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Capítulo 5: Estudo de Caso

5.3 Metodologia

5.3.1 Abordagem Metodológica

Para o desenrolar de uma pesquisa científica, diversos autores indicam a existência de abordagens metodológicas qualitativas, quantitativas ou mistas. Nesta etapa deste estudo, pretende-se identificar o tipo de abordagem utilizada e os métodos de recolha de dados a

ACES

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URAP

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USP

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UCSP

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UCC

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USF

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que se recorreu para atingir os diferentes objetivos definidos, mais especificamente: analisar a implementação prática das soluções processuais referidas e caracterizar o processo de referenciação de pessoas doentes para a RNCCI e a oferta de cuidados prestados na mesma.

Para atingir os mesmos realizou-se a um estudo com uma abordagem qualitativa, onde se recorreu à entrevista semi-estruturada, como instrumento de recolha de dados, depois de realizado o guião de entrevista. A análise dos dados foi com recurso à análise de conteúdo.

Seguiu-se o método qualitativo de pesquisa por ser tido como aquele que atende ao nível subjetivo e relacional da sociedade e como tal, tem em conta a história, o universo, o significado, as razões, as crenças, os valores e as atitudes dos atores sociais (Minayo, 2013). Habitualmente investigadores qualitativos recorrem a teorias fenomenológicas em conjunto com a sua visão própria do mundo para extrair significados dos acontecimentos, optando por vezes análises temáticas. (Onwuegbuzie, 2003). Neste sentido, a “perspectiva qualitativa de pesquisa que tem como objectivo a compreensão dos significados atribuídos pelos sujeitos às suas acções num dado contexto” (Craveiro, 2007, p. 202). Por conseguinte, pretende-se interpretar em detrimento de quantificar e procura-se compreender o real experienciado pelos sujeitos a partir da forma como agem e pensam

(Idem). Serrano (2004, p. 32) realça que é importante “conhecer as realidades concretas

nas suas dimensões reais e temporais, o aqui e o agora no seu contexto social”.

Para Hupcey (2010) existem três impulsionadores de um estudo de investigação qualitativa: quando o conhecimento é diminuto sobre um fenómeno ou conceito devido à escassa investigação sobre o mesmo; quando o tema em estudo é novo ou se encontra em evolução e o seu suporte teórico e a investigação existentes se tornam insuficientes; quando o fenómeno em causa não é adequado a um estudo de investigação quantitativo.

Fernandes (1991) já referia que a compreensão mais aprofundada de problemas, é o foco de investigação qualitativa. Isto é, o investigar do que está na base de determinados comportamentos, atitudes e convicções, não havendo preocupação com a dimensão das amostras, nem com a necessidade de generalização dos resultados obtidos, nem ainda com a validação de instrumentos utilizados para recolha de dados. Acrescentava ainda que uma das vantagens dos estudos qualitativos passava por permitir formular boas hipótese de investigação. Isto porque recorria a técnicas de recolha de dados como entrevistas

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detalhadas e profundas, observações minuciosas e prolongadas e análise de produtos escritos. No “paradigma qualitativo, o investigador é o “instrumento” de recolha de dados por excelência: a qualidade (validade e fiabilidade) dos dados depende muito da sua sensibilidade, da sua integridade e do seu conhecimento” (Fernandes, 1991, p.2).

Günther (2006) refere que a pesquisa qualitativa se provê de cinco grupo de atributos: “a) características gerais; b) recolha de dados; c) objeto de estudo; d) interpretação dos resultados; e) generalização”. A escolha do método utilizado num trabalho de investigação baseia-se em cinco elementos básicos: identificação do fenómeno; estruturação do estudo; organização de dados; análise dos dados e descrição das descobertas (Marcus & Liehr, 2001). No ponto de vista de Günther (2006) citando Flick et al (2000) existem alguns aspetos ligados à pesquisa qualitativa, dos quais:

- O conhecimento baseia-se na utilização da compreensão, na medida em que prefere estudar relações complexas em vez de isolar variáveis para as explorar;

- Existe uma construção da realidade;

- O resultado da pesquisa é percebido como uma construção subjetiva;

- Os objetos dos estudos com este tipo de abordagem são a descoberta e a construção de teorias;

- É uma ciência baseada em textos, isto é a recolha de dados leva à construção de textos que são interpretados de forma rigorosa nas diferentes técnicas analíticas.

São assim características da pesquisa qualitativa a

sua grande flexibilidade e adaptabilidade. Ao invés de utilizar instrumentos e procedimentos padronizados, a pesquisa qualitativa considera cada problema objeto de uma pesquisa específica para a qual são necessários instrumentos e procedimentos específicos. Tal postura requer, portanto, maior cuidado na descrição de todos os passos da pesquisa: a) delineamento, b) coleta de dados, c) transcrição e d) preparação dos mesmos para sua análise específica” (Günther, 2006, p. 204).

Além de ser um estudo com uma abordagem qualitativa, pode ser classificado como não- experimental, descritivo, um estudo de caso. Não-experimental, na medida em que não existe manipulação das variáveis me estudo. Descritivo, uma vez que se ocupa da descrição de um fenómeno, neste caso, da RNCCI e mais especificamente do seu processo de referenciação de pessoas doentes. Segundo Fortin (2003), um estudo descritivo limita-se a caracterizar um fenómeno pelo qual alguém tem interesse, descreve um conceito relativo

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a uma população e descrimina os fatores determinantes que possam estar interligados com o fenómeno em estudo. Isto é, são apuradas relações entre os conceitos de modo a se conseguir um perfil global do fenómeno estudado. Estudo de caso devido ao fato de ser uma investigação de um fenómeno atual aplicada a uma população específica, neste caso processo de referenciação de doente para a RNCCI em instituições da área geográfica do CHMT. Neste sentido, Fortin (2003, p. 164) refere que um “estudo de caso consiste numa investigação aprofundada de um indivíduo, de uma família, de um grupo ou de uma organização. (…) é útil para verificar uma teoria, estudar um caso que é reconhecido como especial e único (...)”. Acrescenta ainda que uma das suas características é a subtileza com que se consegue reunir dados sobre um caso particular. Menciona ainda referindo Yin (1994) que se recorre a um estudo de caso quando se pretende obter respostas sobre um acontecimento contemporâneo sobre o qual existe pouco controlo.