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Após toda a perspectiva teórica apresentada no primeiro capítulo desta dissertação, a pesquisa segue a discussão a partir das abordagens metodológicas empregadas e os dados colhidos durante as etapas empíricas deste trabalho. A aproximação com a metodologia etnográfica permitiu que se alcançasse significados simbólicos inerentes ao uso que se faz do Tinder, além de facilitar os laços que se estabeleceriam com as entrevistadas. O segundo capítulo se inicia explicando e abordando alguns conceitos inerentes ao fazer etnográfico, elaborando ainda uma espécie de explanação auto-etnográfica, na qual se explicita os caminhos escolhidos e trilhados no decorrer destes dois anos de estudo.

Em seguida, serão apresentados alguns dados colhidos em campo, referentes àqueles registrados na etapa de observação participante. Além disso, serão analisadas algumas particularidades referentes às mulheres entrevistadas nesta dissertação, apontando algumas questões e alguns limites no que se refere ao recorte de gênero realizado. Além disso, durante a etapa de entrevistas, os temas política nacional, momento histórico atual do Brasil e os movimentos feministas dos últimos anos foram recorrentes e faz-se a observação sobre tal acontecimento a partir da apresentação das entrevistadas.

2.1 – Explorações a partir de uma perspectiva etnográfica

Após a apresentação da revisão bibliográfica sobre o Tinder, o segundo capítulo segue com a explanação da perspectiva etnográfica adotada nesta dissertação. Ao acessar o aplicativo para a elaboração deste trabalho, passei a observar de forma mais atenta alguns dos modos de funcionamento da plataforma. As quatro semanas de observação no programa e toda a imersão nesses últimos dois anos propuseram uma aproximação quanto ao funcionamento do aplicativo, além de elucidações novas quanto aos seus significados simbólicos. Convém relatar também que eu já havia utilizado o programa anteriormente, visto que o tema de meu trabalho de conclusão de curso, durante a graduação, também foi o programa. É importante relatar essa etapa de exploração da plataforma tanto para realçar minha posição em campo quanto para familiarizar o leitor em relação ao que é possível encontrar ao acessá-la. Nos próximos parágrafos, portanto, elaboro um relato mais detalhado de como funciona o aplicativo, alguns aspectos importantes da plataforma e algumas questões

quanto ao próprio procedimento etnográfico.

Quando acessado pela primeira vez, a página inicial de funcionamento do aplicativo contém uma imagem de uma jovem sentada em uma cadeira de praia seguida da mensagem: “descubra pessoas novas e interessantes perto de você”. Deslizando a imagem para a esquerda, é possível ver novas fotos do modo como funciona o aplicativo e um breve “manual” sobre a plataforma. Em seguida, é necessário concordar com a opção “fazer login com o Facebook” ou “entrar com um número de telefone”. Não é possível acessar o programa de outra maneira e, ao aceitar tal condição, concorda-se também com os termos de serviço e a política de privacidade.

São 20 os termos de serviço do Tinder, entre eles, alguns que mais podem chamar a atenção: a aceitação de acesso aos seus dados pessoais disponibilizados tanto no próprio programa quanto no site de rede social Facebook, inclusive a concessão de tais dados para a empresa sob uma licença mundial de uso; a isenção de responsabilidade por parte da empresa sobre qualquer dano ou problema que aconteça em decorrência do uso do aplicativo; além do aviso “você é único responsável por suas interações com outros usuários”, o que isenta também o serviço do Tinder de qualquer monitoramento sobre as atividades que os usuários fazem em sua plataforma.

Já a política de privacidade inclui um resumo do tipo de informação coletada no programa e que, em geral, corresponde a informações pessoais e dados sensíveis. Por informações pessoais, a empresa entende como toda e qualquer “informação individualmente identificável que nos permite determinar a identidade e contato reais de uma pessoa viva específica” (TINDER, 2017). Os dados sensíveis “incluem informações, comentários ou conteúdo (por exemplo, fotografias, vídeo, perfil, estilo de vida) que você opcionalmente oferece, que pode revelar sua origem étnica, nacionalidade, religião e / ou orientação sexual” (idem). Há também o aviso de que o programa pode reter tais dados e informações, ficando em posse dos mesmos por tempo indeterminado. Esses, provavelmente, são termos e condições padrões de serviços do tipo e para se fazer uso da plataforma é necessário concordar com todas as colocações

Para essa pesquisa, realizei login no programa a partir da minha conta pessoal do Facebook, pela escolha em realizar este trabalho por uma perspectiva etnográfica. Conforme aponta Hine (2016), a etnografia virtual vem sendo uma metodologia recorrentemente utilizada para o estudo de fenômenos culturais em ambientes digitais de interação,

principalmente por sua força em analisar como as mídias digitais são consumidas e dotadas de sentido no momento em que são utilizadas e não a partir de uma determinação a priori. Por levar o pesquisador a campo, a etnografia permite que se acesse os significados simbólicos e culturais que tal mídia pode oferecer a seus usuários, para uma visão muito além do significado inerente de cada mídia.

A etnografia seria, portanto, muito mais uma abordagem metodológica (CAMPANELLA; BARROS, 2016) do que métodos específicos em si. Constitui-se como um modo de pesquisa de longa duração, exploratório e que pressupõe o envolvimento do pesquisador com seu objeto de análise (HINE, 2016). Por conta de tais características, assume-se neste trabalho que será realizado um estudo de inspiração etnográfica, entendendo tais estudos como aqueles que não adotam a etnografia em si como metodologia, mas “que se utilizam de partes dos procedimentos etnográficos de pesquisa” e que podem “incorporar protocolos metodológicos e práticas de narrativa como histórias de vida, biografias ou documentos para compor a análise dos dados” (AMARAL; FRAGOSO; RECUERO, 2012, p. 168).

Alguns métodos são vistos como próprios de uma pesquisa etnográfica, entre eles a observação participante e a entrevista em profundidade. Rosana Guber (2001), ao tratar sobre a observação participante, levantou questões acerca das diferentes visões sobre a mesma, desde aquela que enxerga a participação como um empecilho para manter a “objetividade” da pesquisa, e, em contrapartida, visões que acreditam que a participação é elemento fundamental para se alcançar os significados simbólicos e culturais de um grupo social. Guber propõe o termo observação participante exatamente como um meio termo, visão compartilhada neste trabalho. A autora defende que a “observação para obter informação significativa requer algum grau, mesmo que mínimo, de participação” (2001, p. 58, tradução nossa) e que, portanto, desempenha-se alguma influência sobre o comportamento dos informantes pela simples presença do observador em campo, mesmo que não identificado como tal.

Dessa forma, entende-se que essa minha primeira inserção em campo no aplicativo Tinder já seria de alguma maneira participante, pois eu passo a compor mais um elemento dentro do aplicativo, mesmo que escolha não interagir diretamente com outros usuários pela plataforma. Para este estudo, serão realizadas duas etapas de investigação, conforme descrito na introdução deste trabalho: em um primeiro momento, será feita uma observação

participante dos perfis de usuários no Tinder, pelo período de quatro semanas, e, em seguida, a realização de entrevistas semiestruturadas com usuárias do programa. A intenção da primeira etapa é colher dados de como os homens heterossexuais se apresentam na plataforma e quais os principais aspectos que compõem seus perfis. Em seguida, com tais dados, serão realizadas as entrevistas com mulheres heterossexuais, que utilizem o programa, com o intuito de perceber como as mesmas recebem tais narrativas de autoapresentação e quais aspectos são mantidos ou rompidos no processo.

Portanto, para iniciar esta primeira etapa de observação, realizo um processo de imersão na plataforma Tinder, pelo período de quatro semanas, durante todo o mês de outubro de 2017. Para a construção do perfil, o aplicativo oferece a opção de escolher entre até seis fotos e escrever um texto de até 500 caracteres sobre si mesmo. Ao acessar o programa pelo Facebook, são carregadas automaticamente as suas fotos de perfil mais recentes na rede social, e o usuário pode manter tais fotos ou carregar novas a partir da galeria de imagens de seu próprio dispositivo móvel. Deixo, em meu perfil para a realização desta pesquisa, apenas uma foto que é também a minha foto de perfil no Facebook. Já no campo de texto, explicito minha posição de pesquisadora, informando o programa de pós-graduação ao qual sou vinculada e o tema da minha dissertação.

No perfil do Tinder, é possível ainda vincular as contas pessoais do Instagram e do Spotify, medidas que podem gerar maior sensação de autenticidade por fornecer maiores pistas sociais (BAYM, 2010) ao seu perfil no programa, conforme apontado no capítulo anterior sobre as estratégias identitárias nos ambientes digitais. Para a elaboração deste trabalho, decido não vincular outras contas ao programa, primeiro por manter meu perfil no Instagram em modo privado e não público, além de não possuir uma conta no Spotify, e segundo por não estar interagindo diretamente com aqueles que encontro na plataforma, fazendo com que não haja a necessidade de facilitar vínculos. No perfil do Tinder, também ficam disponíveis automaticamente as informações sobre a sua distância em relação a outra pessoa, dado obtido através da tecnologia de GPS do dispositivo eletrônico, a sua idade e os interesses que possui, a partir das páginas curtidas no site de rede social Facebook. Cada usuário tem a opção de manter visível ou não cada uma das informações anteriores, a partir das configurações do programa.

Depois de alterar as informações que aparecem no perfil no aplicativo, é possível alterar as configurações de preferências de uso e dos filtros acerca dos outros usuários com os

quais tenho interesse em interagir. É possível escolher estar interessado em homens e/ou mulheres, a uma distância máxima de até 161 km e em uma faixa etária entre 18 e 55+ anos. Aplico os filtros de interesse em homens, na faixa etária entre 18 e 34 anos (conforme justificado na introdução, por corresponder ao público com maior número de usuários ativos no programa) e na distância máxima permitida, por corresponder ainda ao estado do Rio de Janeiro.

Após todos os ajustes, é hora de navegar entre os perfis de outros usuários e iniciar as interações; visualizar os perfis, avaliá-los de acordo com seu interesse e, se possível, iniciar conversas com outros usuários. Para essa etapa e para o trabalho em questão, escolheu-se não interagir diretamente com os usuários no aplicativo, conforme já citado anteriormente. Portanto, as ações que realizei ao fazer uso do Tinder foram: acessá-lo todos os dias, por aproximadamente 30 minutos; visualizar os perfis que apareciam para as minhas preferências, incluindo as fotos, o texto, as contas vinculadas e os interesses em comum; fazer anotações sobre aquilo observado, tanto em uma grelha de observação quanto em um diário de campo; e, por fim, escolher a opção de “não interessado”, representada pela imagem de um X em vermelho ou pela opção de deslizar a interface do perfil sugerido para a esquerda.

Pesquisas de caráter etnográfico na plataforma Tinder já foram elaboradas anteriormente e uma delas é o trabalho de Stephanie Braziel (2015), que, ao analisar o uso do programa pelos alunos da Universidade de Swarthmore, realiza primeiro uma apresentação da forma como entra em campo no aplicativo. Essa etapa de auto-etnografia, conforme cita a autora, é importante para localizar o leitor e também por já trazer em si alguns dos significados simbólicos que o pesquisador encontra nesse processo de imersão. Braziel aponta algumas vantagens em se fazer uso de uma etapa de auto-etnografia e explicitar, com isso, a própria posição enquanto pesquisadora e quais os limites e implicações de tal posicionamento. De acordo com a autora, a etapa auto-etnográfica permite que o pesquisador alinhe suas experiências com as experiências dos informantes, atingindo espaços comuns aos entrevistados. Portanto, a etapa de observação participante dessa pesquisa, nessa visão, permite que, além de observar as formas pelas quais os perfis se apresentam, eu atinja significados próprios à dinâmica do programa e esteja mais familiarizada com aquilo que minhas informantes irão relatar.

Braziel (2015) destaca ainda seus primeiros passos na plataforma e suas primeiras impressões ao fazer uso da mesma. Nas palavras da autora: “conforme eu passava mais tempo

no aplicativo, eu percebi que meu ritmo acelerava enquanto eu deslizava a tela. Esquerda, direita, esquerda, esquerda, esquerda. Eu percebi que eu mesma desenvolvia um ritmo para a fila de perfis que passavam rapidamente” (BRAZIEL, 2015, p. 8). As impressões e sensações descritas por Braziel podem ser explicadas pela ideia de um “flow” presente na forma como se utiliza o Tinder. Essa característica já foi discutida em trabalho anterior, no qual foi abordado o processo de ludificação do programa (COSTANTINO; FERREIRA, 2016).

De acordo com os estudos do psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, o “flow (fluxo ou

fluidez) seria o equilíbrio ideal entre o desafio proposto pela tarefa e a capacidade de seu realizador em procedê-la” (COSTANTINO; FERREIRA, 2016, p. 5), incluindo não só

atividades lúdicas ou relacionadas ao trabalho, mas também o ato de socializar, que exige capacidades e desafios próprios. Assim, ao realizar uma tarefa, atingimos o flow quando nos vemos imersos em seu desempenho, acontecendo uma suspensão do cotidiano e do próprio tempo e fazendo com que se mantenha o foco na tarefa desempenhada. O que Braziel narra evidencia o quanto o flow também está presente no Tinder: suspendemos de certa forma o cotidiano e entramos no ritmo próprio do programa, atingindo um estado de imersão e foco nos desafios e tarefas propostos a partir de sua interface.

O flow foi também observado em minha própria etapa exploratória no programa e na etapa de observação participante: os primeiros dias em que observava os perfis, passava mais tempo procurando cada informação, ritmo que foi se acelerando conforme me tornava mais íntima da plataforma. Outro aspecto, também ligado ao flow e explorado em trabalho anterior (COSTANTINO; FERREIRA, 2016), conforme dito anteriormente, é a presença de uma experiência lúdica na plataforma.

O grande desafio do Tinder pode ser considerado conseguir um match (a combinação entre os usuários). Para isso, é necessário que seu perfil seja atraente e que você consiga, em poucas palavras e poucas imagens, surpreender o outro. Portanto, uma das habilidades necessárias para vencer o desafio pode ser considerado o poder de persuasão, no sentido de que se deseja impressionar e convencer o outro a gostar do seu perfil. Os resultados de tal desafio também são conhecidos e esperados, na medida em que o próprio programa sinaliza quando se obteve o êxito. Dessa forma, se considerarmos o uso do aplicativo Tinder como um processo de imersão no qual o flow ou a fluidez de seu uso se dá facilmente, é possível afirmar que o programa oferece uma experiência de êxtase, vivida plenamente no tempo presente. Além disso, como em um jogo, no Tinder, as demandas e os objetivos são

claramente conhecidos e expostos. Há uma interface simples e intuitiva, que exige alguns poucos movimentos das mãos e que conduz o participante a fornecer uma resposta imediata. Ao conseguir um match, portanto, o usuário percebe se obteve êxito, trazendo essa sensação de vitória e fazendo com que a experiência no Tinder seja também, de certa maneira, uma experiência lúdica.

Podemos afirmar também que o programa possui certa imprevisibilidade dos resultados esperados. Inicia-se a busca no programa, na qual cada usuário sinaliza gostar ou não do outro, mas não se sabe qual será o resultado, visto que a plataforma só informa quando o outro participante também gostou do perfil. Portanto, há um certo mistério que pode, muitas vezes, ser empolgante e fazer também com que o aplicativo se assemelhe à sensação de estar em um jogo, no qual suas habilidades são testadas e confrontadas com as habilidades de outros usuários.

Além disso, diversas matérias em sites jornalísticos e vídeos em canais do YouTube18 elaboram uma espécie de manual de como o aplicativo deve ser usado e como conseguir um melhor desempenho na plataforma. Há dicas de como se apresentar, como se destacar pelas fotos, o que escrever no perfil e quando usar ou não algumas ferramentas disponíveis no programa, como o próprio like ou o super like, que dribla o mistério inicialmente proposto pelo aplicativo e avisa ao outro usuário já de antemão que recebeu uma aprovação. Além das regras já preestabelecidas no programa (como número máximo de caracteres para descrição do perfil), os usuários criam suas próprias regras em uma espécie de manual de conduta no programa. As reportagens e vídeos expostos anteriormente são um exemplo. No texto do site M de Mulher, as dicas aparecem em forma de mandamentos, que contém regras como, por exemplo, não usar fotos da infância ou muito indiscretas e não errar na gramática ao escrever o perfil ou conversar com o pretendente. Já na matéria do site TecMundo há, inclusive, a indicação de não se usar cores neutras no perfil, pois chamam pouca atenção dos outros usuários e, em consequência, gera menos matches. Assim, o que tais “manuais” mostram é que é necessário construir seu perfil estrategicamente pensando na impressão que se deseja imprimir no outro.

18 Folha de São Paulo: http://blogdetec.blogfolha.uol.com.br/2013/10/09/site-reune-dicas-para-usar-o- tinder-aplicativo-de-encontros/; M de Mulher: http://m.mdemulher.abril.com.br/amor-e-sexo/cosmopolitan- brasil/os-9-mandamentos-da-paquera-bem-sucedida-no-tinder; Tec Mundo: http://www.tecmundo.com.br/apps/103185-erro-10-dicas-dar-tinder.htm; Youtube – Vídeo “Como usar o Tinder”: https://www.youtube.com/watch?v=6utjWQf6BJM; Youtube – Vídeo “5 coisas para não se fazer no TINDER e HAPPN”: https://www.youtube.com/watch?v=ME0vYNwxlco; Youtube – Vídeo “Como iniciar uma conversa no Tinder”: https://www.youtube.com/watch?v=Uirp3q8RkXk. Acessado em 26/12/2017.

Esse ponto também foi observado, conforme será explorado em maiores detalhes no próximo tópico, na análise dos perfis durante a imersão no programa. Percebeu-se que algumas estratégias se repetiam em diferentes perfis, como tipos de fotos e o uso de humor na descrição do perfil, por exemplo, mostrando que algumas formas de narrativas de si pareciam seguir um padrão pensado estrategicamente para uma audiência específica.

2.2 – Observação participante: dados dos perfis analisados

Conforme relatado, o primeiro processo estabelecido para esta pesquisa foi a observação participante. Durante a etapa, elaborei uma ficha de observação (Anexo IX), onde marcava as principais percepções que obtinha ao visualizar os perfis do Tinder. A ficha permitia que eu marcasse opções já previamente estabelecidas por mim, além da opção “outra”, na qual poderia escrever uma nova percepção encontrada. Eram feitas anotações acerca das seis fotos disponíveis (se houvesse), da descrição e texto do perfil e se o usuário vinculava à sua conta do Tinder as contas do Instagram, Spotify, além de mostrar ou não seu local de trabalho. A grade de observação também possuía espaço para anotações e observações outras, desde que alguma surgisse no processo de análise. Esse método já foi realizado anteriormente em trabalho sobre a autoapresentação no programa (SEPÚLVEDA, 2016), no qual também foram trabalhados os estudos de Goffman e a ideia de performance na plataforma. A pesquisadora analisou 300 perfis de portugueses residentes em Lisboa, fazendo anotações em uma grade de observação. As categorias foram, em parte, inspiradas em tal trabalho, que serviu de base para a análise nesta dissertação. Sepúlveda analisou a primeira foto do perfil e o texto da descrição apenas, adotando categorias como o contexto das imagens, a forma como o usuário aparecia e as principais particularidades que se mostravam – como, por exemplo, fotos sem camisa ou fotos com amigos.

Nesta presente dissertação, os dados da grade de observação foram preenchidos em formulário no Google Docs. Após o preenchimento, realizou-se um processo de quantificação das informações ali dispostas – dados que serão apresentados mais adiante neste tópico. Por entender que a grade de observação, de certa forma, limitaria meu processo de observação,

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