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Capítulo 3. Método da pesquisa

3.6. Achados do estudo piloto

Antes se apresentar os resultados da avaliação das intervenções, pensa-se ser necessário descrever o estudo piloto realizado analisando suas repercussões.

O estudo piloto teve como objetivo verificar a adequação: a) do roteiro da entrevista semi-estruturada (com mãe, professoras e aluno) e b) dos testes psicológicos e dos itens destes inicialmente selecionados para a aplicação – TDE e

os subtestes de informação, semelhança, compreensão, dígitos e completar figuras do teste WISC III. O piloto teve, ainda, a finalidade de colocar em avaliação o plano inicialmente concebido para a realização das intervenções, em termos dos jogos a serem utilizados, do tempo de duração da cada encontro, do número de encontros para cada jogo e do total de encontros, das formas de jogar e de mediação, além de identificar possíveis categorias de análise de dados. Por fim, o estudo piloto também visou a averiguar se haveria possibilidade de capturar indícios de que o jogo poderia melhorar o desempenho escolar, desenvolver as funções psicológicas superiores (atenção, memória, percepção, raciocínio e consciência) – dados possíveis da análise microgenética.

O estudo piloto foi realizado com um sujeito e forneceu as seguintes informações, utilizadas para o planejamento final das intervenções posteriormente realizadas com mais dois sujeitos.

As entrevistas semi-estruturadas aplicadas junto à mãe e à professora de classe do aluno demonstraram, de maneira geral, atingir o objetivo proposto, que era o de conhecer o sujeito no que se refere ao seu contexto social, seu desempenho acadêmico, suas potencialidades e dificuldades, seu comportamento, desenvolvimento e para avaliar as intervenções.

Constatou-se que não havia necessidade de aplicar a entrevista semi – estruturada em sua totalidade, na avaliação final, como tinha sido previsto inicialmente, pois se verificou que a maioria das informações obtidas, referentes a muitos dos itens que nelas constavam, não foram alteradas, devido ao curto período de tempo de duração da intervenção.

As conversas informais com as professoras (de classe e apoio) e OE, durante a intervenção, que não faziam parte do planejamento anterior, foram consideradas importantes e foram mantidas, pois possibilitaram a obtenção de informações sobre a vida escolar dos sujeitos. A entrevista semi-estruturada com o sujeito, na avaliação final, foi mantida.

Os testes aplicados (TDE e o WISC — III subtestes de informação, semelhança, compreensão e dígitos) mostraram-se adequados para a avaliação da aprendizagem e das funções psicológicas cujo desenvolvimento se pretendia promover. No WISC — III acrescentaram-se as questões do subteste de aritmética, pois se entendeu que possibilitariam a comparação com as questões de aritmética do TDE.

Considerando os jogos selecionados para as intervenções (“memória”, “cara a cara” e “damas”), conclui-se que eles deveriam ser mantidos, pois mostraram-se adequados para as finalidades das intervenções, já que os sujeitos conseguiram jogá-los e a pesquisadora foi capaz de realizar a mediação pedagógica planejada a partir desses jogos.

A ordem estabelecida para a utilização dos jogos foi a seguinte: “memória” (3 encontros), “cara a cara” (4 encontros) e o “damas” (4 encontros). Essa ordem e o número de encontros para o uso de cada jogo foram adotados levando em consideração o seu grau de complexidade. Assim, resolveu-se começar pelo mais simples até chegar ao mais complicado. Cabe a ressalva de que esse planejamento tinha um caráter aberto, pois se entendia que cada criança seria diferente.

O piloto indicou que, ao final de cada encontro, a pesquisadora deveria realizar algumas perguntas averiguando a opinião do sujeito sobre o jogo, as dificuldades encontradas e o que ele fez para superá-las. Entendeu-se que as perguntas possibilitariam verificar, além da percepção do sujeito em relação à intervenção, a tomada de consciência sobre suas dificuldades e as suas estratégias no jogo.

O Quadro 1 apresenta o resumo das intervenções e sua avaliação, organizado ao final do estudo piloto. A partir desse estudo, concluiu-se que as categorias para a análise dos dados permaneceriam. Eram elas: efeito das intervenções sobre o desenvolvimento das FPS (percepção, atenção, memória, e tomada de consciência e raciocínio) e sobre o desempenho escolar dos sujeitos. Tais categorias haviam sido estabelecidas previamente, com base na teoria.

Frente, aos resultados obtidos no estudo piloto e as poucas alterações realizadas, tomou-se a decisão de descrever os detalhes da intervenção nele realizada, bem como seus achados, acrescentando-os aos dados coletados nas duas intervenções subsequentes, realizadas no estudo principal. O Quadro 2 descreve os instrumentos utilizados para a avaliação das intervenções e seus respectivos objetivos.

Quadro 1: Resumo das intervenções e dos procedimentos de coleta de dados para sua avaliação

Avaliação inicial do sujeito Intervenção Avaliação final do sujeito Entrevista semi-estruturada

mãe (1encontro) e

professora (1 encontro). Avaliação Assistida do sujeito (TDE e WISC III) (3 encontros) Análise do documento: boletim de desempenho escolar (notas) Jogos cognitivos e sociais (11 encontros) “Memória” (3 encontros) “Cara a Cara” (4 encontros) “Damas” (4 encontros) Observações durante os encontros – gravações Conversas informais com as professoras (classe e apoio) e OE. Entrevista semi- estruturada mãe (1encontro) e professora (1 encontro). Avaliação Assistida do sujeito (TDE e WISC III) (2 encontros)

Entrevista semi-

estruturada com o sujeito Análise do documento: boletim de desempenho escolar (notas)

Quadro 2: Instrumentos de coleta de dados utilizados nas avaliações e seus objetivos

Instrumento O que avaliou nesta pesquisa

1. Escala de Inteligência Wechsler para

Crianças WISC – III

(avaliação inicial e final)

Funções Psicológicas Superiores

Verbal

Informação Conhecimento que o sujeito mantém

armazenado e lembra

Semelhanças Raciocínio lógico, linguagem e a fluência

verbal

Compreensão Memória, atenção, capacidade de senso

comum, conhecimento prático e maturidade social

Dígitos Atenção, memória, capacidade de

reversibilidade e concentração

Aritmética Raciocínio lógico, conhecimentos escolares

e concentração

Execução

Completar figuras Memória visual, organização, raciocínio, atenção, concentração e percepção

2. Teste de desempenho escolar (TDE) (avaliação inicial e final)

Escrita, aritmética e leitura

3. Entrevista semi-estruturada professoras (avaliação inicial)

Desempenho em leitura, escrita, cálculo; atenção, memória e comportamento

4. Entrevista semi-estruturada mãe (avaliação inicial)

Desenvolvimento do estudante, percepções e expectativas quanto à aprendizagem e contexto social da vida do estudante

5. Entrevista semi-estruturada com as mães e professoras (avaliação final)

Modificações na aprendizagem, no desenvolvimento e no comportamento

6. Entrevista semi-estruturada sujeito (avaliação final)

Modificações na aprendizagem e no comportamento

7. Análise documental:

boletim de desempenho

escolar (notas) (avaliação inicial e final)

Desempenho escolar avaliado mediante provas e trabalhos

É importante lembrar que, além dos instrumentos citados no Quadro 2, foi utilizada a técnica de observação, objetivando descrever as intervenções.