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3.2 Abordagens para a codifica¸c˜ ao de di´ alogo

3.2.2 Abordagens baseadas em planos

Estas abordagens consideram que a fala humana n˜ao ´e meramente uma troca de palavras. A fala ´e constitu´ıda de a¸c˜oes comunicativas, representadas por atos de fala [2], que s˜ao executadas com a finalidade de alcan¸carem-se objetivos pr´e-determinados

[21, 17, 14, 22].

Assim, por meio da modelagem das a¸c˜oes comunicativas, no formato de plano (con- junto de a¸c˜oes que levam a um ou mais objetivos), pode-se tentar reproduzir o objetivo da comunica¸c˜ao humana, que ´e tentar modificar o estado mental do interlocutor por meio da mudan¸ca de seu estado mental (cren¸cas, inten¸c˜oes, etc.) [17].

Ent˜ao quando uma pessoa fala, ela executa a¸c˜oes que fazem parte de um plano cuja referˆencia est´a no objetivo dessa pessoa querer comunicar algum tipo de informa¸c˜ao a outra pessoa. A pessoa que percebe essa fala considera que a fala possui objetivos e planos que expressam o estado mental de quem fala, e por meio da interpreta¸c˜ao dos efeitos causados pelas a¸c˜oes da fala mudar´a seu pr´oprio estado mental para reconstruir o plano de quem fala e poder tomar as a¸c˜oes que lhe forem convenientes.

Os sistemas que adotam a abordagem de planos necessitam de mecanismos para o reconhecimento e o planejamento de objetivos. Para isso, eles utilizam regras de inferˆencia, defini¸c˜ao de a¸c˜oes, modelos de estados mentais do usu´ario e um conjunto de expectativas apropriadas aos objetivos e a¸c˜oes em determinado contexto [18], cabe ressaltar que esta subse¸c˜ao n˜ao tem a inten¸c˜ao de prover todo o conhecimento referente `

a pesquisa de reconhecimento de plano.

Um exemplo de sistema de di´alogo que utiliza planejamento como forma de controle de di´alogo s˜ao sistemas conhecidos como sistemas de perguntas e respostas, que s˜ao sistemas compostos de v´arios quadros1, onde as perguntas do sistema e respostas do usu´ario ser˜ao usadas para cumprir um plano do usu´ario.

A estrutura desses sistemas ´e uma rede ou ´arvore hier´arquica de quadros que re-

1Quadros s˜ao estruturas de dados que representam uma situa¸ao estereotipada. Essa estrutura

pode ser entendida como uma rede composta de n´os que representam os elementos da situa¸c˜ao e

de rela¸c˜oes que representam as rela¸c˜oes desses elementos dentro da situa¸c˜ao representada, segundo

35 presenta a estrutura do contexto. Assim, o fluxo do di´alogo entre sistema e usu´ario se d´a por meio de perguntas e respostas, cujo objetivo ´e reconhecer o plano do usu´ario por meio de suas respostas. Isso acontece pelo preenchimento sucessivo de quadros inter-relacionados, de acordo com as informa¸c˜oes extra´ıdas das respostas do usu´ario.

O tratamento ling¨u´ıstico das respostas do usu´ario tem sua complexidade diminu´ıda pela utiliza¸c˜ao dos quadros, pois, o sistema pode condicionar seu processamento a uma busca ou casamento de conceitos extra´ıdos das respostas do usu´ario, o que permite um tratamento mais adequado a erros na entrada do usu´ario [16].

As perguntas do sistema tˆem por objetivo guiar o preenchimento dos quadros, o que fornecer´a a resolu¸c˜ao do plano que executar´a o objetivo do usu´ario. Entretanto, o fluxo do di´alogo n˜ao ´e pr´e-definido, ou seja, as respostas do usu´ario n˜ao pertencem a um conjunto finito de senten¸cas, como nos sistemas que utilizam abordagem estru- turada. O sistema tem de levar em considera¸c˜ao o contexto atual da intera¸c˜ao para gerar perguntas que mantenham o rumo de execu¸c˜ao do plano do usu´ario.

Para facilitar a execu¸c˜ao dos objetivos do plano do usu´ario, as perguntas que o sis- tema far´a podem ser acrescidas de condi¸c˜oes, as quais prover˜ao um grau de relevˆancia a cada pergunta. Isso possibilita a escolha da pergunta mais adequada a determinado ponto do di´alogo (planejamento de plano do sistema) [16].

O controle das etapas do planejamento atribui um grau maior de complexidade a esses sistemas. Pois, no planejamento ´e considerado que um plano tem de alcan¸car um objetivo final, contudo, para diminuir a complexidade dessa tarefa considera-se divis˜ao do objetivo final em sub-objetivos. Tais objetivos podem ser controlados de forma isolada, o que permite o processo de reconhecimento do plano geral mais sim- ples. Contudo determinar quais os objetivos ainda est˜ao pendentes ´e um problema de manuten¸c˜ao de plano. Para resolver este problema ´e necess´aria a ado¸c˜ao de uma fonte de conhecimento adicional ao contexto, o modelo de tarefa (a ser apresentado em 3.3.3).

A vantagem destas abordagens ´e permitir a resolu¸c˜ao de algumas das desvantagens das abordagens anteriores, tais como o problema de senten¸cas com mais de uma fun¸c˜ao comunicativa simultˆanea, flexibilidade da estrutura de di´alogo e o problema das senten- ¸cas com sentidos indiretos. Ainda, a iniciativa do di´alogo pode ser atribu´ıda ao usu´ario.

A desvantagem mais aparente ´e a dificuldade de precisar-se qual o plano atual do usu´ario, isto ocorre devido `a: ambig¨uidade inerente ao processo de mapeamento da entrada ling¨u´ıstica e a sua fun¸c˜ao comunicativa e a formaliza¸c˜ao te´orica das a¸c˜oes co- municativas.

Para Sadek [17] os motivos dessa dificuldade est˜ao: na fraqueza da formula¸c˜ao l´o- gica usada para representar as atitudes mentais, cuja interpreta¸c˜ao ainda ´e intuitiva e n˜ao formal, a dificuldade encontrada por t´ecnicas de inteligˆencia artificial em caracte- rizar o efeito de uma a¸c˜ao comunicativa como uma fun¸c˜ao do contexto mental onde ela est´a sendo executada e a sub-estima¸c˜ao do problema de estabelecer os tipos de a¸c˜oes e suas especifica¸c˜oes segundo as atitudes mentais. Outras desvantagens s˜ao comentadas por Churcher e Uszkoreit [19, 18].