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Vamos ver agora imagens onde acontece o currículo Lembram-se dos espaços?” Neste momento a intenção foi fazer o grupo refletir sobre a organização para repensar

No documento A formação de formadores por meio da arte (páginas 116-120)

Foto 17 – Registro fotográfico P3.

M: Vamos ver agora imagens onde acontece o currículo Lembram-se dos espaços?” Neste momento a intenção foi fazer o grupo refletir sobre a organização para repensar

conjuntamente a organização do tempo e do espaço, buscando ter clareza de quanto e como o tempo é ocupado com atividades significativas para o desenvolvimento dos conteúdos e, quais espaços são utilizados e com qual intencionalidade, enfim sobre o currículo.

A escola, e por meio dela a sala de aula, continuam presas a um passado, em que a concepção de “poder” prevalece na pessoa do professor (a) que manda. É um a burocracia que permanece com a carência de uma filosofia da educação democrática.

Foram expostas na tela as imagens a seguir:

1980

1990 2000

Fonte:https://www.google.com.br

Após contemplarem por alguns minutos as falas começaram a serem entoadas: P3: “A infanta sofreu muito mais variação do que a sala de aula.”

Nesta fala fica ressaltado que a “infanta” foi um elemento de potência de leitura. P2: ”Quanto à disposição da cadeira não tem diferença nenhuma. Em 1980 ficou colorida a foto.”

P3: “Não foi a escola que mudou foi a fotografia.” P2: ”As carteiras mudaram, mas só o modelo.” P1: ”Se vermos a questão dos negros, quantos tem?”.

P3: “Não fica muito evidente nas fotos, mas houve uma democratização do acesso. O individual não se sobrepõe.”

P2: “Livro, caderno, lousa com giz, crianças enfileiradas, professor à frente.”

P1: “Não percebemos nada pensando na aprendizagem. É mesmo influência econômica. As carteiras foram trocadas por uma questão econômica, pois uma de madeira tinha um custo e provavelmente maior que a de compensado. A mudança não tem objetivo pedagógico.”

M: ”Como estamos atualmente?”.

P2: ”Tudo na educação é demorado. Agora está chegando as lousas digitais, agora tem esse ensino híbrido. Quando converso com o PCNP de tecnologia ele diz que as lousas já estão obsoletas e as que tem eles não usam.”

As fotografias das salas de aula apresentaram um contexto real. Após todas as leituras realizadas anteriormente foi apresentada outra obra de Velásquez denominada “A Educação da Virgem” (c.1617) e solicitado as impressões de cada um, as suas recepções. A imagem selecionada que foi apresentada fez menção novamente a Diego Velásquez, e traz em seu título a palavra educação, e a composição do quadro mostra a aprendizagem de leitura por Maria, enquanto criança, ladeada dos pais, Ana e Joaquim, e com anjos em cima.

Figura 20 – Obra de Velásquez: A Educação da Virgem.

Fonte: do autor

A professora (P1) demonstrou admiração ao interpretar que a educadora trazia para o aluno o livro inteiro, não se tratava de uma leitura fragmentada. Que a mulher preocupou-se em aproximar a criança do que ela está lendo, partindo do princípio que podemos usar qualquer texto. A impressão que sentiu é que a mulher lia com o aluno, pois acompanha com o dedo. Com um olhar tradicional diria que está decodificando as letrinhas. Entendeu que usou um livro contextualizado com o seu tempo.

Já P3 sentiu dificuldade em captar e acabou sendo tocado pela imagem do homem, questionando o porquê de duas pessoas para educar. A mulher apontando,dando instrução e o homem só observando, avaliando. Qual seria o verdadeiro papel desse homem? Talvez o papel da família como fator importante. E a educação se dava em casa.

A mão direcionando o olhar da criança foi que prendeu o olhar da P2. Discorreu sobre a importância da construção de conhecimento pela criança e que esse tema já foi compartilhado nas formações que realiza junto aos professores. E complementando esse sentimento o P3 exemplificou a colocação com uma viagem realizada em um encontro da

secretaria da educação de ensino integral onde uma professora a todo modo intervinha na fala do aluno, o qual era a figura central da proposta, direcionando posturas, tirando totalmente o foco que era dar voz ao discente.

As trocas de impressões continuaram, foram realizados apontamentos voltados à ação do formador como cumpridores das demandas e concomitantemente à autonomia de fazer diferente diante do público que atende. Entraram em consenso quanto à existência e a importância do currículo, mas entenderam que podem ser mais reflexivos junto a seus pares.

Inundados de interpretações e apreciações, foi então proposto ao grupo a realização de um trabalho artístico utilizando da colagem como meio de expressão da vivência da formação. A proposta estética foi a partir das reflexões realizadas produzirem uma colagem49, a qual consiste em um procedimento técnico artístico em utilizar várias matérias que podem, ou não, variar a textura, o posicionamento, formando um motivo ou uma nova imagem.

A colagem ou papier collé se ajusta a um antagonismo em equilíbrio, há um deslocamento de objetos que invadem universos que não lhes são familiares, retendo em certa medida um estranhamento.

O propósito era dar a idéia de que diferentes texturas podem entrar numa composição para se tornar a realidade na pintura, que rivaliza assim com a realidade na natureza. (...) Se um pedaço de jornal pode se tornar uma garrafa, isso nos dá algo que pensar também em relação à jornais e garrafas ao mesmo tempo. Esse objeto deslocado penetra num universo para o qual não foi feito e no qual retém, em certa medida, a sua estranheza. E essa estranheza foi o que nós quisermos fazer as pessoas pensarem, porque estávamos totalmente conscientes de que nosso mundo estava se tornando muito estranho e não propriamente tranqüilizador. (PICASSO, Pablo, apud PERLOFF, Marjorie.Op. Cit. p.95).

A escolha pela técnica do papier collé, foi em função da sua inovadora concepção de espaço moderno, pela motivação da experimentação estética do fazer artístico, se concentrando cada vez mais na atividade do olho e da mão, o que ocasionou no percurso da história da arte uma abertura a novos meios de expressão.

Para ampliar o repertório a respeito das colagens e seus procedimentos foram exibidas obras utilizando técnicas diversas:

49 A partir da Arte Moderna, a técnica passa a ser empregada em diversos movimentos artísticos e escolas

artísticas, promovendo sentidos muitas vezes variados. A utilização de materiais muito diferentes de papéis cria uma nova gama de possibilidades de produtos artísticos em três dimensões, como se fossem esculturas em quadros.

Figura 21 – Colagens.

A

Fonte: dos autores

Os materiais oferecidos foram revistas, jornais, lápis coloridos, grafite, alfinetes, barbante, cola e tesoura. Um suporte em papel formato A3. Não houve a utilização de objetos tridimensionais nas produções concretizadas o que não inferiorizou o resultado. Acabaram adotando o estilo mais recente de Rael Brian.

No documento A formação de formadores por meio da arte (páginas 116-120)