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Abordagem dos aspectos gerais da participação feminina no mercado

Capítulo 2 – A participação das mulheres na sociedade

2.4. As mulheres e o mercado de trabalho

2.4.1. Abordagem dos aspectos gerais da participação feminina no mercado

Como fator importante para a entrada feminina no mercado brasileiro, destaca-se que a partir dos anos de 1970, a necessidade econômica, impulsionou à busca do emprego e geração de renda por parte das mulheres, já que houve deteriorização de salários e era necessário complementar a rendimento familiar (Bruschini, 1994). Por outro lado, Probst (2004) destaca que a história da mulher no mercado de trabalho, no Brasil, é fundamentada em dois quesitos: a queda da taxa de fecundidade e o aumento no nível de instrução da população feminina. “Com menos filhos, as mulheres puderam conciliar melhor o papel de mãe e trabalhadora” (Probst, 2004, p. 6).

As mulheres brasileiras têm acompanhado o movimento da evolução mundial. É visto que, cada vez mais, elas conquistam postos de trabalho que antes eram reservados aos homens, comandam não só seus lares, mas ONGs, empresas, associações, entre outros, e que chegam aos cargos de poder na administração pública. Conforme Bruschini (1994), atualmente existe

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consenso de que a necessidade e as possibilidades que as mulheres têm, de trabalhar fora de casa, dependem tanto de fatores econômicos quanto da posição que ela ocupa na unidade familiar.

O Brasil passou por uma mudança radical nas taxas de fecundidade. Exercícios com os dados dos Censos de 2000 e 2010 revelam que quase metade da queda na fecundidade se deveu ao aumento na escolaridade das mães, enquanto a outra metade se deveu a mudanças de comportamento das mulheres e que o percentual de famílias chefiadas por mulheres (reconhecidas como responsáveis pela casa) no país passou de 22,2% para 37,3%, entre 2000 e 2010 (Dhesca Brasil, 2012).

De acordo com a Fundação Carlos Chagas (2008):

No caso dos avanços, há atividades de melhor qualidade e que nas quais as mulheres estão ingressando pela via da escolaridade. Em um dado momento, cerca de 63% dos concluintes do ensino superior são do sexo feminino. As mulheres começam a entrar em atividades que antes não eram abertas a elas, como por exemplo, a área da medicina, toda a área do direito, arquitetura e mesmo a engenharia.

Pesquisas mostram que, no Brasil, as mulheres são escolhidas para a maior parte das novas vagas. Coincidentemente, elas têm se preocupado mais do que os homens com a instrução (Probst, 2004, p. 4). As mulheres têm ingressado no mercado de trabalho com mais tempo de estudo e nível de atualização do que os homens e isto reflete uma nova caracterização dos perfis de trabalho, baseado no gênero.

Conforme Instituto ETHOS (2004, p. 18) o aumento da participação feminina no mercado de trabalho foi sustentado pelo ingresso de mulheres em idades mais elevadas, ou pela permanência daquelas que entraram jovens e não se retiraram ao se tornarem mães; já que a maioria da população feminina empregada é de mulheres casadas, mais velhas e mães.

Apesar desses pontos positivos à entrada massiva das mulheres na economia, os problemas de discriminação de gênero persistem; de acordo com o Instituto ETHOS (2004, p. 17):

Pesquisas revelam que as mulheres são as primeiras a ser demitidas em momentos de crise e têm mais dificuldade de recolocação. O cuidado dos filhos e as tarefas domésticas

35 são atividades atribuídas às mulheres, mesmo quando profissionais ativas no mercado de trabalho. Para as mulheres negras, as desvantagens são ainda maiores, pois além da discriminação em relação ao sexo, são vítimas do racismo.

O que demonstra que o Brasil não está em nível desejável de igualdade de gênero, e que não difere muito das realidades vistas em outros países ocidentais.

Uma pesquisa com abordagem geral da participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro é realizada mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Georafia e Estatístca (IBGE) (2012), onde destacam-se as seguintes informações, através do Quadro 1:

Quadro 1: Participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro

Qual a participação das mulheres no mercado de trabalho?

 45% feminina e é crescente a cada ano.  63% possuem de 25 à 49 anos.

Qual a participação da mulher nos grupamentos de atividade

econômica?

 Predomínio no setor público, seguidamente no comércio.  No trabalho doméstico houve queda.

Como as mulheres estão inseridas no mercado de trabalho?

 Com exceção do trabalho doméstico e da ocupação como militar ou funcionário público estatutário, os homens eram maioria dentro da população ocupada nas diversas formas de inserção.

Qual o perfil educacional das mulheres no mercado de trabalho?

 As mulheres têm participação superior ou semelhante a dos homens, tanto quando a escolaridade é de 11 anos ou mais de estudo, ou de nível superior.

 Em 2011, os maiores percentuais nos dois níveis de escolaridade foram registrados pela população feminina ocupada entre os militares e funcionários públicos estatutários - de 93,3%, quando o perfil educacional dessas mulheres era de 11 anos ou mais de estudo e de 60,6%, quando de nível superior completo.

Qual a jornada de trabalho das mulheres?

 O número médio de horas semanais trabalhadas pelas mulheres, em 2011, foi de 39,2 horas, contra 43,4 horas dos homens, ou seja, uma diferença de 4,2 horas entre homens e mulheres.

 Destaca-se que, as mulheres que tinham de 8 a 10 anos de estudo apresentaram a maior média de horas semanais habitualmente trabalhadas (39,8 horas).

Qual o rendimento médio do trabalho recebido pelas mulheres?

 O rendimento médio do trabalho das mulheres em 2011 foi R$ 1.343,81, 72,3% do que recebiam os homens (R$ 1.857,63).

Qual é a relação entre a remuneração das mulheres e dos

homens com o mesmo nível de escolaridade?

 As mulheres, independente do grupo de anos de estudo que se enquadrem, em média, recebem menos que os homens.

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Qual a taxa de desemprego feminina?

 Em 2011, a taxa de desocupação entre as mulheres foi de 7,5%, menos da metade daquela verificada em 2003 (15,2%). A taxa de desocupação dos homens foi sempre menor que a verificada para as mulheres, em 2003 a taxa masculina foi de 10,1% e em 2011, 4,7%.

Fonte: Compilado de IBGE (2012)

As informações recolhidas com as pesquisas sobre a situação feminina no mercado de trabalho brasileiro, reunem uma série de problemáticas que denunciam o atraso das políticas, participação social e econômica igualitárias.

Na gestão, considerando apenas as maiores empresas estabelecidas no país, as mulheres ocupam apenas 9% dos cargos de direção (Instituto ETHOS, 2004, p. 17). Muitos esforços ainda devem ser feitos para a evolução e a quebra das desigualdades.

De qualquer forma e enfrentando todas as barreiras, as mulheres brasileiras conseguem destaque em muitas áreas e tornam-se cada vez mais seguras das suas influências, conduzem suas carreiras e estudos para uma evolução acelerada e chefiam lares e organizações com ampla e reconhecida destreza e dedicação.

O Brasil conta com mulheres influentes e que tornaram-se grandes referências em suas áreas de atuação. Em destaque maior, são referidas:

 Dilma Russef, Presidenta da República do Brasil, apontada como a terceira mulher mais poderosa do mundo pela revista Forbes, ficando atrás da Chanceler alemã Angela Merkel, seguida da Secretária de Estado americana Hillary Clinton;

 Chieko Aoki, empresária do setor hoteleiro, que é conhecida como a “dama da hotelaria brasileira”;

 Graça Foster, presidenta da Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras) considerada a executiva mais poderosa fora dos Estados Unidos da América, pela revista Fortune;  Ellen Gracie, a primeira mulher a assumir como ministra do Supremo Tribunal

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 Maria da Penha, que após sofrer violência pelo marido, ficou paralítica, iniciou campanha para mudanças nas leis de proteção às mulheres contra violência doméstica, e hoje empresta seu nome a Lei Federal de defesa às mulheres e punição de agressores;  Nélida Piñon, escritora, primeira mulher a assumir a presidência da Academia

Brasileira de Letras;

 Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, orgão que combate a mortalidade infantil;

 Maria Silvia Bastos Marques, conhecida como a “dama de aço”, presidiu a Companhia Siderúrgica Nacional e agora coordena projetos para o Mundial de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.

Através destes bons exemplos e de outros vários, a sociedade brasileira como um todo, pode estabelecer novas formas de mobilidade social e persistir para a melhoria da participação feminina em todos os setores da economia.