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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.2. Aceleradoras e o desenvolvimento de startups

Uma das formas de caracterizar uma aceleradora é defini-la como Incubadoras de Empreendimentos Tecnológicos (em inglês, Technological Business Incubators, TBI) (GOSWAMI; MITCHELL; BHAGAVATULA, 2018; KUPP; MARVAL; BORCHERS, 2017; MIAN; LAMINE; FAYOLLE, 2016; STAYTON; MANGEMATIN, 2016); pode ser considerada como uma forma de financiamento de capital empreendedor (em inglês,

Entrepreneurship Equity Financing, EEF) (DROVER et al., 2017; KIM; WAGMAN,

2014); como uma proposta possível de Inovação Aberta para Empresas Estabelecidas (DEMPWOLF; AUER; D’IPPOLITO, 2014; JACKSON; RICHTER, 2017; KANBACH; STUBNER, 2016; KOHLER, 2016; PAUWELS et al., 2016; RICHTER; JACKSON; SCHILDHAUER, 2018); e também como ferramentas de treinamento para o desenvolvimento de educação empreendedora (em inglês, Entrepreneurship Education

and Training, EE&T) (MILES et al., 2017; SEET et al., 2018).

As Incubadoras de Empreendimentos Tecnológicos (Technological Business

Incubators - TBI) são iniciativas que podem ser públicas ou privadas e fornecem suporte

ao portfólio de startups provendo infraestrutura, serviços profissionais, rede de contatos, acesso a profissionais, recursos de capital e acadêmicos, na tentativa de viabilizar as conexões necessárias para que o novo empreendimento sobreviva, desenvolva e amadureça. As TBIs podem ser estabelecidas com foco em três diferentes momentos das

startups (MIAN; LAMINE; FAYOLLE, 2016):

• Fase 1: Pré-Incubação e Desenvolvimento de ideias • Fase 2: Incubação e Aceleração

• Fase 3: Pós Aceleração, Consolidação e Crescimento

Essa classificação estabelece o posicionamento da aceleradora em relação ao estágio de desenvolvimento das startups em seu ecossistema de interesse (GOSWAMI; MITCHELL; BHAGAVATULA, 2018). Da mesma forma, aceleradoras podem ser estabelecidas em função de uma série de mecanismos que visam diminuir o time-to-

market para uma empresa estabelecida, reduzindo os riscos relacionados com produtos e

empreendimentos graças ao seu posicionamento adequado (STAYTON; MANGEMATIN, 2016). Nesse contexto, é necessário identificar claramente quais são os objetivos da aceleradora considerando a estratégia proposta e o alinhamento com as expectativas das startups envolvidas. Apesar de possuir características bem definidas, tais

como tempo de duração estabelecido, programa de acompanhamento com especialistas e um amplo acesso à rede de contatos (KANBACH; STUBNER, 2016), esse conceito de aceleradora deve considerar as diversas interpretações dependentes do contexto no qual ela encontra-se inserida (MIAN; LAMINE; FAYOLLE, 2016).

A segunda forma de caracterizar uma aceleradora é “Financiamento de Capital Empreendedor” (EEF) (DROVER et al, 2017), caracterizada pelo volume de capital de risco aplicado ao empreendimento. Aqui considera-se o oferecimento de mentorias e de palestras como composição do valor investido e, ao seu final do programa de aceleração, inclui-se uma apresentação para outros investidores visando novas captações e retornos financeiros para os investidores iniciais (KIM; WAGMAN, 2014). O capital investido nesses tipos de empresas usualmente varia de 25.000 a 150.000 dólares, distribuídos pelo programa através de investimentos diretos e indiretos (DROVER et al, 2017). O fato de investir esse volume de capital implica em retorno de investimento direto no final do programa, por meio da venda ou da incorporação da startup às atividades das empresas estabelecidas. Outra implicação em caracterizar uma aceleradora enquanto “Financiamento de Capital Empreendedor” é a busca pela identificação sobre a melhor forma de otimizar a tomada de decisões considerando as safras de startups tendo em vista a potencialização da relação entre o ecossistema, os públicos de interesse e os resultados do programa de aceleração (DROVER et al., 2017).

Considerando a Inovação Aberta (terceira forma de caracterização), empresas estabelecidas e startups podem cooperar e colaborar uma com as outras (CHESBROUGH, 2003). Conforme apresentado anteriormente, por toda a primeira década dos anos 2000 a difusão desse conceito viabilizou a expansão das startups (CHESBROUGH, 2003). Nesse contexto, marcado pelo rápido desenvolvimento de produtos e serviços, onde há constante preocupação com as mudanças tecnológicas, expansão de novas formas de comunicação e a busca pelo benefício proveniente das novas formas de financiar e de incentivar o crescimento da cultura empreendedora pelo mundo, as startups podem atuar como agente gerador de novos modelos de negócio e, como consequência, quebrar paradigmas em inovação (BLANK, 2013). Logo, uma aceleradora pode ser criada para viabilizar que empresas estabelecidas e startups possam atuar em conjunto (KOHLER, 2016; WEIBLEN, CHESBROUGH, 2015).

A quarta forma apresentada, “Ferramentas de Treinamento para o Desenvolvimento de Educação Empreendedora” caracteriza aceleradoras com foco em

treinar e desenvolver startups visando seu crescimento exponencial no curto prazo. Para que possam garantir essa evolução ocorre um financiamento “inicial” durante um período de tempo fixo, que varia de três a seis meses (PAUWELS et al., 2016). Esse período compreende, de acordo com a metodologia do Lean Startup, o tempo necessário para um empreendimento se estabelecer (DEMPWOLF; AUER; D’IPPOLITO, 2014). Esse intervalo gera o sentimento de “competição e colaboração” para estimular ideias entre os empreendedores, uma vez que esses programas funcionam a base de safras de empreendimentos (KOHLER, 2016).

Como aceleradoras funcionam em um mundo real, dialogando com desafios existentes e buscando a inovação, mentorias e palestras buscam aumentar as competências dos empreendedores e o resultado do processo de aceleração é um intenso aprendizado (MILES et al., 2017). Da mesma forma, aceleradoras podem amadurecer ecossistemas por meio do desenvolvimento da cultura empreendedora, com foco no ensino empreendedor, transformando ideias em empreendimentos (SEET et al, 2018).

Dessa maneira, aceleradoras são programas apoiados por entidades que mantém uma safra de startups por um tempo com duração limitada durante o processo de desenvolvimento de novos empreendimentos, utilizando recursos específicos e viabilizando diversos treinamentos (KOHLER, 2016). Considerando as descrições anteriores, as aceleradoras podem ser definidas como iniciativas que desejam se envolver em ecossistemas usando conjuntos de mecanismos para melhorar sua capacidade de inovar e de criar novos produtos, mercados e negócios (KANBACH; STUBNER, 2016). Também podem ser consideradas como fornecedoras de capital semente por parte da empresa estabelecida e viabilizadora de várias combinações de orientação, assistência técnica, rede e instalações para empreendedores, inventores e equipes de startups que buscam avançar certos objetivos de uma empresa estabelecida (DEMPWOLF; AUER; D 'IPPOLITO, 2014). Usualmente, as características operacionais de uma aceleradora incluem processo de candidatura aberto, foco em times pequenos de empreendedores ao invés de empreendedores individuais, suporte por tempo limitado compreendendo interações e mentoria da empresa e safras de startups ao invés de empreendimentos separados.