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Equação 6: resistência potencial de aderência à tração

5. CONCLUSÃO

Neste trabalho avaliou-se a influência da substituição parcial de cimento Portland por fração fina de RCC no desempenho de argamassa de revestimento em diferentes percentuais. O material residual utilizado desenvolveu reações pozolânicas que foram significativas a ponto de interferir nas características do revestimento. Foram então executadas misturas de referência (100% de cimento), com 5%, 10% e 15% de substituição em massa do cimento por RCC, para dois traços diferentes, 1:1:4 e 1:1:6. A partir disso moldaram-se corpos de prova e analisou-se as suas propriedades no estado endurecido, através da resistência à compressão, resistência à tração na flexão, absorção por capilaridade, retração e carbonatação, aos 7, 28 e 56 dias. Ainda nesse estado analisou-se a resistência de aderência da argamassa frente ao ensaio de arrancamento. Para cada objetivo proposto analisando os resultados chegou-se as seguintes conclusões quanto à:

 Resistência à tração na flexão:

Ao se observar os resultados encontrados para o traço 1:1:4 conclui-se que aos 7 dias e aos 56 dias nenhum traço apresentou valores superiores ao referencia. Acredita-se que aos 7 dias não ocorreram reações suficientes capazes de aumentar o ganho de resistência. Em geral apenas o traço com 10% de substituição apresentou um melhor desempenho quanto à resistência a tração na flexão, comparado com as demais substituições.

Nos traços 1:1:6 estudados houve uma maior variação nos resultados, aos 7 e 28 dias em todos os traços estudados o valor da resistência manteve-se semelhante ao referência. Nos 56 dias as resistências sofreram grandes variações, sendo que tanto o REF quanto o 10 e 15% sofreram queda nas resistências ao longo das idades. Já o 5% obteve o maior resultado de todos os traços estudados superando em 24% o REF, indicando que em pequenas quantidades pode ser utilizado o RCC neste traço.

 Resistência à compressão simplek:

Neste ensaio todos as misturas do traço 1:1:4 com substituições apresentaram valores de resistência à compressão muito próximos aos do referência, com exceção do 10% . Concluiu-se que o traço 1:1:4 10% foi o que apresentou o melhor comportamento, diminuindo a resistência apenas aos 7 dias e superando o referência aos 28 dias e também aos 56 dias, onde o ultrapassou em cerca de 2,7%. Ainda para este traço observou-se que a substituição com 15% de RCC perdeu resistência em todas as idades estudadas, ou seja, as pozolanas não desenvolveram reações suficientes para garantir ganho de resistência.

Em todos os estudos do traço 1:1:6 observou-se que aos 7 dias as substituições por RCC diminuíram a resistência à compressão da argamassa, da mesma forma ocorreu aos 28 dias, com exceção da substituição de 10%, que assim como no traço 1:1:4 representou um aumento na resistência. Ainda, quando completados os 56 dias apenas o traço com 5% de RCC apresentou valores superiores ao referência.

 Absorção de água por capilaridade

Para os traços 1:1:4 o que apresentou a maior absorção de água por capilaridade foi o 1:1:4 5 % superando em cerca de 5% o referência. Com isso subentende-se que este seria o traço com maior porosidade e também maior ligação entre os poros, já o traço com menor absorção foi o que se utilizou a maior porcentagem de resíduo (15%). A partir disso conclui-se que o aumento da adição de RCC diminuiu a absorção de água por capilaridade.

No traço 1:1:6 analisou-se os resultados e percebeu-se que a argamassa com 10% de substituição do cimento por RCC apresentou absorção de água superior ao referência. Já nos traços com 5% de RCC e 15% a absorção foi menor representando respectivamente uma queda de 5% e 2% aos 90 min quando comparados ao referência.

 Retração

Em todos os traços 1:1:4 com substituição do cimento por RCC houve variação das dimensões no avanço das idades, como a relação a/ms manteve-se semelhante em todas as misturasacredita-se que a retração que ocorreu seja nesse caso química e não por secagem. O traço que apresentou maior variação da retração dos 28 aos 56 dias e também maior retração total aos 56 dias foi o traço 1:1:4 10%. Observou-se então que para este traço o uso de RCC gerou maior retração na argamassa.

Para o traço 1:1:6 a composição que apresentou maior retração foi a que não continha RCC, sendo superior em todas as idades. Nas demais misturas a que mais se aproximou do referência foi a com 15% de substituição. Concluindo-se neste caso que o uso do RCC diminui a retração longitudinal da argamassa de revestimento.

Carbonatação

Observou-se que o resíduo não influenciou de modo significativo na velocidade de carbonatação nos traços de proporção 1:1:4, pois em todas as idades os resultados das misturas com substituições mantiveram-se muito próximos ao referência. Mesmo assim nota-se que o traço com 10% foi o que apresentou a menor profundidade de carbonatação e o com 15% de RCC

a maior. Podendo atribuir isso a existência no traço com 15% uma maior quantidade de material pozolânico do que material para reagir, diminuindo a resistência e aumentando a carbonatação.

Já no traço 1:1:6 o comportamento foi diferente, à medida que se aumentou a porcentagem de RCC houve aumento também na profundidade de carbontação, ou seja, a maior profundidade atingida em comparação ao referência ocorreu no traço com 15% de substituição. Quando comparado com o traço 1:1:4 percebe-se que no 1:1:6 houve maior ocorrência de carbonatação, o que pode ser atribuído a maior quantidade de areia na mistura, aumentando a porosidade e consequentemente facilitando a entrada de CO2.

 Aderência

Percebe-se que os traços que mais se aproximaram da resistência do referência foi 1:1:4 com 5% e 10% de RCC, enquanto que o que mais se afastou foi o com maior substituição do cimento por resíduo (15% de RCC). Apesar de os traços com substituições não superarem o referência, todos eles ultrapassaram os valores mínimos da resistência de aderência à tração para argamassas de emboço e camada única, determinados pela norma NBR 13749 (ABNT, 2013).

Para o traço 1:1:6 o que apresentou a melhor resistência foi o com 5% de utilização de RCC, superando em cerca de 18% o referência. O traço 1:1:6 10% alcançou a mesma resistência do 1:1:6 ref, enquanto que o com maior índice de substituição teve resistência 14% inferior. Observa-se que a utilização do resíduo de construção desenvolveu reações pozolânicas e mostrou-se mais eficiente do que o traço composto unicamente por cimento Portland. Em comparação aos limites da resistência de aderência à tração estimados pela NBR 13749 (ABNT, 2013) novamente os resultados encontrados foram significativamente superiores.

Em síntese através da realização deste estudo constatou-se que a utilização do resíduo de construção civil em substituição ao cimento Portland desenvolveu reações pozolanicas que melhoraram algumas propriedades da argamassa de revestimento, mantiveram os resultados semelhantes ao do traço referência ou ainda não desenvolveram reações suficientes capazes de significar no ganho de resistência. A análise destes parâmetros possibilitou conhecer a influência deste resíduo nas argamassas, bem como suas vantagens ou desvantagens de utilização.

Sugestões para trabalhos futuros:

 Controlar a umidade e a temperatura ambiente durante o processo de cura dos corpos de provas;

 Analisar o comportamento da argamassa com maiores teores de substituição do resíduo por RCC, verificando se o comportamento encontrado neste estudo se mantém.

 Analisar o comportamento da argamassa com os mesmos teores de substituição em idades avançadas;

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