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2 UMA INTRODUÇÃO AOS LIVROS ELETRÔNICOS OU E-BOOKS

2.3 ACESSO AOS E-BOOKS OU LIVROS ELETRÔNICOS NAS UNIVERSIDADES

Conforme Wilson (2014) os livros eletrônicos a partir de fontes na Internet como o Projeto Gutenberg já estavam sendo lidos em computadores de mesa e laptops alguns anos antes que alguém tivesse a ideia de criar um leitor dedicado de e-book (e-reader). De acordo com o autor a Amazon fechou acordos com alguns editores e conseguiu convencê- los a produzir os e-books porque o leitor Kindle possuía um tipo aceitável de Digital Rights Management (DRM) como tecnologia embarcada que permitia o gerenciamento de direitos autorais. Eles também fecharam um acordo com preços especiais para os e-books com os editores, de modo que eles passaram a vender tanto os e-books quanto os livros impressos para a Amazon. Com a entrada da Amazon e do Kindle em cena, o conteúdo disponível começou a crescer rapidamente e o e-book se tornou uma alternativa prontamente disponível para concorrer com o livro impresso (WILSON, 2014).

O DRM é um método avançado usado para o gerenciamento de direitos autorais que de acordo com Procópio (2010) possibilita a conscientização do leitor usando um conjunto com tecnologias de criptografias para arquivos. Serviu para intimidar a cópia dos e- books sem autorização, mas, certamente não conseguiu acabar com ela. O DRM permite guardar todos os direitos autorais sobre um documento eletrônico em vários níveis de segurança nos acervos das lojas e das bibliotecas digitais. Trata-se então, não só de um novo paradigma, mas, também de um novo caminho onde o acesso à informação é cada vez mais rápido e automatizado. De acordo com o autor, os e-books poderão trazer cada vez mais benefícios para todos na cadeia produtiva que começa com os autores e editores e chega até os leitores. A cadeia de produção e uso dos documentos em formato eletrônico elimina o oneroso custo do papel e da logística para distribuição dos conteúdos em formato

de e-books, que podem ou deveriam ser pelo menos de 30 a 50% mais baratos para os consumidores ou leitores. Deste modo, sua conveniência, legibilidade e facilidade no acesso poderiam contribuir para a educação, a alfabetização e para o fortalecimento da cultura e da leitura (PROCÓPIO, 2010, p. 30).

A Biblioteca Virtual da editora Pearson, por exemplo, disponibiliza um acervo digital multidisciplinar composto por mais de 3.200 títulos de e-books abrangendo mais de 40 áreas de conhecimento. O catálogo de livros impressos universitários da Pearson12 conta com mais de 500 títulos nacionais e internacionais nas mais diversas áreas de conhecimento, com títulos adotados em diversas universidades renomadas como: USP, UNICAMP, FGV, UFRJ, UFMG, UNESP, MACKENZIE, ESPM, FEI, PUC, UFPE, entre outras.

Magalhães (2013) avaliou as políticas de desenvolvimento de coleções de 31 bibliotecas universitárias públicas brasileiras que possuem coleções de livros digitais. De acordo com a autora, a maioria das universidades públicas federais estudadas possui coleções de livros digitais adquiridas nas modalidades por assinatura e acesso perpétuo. Os editores ou agregadores de conteúdo disponibilizam os livros digitais diretamente em suas plataformas e, em alguns casos, a custódia dos livros é feita pela própria universidade. Metade das universidades respondentes declarou que o acervo de livros eletrônicos das editoras atende a política de desenvolvimento de coleções e a outra metade que atende parcialmente. Há um conflito de interesses entre as bibliotecas e as editoras. As modalidades de negócio dos editores científicos beneficiam mais aos seus próprios interesses do que as necessidades das bibliotecas e usuários. Os contratos são negociados por pacotes de serviços ofertados pelos consórcios de editores com assinatura mensal ou anual. O DRM controla o acesso, impressão, cópia e distribuição e restringe o empréstimo e a disseminação do livro digital aos usuários. O conteúdo dos livros digitais é disponibilizado nas plataformas dos editores subdivididos por capítulos e não como uma unidade monográfica e muitas vezes limitam o download do texto completo do livro. As estatísticas de uso apresentadas pelos editores geralmente não representam o uso real dos livros digitais (MAGALHÃES, 2013).

Quanto à busca e recuperação da informação, de acordo com Magalhães (2013) as plataformas de acesso às coleções de livros digitais das editoras são diferentes, o que exige que os usuários façam buscas em cada uma para encontrar os e-books de seu interesse. Para poupar o tempo gasto pelos usuários nessas buscas, as bibliotecas

12

Biblioteca Virtual da editora Pearson. Disponível em: <https://br.pearson.com/ensino- superior/livros-universitarios.html> Acesso em: 13 ago. 2016.

universitárias poderiam exigir que os editores fornecessem os registros em formato MARC dos e-books para que eles possam ser catalogados nos sistemas de gestão das bibliotecas. (MAGALHÃES, 2013, p. 123).

Os livros digitais na maioria das vezes são réplicas dos livros físicos e, de acordo com Magalhães (2013), as editoras predominantes que fornecem os livros eletrônicos técnico-científicos para as universidades são: Elsevier, Springer e Wiley com publicações principalmente em inglês; já os principais provedores de conteúdo são a Dotlib, Ebsco e IEEE Xplore, havendo uma oferta muito limitada no mercado atual para publicações em português. De acordo com a autora, com a possibilidade de adquirir um grande volume de recursos por pacotes, não está sendo feita a seleção dos títulos adquiridos. As políticas de seleção são fundamentais para os bibliotecários se respaldarem e manterem uma postura proativa para conciliar os interesses entre editores e as bibliotecas. É preciso investir com eficiência os recursos públicos que estão sendo gastos para a formação das coleções de livros digitais a fim de que atendam as necessidades informacionais dos usuários (MAGALHÃES, 2013).

Nesse contexto, o Portal de Periódicos da CAPES possui contratos com alguns dos principais editores e provedores que disponibilizam livros eletrônicos para as universidades. Magalhães (2013) também observou em seu estudo que existe a necessidade de realização de estudos mais aprofundados para a avaliação da qualidade dos livros digitais disponibilizados pelo Portal de Periódicos da CAPES e observou que existe uma discrepância entre a oferta de livros em português e o grande volume de itens em outros idiomas no Portal (MAGALHÃES, 2013).

Em seguida, apresenta-se um breve histórico, a missão e os modos de acesso ao Portal CAPES, com destaque para a descrição do serviço de e-books que ele oferece para os usuários das IFES brasileiras.