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Analisando tais causas da banalização dos pedidos de danos morais, percebemos que duas delas (Juizados Especiais e AJG), são causas que facilitam o acesso à justiça da população, principalmente a mais carente de recursos financeiros.

Sendo assim, vem a pergunta: como causas que facilitam o acesso à justiça, podem ser também causas que banalizam os pedidos de danos morais?

O acesso à justiça é muito importante para a sociedade, o mesmo garante que a justiça atinja todos de forma igual e que todos possam chegar a mesma, ou tenham a chance de lutar por ela. E os Juizados Especiais e a Assistência Jurídica Gratuita são meios que garantem a população o acesso à justiça, que deveriam ser usados para garantir seus direitos.

Todavia o que ocorre é que as pessoas, aproveitando desses meios, fazendo pedidos de dano moral, muitas vezes, sem fundamento algum em nenhuma lei, doutrina, jurisprudência ou outras fontes de direito. Pedidos serão julgados improcedentes, se não na primeira instância, na segunda será.

Então deveria deixar de existir os juizados especiais e assistência jurídica gratuita? Por óbvio que não. O que deveria ocorrer é uma conscientização da sociedade como um todo, entendendo que o dano moral não é um instituto que deve ser usado na busca por ganho fácil, nem mesmo pedido em virtude de acontecimentos do nosso dia-a-dia, que poderia ocorrer com qualquer pessoa.

Se toda a sociedade se conscientizar disso, nosso sistema judiciário seria muito mais eficiente e eficaz, pois o número de ações seriam bem menor e o Poder Judiciário teria mais tempo e menos gastos processuais, o que o tornaria mais célere.

Essa conscientização seria o ideal não só apenas para os pedidos de danos morais, mas para todos os tipos de ações. Atualmente a primeira alternativa, é a entrada no judiciário, ao invés de tentar resolver as controvérsias com diálogos e acordos. Talvez, num futuro, a sociedade brasileira tenha essa consciência, o que nos resta é esperar e colaborar para que isso ocorra.

CONCLUSÃO

Após concluir o presente trabalho de conclusão de curso, conseguimos decifrar a verdadeira função do instituto do dano moral, que serve como uma maneira de diminuir o sofrimento causado, além de ser um meio pedagógico ao ofensor, para que não realize a mesma ofensa futuramente, bem como servir de modelo para os demais. O dano moral busca atingir o status que a vítima se encontrava antes da lesão. Assim demonstrada a importância do instituto.

Foi constatado também que o dano moral ganhou maior destaque após sua aparição na Constituição Federal de 1988, onde foi definido como um direito fundamental dos brasileiros. Também que todas as pessoas estão habilitadas para receber indenização por dano moral, incluindo crianças, doentes mentais, inválidos temporariamente, bem como a pessoa jurídica. Outro fato é que o direito da indenização pode ser transmitido a sucessores.

Ainda observou-se que em nosso ordenamento, não existe um tabelamento das indenizações por dano moral, que os valores a serem recebidos são definidos através de critérios a serem definidos pelo juiz. Com relação a essa quantificação entra a primeira causa estudada que banaliza o dano moral, a subjetividade do juiz, pois devido a isso, existe muita diferença nas condenações, pois cabe ao juiz fixar o valor da indenização do dano moral, muitas vezes interpretando de forma diferente casos semelhantes, o que faz a população crer na busca pelo ganho fácil com pedidos descabidos.

Nos últimos anos, tem-se percebido o grande aumento no número de casos que buscam indenizações por dano moral, isso ocorre também pelo fato de que atualmente o dano moral encontra-se mais amparado em nosso ordenamento, principalmente, como mencionado antes, após a Constituição Federal de 1988. Todavia, grande parte dessas ações não caracterizam o dano moral.

Entretanto, mesmo com esse número enorme de ações buscando o dano moral, podemos perceber através das jurisprudências que os tribunais estão decidindo de forma a preservar o dano moral, justificando que os pedidos descabidos não merecem dano moral para não ocorrer a banalização do instituto.

Além da subjetividade do juiz, outras duas causas que foram analisadas nesse trabalho foram a facilidade de postular em juízo, através dos Juizados Especiais Cíveis e a Assistência Jurídica Gratuita.

Em relação a facilidade de postular em juízo, através da Lei nº 9.099/95, a banalização ocorre pois em um dos princípios do Juizado é a gratuidade no primeiro grau de jurisdição, inclusive sendo possível postular sem a presença de um advogado. Assim sendo, essas características estimulam o ajuizamento das ações sem fundamentos, pela falta de entendimento sobre o dano moral e porque o autor não terá prejuízo caso perca sua demanda, a não ser que seja condenado pela litigância de má-fé.

Por fim, a assistência jurídica gratuita, que é o benefício concedido as pessoas que em tese não teriam condições de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, porém devido à falta de critério para a concessão desse benefício as pessoas são encorajadas a postular pedidos sem fundamentos, assim como ocorre nos juizados, pois não terá prejuízos se perder o processo.

Não deveriam ser mudados tais institutos, pois o benefício da AJG e os Juizados especiais são muito importante para que as pessoas que não em condições terem acesso à Justiça. O que deveria ocorrer é uma conscientização da população sobre quando deve ser postulado o dano moral, não em meros desconfortos do cotidiano. Também, se fossem fixados critérios objetivos para que os juízes não fixassem em casos semelhantes, valores muitos diferentes de indenização, as decisões seriam mais justas e não banalizaria o instituo. Bem como que a litigância de má-fé fosse mais utilizadas pelos juízes quando for escancaradamente sem fundamento o pedido de dano moral. Assim sendo, desencorajaria aqueles que apenas querem o ganho fácil, diminuindo o número de ações infundadas e protegendo o instituto do dano moral.

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