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Miranda e Silva (2014) afirmam que “A absorção por capilaridade é uma característica físicas das argamassas que avalia a capacidade de sucção do sistema de poros e capilares da argamassa”. Para sua determinação utilizou-se a normativa NBR 15259 (ABNT, 2005).

O ensaio foi realizado com três corpos de prova prismáticos (4x4x16cm) de cada traço, estabilizados em estufa a 110º C até constância de massas, sendo que sua superfície foi lixada com lixa grossa e após determinada a sua massa inicial. As faces quadradas foram posicionadas sobre suportes de madeira no recipiente de ensaio com nível de água constante de 5 ± 1 mm acima da face em contato com a água (Figura 22).

Figura 22: Ensaio de absorção de água por capilaridade

Fonte: autoria própria (2018)

Depois de colocados em contato com a água determinou-se a massa dos corpos de prova, em gramas, aos 10 min (m10) e aos 90 min (m90). Para o cálculo da absorção de água por capilaridade de cada tempo, dos corpos de prova prismáticos, em gramas por centímetro quadrado, usou-se a seguinte equação:

Equação 5: Absorção de água por capilaridade

Fonte: ABNT, 2005

Onde:

At é a absorção de água por capilaridade para cada tempo; mt é a massa do corpo de prova em cada tempo em gramas; m0 é a massa inicial do corpo de prova (g);

t é o tempo de 10 min e 90 min; 16 é a área do corpo de prova (cm²)

3.4.8 Retração

A retração é um processo complexo que está associado com a variação de volume da pasta de cimento e apresenta papel primordial no desempenho da argamassa, principalmente se tratando da estanqueidade e da durabilidade do revestimento (CARASEK, 2007).

A quantidade de água adicionada para possibilitar a facilidade de aplicação da argamassa resulta em retração (retração plástica), pois esse aumento de água permanece livre evaporando-se, desencadeando tensões capilares e resultando na perda de volume (GRANATO, 2017).

Para analisar a medida da variação dimensional da argamassa realizou-se a moldagem de três corpos de prova prismáticos (40x40x160mm) de cada traço proposto neste estudo (REF, 5%, 10% e 15% de RCC). Foram realizadas medidas no dia da desmoldagem dos corpos de prova e depois de completados 7, 28 e 56 dias de idade do material, com o auxílio de um paquímetro digital (Figura 23).

Figura 23: Medida da retração longitudinal nos corpos de prova

Fonte: autoria própria (2018)

O prisma de argamassa foi identificado, sendo sempre feitas as medidas com a mesma face voltada para cima e começando-se pelo lado direito, garantindo resultados precisos e homogêneos.

3.4.9 Carbonatação

Por não haver uma normativa que regulamente o ensaio de carbonatação utilizou-se como base bibliográfica o trabalho de Neves (2005) que também avaliou esse fenômeno em argamassas, mas com a diferença de substituir o cimento por cinza de casca de arroz. Para avaliar esta propriedade utilizou-se um das metades restantes dos corpos de prova do ensaio de resistência à tração na flexão, imediatamente após o seu rompimento.

Na face de ruptura aspergiu-se uma solução de fenolftaleína diluída no alcool, capaz de auxiliar na detecção das áreas carbonatadas e não carbonatadas. Neville (2016) explica que a fenolftaleína é um indicador químico de pH para medida de carbonatação, depois de aplicada, a região com coloração rosa indica que há alta concentração de Ca(OH)2, ou seja, onde ainda não ocorreu carbonatação.

Em seguida posicionou-se o corpo de prova próximo a uma régua e fotografou-se, a fim de possibilitar as medidas das dimensões onde ocorreu carbonatação, em escala real. Para obtenção dos resultados importou-se a imagem para o software AutoCAD 2016 onde foi possível realizar as medidas. Fez-se a medição das quatro faces do corpo de prova e em sequência obteve-se a média desses valores.

Esse mesmo procedimento foi realizado para os corpos de prova de todos os traços com substituições, aos 7, 28 e 56 dias. Na Figura 24 pode-se observar um dos corpos de prova ensaiados.

Figura 24: Medida de profundidade de carbonatação no AutoCAD

Fonte: autoria própria (2018)

Depois de ensaiados todos os corpos de prova os resultados foram inseridos em gráfico para facilitar a percepção da evolução da carbonatação.

3.4.10 Aderência

Recena (2015) considera a aderência uma das características mais importantes da argamassa, pois significa a sua capacidade em se manter aderida ao substrato mesmo diante de movimentações diferenciadas, choques térmicos, impactos e outras solicitações. Para determinar esta propriedade utilizou-se a NBR 15258 (ABNT, 2005) que define a resistência de aderência a tração como sendo a tensão máxima aplicada por um carregamento perpendicular a superfície da argamassa aplicada no substrato. Os materiais e equipamentos usados no processo de moldagem haviam permanecido cerca de 12h na sala, antes do início dos ensaios, com temperatura do ar de 23 ±2° e foram os seguintes:

 Aparelhagem: equipamento de tração, pastilha, cola, gabarito para moldagem, equipamento de corte, paquímetro, régua metálica, colher de pedreiro e demais utensílios de uso geral;

 Placa de substrato padrão (Figura 25): nas dimensões 250x500x20mm fornecida pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland).

Figura 25: Placa de substrato padrão ABCP

Fonte: autoria própria (2018)

De acordo com a norma realizou-se os seguintes procedimentos para a preparação e moldagem das amostras:

1) Colocou-se a placa de substrato na posição horizontal sobre uma base regular e firme, limpou-se a superfície com um pincel e posicionou-se o gabarito garantindo uma profundidade de aplicação de aproximadamente 20 mm (Figura 26).

Figura 26: Posicionamento do gabarito nas placas de substrato padrão

Fonte: autoria própria (2018)

2) Preparou-se a argamassa com o uso da argamassadeira mecânica sendo que para que fosse atingida uma trabalhabilidade adequada, capaz de possibilitar o lançamento da mistura adotou-se para ambos os traços a relação de água/materiais secos com um aumento de 19,72%, assemelhando-se assim à consistência utilizada em aplicações reais de revestimento.

3) A aplicação foi efetuada em duas etapas, na primeira espalhou-se o material com a colher de pedreiro em uma camada de aproximadamente 5 mm, garantindo que toda a superfície ficasse coberta. Na segunda etapa, feita imediatamente após a primeira, aplicou-se novamente o material, deixando um leve excesso. A Figura 27 ilustra esses processos.

Figura 27: Aplicação da argamassa nas placas de substrato padrão

4) Rasou-se a superfície com o auxílio da régua metálica, garantindo um acabamento uniforme e depois de algumas horas removeu-se o gabarito metálico (Figura 28).

Figura 28: Remoção do gabarito metálico

Fonte: autoria própria (2018)

Aplicou-se em cada placa um traço de revestimento de argamassa propostos nesse estudo com suas respectivas substituições, totalizando 8 placas moldadas. As peças permaneceram em cura ambiente por um período de 28 dias.

Três dias antes de completar os 28 dias realizou-se o corte no revestimento de argamassa, com profundidade de cerca de 1 mm para dentro do substrato (Figura 29). Ao total perfuraram-se com perfuradora mecânica dez corpos de prova em cada placa.

Figura 29: Perfuração mecânica nas placas de argamassa

No dia seguinte realizou-se a colagem das pastilhas na argamassa com MasterEmaco ADH 229, um adesivo estrutural bicomponente a base de resina epóxi (a), 24h depois fez-se então o ensaio de arrancamento (b). O equipamento foi posicionado sobre a placa com o cuidado para centralizá-lo corretamente na pastilha a ser ensaiada, como pode ser observado na Figura 30.

Figura 30: Colagem das pastilhas e ensaio de arrancamento

Fonte: autoria própria (2018)

Após cada pastilha ser ensaiada anotou-se os resultados e os dados solicitados na tabela presente na norma NBR 15258 (ABNT, 2015), que está apresentada a seguir na Figura 31.

Figura 31: Tabela para apresentação dos resultados do ensaio de arrancamento

Fonte: ABNT, 2015

Para obter os resultados de resistência potencial de aderência à tração em cada corpo de prova utilizou-se a seguinte equação:

Equação 6: resistência potencial de aderência à tração

Fonte: ABNT, 2015

Onde: Ri é resistência potencial de aderência à tração em MPa, Pi é a carga de ruptura em N e Ai é a área do corpo de prova em mm².

A norma NBR 13749 (ABNT, 2013) determina os limites da resistência de aderência à tração para argamassas de emboço e camada única, esses valores podem ser visualizados na Tabela 17.

Tabela 17: Limites de resistência de aderência à tração

Local Acabamento Ra (MPa)

Parede

Interna Pintura ou base para reboco ≥ 0,20 Cerâmica ou laminado ≥ 0,30 Externa Pintura ou base para reboco ≥ 0,30

Cerâmica ≥ 0,30

Teto ≥ 0,20

Fonte: ABNT, 2013

Para poder ser utilizada como revestimento de emboço ou camada única a argamassa deverá apresentar valores de resistência maiores do que os apresentados acima.

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