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Abrangência das linhas de ônibus por empresa em João Pessoa PB

Na realidade, o que existe de fato é a concorrência entre a Marcos da Silva e a Mandacaruense com as demais empresa como se pode observar nos mapas. O fato é que uma única família controla mais de 80% da frota e essa família é a mesma que é responsável por eleger políticos para o poder legislativo e executivo através de doações de campanha8 (TSE, 2014).

Concorrer entre si poderia colocar em risco seus lucrativos negócios. Juntamente com o órgão fiscalizador (a Prefeitura), os empresários construíram ao longo dos anos uma rede de transporte coletivo que distribui espacialmente as linhas de ônibus segundo a lucratividade do empreendimento.

As empresas de ônibus que atuam exclusivamente em João Pessoa, no transporte intra- municipal (aquelas que atuam no interior do município), são fiscalizadas pela SEMOB, responsável por gerenciar as políticas de trânsito e de, ao mesmo tempo, fiscalizar o serviço de transporte coletivo, um negócio milionário9.

1.2 A Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (SEMOB)

A SEMOB é uma autarquia10 municipal11 que tem por finalidade básica “planejar, coordenar e executar as políticas de transporte e trânsito do município de João Pessoa” (PREFEITURA, 2014). Antes tinha por nome de Superintendência de Transporte e Trânsito, (STtrans), criada pela Lei nº 8.580/98, em dezembro de 2011 foi transformada em SEMOB pela Lei nº1.261. Esta Superintendência fiscaliza o sistema de transporte coletivo na cidade de João Pessoa, sendo responsável por:

8 Por exemplo, Vital do Rêgo Filho (PMDB) foi financiado em 100 mil reais pelos empresários de ônibus

Alberto Pereira do Nascimento e Agnêlo Cândido Nascimento, ambos irmão sócios, os dois últimos empresários e proprietários da Unitrans. Também em 2006, Cássio Cunha Lima (PSDB), quando candidato a governador da Paraíba, foi financiado em mil reais por Alberto Pereira do Nascimento e pela Ass. das Empresas de Transporte Público. O financiamento para Cássio Cunha Lima pode parecer pouco (principalmente para empresários de ônibus milionários), mas, só pelo fato da existência dos nomes de empresas e empresários no financiamento de campanha, demonstra que existe uma relação de interesse entre empresários e políticos eleitos (TSE, 2014).

9 Os lucros dos empresários não são divulgados pela Prefeitura Municipal de João Pessoa. Apenas tem-se a

noção da arrecadação dos empresários que chegam na ordem de mais de 15 milhões de reais por mês. Este cálculo é possível com a multiplicação da quantidade de passageiros pelo número de pagantes no mês. (SEMOB, 2014d)

10 “São pessoas jurídicas de Direito Público, com patrimônio e com receita próprios, que realizam atividades

típicas da Administração, inclusive aquelas que pressupõem o exercício do poder de polícia10. Originalmente,

surgem para qualificar o funcionamento da máquina estatal, a partir da descentralização do seu fazer administrativo e da organização financeira; nasce para prestar serviço público e/ou exercer poder de polícia administrativa”(ZIMMER, 2014).

11“autarquia especial, vinculada ao Gabinete do Prefeito, com personalidade jurídica de direito público,

I- coordenar, programar e executar a política nacional de transporte público no Município:

II – disciplinar, conceder, operar e fiscalizar os serviços de transporte público de passageiros em geral no âmbito do Município;

III – desenvolver o planejamento e a programação do Sistema de Transporte Público de Passageiros, integrando-os com as decisões sobre planejamento urbano do Município de João Pessoa, aglomerado urbano e Região Metropolitana;

IV- detalhar, operacionalmente, o Sistema Municipal de Transporte Público de passageiros, fixando itinerários, frequências, horários, lotação, equipamentos, turnos de trabalho, integração intermodal, locais e tempos de parada e critérios para atendimentos especiais;

VI- fiscalizar, segundo os parâmetros definidos, a operação e a exploração do transporte público de passageiros por ônibus, táxi, transporte de escolares, transporte de turismo, fretamento, motofrete, frete, transporte de carga e por transportes especiais, promovendo as correções, aplicando as penalidades regulamentares nas infrações e arrecadando valores provenientes de multas;

VII – elaborar estudos, executar e fiscalizar a política e os valores tarifários fixados para cada modalidade de transporte público de passageiros;

VIII – administrar a execução do regulamento e das normas sobre transporte público de passageiros no Município de João Pessoa;

IX – realizar, diretamente ou através de terceiros contratados ou convenentes, estudos, pesquisas e trabalhos técnicos requeridos à administração do transporte público de passageiros e ao aprimoramento técnico e gerencial das empresas operadoras no Município de João Pessoa;

XIII – analisar e decidir, em conjunto com a Secretaria de Planejamento e Secretaria de Habitação Social, sobre a implementação de planos e projetos referente a loteamentos, conjuntos habitacionais, qualquer tipo de equipamento urbano, construção ou eventos, que possam vir a influenciar a fluidez e a segurança do trânsito e o sistema de transporte público e;

XIV – manter sistemas informatizados, capazes de coletar, processar, analisar, e fornecer dados e informações referentes ao trânsito e Sistema de Transporte Público de Passageiros, em seus aspectos cadastrais, operacionais e econômicos; (SEMOB, 2014e).

concessão pública que é fiscalizada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa intermediada através da SEMOB. Cabe a essa Secretaria organizar não só o transporte de massa (ônibus), mas fiscalizar outros meios de transporte como “táxi, transporte de escolares, transporte de turismo, fretamento, motofrete, frete, transporte de carga e por transportes especiais, promovendo as correções” (SEMOB, 2014e), além de fiscalizar e executar as penalidades em relação às infrações no trânsito nos demais veículos particulares, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro.

1.3 As linhas radiais, circulares, diametrais e locais

O sistema de transporte coletivo em João Pessoa funciona por meio de um sistema em que predominam as linhas radiais. Segundo Nozaki & Santos (s.d): “linhas radiais fazem a ligação dos bairros ao centro da cidade onde normalmente há uma grande concentração de comércio e prestação de serviços” (p.03).

Outros tipos de linhas de ônibus também existem na cidade, como as linhas: diametral, interbairros, locais e também as circulares. Segundo Nozaki & Santos apud Ferraz e Torrez (s.d) estes tipos de linhas podem ser definidos da seguinte maneira:

Diametral - fazem a ligação de dois pontos da cidade passando pelo centro; Linhas interbairros - fazem a ligação de dois ou mais pontos na cidade sem

passar pelo centro. Estas linhas também podem ser descritas como perimetrais; Linhas locais - o percurso dessas linhas encontra-se dentro de uma região da cidade, região esta que pode conter um ou mais bairros, é estabelecida para atender um ou mais pólos de atração com viagens diretas;

Linhas circulares - fazem a ligação entre vários pontos da cidade, o seu

percurso é um circuito fechado e o centro da cidade se localiza mais ou menos no centro do circuito, mas muitas vezes há a necessidade de que esta linha circular passe pelo centro da cidade para atender a melhor a demanda de passageiros (p.04)

A seguir, a Figura 2, apresenta um croqui de uma cidade hipotética com as diversas formas das linhas de ônibus:

Figura 2 – Tipos de Linha de acordo com sua forma

Fonte: Nozaki& Santos (s.d)

A SEMOB classifica os tipos de linhas de ônibus de uma maneira um pouco diferente, mas sem fugir desta classificação de Ferraz & Torres (2004). As diferenças dizem respeito à adoção do termo linha transversal por parte da SEMOB, que se assemelha a definição de linhas interbairros de Ferraz & Torres (2004). Outra diferença está relacionada com a definição das “linhas integração”. As “linhas integração” são as linhas que “se integram por meio dos terminais e da bilhetagem eletrônica” de acordo com SEMOB (2014b). A definição da “linha integração” pela Prefeitura pode ser considerada um pouco vaga, visto que das 61 linhas de ônibus, 88 percorrem o Terminal de Integração de João Pessoa. Ou seja, praticamente todas as linhas da cidade seriam de denominação integração, mesmo muitas sendo radiais e circulares, pois todas estas passam no Terminal de Integração do Varadouro. A denominação para as linhas que a Prefeitura chama de “integração”, seria mais coerente aplicar a definição “local” de Ferraz & Torrez (s.d).

Na cidade de João Pessoa, segundo a classificação adotada por Nozaki & Santos (2012), podemos observar estes tipos de linha no 701/Alto do Mateus (linha radial); 1510/ Circular (linha circular); 5600/Manaíra-Shopping (linha interbairro/transversal), I006/ Anatólia (linha local) e; 1001/Bairros das Indústria-Mandacaru (linha diametral). O mapa 5 (pagina 40) apresenta a distribuição espacial destes tipos de linhas na cidade.

A linha 1510 tem a forma Circular, pois percorre em vários pontos da cidade (Ernani Sátiro, Ernesto Geisel, Cruz das Armas, etc.), fazendo um circuito “fechado”, onde não há uma trajetória de ida e volta como ocorre com a maioria das outras linhas.

A 1001 é diametral, pois faz ligação entre dois pontos da cidade (Bairro das Indústrias e Mandacaru).

A linha 701 tem seu comportamento radial, pois tem partida de um bairro (Alto do Mateus) em direção ao Centro da Cidade, fazendo o mesmo percurso na volta. Já a linha 5600, faz a ligação entre dois bairros (Mangabeira e Manaíra), voltando por praticamente a mesma trajetória, mas não passa pelo Centro da Cidade, se caracterizando como uma linha transversal/interbairro.

A linha I012 fica nas intermediações do bairro de Mumbaba, se caracterizando como uma linha local. A Prefeitura Municipal acaba classificando essa linha como uma linha denominada de “integração”, visto que ela propicia o acesso a demais linhas de ônibus a exemplo da linha 1001, mas, do ponto de vista da sua forma, ela é local, já que se limita a percorrer apenas o bairro.