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Absorção de água por capilaridade

No documento Licenciado em Ciências da Engenharia Civil (páginas 111-115)

6 Apresentação e discussão dos resultados experimentais

6.4 Argamassa no estado endurecido

6.4.3 Absorção de água por capilaridade

Através do ensaio de absorção de água por capilaridade foi possível elaborar o gráfico de variação de massa por unidade de superfície em contacto com a lâmina de água, em função da raiz quadrada do tempo, gráfico esse que se encontra representado na figura 6.7.

Na figura 6.8 está representada o mesmo gráfico, dando enfoque aos primeiros instantes.

Nas figuras 6.9 e 6.10 são apresentados os valores do coeficiente de capilaridade e o valor assintótico para cada uma das misturas estudadas, respetivamente. Como já anteriormente referido, o coeficiente de capilaridade, CC, representa a velocidade com que a água é absorvida pelo provete, e o valor assintótico, VA, traduz o valor máximo de absorção de água pelo provete ao longo do ensaio.

Fazendo a análise relativamente ao coeficiente de capilaridade, observando a figura 6.9, verifica-se facilmente que a argamassa que possui o maior valor foi a argamassa P23. Ao analisar os valores para

as outras misturas vemos que o segundo maior valor foi o da argamassa P15, sendo seguido da P0, em

seguida da P4 e por fim da P9. Sendo assim, não se encontra uma tendência consoante o aumento da

dosagem de pellets visto que o coeficiente de capilaridade diminui até aos 9% e a partir daí aumentou em larga escala até aos 23%.

Dado que o agregado utilizado, é um agregado higroscópio, parte da água absorvida poderá estar a ser absorvida diretamente pelo agregado contrariando o facto de os poros presentes nos provetes com maior percentagem de pellets serem de dimensões bastante elevadas e, em teoria, levar à redução do coeficiente de absorção de água por capilaridade (Martinho,2017).

Figura 6.8 - Pormenor das curvas de capilaridade nos primeiros instantes Figura 6.7 - Curvas de capilaridade

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Se a teoria do autor estiver correta, então é possível obter uma explicação para a discrepância de resultados. Sendo assim nas argamassas com menor percentagem de pellets, P4 e P9, o fator mais

condicionante será a porometria face a higroscopicidade do agregado, reduzindo assim o coeficiente de absorção de água por capilaridade em relação à argamassa de referência.

Nas argamassas com maior percentagem de pellets, P15 e P23, o fator mais condicionante será a

higroscopicidade do agregado, face a porometria, aumentando assim o coeficiente de absorção de água por capilaridade devido a quantidade de água absorvida pelo agregado.

Analisando a figura 6.10 pode-se verificar que todas as argamassas com adição de pellets de madeira absorvem maior quantidade de água do que a argamassa de referência, P0. É então possível afirmar

que a adição de pellets provocou um aumento na absorção de água capilar. A mistura que mais água absorveu foi P15, sendo seguida pela P23 e P9. Não é contudo possível estabelecer uma relação entre

o aumento da absorção capilar e o aumento proporção de pellets na argamassa, podendo apenas dizer- se que de um modo geral, o aumento de pellets aumenta o valor assintótico das argamassas.

Analisando simultaneamente os dois parâmetros, valor assintótico e coeficiente de capilaridade, verificamos que as misturas que apresentam o melhor desempenho face à absorção capilar são a P4 e

P0 . A argamassa com 4% de pellets apresenta um valor mais reduzido do coeficiente de absorção

capilar do que a argamassa de referência, o que significa que irá absorver água mais lentamente, mas no entanto apresenta um valor assintótico mais elevado, traduzindo-se numa maior absorção de água capilar.

Figura 6.9 - Coeficientes de capilaridade

6.4.4 Secagem

A partir do ensaio de secagem foi possível obter dois parâmetros distintos, no entanto igualmente importantes, em relação à secagem das argamassas. O primeiro parâmetro, a taxa de secagem (TS), representa a velocidade com qual ocorre a secagem da argamassa, sendo que um valor de TS elevado representa uma argamassa com maior velocidade de secagem. Os dados correspondentes a este parâmetro estão representados na figura 6.11 e 6.12.

Ao analisar os valores obtidos, verifica-se que todas argamassas possuem um valor de taxa de secagem superior ao valor da argamassa de referência. Nota-se que a argamassa que possui o valor mais elevado é a P23, sendo seguida da P15 e P4 possuindo o mesmo valor e por fim da P9. Apesar de

não seguir uma tendência linear devido á mistura P9 possuir um valor mais reduzido do que a mistura

P4 verifica-se claramente, pelos resultados obtidos, que a introdução de pellets de madeira na produção

das argamassas aumenta a velocidade com que esta seca.

O segundo parâmetro analisado, o indicie de secagem (IS), traduz a secagem global da argamassa, ou seja, a facilidade com que a argamassa tem de secar, sendo que um IS elevado corresponde a uma

Figura 6.12 - Curva de evaporação de água Figura 6.11 - Curvas de secagem

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argamassa com mais dificuldade em secar. Os dados correspondentes a este parâmetro encontram- se dispostos na figura 6.14.

Efetuando a analise a este parâmetro, observa-se que não existe uma grande alteração das argamassas com pellets em relação à argamassa de referência.

Na verdade, nas primeiras quatro misturas P0, P4,P9 e P15, verifica-se que os valores obtidos de IS são

praticamente constantes não se observando uma redução ou aumento significativo. No entanto os valores obtidos para a argamassa P23 já apresentam uma redução significativa do valor de IS, em

relação à argamassa de referência P0, o que pode evidenciar que para grandes percentagens de pellets

as argamassas terão maior facilidade na secagem.

6.4.5 Porosidade aberta

A porosidade aberta foi obtida conforme o procedimento descrito na secção 5.7.5, cujos resultados são apresentados na figura 6.15.

Figura 6.14 - Índice de secagem Figura 6.13 - Valores taxa de secagem

É facilmente observado que todas as argamassas possuem um valor de porosidade aberta superior ao valor da argamassa de referência. Conforme expectável, devido a ser visualmente percetível, existe um aumento da porosidade aberta proporcional ao aumento da percentagem de pellets introduzida nas argamassas, sendo a mistura P23 aquela que possui o valor mais elevado.

Comparando os resultados das argamassas com pellets com a argamassa de referência vemos que a substituição de 4% de areia por pellets provoca um aumento na porosidade aberta de 11 %, e para a substituição de 9% a porosidade aberta aumenta cerca de 17 %. Com a incorporação de 15% e 23% de pellets, o valor de porosidade aberta sobre um aumento mais acentuado de 26% e 35%, respetivamente.

Assim sendo, em síntese, pode-se afirmar que a incorporação de pellets nas argamassas provoca um aumento na porosidade aberta, ou seja, dos poros em contacto com o exterior.

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