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Actividade: Construção de bijuteria em cortiça.

No documento Recordar é viver (páginas 142-145)

Tipo: Expressão plástica.

Local: vários foram as actividades desenvolvidas no atelier da cortiça, neste âmbito,

porém todas as actividades desenvolvidas ocorreram no refeitório do lar.

Participantes: Nestas actividades, podemos contar com a totalidade das residentes,

salvo raras excepções em que, uma ou outra residente se tinha de ausentar, devido a consultas médicas – 12.

Grupos etários: 66 – 91 anos e uma residente com 45 anos de idade.

Planificação da actividade: A presente actividade foi panificada por nós, mas apenas

foi pensada depois de algumas residentes sugerirem, depois da apresentação dos materiais derivados da cortiça, que tentasse-mos fazer “colares”. Ou seja, pretendemos transmitir às residentes a importância de manifestarem sugestões, opiniões, no sentido das mesmas poderem via a sere concretizadas. Pretendemos despoletar nas residentes o sentimento de pertença a um grupo, de pertença a um projecto que pretende aumentar a sua qualidade de vida na residência.

143 Também o que nos levou a planificar tal actividade, foi o facto de verificar-mos que a maioria das residentes preocupa-se com a sua imagem, inclusive várias são as residentes que gostam de se fazer acompanhar por um adereço de bijuteria, principalmente colares, terços.

Recursos humanos: Técnica Superior de Serviço Social.

Recursos materiais: argolas de 4mm, terminais de dentes, terminais redondos, fechos

(bijuteria), pendentes (colares), contas (pulseiras), alicates (pontas planas, pontas redondas e de corte), fio de cortiça, tecido de cortiça, cola de sapateiro, cola “super 3”, pincéis, tesouras.

Avaliação: Através da aplicação do inquérito de satisfação, no final de cada actividade,

podemos concluir que as presentes actividades, no âmbito da construção de bijuterias de cortiça, foi por todas as residentes, sem excepção apreciada e todas referiram ter gostado “muito da actividade” desenvolvida, existindo interesse por parte das residentes em que tal actividade seja repetida.

Acabou por ser, mais uma vez, uma actividade onde as capacidades, competências e saberes das residentes foram valorizadas. Para além disso foi uma actividade que permitiu às residentes desenvolver a motricidade fina, a precisão manual, a coordenação psicomotora, o seu sentido crítico, exprimindo as suas preferências e gostos. Para além disso constituiu-se numa actividade que contribuiu para o enriquecimento de qualidades grupais, para a coesão partilha, para o fortalecimento das relações interpessoais, principalmente entre residentes-residentes. No decorrer das actividades podemos observar momentos de ternura entre as residentes, trocas de palavras reconfortantes (quando alguma idosa se queixava de dores), momentos de alegria (cantavam juntas, músicas da sua mocidade). Carmona & Melo (2000) defendem que o apoio social é um motivo de esperança e crença no futuro, faz o indivíduo sentir-se estimado e amado, com compromissos mútuos.

No decorrer das várias actividades podemos observar, para grande agrado nosso, a predominância de um clima relacional satisfatório, onde a empatia, o respeito mútuo e principalmente a entreajuda estavam presentes. Achamos ainda, que tal actividade contribuiu para que as residentes se sentissem úteis, já que construíram a sua própria bijuteria e ainda construíram bijuteria que pode ser vendida com o objectivo de se arrecadar um pouco de dinheiro para actividades futuras, sem ter que implicar assim a instituição.

144 Podemos ainda apurar, através da observação e da aplicação dos inquéritos de satisfação que o convívio, a interacção entre residentes, de actividade para actividade ia aumentando e as conversas grupais cada vez eram mais agradáveis e implicavam o contributo de todas as residentes. Falavam sobre as suas histórias de vida passadas, principalmente ligadas à família e ao trabalho, cantavam, proferiam alguns provérbios e adivinhas – descritas em anexo. Em suma, poderemos afirmar que as actividades que têm vindo a ser desenvolvidas no atelier da cortiça, para além de facilitar às residentes o acesso a uma vida mais activa e criativa, tem contribuído fortemente para melhorar as relações de comunicação com os outros, gerando assim uma vida melhor, um ambiente mais agradável em comunidade.

Actividade VIII

Actividade: Construção de mini-árvores de Natal com rolhas. Tipo: Expressão Plástica.

Local: refeitório do lar.

Participantes: Nesta actividade, podemos contar com a totalidade das residentes – 12. Grupos etários: 66 – 91 anos e uma residente com 45 anos.

Planificação da actividade: A presente actividade foi pensada e panificada por nós,

depois de verificarmos, primeiro que as residentes gostavam de participar em actividades ligadas à expressão plástica, segundo que as residentes gostaram de decorar o al de entrada da instituição e predispuseram-se a decorar outros espaços da instituição, caracterizados como “pouco acolhedores”, “pobrezinhos”, “sem nada.”

Estando-nos a aproximar do Natal, pensamos porque não desenvolver uma actividade no atelier da cortiça, dedicada á confecção de objectos natalícios em cortiça, que poderão ser usados para decoração da residência?

Recursos humanos: Técnica Superior de Serviço Social.

Recursos materiais: luvas e aventais de plástico, mesas, cadeiras, pincéis, rolhas de

cortiça, discos de cortiça, tinta de água e acrílica de cor verde, cordão de cor vermelha, pistola de cola-quente, recargas de cola quente.

Avaliação: Através da aplicação do inquérito de satisfação, no final da actividade,

podemos concluir que a presente actividade foi de agrado das residentes. Parte das residentes referiu ter gostado “muito” da actividade, porém algumas referiram apenas ter “gostado” da actividade. O trabalho final foi de agrado de todas as residentes, porém

145 podemos constatar que a primeira parte da actividade, dedicada à pintura de rolhas e de discos de cortiça foi mais apreciada do que a segunda parte, relativa à colagem e construção das árvores. Pensamos que tal se tenha devido à minuciosidade e consequente demora da segunda tarefa. Também podemos referir, que através do diálogo com algumas residentes conseguimos apurar que o Natal não é uma época festiva de todo apreciada pelas residentes, segundo as mesmas porque é uma data festiva em que sentem mais a solidão, onde recordam o passado - a união familiar e o comparam à sua situação presente - o abandono por parte dos seus familiares.

Porém, pensamos que acabou por ser, mais uma vez, uma actividade onde as residentes, desenvolveram a sua motricidade fina, a sua precisão manual, a sua coordenação psico- motora. Sentiram-se úteis e valorizadas: construíram a sua própria árvore de Natal, que contribuiu para a decoração natalícia de um dado espaço.

Para além disso, a presente actividade permitiu às residentes partilhar acontecimentos de vida passados, ligados à época natalícia, chegando mesmo a fazer comparações entre o natal de outrora e os presentes natais, do materialismo.

Residente A: “O Natal antigamente era mais feliz, havia muito mais amor do que agora… era catraia, lembro-me tão bem: eram tios, primos, irmãos a brincar…enquanto que as mães, as mulheres preparavam o comer, os homens estavam sentadinhos à fogueira a beber uma pinga de vinho e a jogar umas cartas. Hoje em dia no Natal só se pensa nas prendas, no que aquele e o outro irão dar.”

Residente B: “Metia uma meia, pendurada na chaminé, de manhã acordava para ver se o pai natal tinha passado e deixado alguma coisinha, encontrava um rabuçadito já ficava toda contente. Agora é telemóveis, é jogos que custam um dinheirão. A canalha de hoje é estragada com tanta coisa.”

Porém achamos que actividades deste género não devem ser repetidas, pois apesar se ter constituído um momento de convívio, de partilha, a demora que a actividade (manual) exige pode contribuir para o afastamento das residentes do projecto, pode vir a constituir-se uma actividade “chata”.

Actividade IX

No documento Recordar é viver (páginas 142-145)