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da região sudeste.

Gráfico nº 4 - Matrículas Ensino Superior Público: Brasil, Região Sudeste e Alunas do PAP Serviço Social/1994/2001

Fonte: IBGE 2004; Camilo, M V R F - Pesquisa de Campo: dezembro 2002/março

A comparação de dados destaca um aspecto relevante: enquanto na população brasileira matriculada em curso superior, 30,1% estão em instituições públicas de ensino, na região sudeste, onde se insere a população estudada, apenas 19,7% dos alunos matriculados em cursos superiores conseguem vagas

30,10% 19,70% 8,30% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% Brasil Região Sudeste População Estudada

Acesso ao Ensino Superior Público

nestas instituições. No grupo estudado apenas 8,3% estudaram em instituições de ensino superior públicas, sendo uma particularidade a ser investigada.

A região nordeste apresenta, proporcionalmente, maior oferta de vagas na rede pública de ensino superior, pois 52,1% dos alunos estão nela matriculados. Ao contrário, na região sudeste, este índice difere-se acentuadamente, em que apenas 19,7% encontram -se matriculados na rede pública de ensino superior.

Estes dados confirmam a expansão do ensino superior na rede privada na região sudeste, onde se inserem as alunas do PAP/Serviço Social.

Outro fator a ser considerado neste caso é que há apenas um curso de Serviço Social em universidade pública no Estado de São Paulo, o da Universidade Estadual Paulista - UNESP em Franca e cerca de 23 no setor privado. (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social - ABEPSS, 2004)

No acesso ao ensino fundamental e médio há também diferenças. Na população brasileira 89,9% dos alunos do ensino fundamental freqüentam escolas públicas enquanto na população pesquisada este índice atinge 77,7%. No ensino médio, 78,5% da população brasileira freqüentam escolas públicas e no grupo de alunas do PAP, 72,25. Esta comparação indica que no grupo de alunas do PAP Serviço Social/ UNICAMP o número de alunas que freqüentou a rede privada de ensino fundamental e médio é um pouco maior que a média do país.

No Brasil atua l, a questão da educação se circunscreve à institucionalização do direito através da Constituição, e, ao mesmo tempo, uma enorme expansão da rede de ensino fundamental e médio no setor público. O acesso foi ampliado embora a qualidade da educação ofertada neste setor ainda seja crítica. A promoção automática ocorre para diminuir evasão, mas provoca desalinhamento na qualidade da educação em que se incluem as condições de trabalho docente.

Essa diretriz pauta-se nas propostas do Banco Mundial para os países em desenvolvimento, como o Brasil. A estratégia para melhoria da educação brasileira segundo o Banco Mundial está ligada à ampliação da oferta de vagas no ensino fundamental e médio, ao gerenciamento de insumos educacionais para diminuir os custos do Estado. As diretrizes de reforma na educação seguem o modelo gerencial das empresas.

O Banco utiliza-se de estudos do tipo custo benefício, realizados por seus técnicos, para discutir critérios gerenciais e de eficiência em processos de aprendizagem, por meio dos quais alcançar-se-ia melhor qualidade de ensino, privilegiando a quantificação dos insumos educacionais em detrimento das relações sociais que possibilitam (ou não) a qualidade da educação. (SOUZA, APARECIDA NERI 1999 p. 80)

A escola pública atende às classes sociais de menor poder aquisitivo, a maioria da população brasileira1. O setor privado de ensino oferta escolas que preparam, no geral,o aluno principalmente para o acesso ao ensino superior no setor público, os mais disputados no país.

Essa questão remonta às propostas do Banco Mundial em relação ao ensino superior nos anos 90:

[ ]... propõe que o ensino básico gratuito seja combinado com pagamento de contribuições às famílias que carecem de recursos para matricular seus filhos e com a partição dos custos com a comunidade. Para o ensino médio, sugere que haja cobrança seletiva de direitos de matríc ula e esta se combine com bolsas de estudo e, para o curso superior sugere o pagamento dos custos, combinado com plano de empréstimos, impostos, etc. (SOUZA, APARECIDA NERI 1999, p.75)

Essas diretrizes estão sendo implementadas, principalmente no que se refere ao pagamento de contribuições às famílias mais carentes de recursos como o projeto Bolsa Escola, que fornece auxílio per capta a crianças em situação de risco social, como forma de permanência da criança na escola. Este projeto foi implementado no Governo de FHC, e, atualmente, foi modificado associando-se a

1 Na década de 90 o Banco Mundial propõe reforma na educação brasileira voltando-se à diminuição de gastos do Estado priorizando também os insumos educacionais incluindo nestes os materiais pedagógicos e pessoal docente. (SOUZA, A NERI, 1999)

outros programas sociais, através do chamado Bolsa Família. Os resultados destas medidas são observados nos dados comparativos do período de 1993 a 2003 em que a população de 7 a 14 anos que está fora da escola caiu de 11,4% para 2,8% no total do país. (IBGE/PNAD, 2004)

A educação brasileira apresenta ainda pontos críticos no tocante ao acesso ao ensino superior que hoje é extremamente contraditório. Os alunos das camadas populares, ou o chamado aluno trabalhador (que subsidia o próprio curso) freqüentam as universidades privadas e têm acesso restrito às universidades públicas.

Essas medidas voltadas à inclusão, entretanto, não corrigem as desigualdades sociais atreladas à educação escolar, que estão associadas a questões centrais como melhorar a qualidade da educação pública no ensino fundamental e médio, bem como a distribuição de renda no país.

Portanto, o ensino privado é o grande formador de profissionais de Serviço Social no Estado de São Paulo, em que a maioria dos cursos é ofertada no período noturno, atendendo ao aluno trabalhador. O direito à educação se restringe ainda ao ensino fundamental, por força de lei.

Estes dados iniciais permitem compreender o contexto social de formação escolar das alunas do PAP e conduzem à seguinte inferência: a busca por ensino superior e por uma profissão, é construída via cursos noturnos, em instituições de ensino privadas, custeando-o com o próprio trabalho ou via subsídio do Crédito Educativo2.

2

Crédito Educativo refere-se a uma modalidade de política de financiamento do ensino superior, em que o aluno recebe financiamento pela Caixa Econômica Federal para custear a graduação e após formado tem um prazo para efetuar o pagamento.

Em busca de uma qualificação: o PAP como alternativa.

A busca constante de qualificação para o mercado de trabalho tem-se tornado uma exigência no discurso das empresas, alegando a necessidade de preparação e sintonia com a introdução de inovações tecnológicas que ocorrem num ritmo mais acelerado. Isso tem levado à corrida para o aumento de escolaridade, inclusive de acréscimos de anos de estudo após a graduação.

O mercado sinaliza que a melhoria de acesso ao trabalho se faz por aumento da escolaridade, pois as deficiências educacionais tornam-se obstáculo ao desenvolvimento dos países mais pobres, interferindo negativamente em sua produtividade. A educação escolar, o avanço dos anos de escolarização seria a chave para a empregabilidade, entendida como a possibilidade e capacidade do indivíduo tornar-se empregável.

Estariam os profissionais graduados em Serviço Social buscando no PAP um aumento de escolarização para obterem maiores condições de empregabilidade?

Os motivos que levam os alunos a buscarem o Aprimoramento diversificam-se nas formas de expressão, pois cada aluno matriculou-se em programas diferentes voltado em maior escala a diferentes questões de saúde envolvendo patologias com ações de prevenção e tratamento, sempre inseridos numa abordagem multidisciplinar em saúde, com ênfase à saúde pública, envolvendo diversas profissões que podem ser, assim, visualizados na Tabela nº 13.

Observa-se que, no geral, as razões para busca do Curso estão centradas em identificação com a área de saúde seja, por estágios realizados na graduação ou mesmo, por preferência em aperfeiçoamento em saúde3.

Tabela n°13 – Motivos da opção pelo Aprimoramento Motivo N° % Interesse pela área de saúde e programas específicos 36 100,0 Interesse pela pós -graduação e docência 8 22,2 Relevância da Instituição que o promove 4 11,1 Estar desempregada 3 8,3 Estudar com Bolsa 2 5,5 Proximidade da residência 2 5,5 Ampliar currículo 1 2,7 Interesse, sorte ou destino 1 2,7 Desejo de prestar serviços em empresas 1 2,7 Aptidão pelo curso 1 2,7 Afinidade com professor de pesquisa da graduação 1 2,7 Fonte: Camilo, M V R F – Pesquisa de Campo, dezembro 2002/março 2003

Outro destaque cabe aos alunos que buscam o PAP pelo interesse em fazer uma pós graduação e trilhar o caminho à docência, o interesse em aperfeiçoar-se na área de Serviço Social, bem como a relevância da instituição que o promove. O fato de concluir a graduação e não ter emprego, também, é uma das razões citadas, e a ser considerada, pois significa um adiamento na entrada e disputa do mercado de trabalho.

Por outro lado, o interesse específico dos alunos aparece com as diversas respostas que identificam a busca pelo PAP pelo conteúdo de cada Programa. A diversidade de patologias, a incidência de casos na população e a relação com o social, com o processo saúde/doença interferem nas escolhas dos Programas.

3 Observa-se que cada aluno atribuiu mais de um motivo para buscar o PAP, portanto o número de respostas não é igual ao total dos que responderam ao questionário, 36.

Inserção atual no mercado de trabalho

Como o Curso tem a duração de um ano, os alunos buscam imediatamente uma inserção no mercado de trabalho, acreditando que o mesmo possa ser um diferencial no acesso e ou manutenção do emprego. A tabela seguinte mostra a ocupação atual dos alunos.

Tabela n°14 - Ocupação Atual

Ocupação % Trabalha na profissão 28 77,8 Desempregada 6 16,7 Opção não trabalho 2 5,5

Total 36 100,0

Fonte: Camilo, M V R F – Pesquisa de campo – Dez. 2002/março 2003

Os dados mostram que a maioria, 77,8%, está trabalhando na profissão, indicando que o PAP, de certa forma, facilitou o acesso ao mercado de trabalho. Um olhar mais atento nos mostra que, apesar da especialização ser um diferencial de qualificação para o mercado de trabalho, 16,7% encontram-se desempregadas, num índice ainda alto, apontando que, apesar de a qualificação ser um requisito para a empregabilidade, não é condição suficiente, pois dependem da esfera macro- econômica, influenciada pela política nacional e pela conjuntura mundial em tempos de economia globalizada.

No item opção pelo não trabalho, estão incluídas duas pessoas que atualmente não exercem a profissão por opção. Uma delas estava empregada e após a licença gestante, optou por não trabalhar mais fora de casa. Assim se expressa na resposta “desempregada por opção”. A outra menciona que desenvolveu algumas iniciativas de trabalho como voluntária e desistiu, pois gosta mais de estudar e as condições financeiras da família permitem essa escolha .

Tabela n°15 - Setores de Inserção no mercado de trabalho INSERÇÃO % Setor Privado 13 46,4 Setor Público 12 42,9 ONG 3 10,7 Total 28 100,0 Fonte: Camilo, M V R F Pesquisa de campo -

dezembro 2002/ março 2003

Os dados demonstram mudança: o setor privado supera por pequena margem 46,45% o setor público com 42,9% que tradicionalmente era o maior empregador de profissionais da área. As ONGs já aparecem como responsáveis por 10,7% dos empregos. A explicação para diminuição de empregos no setor público associa-se às mudanças no papel do Estado brasileiro a partir dos anos 90, em que a diretriz política é a diminuição e afastamento de responsabilidades de sua esfera na área social, priorizando parcerias e contratação de serviços via ONGs, consideradas instituições privadas com prestação de serviços de natureza pública.

O IBGE aponta que o emprego para funcionários públicos, nas esferas estaduais e federais, teve queda no período de 1990 a 1999, enquanto que na esfera municipal o crescimento médio foi de 3,4% ao ano. O crescimento na esfera municipal pode ser explicado pelo processo de descentralização e municipalização das políticas públicas, principalmente a saúde, educação e assistência social, ampliando, ao mesmo tempo, a oferta de emprego para profissionais da área.

Em documento especial sobre a força de trabalho de nível superior na área da saúde no Estado de São Paulo, a Fundap publica, em 2003, uma pesquisa sobre os profissionais graduados em nível superior e mostra que se comparados os anos de 1992 e 1999, a taxa de crescimento do emprego de profissionais de nível superior na área da saúde, 40,13% foi elevada em proporção ao crescimento da população do mesmo período 11,3%. O índice de empregos por 1000 habitantes aumentou de 4,02 para 5,06, indicando maior disponibilidade de profissionais para prestação de serviços de saúde à população. (FUNDAP, 2003)

Outro resultado que mostra as mudanças ocorridas na saúde a partir da implantação do SUS é que a atenção à saúde e, conseqüentemente, a prestação de serviços, se fa z com um aumento dos profissionais não médicos conforme gráfico seguinte.

Gráfico nº 5 - Distribuição de empregos no setor saúde Estado de São Paulo.

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

1

2

Crescimento de Profissionais de Saúde no período de 1991/2000 Médicos e Não Médicos

profissionais