de aula, agora obviamente isso é contraditório ao que a gente está vendo ali na evolução (Sofia).

Ela percebe que os professores readaptados, podem estar melhor no que se refere ao diagnóstico da voz, mas resistem a um provável cancelamento de sua readaptação funcional e, nesses casos, pode haver um desgaste mental não superado quanto às condições de trabalho do professor. Sobre isso ela nos diz:

Então, às vezes o professor está readaptado ali por voz e ele já tem uma fala de que ele não aguenta mais sala de aula pelo comportamento dos alunos. Mas aí nesse caso, o problema de voz para ele, de certa forma, por ter tirado ele de sala de aula, dá um alívio porque agora ele diz, “eu não preciso voltar”. É um caso onde eu tenho uma boa evolução do problema de voz e a gente fala, não agora é hora de voltar. Aí, ele se vê, às vezes, resistente, não quero mais sala de aula, porque o desgaste mental é muito maior. Agora nesse caso, especificament,e às vezes, se for o caso, até tenta direcionar para a psiquiatria porque aí o laudo seria conduzido de outra forma (Sofia).

Outra visão do processo de readaptação funcional é abordada pela psicóloga Áurea, do Serviço de Saúde e Segurança do Trabalho. Ela ressalta, inicialmente, um projeto datado de 2003-2004, da área de recursos humanos do qual participou, e que caracteriza um esforço anterior, institucional, que visava melhorar o processo de readaptação funcional. Áurea relata que muitos técnicos estavam pensando juntos e construindo esse projeto na Secretaria de Recursos Humanos, na área de acompanhamento funcional e não puderam seguir em frente por implicações políticas relativas àquela época:

Na época nem existia “pequenos grupos” [refere-se aqui à uma atividade desempenhada por professor em readaptação funcional] mas a gente já colocou isso no projeto. É isso. Foi em função de uma readaptada que falou com a gente, pôxa

eu sou formada em biologia e eu tenho um projeto de ecologia muito bacana. Ecologia. Que eu queria colocar nas escolas. Nós pegamos a fala dessa professora para embasar o projeto. Entendeu. É. Exatamente criava-se um banco de talentos dos readaptados. Não tinha esse nome, mas seria um nome superlegal (Áurea).

Áurea entende que esse projeto sugeria provável liberação do readaptado para outros órgãos da Prefeitura de forma a promover o aproveitamento do potencial desses sujeitos e por isso precisaria ser aprovado politicamente:

Então o projeto era exatamente esse, era verificar, fazer uma entrevista com o readaptado, verificar a formação dele, potencial, desejo, tudo, o histórico dele e tentar localizar na Prefeitura um lugar onde ele pudesse ficar. (...) Era um projeto que nós tínhamos, na época era Cândida, Ada, a Verônica, [nomes fictícios] todas técnicas de lá, a Carolina e eu [nomes fictícios]. Nós fizemos um projeto. Tinha mais técnica que eu não estou lembrando agora quem são os nomes desse projeto. Só que aí nós esbarramos na questão política da SMED, como que ela vai deixar um professor sair de lá. Tinha que ter uma intervenção política, liberação do prefeito, aquela questão de colocar à disposição (Áurea).

Segundo afirma, esse projeto foi construído há sete anos atrás e, por não ter sido adotado pela SMED, ele foi “engavetado”. No entanto, recentemente, Áurea viu reacender sua esperança sobre essa questão: uma estratégia de ação desenvolvida pela parceria da SMED e da SMARH, em 2012, objetivou a contratação de uma consultoria que buscou fazer o mapeamento das competências dos professores em readaptação funcional.

Não podemos deixar de dizer que, infelizmente, tal esforço não incluiu conhecer a atividade de trabalho das pessoas em readaptação funcional, seu trabalho concreto, na situação concreta onde ele acontece, consideramos que “é do trabalho que é preciso cuidar” (CLOT, 2010).

Dessa forma Áurea relata sua visão dessa nova experiência:

Que houve agora, a questão da consultoria Pessoa14[nome fictício] era essa. A

consultoria a proposta dela era essa. Por isso que eu adorei. Falei nossa mãe, apesar

14 Essa consultoria iniciou seu trabalho em 2012 e a proposta colocada foi de verificar através de

questionário respondido no computador e entrevista dos professores readaptados com os consultores, a situação de satisfação, ou não, dos sujeitos readaptados na área da educação e suas potencialidades. O objetivo seria depois, direcionar os não satisfeitos para a SMARH /área do acompanhamento funcional ou para a saúde cupacional conforme a gravidade do caso exigisse: o acompanhamento médico ou até uma aposentadoria por adoecimento. Esse processo está em desenvolvimento e as pessoas já estão sendo acompanhadas pelas respectivas áreas sem que ainda se tenha avaliado sucessos ou fracasso dessa iniciativa.

de todas as aspas que a gente tem em relação à consultoria a essência era boa. Eu vou pegar a essência, porque era isso que nós queríamos ampliar a possibilidade de ação do readaptado (...). Exatamente, essa possibilidade do readaptado vir a se sentir útil para a prefeitura. E a gente tem excelentes profissionais readaptados que em função de um adoecimento não podem exercer a função, mas podem inúmeras outras (Áurea).

Ela refere-se, aqui, à possibilidade de aproveitamento desses professores dentro da escola, em suas diversas áreas, de forma a não ficarem restritos à biblioteca e secretaria, podendo ser alocados no apoio pedagógico, apoio à coordenação e a atuação pedagógica em pequenos grupos de alunos. Áurea também se refere à possibilidade de aproveitamento desses profissionais em outros órgãos da Prefeitura, proposta que não tem recebido parecer favorável da SMED.

Outra situação é percebida pela enfermeira do trabalho Glícia. Ela salienta ser necessário um acompanhamento do readaptado para sua inserção na organização do trabalho. Entende que a maior demanda recebida pela GSST se refere a falta de adequação desses readaptados em seu local de trabalho, o que ela atribui ao fraco entendimento sobre esse readaptado por parte do gerente, com apenas uma minoria deles acolhendo melhor os readaptados em seus locais de trabalho. Ela salienta que quando a chefia se envolve há uma melhor organização do trabalho e percebe também a necessidade de pessoas da área de recursos humanos para receber e acompanhar os readaptados até seu local de trabalho. Sobre isso ela nos diz:

Bom, eu vejo o processo de readaptação funcional aqui no serviço municipal, necessitando principalmente de um acompanhamento dessa readaptação e desse reabilitado na inserção dele na organização do trabalho dele. Que a parte clinica, a parte da saúde, a parte pericial ela ocorre a contento, mas ainda há falha e a gente percebe que a maioria da demanda que chega aqui para a gente é relacionada a falta de adequação pelas funções de trabalho para esse servidor seguir em frente. Ai ele é preconceituado, ele conta com uma subcarga, sendo que ele ainda tem potencial e há um fraco entendimento sobre esse readaptado, por vários fatores. Por falta de interesse que quem esta liderando ele, chefiando no caso. Há alguns casos que é muito bem recebido, a gente não pode negar, mas é uma minoria. Então assim pontos positivos quando a chefia esta envolvida e depende da chefia essa organização do trabalho. E infelizmente a gente não tem recursos humanos para todos e quando tem nem sempre esses recursos humanos estão preparados para receber esse readaptado.

Ela ainda comenta sobre esse profissional de recursos humanos que contribuiria para a inclusão desse professor readaptado:

Profissional capacidado, entendido, de recursos humanos, para estar recebendo esse readaptado ou mesmo, para estar capacitando a chefia desse readaptado para que haja uma adequação, uma inclusão, uma verdadeira inclusão, porque ele volta com uma certa restrição. Em muitos casos eles saem totalmente da função, a gente sabe disso. Não é o caso do professor que sai da sala de aula.

A assistente social, Cecília, percebe que o processo de readaptação funcional não tem sido um sucesso, sendo necessário buscar um acolhimento ao readaptado pelo gerente e buscar atividades compatíveis com o potencial do servidor, para melhorar o processo. Ela comenta sobre a intenção da GSST de refazer o processo da readaptação funcional, visando ao acolhimento e acompanhamento aos readaptados. Cecília acredita existir uma necessidade de se acompanhar o servidor readaptado desde o primeiro laudo, até o definitivo:

Então hoje a nossa visão é que esse processo não está muito exitoso como gostaríamos (...). Entao agora a nossa intenção é refazer esse processo garantindo ou pelo menos conduzindo o acolhimento ao readaptado e também ao gerente para que seja de fato organizado suas atividades compatíveis ao seu grau de adoecimento e sua limitação, trabalho esse que vai lhe conceder motivação e condições para que ele se continue efetivo. Então a nossa estimativa, o nosso foco melhor dizendo é para o acompanhamento efetivo de todo o processo.

Considerando o acompanhamento ao readaptado, ela ressalta que a GSST, através da Gerência de Saúde Ocupacional, vem pretendendo buscar uma interação entre as áreas na PBH tendo a ela mesma como mediadora para esse processo de acompanhamento do servidor, desde o seu primeiro laudo:

Uma interação de todos os profissionais. Desde o inicio do laudo pela saúde ocupacional que vai ser a mediadora e vai conduzir também esse processo junto às áreas de acompanhamento sócio funcional, junto às áreas que vão fazer a interlocução direta tanto com o servidor e com a chefia imediata. Então nós entendemos que todas essas áreas estarão envolvidas com o objetivo que é o sucesso de readaptação. E tudo isso vai se dar através da constituição de um grupo, que é o grupo da readaptação funcional e nesse espaço e neste grupo vão ser realizados assim análises, discussões.

Cecília considera que esse poderá ser um novo fluxo do processo de readaptação funcional, e possibilitará o acompanhamento do servidor nas diversas instâncias institucionais.

CAPÍTULO VII - READAPTAÇÃO E ESPAÇOS INSTITUCIONAIS: A